3.16 - realization of truth
CAPÍTULO DEZESSEIS; realização da verdade
CAPÍTULO REVISADO
POV'S AUTORA
MAELLA DESCOBRIU QUE seu lugar favorito no Ninho da Águia era o grande jardim, que era envolto por sete esguias torres brancas.
As torres envolviam um jardim, que deveria abrigar um bosque sagrado, porém nenhum represeiro conseguiu fincar raízes em um solo tão rochoso como aquele.
Era fácil morar ali, Maella pensou. Era tranquilo, quase como se o mundo parasse naquele lugar.
Era impossível não pensar no que poderia ser, se não houvesse uma guerra. Aquilo poderia ser apenas uma visita, porque a Princesa tinha parentesco com os Arryn, ou porque a Casa Velaryon e a Casa Arryn se uniriam em um casamento.
Poderia não ser por causa de uma guerra.
Pensar em uma guerra era estranho. A palavra aprecia estranha quando Maella pronunciava, era pesada e amarga.
Os pensamentos da Velaryon foram interrompidos quando sentiu algo pequeno atingir seu rosto.
Maella franziu as sobrancelhas e abriu os olhos, apenas para os fechar novamente pelo sol em seu rosto.
— Desculpe, não tinha certeza se você estava viva. — Davinne resmungou, enquanto sua boca estava cheia de uvas verdes.
A mais velha soltou uma risada, enquanto se sentava.
Maella pegou a uva que havia sido jogada nela e a colocou na boca.
— No que tava pensando? — A Arryn perguntou, enquanto terminava de engolir as uvas em sua boca.
A de olhos violetas deu de ombros.
— Estava pensando que a sua casa é muito aconchegante, — Maella viu sua amiga fazer uma careta. — e que o Luke vai adorar esse lugar.
As bochechas dá Arryn ficaram – quase que rapidamente – rosadas.
Seus olhos azuis pararam no anel de pérola em seu dedo, antes de suspirar.
Toda vez que Maella mencionava seu irmão, Davinne parecia sair de um livro de romance, o que fazia com que a mais velha risse.
— Acha mesmo? — A garota deixou o potinho de uvas sobre a toalha branca em que estavam sentadas. — Eu espero muito que ele goste daqui, eu gostaria de saber o dia que ele vem, assim eu poderia instruir as cozinheiras a fazer as comidas que ele gosta! — A Arryn brincou com seu cabelo. — Mal posso esperar para me casar com ele.
— Você jura? — A Velaryon arqueou uma sobrancelha. — Eu não havia notado sua empolgação.
Maella não pode evitar de soltar uma risada quando foi atingida mais uma vez por uma uva.
A Arryn levantou a mão, apenas para admirar novamente o seu anel.
— Você não acha que o anel brilha? — A garota perguntou. — Olha só, quando eu mexo a mão, ele brilha!
— Davinne, eu te amo — Maella viu a mais nova sorrir. — mas eu não aguento mais ouvir você falar sobre a sua aliança.
A Arryn fechou a cara, fazendo com que a mais velha soltasse uma risada.
— Mas sim, o seu anel é lindo. — A Velaryon comentou, enquanto se deitava novamente.
O olhar de Maella caiu sobre Veenrax, que descansava sobre a grama, bem ao lado das duas garotas.
A dragão parecia mais protetora com sua montadora, o que fez Maella pensar se a Princesa Vermelha sabia que elas poderiam estar no meio de uma futura guerra.
Bom, de qualquer jeito, ela estava grata.
— Você acha que a sua mãe vai aceitar a proposta de apoiar a reinvindicação da minha mãe? — A Velaryon perguntou.
Ela estava a dez dias no Vale e, por mais que tentasse, Maella não conseguia cair nas graças de Lady Jeyne.
A mulher era realmente muito difícil.
Davinne bufou.
— Ela tem. — A Arryn respondeu. — Eu vou me casar com um membro da sua Casa. O acordo será firmado pelo casamento, então ela não tem muita escolha. — A mais nova sorriu. — E falando nela, está quase na hora do jantar.
Maella fez uma careta.
— Não... — A Velaryon resmungou, enquanto colocava suas mãos sobre o rosto.
— Sinto muito, mas sim. — A Arryn resmungou dramaticamente de volta. — Você tem que causar uma boa impressão, então você deve ir.
— Sua mãe não gosta de mim.
— Se serve de consolo, ela só gosta das damas de companhia dela. — Davinne respondeu.
Maella se levantou novamente, se sentando.
— Eu posso ter escolha sobre isso? — Maella perguntou.
A Arryn fingiu pensar.
— Hm... Não, acho que não!
Maella fingiu bufar com a resposta.
Jacaerys havia se adaptando ao Norte, por incrível que parecesse.
Claro, Winterfell era terrivelmente frio, e a primeira semana o fez ter que usar toda a sua falsa simpatia ensinada pela corte, para sobreviver naquele lugar. Ninguém gosta de pessoas mal humoradas, e Jacaerys parecia que virava um velho rabugento no frio.
Ele havia feito uma grande amizade com o Lorde Stark.
Cregan era alguns anos mais velho mas, por mais que não parecesse, era alguém muito simpático.
Jacaerys aprendeu que o Stark adorava caçar, então o Príncipe se forçou a aprender, para que tivesse algo em comum com o mais velho.
Isso rendeu muitas risadas de Cregan, com a falta de habilidade do príncipe sobre o assunto.
Eles haviam feito uma amizade naqueles dias em que Jace estava instalado em Winterfell e selaram aquilo com um pacto de sangue.
O Velaryon acabou gostando do aconchego da Sede dos Stark, mesmo com a neve gelando seus ossos.
Ele havia se interessado tanto, que as vezes pegava alguns livros sobre a cultura dos Nortenhos, com o intuito de aprender mais.
— Vossa Graça, — Jacaerys franziu as sobrancelhas e levantou seu olhar. — meu Príncipe estava tão absorto em seus pensamentos, que eu pensei que talvez estivesse com fome. — E colocou a grande bandeja de prata em cima de sua mesa de estudos. — Eu mesma preparei. — E sorriu, orgulhosa.
O Velaryon prensou os lábios ao notar seus livros esmagados sobre a bandeja.
— Bom... Isso é muito atencioso de sua parte, Lady Sara, obrigado. — O garoto a agradeceu.
Sara Snow havia se tornado uma estranha presença recorrente em sua estadia em Winterfell.
Ela era irmã bastarda de Cregan, que felizmente – ao menos para ela – caiu nas graças de seu irmão mais velho.
Sara era uma garota magricela, por volta dos quinze anos, tinha um pescoço fino, longos cabelos pretos e olhos grandes e arregalados.
A Snow parecia contente em rodopiar em volta do Príncipe desde que ele havia chegado, quase se tornando sua sombra.
Jacaerys achava adorável e até engraçado o modo como ela parecia animada com alguém da realeza em sua Casa, mas achava irritante como ela sempre buscava agradá-lo com alguma coisa.
— Não a necessidade de me chamar de Lady, Vossa Graça. — A mais nova respondeu, enquanto puxava uma cadeira para se sentar na frente do garoto. — Eu não possuo esse título, sou uma bastarda.
— Todas as mulheres são Ladys. — Jacaerys respondeu simplesmente, antes de voltar seus olhos para a bandeja a sua frente.
O Velaryon não notou o olhar e o pequeno sorriso espreitando os lábios da Snow.
Jace pegou uma das tortinhas da bandeja e a mordeu, sentindo o doce gosto do morango invadir sua boca.
O garoto não estava com fome, mas não queria fazer desfeita para a mais nova, então se forçou a comer e a sorrir.
— Isso está muito bom...
— Sara. — A Snow completou, sorrindo docemente para o mais velho. — Me chame de Sara, por favor, Vossa Graça.
Jacaerys acenou levemente.
— Você tem... dotes culinários surpreendentes, Sara. — O Velaryon elogiou, podendo ver a garota sorrir amplamente para ele.
Ela quase pareceu que iria explodir.
Jacaerys limpou a sua boca, enquanto se levantava da cadeira.
— Você sabe onde Lorde Cregan está? — Jace perguntou. — Eu havia marcado de me encontrar com ele.
— Tenho quase certeza que meu irmão está no pátio, meu Príncipe. — Sara respondeu mas em seguida, franziu as sobrancelhas. — Espere! Você quase não comeu o que eu lhe trouxe.
— Você cozinha tão bem que uma tortinha já pôde saciar a minha fome. — Jacaerys respondeu, ansioso para encontrar com Cregan. — Até mais tarde, Sara. — E se apressou para ir para fora do quarto.
O garoto saiu, contente por se livrar temporariamente da presença sufocante da mais nova.
Seus dias estavam sendo assim.
Se Jace não estava com Cregan, então estava sendo quase seguido por Sara.
Ele encontrava apenas paz a noite, quando podia fechar os olhos e lembrar dos olhos violetas de sua amada.
Jacaerys gostaria de dizer que estava lidando bem com a ausência de Maella, mas ele não estava.
Parecia que tudo ao seu redor puxava algum pensamento relacionado a ela.
Ele sentia falta de seu toque, do cheiro de seu cabelo, de sua voz, da maciez de sua pele e de seus olhos violetas o encarando do jeito que fazia o mais velho se arrepiar.
O Príncipe sentiu seu corpo se arrepiar com o pensamento vívido de Maella em sua mente e rapidamente passou as mãos por seus braços, tentando afastar a sensação.
Ele se sentia a pessoa mais carente do mundo.
O Velaryon negou levemente com a cabeça, tentando afastar Maella Velaryon de sua cabeça, na tentativa de se concentrar no homem que estava ficando mais próximo a medida que ele caminhava: Cregan Stark.
Sara estava certa, o Lorde de Winterfell estava no pátio, enquanto segurava dois cavalos pelas rédias.
O Stark lhe entregou um meio sorriso.
— Meu Príncipe. — O mais velho o comprimentou formalmente.
— Milorde. — Jacaerys retribuiu o comprimento com um sorriso.
Cregan Stark era alguém... Diferente. Ele fazia Jace se sentir confortável mas ao mesmo tempo, um pouco intimidado.
Mas ele adorava a irmandade que havia feito com o homem e já estava se acostumando com o jeito do mais velho.
— Estava pensando que talvez pudéssemos cavalgar, — Cregan sugeriu. — você me contou noite passada que estava interessado em conhecer mais sobre o Norte.
Jacaerys sorriu.
— Você ainda não considerou a ideia de montar em Vermax?
— Com toda certeza não, meu Príncipe. — A resposta do mais novo fez Jacaerys finalmente soltar uma risada. — Os Starks devem permanecer com seus pés no chão, diferente dos Targaryen, que parecem ansiosos para voar pelos céus.
— Bom, quem sabe um dia eu não faça o Senhor mudar de ideia.
Cregan riu baixinho.
— Continue sonhando com isso.
A neve que caia dos céus fazia Jacaerys se encolher mais sobe o cavalo.
O Príncipe e o Lorde se encontravam no Bosque Sagrado, enquanto o Lorde de Winterfell lhe contava sobre os Deuses antigos e como aquele lugar era muito importante para ele e para sua Casa.
Jacaerys estava encantado, claro. O bosque emitia uma paz e tranquilidade tão grande que por um momento, o garoto se permitiu esquecer sobre a guerra eminente.
O Velaryon encarou o Stark, que parecia não se abalar nenhum pouco com o frio gelando todo o seu corpo.
Jace tentou imitar a postura do mais velho.
O Stark possuía a postura incrivelmente ereta, enquanto suas mãos seguravam as rédias com uma familiaridade tranquila.
— Espero que esteja gostando da estadia em Winterfell, Jace. — Cregan comentou, chamando a atenção do mais novo.
O mais velho compartilhou certa vez que em Winterfell, ele gostava de manter sua postura tão fria como a neve, para impor respeito.
Mas quando estava na presença do Príncipe, se sentia a vontade para mostrar sua personalidade.
Bem, para Jace, ainda era estranho quando o homem o chamava pelo nome.
— Eu estou, e muito. — Jacaerys respondeu, sorrindo. — Winterfell é muito aconchegante, mesmo com toda essa neve.
Cregan riu.
— Vocês do Sul não suportam uma simples nevesinha? — O Stark brincou. — E olha que esse nem é um dos piores invernos.
— Imagino que aqui não tenha nenhum lago ou mar que não seja congelado.
— A água é muito, muito gelada. — Cregan respondeu. — Vossa Graça gosta de nadar? — O homem riu. — Eu acho que não se daria bem com as águas do Norte, meu Príncipe.
— Ah, não, eu não sou muito fã de nadar. — Um sorriso se formou nos lábios de Jacaerys. — Mas minha irmã gosta, muito. Eu e meus irmãos sempre caçoamos sobre ela ser uma sereia.
— Seu nome é... Maella, certo? — Cregan perguntou.
— Está finalmente decorando o nomes!
— A culpa não é minha que sua família adora nomes parecidos. — Cregan refutou, enquanto um sorriso sarcástico brincava em seus lábios. — Baela, Rhaena, Maella... Vocês Targaryen não são nada criativos!
Jacaerys riu, o que fez Cregan sorrir amplamente.
— Bom... Eu sou. — Jace fingiu pensar. — Eu adoro o nome Drasilla.
— Drasilla?
— E tem Maeryn também. — Jacaerys sorriu. — Se eu tivesse filhas, esses seriam os nomes.
— Você está falando de filhos, mas eu não me recordo de Vossa Graça me contar sobre alguma pretendente. — Cregan comentou, diretamente.
O Velaryon adorava a franqueza do mais velho, aquilo o lembrava de Maella.
— Ahn, bom... — O mais novo se ajeitou sobre a sela do cavalo. — Eu já fui prometido a Lady Baela, mas nosso noivado foi desfeito.
— Por que? Se não lhe incomoda a pergunta.
— Eu me apaixonei. — Jacaerys respondeu. — E eu não pude continuar com o noivado. — O Velaryon pode ver o Stark levantar as sobrancelhas, indicando que ele gostaria de saber mais. — Eu me apaixonei... por Maella.
— Sua irmã gêmea? — Cregan piscou, um pouco confuso.
— Sim.
— Meus Deuses...
— Veja bem, na minha família isso é mais comum do que deveria e...
— Então as histórias são verdadeiras? — O Stark o interrompeu, fazendo Jacaerys arquear uma sobrancelha. — Bom, longe de mim prestar atenção em fofocas, mas as criadas adoram falar pelos corredores... Dizem que você e sua irmã dormiram juntos.
O Príncipe arregalou os olhos e por reflexo, puxou a rédia de seu cavalo.
A montaria – desacostumada com o montador – foi para o lado, provocando uma risada de Cregan.
— Desculpe, eu não queria constranger você. — O Stark viu as bochechas do mais novo se avermelharem.
— Ei, ei, ei... — Jacaerys murmurou, enquanto segurava – agora mais firmemente – as rédias do equino.
O cavalo voltou a trotar suavemente ao lado do cavalo de Cregan.
— Está tudo bem, você não me constrangeu.
— Parece constrangido.
Jacaerys o encarou, fazendo o Stark sorrir.
— Eu apenas não sabia que essa história havia chegado no Norte.
— Você ficaria surpreso com as fofocas das empregadas sobre um Príncipe do Reino, — Cregan deu de embos. — embora eu duvidasse que essa fofoca era verdadeira.
— Não é totalmente verdade. — Jace tentou se defender, ainda com suas bochechas queimando. O Stark o encarou com um olhar divertido. — Sim, eu-nós dormimos juntos mas não foi por luxúria.
— Não?
— Certo, talvez o impulso tenha sido. — Jacaerys negou levemente, enquanto voltava seu olhar para a frente. — Mas... Foi genuíno, foi natural, foi a coisa mais certa que eu já fiz. Eu a amo, e vou me casar com ela.
Cregan acenou levemente, seu sorriso já se transformando em algo mais sincero.
— Gosto de sua honestidade, Meu Príncipe. — O Stark soou sincero. — Um homem de verdade comete erros mas não os nega e nem foge deles.
Jacaerys abaixou o olhar.
— Se essa história está aqui, então imagino que tenha alcançado minha irmã também.
— É provável.
O Velaryon bufou, apertando mais as rédias em suas mãos.
— Eu não deveria ter deixado ela sair de Dragonstone, ainda mais em suas condições. Ainda mais com essa história estúpida nos rondando. — Jacaerys murmurou, enquanto cerrava o maxilar.
— Condições? — O mais velho franziu as sobrancelhas.
— Ela estava doente a última vez que a vi. — O mais novo soltou um suspiro. Aquilo estava em sua cabeça desde que a deixou no Vale Arryn. — Maella não é uma pessoa que fica doente com facilidade, e agora ela está tendo enjôos, vomitando seu café da manhã e suando frio.
Cregan o encarou.
— Isso é familiar para mim, minha falecida esposa teve a mesma coisa uma vez. — O Stark respondeu e sinalizou com a rédia em mãos, fazendo seu cavalo trotar mais rápido, ficando a frente do príncipe.
Jace franziu as sobrancelhas e fez o mesmo, novamente ficando ao lado do mais velho.
— Teve? — Ele perguntou, preocupado.
— Sim, — Cregan sorriu. — você mesmo o conheceu. — O homem observou o garoto o encarar, parecendo ainda mais confuso. — Rickon.
O Príncipe encarou seu amigo, sem entender.
— O que o seu filho tem haver com essa conversa? — Jace perguntou.
O Stark revirou os olhos.
— Talvez ela só esteja grávida, Jace.
Jacaerys o encarou por alguns segundos, antes de soltar uma risada – talvez um pouco alta demais.
— Você é muito engraçado, Cregan. — Jace comentou entre risadas. — Isso é-isso é impossível.
— Não tão impossível se vocês dividem a cama. — O mais velho respondeu, despreocupado.
O Velaryon parou de rir, enquanto negava levemente.
— Ela teria me contado. — Jace retrucou com o cenho franzido. — Ela não viajaria... Maella nem ao menos quer filhos, — Ele resmungou, enquanto seus ombros caíram. — então... Não, ela não está.
O Stark deu de ombros, enquanto o entregava um sorriso tranquilizante – porém, com um toque provocador ali.
— Se o meu Príncipe diz.
Já era final do dia quando o jantar começou.
Maella brincou com o garfo em suas mãos, enquanto encarava pelo canto do olho, Jeyne Arryn.
A mulher mais velha estava sentada na ponta da mesa, com Lady Jessamyn Redfort bem ao seu lado.
As duas pareciam estar em uma conversa agradável. Maella não conseguiu deixar de notar o pequeno sorriso nos lábios da Arryn, enquanto a mão de Lady Redfort descansava sobre a mão de Jeyne.
Davinne estava a sua frente, também notando a profunda intimidade entre as duas mulheres mais velhas.
Davinne não mentiu quando disse que Lady Jeyne parecia gostar apenas de suas damas de companhia, Lady Jessamyn parecia ser sua preferida.
Maella se sentia nervosa com a demora de Lucerys. Talvez se ele já estivesse lá, as coisas seriam mais fáceis, talvez Lady Jeyne tivesse aprovado a aliança, talvez os três já estivessem em casa, em Dragonstone.
Talvez ela já estivesse com Jace.
A Velaryon suspirou. Ela sentia falta dele.
Ele saberia o que fazer, Jacaerys saberia como encantar Jeyne, ele saberia exatamente o que falar e exatamente como agir.
Jace era perfeito para aquilo, não ela.
Ela não deveria estar ali.
— A algo errado com a comida, Vossa Graça?
Maella pulou levemente na cadeira e seus olhos violetas rapidamente se direcionaram até Lady Jeyne.
— Não, Lady Jeyne. — Sim, na verdade. Maella mentiu. — A comida está formidável.
A comida realmente parecia boa, mas toda vez que ela encarava o grande porco assado na mesa, sentia que poderia vomitar em cima dele.
Aqueles enjôos estavam a matando.
A mesa estava lindamente farta. Havia frutas cristalizadas, pães frescos, legumes e como prato principal, o grande porco assado no centro da mesa.
Maella colocou pouca coisa em seu prato, mas o mero pensamento de comer a deixava zonza.
— Eu fico feliz que a comida lhe agradou. — E o olhar fatal de Jeyne caiu no prato da mais nova, deixando claro que ela notou a pouca comida ali.
A Velaryon encarou sua amiga.
— Vejo pela fartura na mesa que as coisas no Vale estão indo muito bem. — Davinne comentou, enquanto cortada um pedaço da carne de seu prato.
— Felizmente sim, o Vale está estável.
— E muito tranquilo também. — Jessamyn se juntou a conversa. — Desde que sua mãe prendeu seu tio em uma das celas do céu.
Jeyne sorriu para a mulher.
Maella sorriu, enquanto cutucava seu prato com o garfo.
Ela gostaria de uma daquelas celas, adoraria por Aemond, Aegon, Alicent ou qualquer um daquela família em uma delas.
— Acredito que ficará ainda mais tranquilo com um dragão para cuidar do Vale, nesses tempos que virão. — A Arryn comentou, voltando no mesmo assunto de sempre.
Um dragão para cuidar do Vale. A demora de Lucerys.
— Nesses tempos que virão?
— Uma guerra, querida. — Lady Jessamyn respondeu a Davinne. — Há uma guerra em nossa portões, uma guerra de dragões. E só se combate dragões com dragões.
— E nós precisamos de um para guardar o Vale, — A cabeça de Lady Jeyne se virou rapidamente para Maella. — quando o Príncipe Lucerys virá?
A Arryn mais nova encarou a Velaryon, vendo a garota parar por um momento.
— Em breve. — Maella respondeu, enquanto forçava um sorriso. — Minha mãe, a Rainha, deve estar o mantendo um pouco ocupado, só isso.
— Isso se ele não tiver mudado de ideia sobre esse noivado estranhamente repentino. — Jeyne murmurou, enquanto entortava a boca em desgosto.
Maella a encarou.
— Ele não mudou de ideia. — Davinne respondeu. — Ele me ama, ele virá e nós vamos nos casar!
— Apenas se eu o achar descente.
— Meu irmão é um Príncipe do Reino. — Maella retrucou, enquanto apertava seus olhos para a mais velha. — Ele é o pretendente mais descente que você encontrará para a sua filha, Lady Jeyne.
— É tão descente que deixa minha filha esperando até que ele de a graça de sua presença? — Jeyne ergueu as sobrancelhas, a desafiando. — Isso não parece a atitude de um pretendente descente.
Maella largou os talheres e se levantou da mesa.
— Você não o conhece. — A Velaryon murmurou entre dentes. — Não pode falar desse jeito sobre ele. Meu irmão deu sua palavra de que virá, então ele virá. Ele ama sua filha mais do que a si mesmo, e isso é melhor do que muitos casamentos que existem. — Maella colocou sua mão sobre a mesa, sentindo uma pequena dor de cabeça começar. — Você deveria estar contente que sua filha conseguiu um casamento bom e respeitoso, e não um onde ela seria tratada como um nada!
A mesa ficou totalmente em silêncio.
Jeyne a encarava com um olhar severo, enquanto Lady Jessamyn parecia desconfortável com aquela tensão e Davinne encarava sua mãe com descrença.
Maella respirou fundo, antes de passar a mão por seu vestido.
— Com suas licenças, eu devo ir para os meus aposentos. — A Velaryon se forçou a se despedir educadamente, antes de sair dali.
Assim que as portas do salão se fecharam, Davinne jogou seu guardanapo de linho sobre a mesa.
— Essa garota é muito impertinente. — A Arryn comentou, enquanto levava a o garfo até sua boca.
— Vejo que suas habilidades de estragar as coisas continuam intactas, Lady Jeyne. — Davinne se levantou da mesa.
— Eu apenas quero o melhor para você.
— O melhor para mim é ele! — A Arryn mais nova respondeu. — Olha, eu sei que você não tem apreço por mim, — Jeyne a encarou confusa. — mas nunca mais fale daquele jeito com a minha irmã.
— Sua irmã? Ela é só...
— Nunca mais. — A mais nova a interrompeu. — Ela foi tudo o que eu tive por seis anos inteiros.
E com isso, a mais nova saiu, deixando Lady Jeyne com sua dama de companhia.
Jacaerys caminhava em direção aos seus aposentos com um leve sorriso no rosto.
Seu passeio com Cregan o deixou mais leve, ele gostava da companhia do mais velho e apreciava profundamente sua amizade.
Depois de seu passeio a cavalo, os dois foram recebidos por um banquete – como sempre estava tendo, desde que o Príncipe havia pousado em Winterfell – que saciou toda a fome do garoto.
Tudo que ele queria agora era se deitar e dormir.
O Velaryon abriu a porta de seu quarto, franzindo as sobrancelhas ao notar velas – mais que o habitual – espalhadas pelo quarto.
— Estava esperando meu Príncipe aparecer.
O olhar de Jacaerys caiu até sua cama.
O mais velho arregalou os olhos e rapidamente se virou de costas.
O que Sara Snow estava fazendo em seu quarto?
Não, pergunta melhor, o que ela estava fazendo completamente nua em seu quarto?
— O que você está fazendo aqui?! — Jacaerys perguntou, não se importando em mascarar seu tom estúpido.
A menina riu, enquanto rolava pela cama do mais velho, respirando profundamente o perfume dos lençóis. O perfume dele.
— Acabei de lhe dizer, eu estava esperando por você. — A garota respondeu. — O Norte está particularmente frio essa noite para alguém como você dormir sozinho, Vossa Graça.
— Se está com frio, então se vista. — Jacaerys retrucou. — Se vista e saia do meu quarto.
— Por que? — A Snow perguntou, divertida. — Eu não lhe agrado?
O Velaryon pensou seriamente em dizer que não, mas sentiu que seria muito mal educado de sua parte.
Bom, era mal educado da parte dela estar nua em sua cama também.
— Se vista, ou chamarei o seu irmão. — O garoto mandou outra vez. Ele já começava a se sentir quente de vergonha.
— Chame! Talvez possamos fazer um pacto de casamento, — Jacaerys franziu as sobrancelhas com as palavras dela. — um casamento por tropas para lutar por sua mãe.
O mais velho bufou e rapidamente olhou para cima, se perguntando o que havia feito para merecer uma pirralha no seu pé.
Sara tinha a mesma idade de Davinne. Ela era praticamente uma criança e agora estava abertamente se oferecendo para ele.
Ele sentiu vergonha.
Vergonha por ela – o que aparentemente ela não tinha.
Sara se levantou da cama e foi até o mais velho, passando suas mãos pelos ombros do Velaryon.
Jacaerys se esquivou de seu toque.
A Snow revirou os olhos.
— Tudo o que eu quero é servir o meu Príncipe da melhor maneira possível, — A mais nova se aproximou novamente, tentando tocá-lo. — o que há de tão errado nisso?
Sara sorriu quando ele se virou para ela, porém seu sorriso desmanchou rapidamente quando o Velaryon se afastou e correu para a cama, onde pegou um dos cobertores sobre o colchão e a enrolou desleixadamente – mas se certificando de a cobrir do ombro para baixo.
— O que você está fazendo?!
— Te dando um pouco de decência!
A Snow tentou se desvencilhar da coberta, porém o mais velho a segurou mais firmemente, enquanto a puxava em direção a porta.
— Aí, está me machucando!
— Bom, desculpe! — O garoto abriu a porta do quarto, e a deu um pequeno empurrão para que ela atravessasse. — Mas você não me deu outra escolha. — Jacaerys respirou fundo. — Eu já tenho uma mulher, e não pretendo ter outra.
— Sua irmã não saberia! — A menina insistiu. — Eu juro que ninguém saberia!
— Volte para o seu quarto agora, ou então eu vou gritar e os guardas virão te buscar, o que seria bem humilhante. — Jacaerys apertou os lábios.
O rosto de Sara adquiriu um tom avermelhado que se expandiu até seu pescoço. A garota empinou o nariz e começou a andar.
Talvez a coberta estivesse enrolada muito firmemente, pois assim que deu o primeiro passo, Sara tropeçou na barra do tecido, o que a fez quase cair e o cobertor cair no chão.
O Velaryon revirou os olhos e levou sua mão até seu rosto, onde massageou as juntas de suas sobrancelhas.
— Se cubra logo, pelos Deuses. — O garoto murmurou.
Ela fez o que ele mandou rapidamente, puxando a coberta até a altura de seu busto.
Sara teve a compostura – ao menos uma vez na noite – de sair apressada pelo corredor.
Jacaerys bateu a porta com força e se encostou na porta.
O garoto gemeu em frustração e passou sua mão pelos cabelos. Pela manhã ele contaria o que houve para Cregan, antes que a mais nova pudesse criar uma história distorcida que o deixaria em maus lençóis.
Davinne apertou as mãos em seu vestido azul Arryn, nervosa.
Estar sobre os olhos de sua mãe depois de tanto tempo era sufocante, e brigar com ela conseguia ser ainda pior.
A garota amava Jeyne, claro que sim. Mas o relacionamento era complicado. Davinne não via sua mãe a seis anos, os corvos aos poucos foram se reduzindo de dez em um mês para apenas dois. As perguntas de sua mãe sobre ela pareciam monótonas, e as respostas que a garota dava pareciam ainda mais.
Se sentia uma estranha ao lado da mais velha.
E agora estava no Vale, depois de tanto tempo e ainda com uma possível guerra prestes a estourar. Era tudo demais para ela.
A Arryn parou na porta do salão, observando dois guardas abrirem a grande porta de madeira para ela.
— Você mandou me chamar. — Davinne se aproximou apressadamente da mais velha.
O quanto mais rápido terminasse aquilo, mais rápido poderia voltar para seus aposentos.
Lady Jeyne não a encarou, do pequeno pódio de seu imponente trono Arryn.
A mulher tinha um papel desdobrado em uma de suas mãos, enquanto a outra mão apoiava sua cabeça.
O silêncio pairou ali, o que era estranho. Sua mãe parecia sem saber o que dizer, ou como reagir.
— Algo aconteceu. — A Arryn mais velha comentou.
Davinne franziu as sobrancelhas. Jeyne costumava ser muito direta em seus assuntos, de um modo que chegava a deixar as pessoas desconfortáveis.
E naquele momento, a mulher parecia estar desviando do assunto.
— O que aconteceu? — A garota perguntou.
Jeyne se levantou de seu trono e lentamente desceu as poucas escadas dali.
A mulher parou a poucos passos de sua filha.
— É sobre o Príncipe Lucerys.
Um sorriso bobo e involuntário se formou nos lábios da mais nova.
— Ele está vindo, não é? — Os olhos empolgados de Davinne caíram até a carta presa entre os dedos de sua mãe. — É dele? Ele está vindo? Eu te disse!
— Ele não virá, minha querida. — Jeyne parecia tão cautelosa com suas palavras.
O sorriso de Davinne se desmanchou.
— Por que? — A garota sussurrou.
Lady Jeyne se aproximou de sua filha, parando em sua frente. A mais nova tentou se afastar do toque de sua mãe, quando a mulher ameaçou acariciar seu braço.
— O que está acontecendo? — Davinne voltou a perguntar. — O que ele disse na carta?
— É de Dragonstone. — Jeyne respondeu. — Davinne... Filha, Lucerys não virá porque... — A mulher umedeceu os lábios. — Ele foi atacado.
Davinne arregalou seus olhos.
— Ele está machucado? — A Arryn murmurou, preocupada. — Como isso aconteceu?
— Ele está morto. — Lady Jeyne revelou.
A mais nova a encarou.
— O quê? — A de olhos azuis sussurrou.
Jeyne suspirou ao notar os olhos de sua filha marejarem lentamente.
— Ele foi assassinado, pelo Príncipe Aemond. — A Arryn tentou tocar sua filha, numa tentativa de a consolar.
Davinne se afastou rapidamente, negando com a cabeça.
— Está mentindo. — A garota murmurou. — Está mentindo como sempre faz, porque a minha felicidade é uma ideia tão horrível para você?!
— Davinne, eu não estou mentindo sobre isso...
— Está, está sim, mãe, não! — A Arryn apontou seu dedo para a mais velha, trêmula. — Se isso é algum jeito doentio de me punir porque brigamos, é melhor me dizer! — O silêncio da Arryn mais velha fez Davinne soluçar, permitindo que as primeiras lágrimas desesperadas caíssem por suas bochechas. — Diz a verdade!
— Eu sinto muito... — Jeyne murmurou, enquanto segurou delicadamente os pulsos de sua filha. Davinne negou, enquanto outro soluço escapava de sua garganta. — Eu sinto muito, filha. — E a puxou para um abraço. — Eu sinto muito.
A Arryn mais nova deixou que a mulher a abraçasse, enquanto sentia seu coração doer com a realização da verdade.
5031 palavras.
Mil perdões pela demora, mas no meio de dezembro eu peguei um emprego e isso atrapalhou muito pra escrever, mas agora tô me acostumando mais com a rotina, e consegui encaixar um tempo pra escrever!
Espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu.
Se houver algum erro na escrita, peço desculpas, eu revisei isso literalmente as 8 da manhã então algo pode ter escapado💞
Até <3
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