Capítulo VI

Distante e pensativa, Katie se encontrava sozinha no jardim do castelo. Àquele momento, ela pensava em Edson e na última conversa deles, não acreditando ou não querendo acreditar que tudo que ele tinha falado seria real. Em um momento depois, enquanto caminhava calmamente, a mãe dela tinha entrado no mesmo cômodo. Notando alguma presença, Katie a viu, assim, pelo motivo de seus pensamentos, levou um susto.

- Perdão. Não queria te dar um susto. - Katie deu um sorriso fraco em resposta e assentiu de forma negativa e leve com a cabeça.

- Tudo bem. Mas como você sabia que eu estaria aqui?

- Não sabia. Estava andando por aí e acabei te vendo. Então, vim aqui para saber se estava tudo bem. - a mãe de Katie havia mentido em partes. Os olhos de Katie ficaram entristecidos e distantes, mas ela logo se recompôs e a respondeu de forma sincera.

- Não estou bem. Quis dar um tempo da minha relação com o Edson. - os olhos de sua mãe se arregalaram, porém tudo o que ela expressava era uma fachada para que seu plano fosse bem executado, embora se tratasse de uma relação de mãe e filha.

Aproximando-se de um dos bancos que tinha pelo local, ela se sentou e convidou Katie a fazer o mesmo. De forma um pouco relutante, ela se juntou a mãe. Mesmo que estivesse conversando e querendo ganhar sua confiança, Katie ainda não se desprendia do pensamento das falas de Edson.

- Fique à vontade para contar o que quer que tenha acontecido. - à medida que dizia, abria um sorriso convidativo. No entanto, Katie ficou pensativa, porém, querendo se livrar de seus devaneios, ela falou o que havia acontecido, além das coisas da conversa com o Edson. No final, apenas um riso meio tímido por parte de sua mãe era ouvido no jardim.

- Você não acreditou nele, não é? - logo após, começou a falar em um tom bem mais baixo para que ninguém que passasse por ali pudesse escutar, somente Katie. - Eu nunca o mataria. Sei que vocês dois são apaixonados, embora tenham decidido dar um tempo agora, e eu nunca estragaria a sua felicidade.

- Tenho minhas dúvidas. - ela a respondeu em uma espécie de brincadeira, mas a mãe de Katie reagiu de uma forma estranha, assim que arregalou seus olhos. Portanto, ao mesmo tempo em que Katie ficou atenta a ela, um silêncio constrangedor havia se estabelecido no lugar, sendo quebrado pelo riso fraco proveniente dela.

Um momento depois, a mãe de Katie retornou a dizer, enquanto se levantava de onde estava sentada.

- Quer clarear sua mente dando um passeio de carro comigo?

Um outro sorriso convidativo era visível no rosto dela, entretanto, dessa vez, Katie expressava suas dúvidas arqueando uma de suas sobrancelhas. Apesar disso, com a mão estendida de sua mãe, ela aceitou e se levantou dali. Após, começou a segui-la, mas sem imaginar que algo ruim poderia acontecer momentos mais tarde, onde o plano já teria sido colocado em ação.


Katie e sua mãe estavam no carro, indo em direção a instituição. Enquanto Katie dirigia com cautela e atenção, ela não conseguia se desprender dos pensamentos que ainda a rondavam, portanto, à medida que sua mãe falava as direções do caminho que deveriam ser tomados, ela sentia no fundo que algo estava prestes a acontecer com ela.

Um pouco mais à frente, Katie avistou pela janela duas sombras, as quais pareciam ser de duas pessoas, portanto uma expressão de desconfiança e suas sobrancelhas arqueadas eram visíveis no rosto dela. Por estar dirigindo, ela olhou para sua frente, porém, quando virou seu rosto novamente para o local onde estavam as sombras, elas tinham desaparecido, o que fez com que Katie sentisse um nó em seu estômago.  

Após alguns minutos, assim que chegaram ao destino, Katie viu pela janela a estrutura coberta por vidro. Embora tivesse estranhado, ela saiu do carro sem hesitar, acompanhando sua mãe que também já havia saído, dessa vez com seu arco em mãos e sua aljava nas costas. Quando entraram na instituição, poderiam ser notados os olhos arregalados dela, já que a primeira pessoa que viu no local era o seu antigo diretor.

- Diretor? - perguntou retoricamente, não acreditando no que via. Em resposta, era visível apenas um sorriso convencido por parte dele, enquanto fazia gestos com os dedos indicadores de suas mãos.

Quando os fez, duas pessoas que estavam ali, trajadas de preto, aproximavam-se de Katie. Por sua vez, ela achando estranho, virou-se e começou a correr em direção a saída. Entretanto, assim que se virou, notou uma movimentação e que o andar delas era determinado e confiante, como se quisessem executar algo de forma bem feita. A essa altura, Katie não sentia mais espanto ou susto, apenas vergonha de si por não ter acreditado em Edson. Quando se aproximaram dela, cada uma pegou por um braço de Katie.

- O que está acontecendo, mãe? - os olhos assustados dela encontraram pelos olhos entristecidos de sua mãe.

Katie tentou se desvencilhar, porém essas pessoas eram mais fortes, o que fez com que percebesse o toque frio de suas peles. Vampiras. Ela tentou chutá-las como uma forma de resistência, porém foi em vão.

- Me perdoe, Katie.

Então, a mãe de Katie retirou uma das flechas de sua aljava, onde em sua ponta continha um líquido tranquilizante. Assim que se dispôs de seu arco, atirou em sua perna, fazendo com que Katie parasse de lutar e resistir, já que, quando o líquido fez efeito, ela desmaiou. No entanto, não caiu no chão já que estava sendo segurada pelos braços.

Após algum tempo, a voz do diretor reverberou pela instituição em um tom autoritário.

- Levem-na para a cela que foi preparada para ela. - as duas pessoas assentiram e, então, fizeram o que foi pedido. Enquanto isso, o diretor se dirigiu à mãe de Katie. - Bom trabalho. Fico feliz que os seus sentimentos não te atrapalharam. - apenas um sorriso de canto era visível no rosto dela, embora no fundo estivesse se culpando pelos seus atos.


Edson, James e Kaleb estavam sentados nos sofás pretos do salão principal. Pelo fato da última discussão com a Katie, Edson estava desolado, enquanto eles expressavam compaixão para com ele, já que àquela altura já se havia falado sobre o ocorrido. Entretanto, além de estar compassivo, James também estava distante, assim que pensava no que ele havia visto dentro do carro durante a perseguição deles. Portanto, enchendo-se de coragem, quebrou o silêncio que estava no cômodo.

- Edson, eu sei que você está chateado com o que ocorreu, mas preciso te dizer isso agora. - os olhos dourados dele encontraram os amarelos de Edson, os quais exprimiam atenção com o que quer que fosse falado. - Não sei como, mas durante a perseguição, notei que seus olhos ficaram brancos. - agora, exprimiam espanto, já que tinham se arregalado. Notando Kaleb, além de também estar com os olhos assustados, ele estava pensativo, aparentemente tocando-se de algo que estava reparando.

Depois de um momento de quietude, Edson suspirou levemente e assentiu, querendo confirmar o que James havia falado.

- Acredito em você. Aconteceu o mesmo depois do jantar daquele dia e Katie havia percebido. Também estou sentindo que os meus olhos estão mudando para uma cor diferente. E, quando sinto, parece que meus poderes se ampliam.

- Isso é realmente surpreendente e raro. - Kaleb ainda expressava seu espanto, o que eles notaram já que o olharam.

- Você sabe sobre isso? - Edson o perguntou e o pai de Katie balançou levemente sua cabeça em afirmação.

- Na verdade, tenho uma teoria. Quando Katie reverteu o seu processo de perda de humanidade, acredito que não tenha realmente revertido. - dúvidas surgiam em seus rostos à medida que ele falava. Assim que ele percebeu, prosseguiu. - De alguma forma, quando ela lhe beijou, o seu corpo percebeu que ainda havia humanidade em você e reagiu mudando a cor de seus olhos para o original, além do seu comportamento.

- Então, quer dizer que Katie apenas resgatou a humanidade dele e, a qualquer momento, pode vir a perder de novo? Assim como vem acontecendo... - James o interrompeu e perguntou, visivelmente espantado. Kaleb assentiu e continuou.

- Isso mesmo. O corpo dele está reagindo de forma contrária quando está em momento de muita tensão ou nervosismo. Por isso também que ele está perdendo a humanidade nessas situações para que os poderes sejam ampliados, como se fosse uma liberação de adrenalina.

- E como é raro? - James voltou a perguntá-lo.

- Bom, se Edson não tivesse Katie, possivelmente, em um desses momentos de liberação de adrenalina, esse processo poderia se tornar irreversível. Por isso, ele consegue voltar. - pela resposta de Kaleb, James arregalou os olhos.  

- Faz sentido... - nesse momento, ao mesmo tempo que absorvia as informações que estavam sendo passadas, Edson estava distante, pensando em Katie. Portanto, sussurrou para si. - E Katie é a peça-chave fundamental.

Um momento mais tarde, Alexa apareceu no mesmo lugar que eles. Quando Edson, James e Kaleb se viraram para olhá-la, era visível uma preocupação misturada com espanto em seu olhar. Algumas horas haviam se passado desde a captura de Katie, portanto ela achava que alguma coisa de ruim teria acontecido, já que não tinha nenhum sinal dela e Alexa tinha quase certeza de que Katie se encontrava no castelo. Então, um som em um tom assustado poderia ser ouvido dela, à medida em que James havia se levantado do sofá e caminhado até o seu lado.

- Katie sumiu!

Naquele momento, Edson havia arregalado os olhos e James já havia se aproximado de Alexa. Enquanto isso, Kaleb permanecia sentado e pensativo.

- Está tudo bem? - assim que abraçava Alexa de lado, James a perguntava. Enquanto procurava pelos seus olhos, ela havia se aninhado nos braços dele e balançado a cabeça em negação, parecendo que iria chorar. No entanto, um som de preocupação e raiva poderia ser escutado de Edson, à medida em que ele perguntava, levantando-se do sofá.

- Sumiu como, Alexa?

- E-eu não sei... - os olhos dela começaram a marejar, portanto James afagou o seu cabelo e, logo em seguida, beijou o topo de sua cabeça. - Ela havia saído do quarto e me falado que iria para o jardim para espairecer, mas passou algumas horas e nenhum sinal dela ainda.

- Talvez, não seja nada. - James falou, enquanto Edson começou a andar para lá e para cá, colocando suas duas mãos atrás de sua cabeça em sinal de preocupação. Kaleb, quando escutou, arqueou uma sobrancelha e também se levantou do sofá, pronunciando.

- Eu conheço Katie. Ela não iria sumir assim do nada e sozinha. Então, acredito que sei onde e com quem ela está.

Tendo se tocado sobre a situação de Katie, Edson arregalou seus olhos, enquanto possivelmente sua respiração teria ficado ofegante. À medida em que arfava, seus olhos se tornavam brancos e, como uma forma de liberação de adrenalina, socou a parede, destruindo-a. Portanto, os olhos de Edson expressaram um susto, assim que voltavam para a sua cor original.

- Opa, calma, Edson! - James, naquele momento, havia se desvencilhado de Alexa e caminhado para o lado dele. - Nós vamos resgatá-la.

- Concordo com o James. Mas dessa vez, estamos lidando com uma instituição que tem vampiros que caçam e matam outros vampiros. - foi a vez de Kaleb se pronunciar.

- Por isso mesmo, somos páreos para isso. Temos que ir agora! - Edson disse, ao mesmo tempo apressado e autoritário, já caminhando para a saída.

- Não seja imprudente, Edson. Eles são muitos. Precisaremos de reforços dessa vez.

Assim que havia parado de andar, Edson assentiu e pronunciou, com um leve sorriso de canto.

- Eu sei onde podemos pedir reforço.

Quando James percebeu aonde ele queria chegar, os olhos dele, que agora exprimiam susto e preocupação, encontraram os de Edson. Então, logo o respondeu.

- Tem certeza disso?

- Sei que é arriscado, por causa da morte de Bianca e da tentativa de matá-los, mas é o nosso único caminho.

- Estou contigo nessa. - James o deu leves tapas em seu ombro, demonstrando o que havia falado. Ao mesmo tempo, Kaleb deu de ombros, possivelmente por não ter nenhuma outra ideia naquele momento. Edson, notando que talvez eles tenham entendido errado, se apressou a dizer.

- Terei que ir sozinho, dessa vez.

Vendo os olhos confiantes dele, James e Kaleb assentiram. Então, Edson rumou em direção a saída com um único destino em sua mente: Itália.

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Tags: #vampiros