- Você matou o Tyson? - ainda com seus olhos arregalados, Katie perguntou ao Edson em um tom muito baixo e condizente com o que expressava.

Quando ouviu, ele se virou para ela e a viu, no entanto, seus olhos não se encontraram, pois Katie ainda fitava o corpo morto de Tyson no chão. Edson queria demonstrar compaixão para com ele por meio de seus olhos cabisbaixos, porém não conseguiu, já que estava preso a um único pensamento que rondava sua cabeça: a morte de seu pai. Enquanto isso, James ainda expressava susto pelo seu olhar, mas havia ficado pensativo e distante, ao mesmo tempo que encarava o Edson.

- Eu não tive escolha, Katie. - um tom levemente irritado poderia ser escutado da voz de Edson. - Aquele brinde era uma farsa e meu pai sofreu as consequências. - naquele momento, ela havia conseguido encontrar o olhar dele, o que fez Edson perceber que Katie tinha arregalado ainda mais seus olhos. - Meu pai morreu em meu lugar. - dessa vez, ele ficou com os olhos cabisbaixos em uma tentativa de não chorar naquele momento, ao mesmo tempo que Katie e James expressaram tristeza e compaixão para com Edson.

Enquanto Katie ia para abraçá-lo e ele colocava sua cabeça na dela, James percebeu algo que não havia notado até então por estar distante e pensativo. Então, depois que eles se afastaram, em um rápido movimento, James se aproximou de Edson e o pegou pelo pescoço, enquanto o erguia a uma certa altura do chão.

- Foi você quem matou Peter, não foi? - James o fazia uma pergunta retórica em um tom de tristeza e raiva, ao mesmo tempo que seus olhos dourados tentavam encontrar os amarelos de Edson. Enquanto isso, uma feição de surpresa e espanto era visível no rosto de Katie. - Responda-me. Foi você quem matou meu irmão? - os olhos de Edson se arregalaram de forma nítida.

- James, solte ele. - Katie pediu com gentileza. Embora James tivesse permanecido imóvel, ela sabia que ele tinha a escutado. No entanto, naquele momento, ele tinha apertado ainda mais o pescoço de Edson.

- Eu não sabia que ele era seu irmão. - Edson, por sua vez, o respondeu com dificuldades, quase em um engasgo. - Além do mais, Katie iria acabar se machucando. Aposto que você não iria querer isso.

- James, por favor. - Katie pediu de forma gentil novamente. Dessa vez, à medida que James afrouxava o pescoço de Edson, ele o colocava no chão.

Quando havia o colocado por completo, ele inclinou o seu corpo, o que parecia que iria se afastar. Porém, em uma quebra de expectativas, James deu um soco na barriga de Edson, o que o derrubou em uma certa distância. Após, ele se levantou sem a ajuda de suas mãos e começou a caminhar em direção ao James, enquanto os seus respectivos olhos se tornavam vermelhos e vinhos e os seus caninos cresciam.

Com Katie percebendo que eles iriam começar uma briga, ela se colocou entre os dois e estendeu seus braços em suas respectivas direções.

- Parem os dois. - um tom suave e autoritário poderia ser escutado da voz de Katie, enquanto ela olhava para Edson e, depois, para James. - Não há motivos para brigar agora. Edson, o que você fez foi errado, apesar de ter me salvado. E agradeço muito por isso. James, eu sei que você está muito chateado pela perda de seus irmãos, mas todos nós aqui perdemos hoje alguma pessoa que amamos. Eu perdi meu pai. - Katie se conteve para não chorar àquela hora, embora uma lágrima solitária tivesse escorrido por seu rosto. Edson havia arregalado seus olhos, enquanto eles expressavam compaixão para com ela. - Mas sei que deve haver uma maneira de trazê-los de volta.

Assim que tinha terminado de falar, Edson e James pareciam ter se acalmado, já que seus olhos estavam com suas respectivas colorações originais e seus caninos diminuíram.

- Tem razão. - após algum momento, James começou a falar. - Peço desculpas, Edson.

- Tudo bem. - um sorriso de canto era visível no rosto de Edson. - Peço desculpas também por ter matado o seu irmão.

Naquele momento, várias lágrimas solitárias escorriam pelo rosto de Katie, possivelmente por relembrar a morte de seu pai, o que eles perceberam. Então, Edson se aproximou dela e a abraçou, enquanto acariciava o seu cabelo.

- Ei, ei. Calma. Vai ficar tudo bem. - Edson expressou um tom de suavidade pela sua voz melodiosa.

- Katie, lembre-se do que você falou. - James começou a dizer. - Deve haver uma maneira de trazê-los de volta. - quando Katie ouviu, havia parado de chorar.

- Está tudo bem? - os olhos dela encontraram pelos de Edson. Após ter balançado levemente a cabeça em confirmação, eles sorriram um para o outro e, então, Edson lhe deu um selinho.

- Estava pensando na instituição. - depois de terem afastado seus lábios e se desvencilhado, foi a vez de Katie falar. - Sei que houve muitas mortes, mas pode ter alguém que tenha sobrevivido.

- Katie, as chances são baixas. - Edson expressava uma parte de incredulidade por meio de sua voz, o que fez com que ela assentisse.

- Eu sei, mas devemos tentar. - James balançou a cabeça em confirmação. Com um pouco de relutância, Edson suspirou levemente e também assentiu, portanto ela sorriu. - Certo. Devemos ter alguma informação sobre o caso.

- As informações são passadas geralmente por meio de jornal. E, na maioria das vezes, não são completas. - Edson retomou a falar. James concordou com ele, porém ficou absorto em seus pensamentos.

- Os Holst gostam de deixar todas as informações gravadas em algum computador. - após algum tempo, foi a vez dele dizer. - Eles utilizam uma senha para que apenas pessoas com ela tenham acesso. Felizmente, eu sei qual é e os Holst usam a mesma em todos os casos. - Katie e Edson arregalaram seus olhos.

- Como você sabe? - ela o perguntou, o que fez com que James desse um sorriso de canto.

- Quando ainda pertencia ao meu antigo grupo, tínhamos que saber informações sobre alguns casos. Então, já vi Steve hackeando o sistema deles para descobrir a senha e percebemos que havia um padrão. - James falou de um modo distante, enquanto seus olhos estavam cabisbaixos, possivelmente por relembrar a morte de seu grupo. Edson se aproximou dele e deu dois leves tapas em seu ombro.

- Então, temos que ir para a biblioteca. - Edson retornou a dizer. - Lá é o único lugar que tem um computador, mas é de acesso restrito. Todas as pessoas que pedirem permissão antes para o bibliotecário poderão usar, porém com um bom motivo. E acredito que não queiramos contar a razão.

- Temos que bolar um plano. - Katie disse com um tom de entusiasmo em sua voz. Eles assentiram.

- Me esperem em frente ao castelo. Já encontrarei vocês lá. - Katie e James balançaram a cabeça em confirmação, enquanto olhavam para Edson.

Então, eles começaram a caminhar em direção ao portão principal, ao mesmo tempo que Edson havia se locomovido para o estacionamento em um rápido movimento para que pudesse pegar um carro e poderem ir para a biblioteca municipal.  

Katie, Edson e James estavam dentro do Palio vermelho em direção a biblioteca. Enquanto Edson dirigia, ele e James prestavam atenção nas palavras ditas por Katie, já que ela estava contando seu plano. Assim que o carro foi estacionado em um local pouco longe do que iam, eles saíram do veículo.

- Você vai ficar bem? - Katie se dirigiu ao Edson, enquanto seus olhos expressavam sua preocupação. Ele apenas assentiu e, então, deu um selinho nela.

- Vamos. - assim que James falou, encostou sua mão no braço de Katie, o que a fez despertar de seus devaneios.

Depois que ela balançou a cabeça em confirmação, eles correram em direção a biblioteca e Edson seguiu na mesma direção, enquanto ficava um pouco atrás, para que pudesse fazer a sua parte do plano.

Katie e James chegaram em frente a um prédio marrom e de estatura média, onde havia um pequeno jardim na entrada com uma placa, a qual continha o nome do local escrito. Antes que pudessem entrar, eles se entreolharam como se quisessem assentir e confirmar que iam executar as suas respectivas partes do plano. Por fim, James abriu a porta de vidro da biblioteca e eles adentraram.

Quando haviam entrado no local, notaram que o espaço era formado por várias mesas circulares acompanhadas por quatro cadeiras, onde havia diversas pessoas sentadas. Portanto, a maioria dessas pessoas olharam para a entrada e arregalaram seus olhos, quando viram que se tratava de Katie. Entretanto, para disfarçarem suas surpresas, voltaram aos seus afazeres tão rápido quanto olharam.

Enquanto James ia para uma das estantes para escolher qualquer livro sobre vampiro com o intuito de fingir ler, Katie caminhava em direção ao balcão principal, onde havia uma pessoa sentada atrás em uma poltrona e que lia um dos inúmeros livros, os quais tinham sido espalhados pela estrutura de madeira.

- Olá, boa tarde. - Katie disse em um tom baixo, assim que se aproximou do balcão. Portanto, por estar muito centrada em sua leitura, a pessoa levou um susto, o que fez com que derrubasse o livro no chão e seus óculos se desajustassem em seu rosto.

Enquanto ela sorria, a pessoa tinha arrumado seus óculos e levantado seus olhos, que se arregalaram. Naquele momento, James se encontrava em uma das mesas e, enquanto fingia sua leitura, alternava o seu olhar entre Katie e o livro que segurava. Além disso, seus ouvidos permaneciam atentos a ela.

- Boa tarde, Vossa Alteza. - a pessoa detrás do balcão falou, ao mesmo tempo que depositava o livro, que estava lendo, junto com os outros. - Em que posso ajudá-la?

- Pode me chamar por Katie. - ela continuou a sorrir, o que fez com que fosse retribuída. - Estou com um livro em mente, que gostaria muito de ler. Então, gostaria de saber se aqui tem.

- Ah, sim. Claro. - então, de forma desajeitada, o bibliotecário vasculhou com o seu olhar o balcão para que pudesse encontrar um caderno. Assim que achou, ele o abriu e colocou na frente de Katie. Então, retornou a dizer. - Neste caderno, você encontrará os nomes de todos os livros disponíveis que temos aqui. Portanto, caso tenha o que procura, estará aí. Ele está organizado em ordem alfabética, então é fácil de procurar.

- Obrigada. - Katie sorriu.

Então, pegou o caderno. Ao mesmo tempo que o folheava, enquanto fingia procurar por algum nome de livro que estaria interessada, James continuava a alternar o seu olhar.

Enquanto isso, Edson caminhava em direção ao prédio marrom. Sabendo a localização da sala de acesso restrito em sua cabeça, ele se aproximava dos fundos da biblioteca, ao mesmo tempo que olhava para cima na intenção de encontrar a única janela do cômodo. Quando a avistou, sorriu, pois estava aberta.

Edson olhou em volta para que pudesse procurar algo que o ajudasse a subir até a janela. Portanto, avistou uma árvore que o jardim possuía. Utilizando de sua força e velocidade, ele subiu nela. Assim que chegou ao topo, Edson viu que um dos galhos da árvore alcançava a janela pretendida. Então, de forma cuidadosa, ele foi engatinhando pelo galho até chegar ao fim. Sorte que era espesso e resistente. Assim que alcançou a janela, ele a pulou para ir à sala e aterrissou sem cair no chão.

Naquele momento, o cômodo, o qual estava levemente escuro pelas paredes amarronzadas do local, possuía um menino que usufruía do computador. Assim que viu a movimentação de Edson, arregalou seus olhos azuis. Portanto, as íris dele tomaram uma coloração esbranquiçada e, em uma velocidade surpreendente, aproximou-se do menino e o socou no rosto, que, embora fosse um vampiro, conseguiu fazê-lo desmaiar.

Depois dos olhos de Edson voltarem para a sua cor original, ele colocou o menino encostado na parede de forma delicada, enquanto sua cabeça pendia para baixo. Por fim, destrancou a porta do local e apareceu na entrada.

Quando Katie levantou seu olhar do caderno e o direcionou para a porta, que a biblioteca continha, ela viu Edson. Portanto, após, avistou James, o que fez com que ele o percebesse parado na porta.

- Infelizmente, não tem o livro aqui. - Katie se apressou em dizer, enquanto os olhos do bibliotecário estavam em expectativas. Porém, quando ouviu, eles expressaram sua frustração. Naquele momento, James fechava seu livro e esperava a deixa de Katie.

- Tudo bem. - ao mesmo tempo que ela fechava o caderno e o entregava, a pessoa detrás do balcão estendia um de seus braços e ganhava um aperto de mão por parte de Katie, o que fez com que ela sentisse o seu toque quente. - Quem sabe, outra hora. - então, sorriram.

Por fim, Katie caminhou em direção à saída, o que era a deixa para James, e o bibliotecário voltou a ler o livro de antes. Então, quando ela quase se aproximou da porta de vidro do local, James a pegou em um rápido movimento, enquanto envolvia seus braços na barriga dela, e a levou até a sala de acesso restrito. Assim que entraram, Edson trancou a porta. 

Após eles terem conseguido entrar na sala, James se desvencilhou de Katie, enquanto seus olhos esboçavam preocupação pela velocidade que submeteu a ela.

- Está tudo bem? - James a perguntou em um tom condizente com o que expressava. Em resposta, ela apenas concordou com a cabeça.

Depois, não querendo perder tempo, Katie se dirigiu ao computador para que pudesse se sentar em frente a ele. Enquanto isso, James havia avistado a pessoa desmaiada no chão, portanto suas sobrancelhas expressaram suas dúvidas.

- Você o desmaiou? - ele perguntou ao Edson de forma suave. Portanto, no tom de sua voz, não era possível escutar julgamento ou raiva.

- Eu não tive escolha. - ele se apressou a respondê-lo, enquanto temia que uma discussão fosse iniciada.

- Tudo bem. - James assentiu. - Mas teremos que hipnotizá-lo depois. - ele tocou na pele da pessoa, o que fez com que sentisse sua frieza e percebesse que se tratava de um vampiro. - Pode deixar que eu faça. - Edson assentiu.

- Qual é o nome do site e qual é a senha? - quando conseguiu o acesso para usufruir do computador, Katie havia os perguntado, sem querer ignorar a conversa entre eles, o que acabou acontecendo. Então, eles desviaram sua atenção para o corpo caído no chão e se viraram para olhá-la, ao mesmo tempo que se aproximavam.

À medida que James falava o que tinha sido pedido, Katie escutava com atenção, enquanto digitava nas teclas. Por fim, ela conseguiu acessar a página necessária, o que fez com que seus olhos fossem arregalados. Na tela, era possível observar todos os casos arquivados em uma pasta, as quais tinham sido guardadas com os nomes completos das pessoas. Então, viram que, em três delas, tinham seus respectivos nomes, o que fez com que Katie ficasse ainda mais assustada.

Passando pelas pastas com o cursor do mouse, Katie procurou pelo nome do diretor, o qual lembrava ter escutado enquanto ainda estava presa na instituição. Por fim, ela conseguiu encontrar e descobriram que seu nome completo era Ary Allen. Quando clicou na referida pasta, outras delas apareceram, as quais tinham nomeações relacionadas ao seu caso. Perpassando com o olhar, Katie viu que em uma das pastas estava nomeada como Enfermeiras do Caso. Portanto, ela clicou, o que fez com que aparecesse as fotos delas com suas respectivas informações ao lado.

Naquele momento, James e Edson perceberam que a pessoa do chão estava acordando. Quando abriu os olhos por completo, esboçaram seu susto com a situação que estava ocorrendo. Portanto, Edson se aproximou em um rápido movimento e colocou suas mãos no peito dele para que o corpo da pessoa pudesse ser pressionado contra a parede. Ao mesmo tempo, James também chegava perto, à medida que os seus olhos dourados encontravam pelos azuis dele.

- Está tudo bem. - quando viu que as íris da pessoa estavam tomando uma coloração esverdeada, um tom calmo podia ser escutado da voz de James para fazê-lo sentir o que quisesse. - Você estava no computador e, quando terminou o que tinha que fazer, você se levantou e escorregou no chão. Então, bateu a cabeça e desmaiou. - a pessoa estava escutando tudo de forma atenta. Portanto, assim que ouviu os últimos dizeres, levou sua mão até a cabeça, enquanto transmitia sua dor pela sua face.

Naquele momento, frustração podia ser sentida por parte de Katie. Ela ainda estava procurando por alguma enfermeira, a qual poderia estar viva, porém, à medida que passava pelas fotos, as informações diziam que aquela pessoa havia sido morta. Quando a última imagem apareceu na tela, mostrava uma mulher morena com os seus cabelos lisos e negros e olhos castanhos, a qual estava vestida por um jaleco verde. Então, Katie se dispôs a ler as informações, o que fez com que arregalasse os olhos e um sorriso fosse visível em seu rosto.

- Você acordou e está indo embora. - James continuava a dizer. A pessoa, a qual ainda possuía seu corpo pressionado na parede pelo Edson, assentiu. - Quando você voltar, só se lembrará das coisas que falei.

- Só me lembrarei das coisas que você falou. - à medida que ele dizia de forma automática, Edson afrouxava sua mão para que pudesse libertá-lo. Por fim, James estalou seus dedos de forma disfarçada, o que fez com que os olhos da pessoa voltassem para a sua cor azul.

Enquanto ele ia embora, Katie havia conseguido o endereço da enfermeira da última imagem e o memorizado. Após, fechou todas as pastas e desligou o computador para que não levantasse suspeitas.

- Vamos. - após ter se levantado, ela se aproximou deles e começou a dizer. - Consegui o endereço da única pessoa viva do acidente que ocorreu na instituição. E, por sorte, ela era uma das enfermeiras do local. - Katie sorriu, enquanto eles assentiam.

Então, James e Edson, a qual levava Katie, se locomoveram em um rápido movimento para a saída da biblioteca e, então, em direção ao carro. Quando entraram no Palio vermelho, ela colocou o cinto e Edson, a chave na ignição para que pudesse começar a dirigir para onde quer que fosse. À medida que ele dirigia, Katie falava o endereço correto, enquanto em seu interior podia ser sentido um alívio por tudo estar dando certo.