Capítulo V
Assim que chegou em casa, Katie viu que o carro de seu pai estava estacionado do lado de fora da garagem, portanto presumiu que ele não tinha ido caçar. Ela estacionou o seu e saiu. Após, enquanto ia para a entrada, preparava-se para enfrentá-lo.
— Oi, pai. — Katie falava como se nada tivesse acontecido, ao mesmo tempo que fechava a porta. Andando mais a frente, viu que ele estava na mesa, perto da televisão, ao telefone e que sua expressão estava assustada.
— S-sim, tudo bem. — Gaguejava, que, como o diretor, imaginava que sua filha nunca faria uma coisa dessas. — Aham, tudo bem, irei falar com ela. — Então, colocou o telefone no gancho, o que fez um estalo. Por um milagre, não havia quebrado. Quando notou que Katie estava no vão da porta da sala, virou-se para ela, enquanto batia os dedos na mesa.
— E, então... — Disse irritado como ele nunca esteve. — Alguma coisa para dizer?
— Hã... Acho que você já sabe.
— Sim, sei que você foi banida da escola. Mas o diretor falou que seria melhor você me contar o motivo. — Então, o pai dela apontou para o sofá para mostrar que deveria se sentar. Katie engoliu em seco, pois sabia que, se cobrisse a verdade, não adiantaria, pois ele sabe quando ela está mentindo. Foi contra a sua vontade e se sentou no sofá, enquanto ele já estava sentado. — Então... — Ele dizia, ao mesmo tempo que a esperava falar. — Estou te ouvindo.
— Fui, hã... — Katie engoliu em seco mais uma vez e reuniu toda a coragem que tinha para poder falar. — Fui expulsa, porque eu refugiei um vampiro dentro da escola. — Portanto, falou correndo, à medida que atropelava as palavras. Porém, seu pai entendeu e fez uma expressão arregalada.
— Você o quê?! — Fez-lhe uma pergunta retórica, após levar um choque de realidade. — Ah, já sei quem foi. — Balançou o dedo indicador se auto confirmando. — Sabia que aquele cara era um vampiro. Foi o Edson, não foi? Ah, mas vou caçá-lo, aquele sujeito vai se arrepender de ter feito isso. Vou ligar para o seu avô. — Ele disse, já se levantando e se encaminhando para o telefone.
— Não, pai. Espere. — Katie também se levantou e o seguiu. — A culpa não foi dele, ele não fez nada. — Entretanto, já era tarde demais, ele havia discado o número e colocado o telefone na orelha, enquanto esperava ser atendido.
— Alô? Oi, pai. Você pode trazer os seus instrumentos de caça mais sofisticados que você tiver? — Dizia o pai dela, com Katie em expectativas. — Sim, vamos caçar um vampiro. — Ela balançou a cabeça, demonstrando que não concordava. — Ok, obrigado. — Colocou o telefone no lugar. — Apresse-se, arrume-se, vamos sair essa noite. Seu avô vai chegar daqui a meia hora.
— Mas pai...
— Sem "mas", ande. — Dizia ele, ao mesmo tempo que se dirigia para o porão a fim de pegar algumas coisas que imaginava serem úteis. Katie bufou e subiu as escadas correndo para ir ao seu quarto.
Abrindo a porta do cômodo, foi direto para a escrivaninha. Ela pegou um caderno antigo, que guardava, e arrancou uma de suas folhas para escrever para o Edson o motivo dela não estar ali essa noite. Então, pegou uma caneta e começou a escrever:
"Desculpe, Edson, não estarei aqui a essa noite. Meu pai descobriu o motivo de eu ter sido banida da escola e me obrigou a ir te caçar com ele. Eu vou para te ajudar a escapar, apesar de você, talvez, não precisar da minha ajuda."
Após, Katie dobrou o recado e o colocou debaixo da lata com lápis e canetas, prevendo que ele veria o papel. Depois de ter ido até o guarda-roupa e escolhido uma blusa sem manga, jaqueta, calça e botas de couro pretas, colocou as roupas e o sapato e prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo. Pegando uma mochila antiga, que normalmente usava para viajar, escolheu o que seria necessário levar, então pegou algumas roupas, repelente, livros para não ficar entediada e, por fim, seu celular. Katie percebeu que não havia o pegado esses dias, apenas para ver as horas. Felizmente, só havia duas mensagens da Claire, perguntando onde ela estava e o que tinha acontecido.
— Prometo que vou te explicar tudo um dia. Por enquanto, saiba que eu fui banida. — Ela digitou nas teclas do celular e inseriu um emoticon de tédio. Depois que enviou, colocou o aparelho no bolso da jaqueta.
Katie saiu do quarto, sem antes deixar a janela aberta e a porta trancada, e desceu as escadas, enquanto seu pai arrumava a sua bolsa de caçada e colocava adagas ao lado. Ela também percebeu que a mochila de pertences pessoais dele estava ali. Alguns minutos depois, a campainha havia tocado, assim que Katie colocava sua mochila no sofá.
— Deixa que eu atendo. — Dizia o pai dela, ao mesmo tempo que caminhava para a porta principal. Assim que a abriu, cumprimentou o avô de Katie com um aperto de mão e o deixou entrar.
— Com licença. — Disse o avô dela, enquanto colocava o seu chapéu coco na bancada da cozinha. Enquanto isso, o pai de Katie ia até o porta-malas e o abria com a chave. Então, ela pegou as bolsas para ajudá-lo a guardar.
— Oi, vô. — À medida que Katie dizia, parava em sua frente, o que fez com que ele a desse um abraço.
— Como você está bonita, cresceu e está diferente.
— Coloque diferente nisso. — Falou o pai dela, assim que havia atravessado a porta da sala e pegado as duas das três bolsas da mão de Katie. Ela revirou os olhos, enquanto o seguia até a parte traseira do carro e carregava sua bolsa. Depois, colocou-a dentro. Então, o pai de Katie fechou e trancou o porta-malas. Logo após, voltou para dentro de casa e apagou as luzes. Portanto, ele e o avô dela, com o seu chapéu coco, foram para o carro.
Quando a porta de casa foi trancada, abriram as respectivas portas do veículo e entraram.
— Para onde estamos indo, pai? — Ela perguntava, ao mesmo tempo que colocava o cinto.
— Vamos mais para o Norte, onde os vampiros vivem, e iremos acampar na floresta, onde eles saem à noite para caçar. — Enquanto falava, ajeitava o espelho e colocava a chave na ignição para que pudesse ligar o carro.
Katie pegou os seus fones de ouvido, que sempre carregava consigo, e o plugou no celular para que pudesse colocar a música A Thousand Years, de Christina Perri. O pai dela dirigia com cautela e atenção, sempre respeitando as leis de trânsito, na noite fria e deserta de inverno.
Demorou meia hora, até que chegaram em uma parte da floresta que estava iluminada somente pela luz da lua. Eram oito horas da noite, quando o pai de Katie estacionou o carro. Assim que abriram as portas, saíram do veículo e seu pai foi ao porta-malas para pegar as coisas.
— Filha, ajude-me aqui. — Então, Katie se dirigiu até ele. Quando pegou sua mochila, colocou nas costas. Depois, pegaram as outras bolsas.
Eles colocaram as mochilas na grama e o pai de Katie pegou as barracas para montarem. Ela o ajudou, então demoraram, praticamente, dez minutos para ajustar as três. Então, Katie foi para a sua, enquanto levava sua bolsa. Por fim, tirou os fones do celular e adormeceu.
— Acorde, filha. — Disse o pai de Katie, assim que abriu o zíper da barraca dela. Então, Katie acordou e saiu.
— Bom dia. — Ela os cumprimentou, à medida que se espreguiçava.
— Bom dia. — Responderam em uníssono.
— Katie, você pode pegar lenha para a gente tomar café da manhã? — Disse o avô dela, que estava sentado em um dos troncos, os quais o pai de Katie, provavelmente, havia acordado mais cedo e os pegado.
— Posso. — Assim que falou, Katie adentrou mais na floresta à procura de lenha. Portanto, ela os perdeu de vista.
Naquele momento, a floresta estava iluminada pelo sol escaldante. Então, quando procurava, ela suava. Assim que se abaixou para pegar o terceiro pedaço de lenha, Katie viu uma pessoa parada em sua frente. Portanto, quando viu que era Edson, levou um susto, ao mesmo tempo que deixou cair todos os pedaços de lenha.
— Oi. — Edson deu um sorriso, quando ela o viu.
— Edson, você quase me deu um susto. — Katie se abaixou para pegar as lenhas de volta.
— Deixe-me te ajudar. — Então, Edson as pegou de sua mão sem sequer fazer esforço. Após, começaram a caminhar de volta para onde estavam o pai e o avô de Katie.
— Obrigada. Mas o que você está fazendo aqui? — Katie viu o anel dele no dedo, portanto se contentou a não perguntar sobre a hora.
— Recebi seu bilhete. — Ele falava, enquanto pegava o papel do bolso de sua jaqueta e segurava as lenhas com apenas uma de suas mãos.
— Mas como você sabia que eu estaria aqui?
— Bem, você está no nosso território e presumi. Também senti seu cheiro. Seu cheiro é inconfundível, sabia? — Edson disse, quase rindo, o que pareceu ser uma piada interna dos vampiros.
— Bem, por favor, só peço que não seja caçado. — Disse a ele, assim que chegaram ao final do trajeto.
— Pode deixar, tomarei cuidado. — Edson deu um selinho nela e entregou as lenhas. — Vejo-te mais tarde? — Katie balançou a cabeça em confirmação.
Após, Katie deu um passo à frente, enquanto suspirava profundamente.
— Oi, pai. Desculpe a demora. — Ela colocou as lenhas em frente aos troncos de madeira e de maneira que ficassem amontoadas entre si.
— Filha, fiquei preocupado, achei que tivesse se perdido. — Falou o pai dela sentado em um dos troncos, enquanto mantinha uma caixa de fósforos no colo, o que parecia que esperava por sua chegada. Após, tirou um palito e, assim que o acendeu, jogou nas lenhas. — Marshmallow? — Depois de Katie ter se sentado entre ele e seu avô, seu pai falou, ao mesmo tempo que a oferecia o pacote com a comida.
— Sim, obrigada. — Então, ela pegou um graveto e um marshmallow. Após, colocou o alimento na brasa para tostá-lo.
Eles comeram, até que estivessem cheios, e ficaram recuperando suas energias para o longo dia que teriam.
Quando tinha dado seis horas da noite, o pai de Katie havia colocado um mapa na grama. Enquanto isso, eles se sentavam em círculo.
— Muito bem, — O pai dela começou a falar. — os círculos amarelos, no mapa, mostram os locais prováveis em que um vampiro poderia estar e os vermelhos, os locais exatos onde estão caçando.
— Tudo bem. — Katie disse. — Mas como vamos caçá-lo?
— Iremos em conjunto, seguindo os círculos vermelhos. Eu vou conduzi-los, você vai dizer se o vampiro que estamos caçando é de fato o verdadeiro e o seu avô irá nos acompanhar, pois ele tem mais experiência no assunto. — Após falar, levantou-se e ela e seu avô fizeram o mesmo. O pai de Katie pegou a sua mochila de caçada e o seguiram floresta adentro.
Naquele momento, a floresta estava escura. Portanto, o pai dela pegou uma lanterna e a acendeu, enquanto caminhavam atrás dele. Haviam caminhado por horas, porém, quando iam desistir de tentar procurá-lo, algo fez com que as folhas de uma das árvores balançassem. Seu pai, presumindo que era ele, correu e Katie fez o mesmo, enquanto seguia atrás dele. Apesar de estar com uma mochila pesada nas costas, ele foi mais ágil que ela. Quase ao alcançá-lo, Katie deu um passo em falso e caiu, escorregando na grama. Quando parou, sentiu algo ou alguém que havia amortecido a sua queda. Então, assim que olhou para cima, viu que era a pessoa que estavam caçando.
— Filha?! — Gritou o pai de Katie, em um tom preocupado, a fim de procurá-la.
— Você tem que sair daqui. — Katie falou baixinho para Edson, após se levantar sozinha do chão. Ele balançou a cabeça em confirmação.
— Katie?! — Chamou seu avô, ajudando o pai dela a encontrá-la.
— Estou aqui. — Katie falou, assim que apareceu. O pai dela correu para abraçá-la, preocupado. — Estou bem.
— Vamos parar por hoje. — Ela balançou a cabeça em concordância. Então, eles voltaram para o ponto de origem.
Katie se sentou ao lado de sua barraca com o livro que havia pegado para ler. Àquela hora, seu pai e seu avô já estavam em suas barracas dormindo, porém ela esperava pela vinda de Edson. Quando folheou uma de suas páginas, ele havia aparecido repentinamente ao seu lado.
— É Diários de um Vampiro? — Perguntou ele, assim que Katie virou sua cabeça para olhá-lo.
— Sim. Estou quase terminando. — Falava, enquanto fechava o livro e marcava a página em que havia parado.
— Quer saber sobre aquele dia? — Edson perguntou, o que atiçou a curiosidade dela.
— Quero. — Então, ele a ofereceu uma de suas mãos e ajudou a levantá-la. Depois, começaram a caminhar para floresta adentro.
— Que foi? — Edson falou, assim que viu que Katie havia parado, quando estavam prestes a perder de vista o lugar em que estava acampada.
— Acho que não deveria avançar mais.
— Não me diga que está com medo. — Disse a ela, ao mesmo tempo que arqueou a sobrancelha.
— Não, não é isso. — Katie esfregou seus braços, o que a fez ser entregue pelo olhar.
— Sei quando uma pessoa mente. Não precisa ter, você estará segura comigo. — Então, por estar segurando a mão dela, quase a puxou para o seu lado. — Então, — Enquanto caminhavam pela floresta semi escura, Edson começou a falar. — pode começar a perguntar.
— Hã? Ah, sim. — Katie se despertou de seus devaneios e corou. — Desculpe-me. Então, você mentiu para mim.
— Quê? Eu não menti para você.
— Mentiu sim. Você disse que havia se transformado aos 17 anos e eu li em um dos livros de minha mãe que quando se é príncipe, você já nasce vampiro.
— Bom, tem uma informação que você não sabe. — Ele sorriu para si. — Meu pai é vampiro e minha mãe era humana, quando eu nasci. Então, nasci a metade de meus pais. Mas tive que honrar com a tradição e fui transformado completamente em um vampiro aos 17 anos.
Katie se sentava encostada em uma árvore, enquanto ele a acompanhava.
— Sabe, nunca imaginei você um príncipe. — Ela riu para si.
— E nunca imaginei, você, uma caçadora de vampiros, ser uma princesa de um reino de vampiros. — Sorriram juntos.
— Eu princesa? Não posso ser, seria um desastre para o seu reino. — Quando percebeu o que ele havia falado, logo ficou distante e absorta em seu pensamento. — Eu não sei ser princesa. — Ela percebeu que ele havia rido, quando havia pronunciado. — Quê? — Olhou para ele em descrença.
— Olha, para ser franco, ninguém nasce sabendo ser da realeza. Tive que me esforçar bastante para aprender a ser príncipe e tenho certeza que você consegue. — Assim que falou, pegou uma mecha solta e a prendeu em volta da orelha dela. Depois, deitaram-se na grama e olharam para as estrelas pelo céu limpo.
— E aqueles caras? — Katie conseguiu falar, após um tempo de silêncio.
— Eles fazem parte do grupo que querem acabar com a nossa monarquia, querendo direitos iguais. — Após dizer, Edson se sentou novamente. — Katie, você precisa ir comigo para a Transilvânia e selar o nosso namoro. Só assim, verão que a monarquia estará fortalecida e pararão de nos ameaçar.
— E-eu não sei, Edson... — Ela gaguejou meio distante, após se sentar outra vez.
— Por favor, Katie. — Começou a falar, ao mesmo tempo que segurou as mãos dela. — Não faça isso pelo meu povo, mas por mim.
— Tudo bem, — Katie pronunciou, depois de pensar e repensar para que pudesse tomar uma decisão dessas. — mas não posso prometer nada.
— Já é um começo.
E, assim, terminou a conversa deles, quase selado o destino de Katie de se tornar uma princesa.
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