Capítulo 12 - Peixe a Delicia
Esse é um dos capítulos mais difíceis, e não sei como vai ficar a formatação, pois estou sem notebook e estou postando pelo celular. Qualquer coisa, avisem boa comentários.
29/08/2017
(Agora vou colocar a data de postagem pra ver se as pessoas param de reclamar que o livro não tem final).
Abraços da tia Diras!
Ingredientes
01kg de filé de peixe (pescada, pargo ou o peixe de sua preferência)
suco de 01 limão
02 colheres de sopa de azeite de oliva
06 bananas prata cortadas no sentido do comprimento
fatias de queijo muzzarela
600ml de leite quente
farinha de trigo
sal e pimenta do reino branca
04 colheres (sopa) de manteiga
01 cebola média ralada (deixe em uma peneira para drenar o excesso de líquido)
01 lata de creme de leite sem soro
óleo para fritar
queijo ralado para gratinar (por favor, não use o de pacotinho)
Modo de preparo
Lave os filés e passe o suco de limão. Deixe por cerca de 03 minutos. Lave e seque-os. Tempere-os com o azeite, sal e pimenta a gosto. Deixe marinar por uns 10 minutos. Enquanto isso, doure levemente as fatias de banana em um pouco de manteiga e óleo. Reserve. Empane os filés na farinha e frite em óleo quente até que também dourem levemente. Escorra-os em papel absorvente e reserve-os. Em uma panela aqueça a manteiga e doure a cebola. Junte aproximadamente 04 colheres de farinha de trigo e mexa até ficar cor de guaraná (se ficar muito duro, adicione mais manteiga, se ficar muito mole, adicione mais farinha). Acrescente o leite aos poucos, mexendo com um batedor (foue), tendo o cuidado de não formar grumos. Se isso acontecer, passe na peneira. Se o creme ficar muito espesso, adicione mais leite, se ficar muito ralo, engrosse com mais farinha dissolvida em leite. Cozinhe bem para não ficar com gosto de farinha crua. Tempere com sal e noz moscada. Por último adicione o creme de leite, misture bem e apague o fogo.
Montagem
Em um refratário você vai colocar uma camada de molho branco, depois os filés, sobre eles a banana e por cima o queijo. Cubra com o molho restante. Polvilhe o queijo ralado e leve para gratinar. Sirva com arroz branco e salada e batata palha.
~
No fim daquela semana, o Danilo foi transferido para o quarto, enquanto o Léo permanecia sem alterações na UTI.
No final de semana, desmaiei em casa, quando estava me arrumando pra ir ao hospital, e meus pais me deram um sermão enorme, porque eu não estava cuidando nem de mim e nem da Nina, o que não era mentira. Escutei calada tudo que eles queriam dizer, e vi minha filha grudar em mim, carente, e ao mesmo tempo ressentida por eu estar tão distante. Com ela no colo, me olhei no espelho, e nunca me senti tão feia e envelhecida como naquele momento.
Impossível não pensar no que disseram meus pais. Impossível não ficar chocada com o que via na minha frente.
O estado do meu marido era grave, talvez ele não fosse sobreviver... Sim, já conseguia pensar nisso, mesmo não tendo perdido as esperanças, mas a Nina e eu ainda estávamos vivas. Tinha uma filha pra criar, um trabalho pra retomar, não dava pra viver como um fantasma, e era isso que eu estava fazendo.
Dessa forma, me obriguei a comer melhor, e tentava fazer tudo ao lado da Nina. Comecei a passar menos tempo no hospital, ficava com o Léo o tempo permitido, daí subia pro quarto do Danilo, ficava alguns minutos com ele também, depois ia pra casa da mamãe, cuidar da minha filha. Às vezes, saía com ela e os pais do Léo, dava uma volta na pracinha, ou comprava alguma roupa ou sapatinho, já que ela estava crescendo e engordando muito rápido, e nunca parei pra providenciar de uma vez tudo que ela precisava. Sempre comprava aos poucos, deixando pra resolver tudo quando estivéssemos na nossa casa. Só que esse dia parecia nunca chegar.
Recebi também algumas visitas, de amigas que ficaram sabendo do meu retorno e do acidente e vinham prestar solidariedade, trocamos telefones na tentativa de retomar o contato, mas era estranho. Primeiro, fui morar em Fortaleza, depois Madrid, e esses anos fora do Brasil me afastaram muito de todos, inclusive da minha família. A amizade já não era a mesma coisa.
Como no quarto do hospital o horário de visitas era ampliado, sempre tinha gente com o Danilo, e nós nunca ficávamos sozinhos, então, me limitava a sentar no sofá e tentar interagir um pouco com todo mundo. Geralmente coincidia com o horário da fisioterapia, então me mantinha caladinha, observando, só pra mostrar a ele que me importava e não o culpava por nada.
Pouco mais de três meses depois do acidente, o pai me convidou a ir ao centro espírita que ele frequentava.
– Fazer o que lá? – quis saber. Apesar de conhecer a religião do meu pai, nunca me interessei em frequentar, e ele também nunca insistiu.
– Nós temos um grupo de prece, filha. É aberto ao público. As pessoas vão, relatam o problema que estão passando, e todos juntos realizamos uma corrente de oração. Se a pessoa quiser, pode conversar individualmente com um trabalhador do centro que faz o chamado 'atendimento fraterno'. Se não quiser, pode ficar apenas participando das orações.
Pensei um pouco, não era muito religiosa, mas tinha fé, e vinha rezando mais que o habitual, pedindo ao ser superior que eu acreditava, que salvasse o Léo. Mal não faria se me unisse a outras pessoas, e assim, aceitei o convite do meu pai e estendi aos pais do Léo, que também aceitaram.
Naquela noite, fomos ao centro espírita, até a mãe, que nunca aceitou bem a orientação religiosa do pai, nos acompanhou. Gostei do ambiente de lá, me senti instantaneamente mais disposta, mesmo sem o trabalho do grupo ter iniciado. A reunião acontecia numa espécie de auditório. Tinha uma pessoa na porta, anotando os nomes de quem gostaria de se manifestar, para receber as intenções do grupo. Decidi inicialmente só observar, mas a mãe do Léo colocou o nome pra pedir pelo filho.
Nos acomodamos e esperamos o início. Uma música instrumental suave tocava e todos faziam silêncio. As 19:30 em ponto, o pessoal do centro sentou de frente pras cadeiras do auditório, no tablado, onde havia uma mesa, gafarrafas de água e alguns livros. Papai se incluia entre eles.
Uma mulher leu uma mensagem curta, sobre esperança, depois de cumprimentar o público, em seguida explicou como funcionava o grupo de orações. Foi chamando, um a um, o nome das pessoas que gostariam de ser auxiliadas. A pessoa ia à frente e colocava o seu problema, em seguida um dos trabalhadores da casa pedia que todos nós esquecessemos um pouco o que nos levara até ali, e mentalizássemos uma luz branca naquela pessoa e em sua família, enquanto era feita uma oração. E assim ia acontecendo, um caso, uma mentalização e uma oração diferente pra cada situação.
Chegou a vez da minha sogra. Ela explicou que estava ali rogando pelo filho, que havia sofrido um acidente de carro e estava na UTI em estado grave. Pediram que ela dissesse o nome completo do Leonardo e o nome do hospital onde ele estava, e como amigos de papai, e conscientes da situação em que passávamos, foi pedido que ele fizesse a prece.
Se soubesse o que iria sentir, teria aceitado os convites de orar com meu pai e frequentar o centro bem antes. Ele fez a prece mais linda que já ouvi, uma prece que falava de esperança e do poder de Deus para realizar milagres, mas também falava de resignação e aceitação do que não pode ser modificado. Não sei se aquele momento teve influência para o Léo, mas tenho certeza que teve pra mim. Saí de lá mais forte, com a certeza de que conseguiria passar pelo que viesse.
Ao final, uma pessoa ao invés de pedir ajuda, disse que queria agradecer. Era uma mulher chamada Rosa, ela contou que frequentou o grupo por meses, pra pedir ajuda pelo irmão, que sofria de um problema renal grave, precisando de hemodiálise frequentemente, e que estava cada vez pior, apesar do tratamento.
– Cheguei aqui, – ela dizia – desesperada. Não conseguia admitir que os médicos faziam de tudo, e meu irmão só piorava. Todas as semanas o grupo orava por ele, mas eu não via melhora. Uma noite, decidi participar do atendimento fraterno, e depois de desabafar, ouvi algo que eu nunca tinha pensado, me perguntaram se meu irmão estava feliz com aquela vida. Confesso que nunca perguntei isso a ele. Eu via seu sofrimento, mas não o via reclamar, pelo contrário, era eu quem reclamava, eu quem me mostrava incomodada com aquilo tudo, eu que queria testar todos os tratamentos possíveis. Naquela conversa, percebi que tudo tem seu momento, e que nada e ninguém dura para sempre. Aqueles tratamentos estavam maltratando o meu irmão, e ele estava cansado de lutar por mim. Pensei sobre isso uns dois dias, e decidi conversar com ele. Meu irmão, que quase não falava mais, me escutou atentamente, enquanto eu dizia que o amava, e que entenderia se tivesse chegado a sua hora. Que sobreviveria sem ele, e que tinha a certeza que nos reuniríamos um dia. Ele respirou fundo e sorriu. Naquela noite, ele morreu dormindo. Para muitos, talvez, esse grupo não tenha servido de nada, afinal vim pedir pela vida do meu irmão, e o que aconteceu foi que ele desencarnou. Mas gostaria de deixar o meu depoimento de gratidão, porque esse grupo me fez entender que eu estava prendendo meu irmão naquele corpo doente, que sua alma era sadia, e já tinha cumprido a sua missão na terra. Eu sofri com sua perda, e sofro até hoje, mas tenho a convicção de que a dor é temporária, e que nos reencontraremos quando eu cumprir a minha missão. Então, gostaria de agradecer a esse centro, seus trabalhadores, e todos aqueles que, por um momento, esqueceram suas dores e oraram por meu irmão e nossa família.
Aquele depoimento mexeu muito comigo, e me deixou curiosa sobre algumas coisas. Continuamos frequentando o grupo, e numa noite, após as orações, não conseguia dormir. Fui até a sala e o pai estava lendo.
– Sem sono, filha? – Indagou ao me ver, fechando o livro.
– Não quero te atrapalhar.
– Você nunca atrapalha. – Respondeu convidando a me aproximar. Sentei no chão, em frente a poltrona onde ele estava, e apoiei a cabeça numa de suas pernas.
– Pai, você acredita mesmo que a gente tem uma alma que vive pra sempre? – indaguei.
– Acredito, filha. Não tem sentido vivermos apenas uma vida, que muitas vezes é cheia de sofrimento. Qual justiça isso teria? Por que alguns nascem em boas condições e outros não? Por que alguns vivem na miséria, e outros no luxo? Só a vida eterna e a reencarnação explicam esses fatos. Acredito que nossa alma vive várias vezes na carne, no plano material. Cada vez é um aprendizado, cada vez temos uma missão, e no momento certo, retomamos para a pátria espiritual, que é realmente o nosso lar.
– Então essa vida não é de verdade?
– Não disse isso. Essa vida é de verdade, sim. Só é passageira. É como uma escola, ou faculdade: entramos, aprendemos, e quando atingimos o que precisamos, saímos.
– Você acha que chegou a hora do Léo deixar essa vida? – indaguei.
– Não sei. Talvez sim. Ou talvez seja apenas uma oportunidade que a vida está dando a você pra olhar mais pro lado espiritual, pra te fazer despertar.
– Pai, quando a gente volta, a gente pode nascer em qualquer lugar do mundo?
– Qualquer lugar, vai depender da sua missão, do que você precisa passar.
– Então tudo que acontece já vem traçado. A gente só obedece?
– Não, existe um roteiro, algumas situações que estão planejadas, mas são as nossas atitudes que efetivam ou não.
– Como assim? É tão confuso.
– Estou fazendo um resumo do resumo, Mariana. É preciso estudo e leitura pra que você possa entender. Se você quiser, te empresto uns livros, assim você pode ler e tirar suas conclusões. Mas vou tentar dar um exemplo simples: Vamos supor que numa vida passada fui um assassino, tirei muitas vidas. Ao chegar ao mundo espiritual, percebo o quão errado estava e me arrependo amargamente, peço então uma chance de me redimir, e recebo a oportunidade de nascer de novo e tornar-me médico, assim, poderei salvar vidas, curar pessoas, talvez as mesmas a quem fiz mal. Posso seguir o roteiro e agir assim, fazendo até além do programado. Ou posso me desviar, ser um mau profissional, só pensar em lucros e não me importar com as vidas. Dessa forma, ao fim de mais aquela tentativa, terei que recomeçar... Perceba que estou simplificando bastante, mas ficou mais claro?
– Sim. – Aquela conversa me fez lembrar dos sonhos e das sensações que tive na Espanha e decidi dividir com ele: – Pai, Léo e eu visitamos um vilarejo na Espanha, e tive uma sensação muito forte de já ter vivido lá. Havia sonhado com um castelo antes, com pessoas em roupas da época. E depois, acabei conhecendo o mesmo lugar do sonho. Será que é alguma lembrança de outra vida?
– Provavelmente. Essas sensações, eram boas ou ruins? Você lembra?
– Era tudo muito misturado. Estava tão nervosa com aquela situação, que não sei precisar o que senti exatamente. E coincidência ou não, foi nessa viagem que engravidei da Nina.
– Se tem uma coisa que posso lhe garantir, é que coincidências não existem. – O pai afirmou seguro – Que tal um chá? – convidou. Aceitei e continuamos a conversa na cozinha, dessa vez sobre assuntos mais neutros. Durante o chá senti o sono chegar de mansinho e logo fui dormir.
Naquela noite, aconteceu algo muito estranho. Tive a sensação que o Léo me acordava, passando a mão no meu pulso como ele sempre fazia. Abri os olhos e me deparei com meu marido sentado na minha cama, exatamente como ele era antes do acidente, lindo, com o sorriso amoroso, e os olhos negros mais profundos que eu já vira.
– Léo? Como você...
– Shii... – Ele interrompeu – Não pergunta nada, amor, não agora. Só quero te abraçar. – Me joguei nos braços dele e senti uma sensação de paz me invadir.
– Senti tanta sua falta... – afirmei.
– Eu também. – Ele respondeu – Sinto saudade de você e da Nina. – ele falou olhando pra nossa filha – Mas, você tá indo bem. Tem sido forte, isso é bom.
– Tem sido tão difícil. – confessei.
– Posso imaginar. Também não foi fácil pra mim no começo, mas já entendi.
– O que você entendeu?
– Entendi que tudo que aconteceu foi necessário, e que te reencontrar e viver ao teu lado foi maravilhoso, melhor do que sempre sonhei, mas agora é hora de se despedir.
– Como assim se despedir, Léo?
– Nosso tempo juntos acabou, Mari. – ele afirmou e eu fiz careta – Precisamos nos separar agora, pra que outras coisas aconteçam.
– Não, não, não. Não precisamos, Léo. Preciso de você. A Nina precisa de você. Não quero me separar, eu te amo, quero você comigo.
– Também te amo, meu amor. Amo você e a nossa filha, e amarei sempre. Será uma separação temporária, e vou visitar vocês sempre que possível. Você precisa me prometer que vai ser forte, que vai buscar entender o que aconteceu conosco.
– Você tá falando do acidente?
– Não, tô falando da tua vida, da minha, e de outras pessoas que estão por perto. Você vai perceber quando chegar a hora. Só não foge das oportunidades, tá?
– Você não pode me explicar?
– Não, meu amor, essa deve ser uma busca sua. Mas posso te prometer que no final, vai valer a pena. Segue em frente, Mari, e de alguma forma, um dia, nós estaremos juntos novamente.
Ele beijou minhas mãos e foi até a Nina, depositou um beijo em seu rosto e voltou até mim. Ficamos em pé, frente a frente, e trocamos um beijo. Depois ele deitou comigo e ficamos abraçados. E apesar de tudo que ele me disse, sentia uma paz imensa, porque ele continuava perto de mim. Isso até o telefone tocar alto me assustando, daí percebi que estava dormindo. Peguei o celular e reconheci o prefixo do hospital. Imediatamente, lembrei do sonho, e já sabia o que iria ouvir.
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Meniiiiiiina! Respira e vota!
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