Triângulos amorosos e a teoria da alta fantasia... (pt. 3)

cont...

Novamente, a caminhada se seguiu de reclamações minhas de 'esse túnel não acaba nunca' e leves momento claustrofóbicos quando ele se tornava mais estreito.

— Estou sentindo a corrente de ar. — Edward falou a frente, fazendo com que eu o Jacob tentássemos enxergar algo. Mas o Eivor com seus um e setenta e sete e o Connor com seus um e noventa não ajudam muito. — Mas não vejo nada.

— Melhor andar. A saída pode ser uma câmara ampla ou estar coberta com alguma hera. — A voz carregadinha de sotaque do Alexios chegou até a gente e voltamos a andar.

Parecia fazer a eternidade que a gente estava andando, tanto que nem reclamando eu estava mais. Tava cansada até pra isso.

— Lady? — eu virei um pouco meu rosto, mantendo o passo e vendo um pequeno reflexo do que deveria ser o rosto do Haytham. — Tudo bem?

— Sim... — eu suspirei. — Só cansada, mas prefiro continuar. Quanto antes chegarmos, antes eu posso me largar no chão e não me mexer pelo resto da minha existência.

— Isso se chegarmos a algum lugar. — Jacob falou atrás de mim, deixando escapar um 'quê?' quando eu o cutuquei com o cotovelo. — É verdade, podemos chegar a lugar nenhum.

— Quer pensar positivo pelo menos um pouco? — eu o olhei por cima do ombro enquanto continuávamos a caminhar.

Levou alguns minutos até a próxima atualização, que fez todo mundo parar.

— Tudo bem? — Eu me aproximei do Eivor, apoiando minhas mãos aos ombros dele, tentando espiar.

— Sim. O Edward e o Alexios pediram para esperar, parece que encontraram algo. — Eivor levantou os olhos para o Connor, que concordou com um aceno.

— Eles pediram para esperar e - — Connor parou, olhando para a frente.

— Eu não acredito! — a voz animada do Edward chegou até nós. — Vocês precisam ver isso!

Voltamos a caminhar, cerca de um minutinho depois e passamos por uma cortina de trepadeiras puxadas para um canto. A luz nos cegou por um momento enquanto saíamos do túnel apertado e nos espalhávamos no local.

— Não tô vendo uma paçoca... — eu cobri meus olhos após passar, sentindo a mão do Edward me puxar para abrir espaço para os outros saírem. Quando meus olhos finalmente se acostumaram a luz, eu tive uma surpresa. — Meus Deuses.

Eu olhei ao redor, examinando o casarão de estilo colonial a nossa frente.

— Maçãs... — Shay olhou encantado para a macieira perto do muro antes de se aproximar da árvore e colher o suficiente da fruta para cada um de nós. — Nossa... É tão bom...

Eu sorri antes de devorar a fruta, praticamente imitando os rapazes.

— Vamos explorar. — Eu os imitei, jogando o restinho da maçã em um cantinho do jardim.

Os rapazes concordaram com um aceno, já começando a checar as armas e tudo mais. E eu aproveitei para dar uma olhadinha no exterior. O jardim parecia abandonado, mas ainda verdejante e florido, apesar dos espinheiros. Do lado de fora, ainda podia ver o musgo no exterior da casa e também alguns ramos de hera ou de alguma outra planta verdinha.

— Pronta senhorita? — Haytham me encarou enquanto eu concordava com um aceno.

Nos seguimos para a porta do casarão, que tinha um estilo vitoriano. Nossa, que mistura de estilos arquitetônicos.

— Esse lugar precisa de uma faxina. — Jacob olhou ao redor, me fazendo rir por seu comentário enquanto dávamos mais alguns passos. — Hm, uma biblioteca.

Eu olhei ao redor, reparando pela primeira vez nas estantes com livros empoeirados e com alguns galhos ou folhas sobre as prateleiras. Ironicamente, a casa não parecia ser a abandonada de filmes de terror, mas sim a abandonada charmosa de filmes de fantasia.

— Vamos explorar o primeiro andar, depois vamos para o segundo. — Haytham, Shay e Connor tomaram a frente na exploração.

Exploramos o que deveria ser a sala de jantar, a biblioteca, o que parecia ser um escritório e uma sala de estudos antes de irmos para a cozinha.

— O que é isso? Parece uma caixa grande... — eu ouvi a voz do Jacob enquanto ainda tinha a minha atenção presa ao escritório, encantada com a mesa antiga, a estante, a mesinha de centro e o sofá.

— Deve ser algo para guardar comida. — A voz do Connor me deixou curiosa, me fazendo sair do transe do escritório. Era como se ele me chamasse. — Não mexe nisso, pode ser perigoso.

Eu saí, procurando os rapazes e vendo a caixa misteriosa. Uma geladeira fodidamente velha.

— Isso é uma geladeira. — Eu passei pela bancada, me aproximando da geladeira. Parecia ter saído diretamente de um filme dos anos 50. — Nossa, isso é muito velho.

Eu afastei os ramos de hera, puxando com certa força a porta e abrindo, mais pela curiosidade. E essa curiosidade nunca foi tão recompensada.

— Não fode! — eu olhei a geladeira que funcionava perfeitamente e estava totalmente abastecida, com alimentos frescos e leite. — Abram os armários.

— Porque? — Jacob me encarou enquanto o Connor já começava a abrir todas as portas do armário de cima.

— Instinto. — Ele respondeu por mim encarando as sacas de grãos, o que incluía café.

— Vocês não vão acreditar no que acabamos de encontrar! — Federico surgiu de uma escadaria, segurando duas garrafas de vinho e sendo seguido de perto pelo Edward, que tinha duas garrafas de rum. — Achamos uma adega! Santa merda! Vocês acharam comida.

Eles deixaram as garrafas sobre a bancada, se aproximando dos armários abertos, examinando as sacas e a geladeira.

— O que está acontecendo? — Edward alternou os olhos entre nós.

— Não faço ideia. — Eu respirei fundo, olhando ao redor. Uma geladeira e despensa bem abastecidas em uma casa abandonada, zero sentido. — Acho que deveríamos explorar o resto da casa. Cadê o resto?

— Segundo andar, eu acho. — Nós subimos as escadas e vimos a dupla dinâmica sair de um quarto e o Eivor de outro.

— Encontraram algo, eu presumo. — Haytham nos encarou e ouviu com certo ceticismo enquanto o Jacob contava da maravilhosa caixa gelada de comida e dos armários cheios. — Começo a achar que não deveríamos estar aqui.

— Certo, antes de tirarmos conclusões precipitadas, acho que devemos terminar de explorar a casa e então voltar para a cozinha, fazer um café e talvez esperar que o dono chegue e nos dê alguma luz. — Eu olhei ao redor, sorrindo quando todos concordaram, até o Haytham, apesar da relutância. — Ótimo, nos dividimos em duplas e exploramos o resto.

Eu catei o Jacob pela mão e escolhi uma porta aleatória, o puxando comigo.

— Eu primeiro. — Ele se colocou entre mim e a porta, a abrindo e espiando antes de entrarmos. — Legal, um banheiro.

Eu olhei ao redor, limpando com a mão o espelho e encarando meu reflexo. Eu tava um bagaço, meu cabelo tava implorando por socorro e um pente.

— Olha, saí água. — Jacob sorriu ao ver a água limpa descendo pela louça empoeirada da banheira antes de colocar sua mão sob a torneira. — Porra! Tá quente! Como assim?

— Não brinca? — eu me aproximei, sendo mais cautelosa que ele e deixando a água quase escaldante tocar a minha pele. — Meu reino por um sabonete nesse momento...

Jacob riu antes de fechar a água e me encarar, me ajudando a levantar.

— Vamos procurar os outros e depois planejar o banho quente mais demorado da história da humanidade. — Eu olhei ao redor, revirando rapidamente os armários e as cestinhas na estante antes de suspirar. Nada de produto para banho.

Eu e o Jacob saímos, olhando ao redor e encontrando os rapazes no corredor.

— Água quente. O banho hoje promete. — Jacob trocou um olhar safadinho com o Eivor, me fazendo rir antes de olhar para a última porta no final do corredor.

— O que tem ali? — Eu olhei para o Haytham, que arrumou sua postura.

— O último quarto. Como sobrou, acho que podemos o explorar todos juntos antes de descermos. — Todos concordaram com um aceno, o seguindo e eu sorri pela solenidade com que ele abriu a porta dupla.

O quarto estava impecável, exceto é claro pela generosa camada de poeira. Sem musgo, plantas ou hera crescendo por ele. Nenhum de nós teve coragem de entrar, apenas examinamos os quarto da porta. A cama arrumada com um bauzinho de madeira sobre ela e um envelope de carta sob ele.

As plantas na sacada estavam perfeitas, como se a jardineira dona delas viesse ali todos os dias e cuidasse delas, sem folhas secas, sem raízes saindo para fora e no vaso de tamanho exato.

— É como... se estivesse esperando alguém voltar. — A voz do Edward se sobressaiu enquanto eu dava um passo a frente. Aquele envelope. — Lady...

Eles me seguiram, olhando com atenção tudo ao redor. Os quadros e as decorações nas paredes e sobre a escrivaninha, os acessórios e a maquiagem sobre a penteadeira, o diário ao lado da cama.

Eu me aproximei da cama, encarando o bauzinho por mais um segundo antes de voltar minha atenção para o envelope onde se lia 'à Guardiã'.

— Quem será a Guardiã? — Jacob olhou para mim quando peguei o envelope.

— Do que está falando Lady? — ele se aproximou, encarando o envelope quando o mostrei a ele. — Não tem nada escrito aí.

— Tem sim olha. À Guardiã, escrito com o que eu acho ser uma caneta tinteiro pela forma da letra. Uma esferográfica não escreve assim... — Eu tirei meus olhos das letras negras encarando os homens ao meu redor. — Quê?

— Não tem nada escrito. — Shay me encarou, se aproximando. — Apenas a senhorita consegue ver. Abra, é para a senhorita.

— O quê? Não. Eu sou curiosa, mas isso é exagero. — Eu coloquei o envelope novamente sobre a cama, o encarando por um momento a mais.

— Apenas a senhorita consegue ler á quem ele está endereçado. Ele claramente pertence a senhorita e quer que o leia. — Haytham pegou o envelope, o colocando em minhas mãos.

— Eu... — eu olhei ao redor, todos me encaravam com alguma expectativa. — Certo. Leio em voz alta?

— Não creio que seja o correto. Seja lá o que foi que deixou essa carta para você, quer que apenas você a leia. — Connor sorriu para mim antes de apontar para a sacada. — Vamos esperar pela senhorita ali.

— Anh, melhor não. Vai que eu abro isso e vocês somem. — Eu dei um sorriso nervoso e ele concordou com um aceno, se sentando no chão e sendo seguido pelo resto dos rapazes, até o Haytham a certo contragosto.

E eu... Eu abri o envelope, desdobrando com cuidado o papel amarelado e me sentando na cama, apoiando minhas costas ao encosto e começando a leitura.

'Olá querida,

Se está lendo isso e encontrou esse lugar, eu tenho uma notícia para você. Você é uma guardiã de histórias, um título com privilégios e deveres. Nessa carta eu não vou te dar detalhes sobre isso, você terá que fazer sua jornada sozinha. Mas eu posso te dar uma ajuda pequena, porém significante.

Para começar, vamos do óbvio. Você é uma mulher, independente do seu corpo (isso é importante), você se enxerga como uma mulher e isso é o que importa. Você é uma escritora, ou tem esse sonho. E por último, você começou a se identificar como uma bruxa e como não monogâmica. Foi assim que esse amuleto no seu pescoço, é essa moedinha aí, te achou. Sim, ela é a responsável por tudo, bem não ela, o ser divino que a forjou e a encantou.

Eu deixei algumas coisas para você, por que se você chegou até a mansão já deve ter começado sua aventura e eu não sei o quão intensa ela pode ter sido. E acredite em mim, sua jornada está só no começo. Aproveite um momento de descanso. Tome um banho, coma alguma coisa e descanse. A tempestade ainda está por vir.

Esse amuleto é complexo e vai virar sua vida de cabeça para baixo, te fazendo entender mais sobre si mesma. E isso é tudo o que posso te dizer, o significado dessas palavras você irá descobrir por conta própria.

Um dia nós vamos nos encontrar. Todas as guardiãs se encontram um dia, não importa de quando tenham vindo. E eu sei que já te adoro e que você é uma pessoa incrível.

Agora algo muito importante, lembre-se disso, mantenha isso em sua mente: VOCÊ IRÁ VOLTAR EM BREVE PARA ESSA MANSÃO.

Não se preocupe, você vai voltar independente do que aconteça, confie em mim. Você voltará e viverá a aventura da sua vida, com seus protetores e amores.

Muitos beijos, abraços e desejos de felicidades...'

Eu tinha um aperto no coração, o sentindo quentinho.

— Lady... — Jacob se aproximou, exibindo um sorriso cordial. — Tudo bem?

— Sim... eu só... Digamos que foi uma amiga que ainda não conheço que deixou isso para nós. — Eu ri da expressão deles, me levantando e abrindo o baú sobre a cama. — Ui... Sabonete, shampoo, condicionador e sabão em barra pra lavar a roupa.

Eu exibi alegre a barra dentro de um saquinho de organza, rindo quando o Jacob cheirou a própria camisa, fazendo uma careta.

— Vamos ver o que tem nesse armário. Ela disse que deixou coisas, vai que tem umas roupas. — Eu passei pelos rapazes, abrindo as portas do armário. Não apenas roupas, como toalhas e roupas de cama limpas e cheirosas. — Obrigada deuses!

Os rapazes riram antes que eu fechasse as portas e as abrisse novamente logo depois, as fechando de vez.

— Okay, apenas me certificando de que a roupa não vai sumir. — Eu respirei fundo olhando para todos eles. — O plano é o seguinte, vamos cozinhar algo decente e arrumar esse quarto, depois vamos trazer a comida para cá e tomar o banho quente mais longo da história antes de voltar, comer e dormir numa cama macia e quentinha até amanhã e então pensar com clareza no que fazer. Todos de acordo?

— Claro, senhorita. — Eles responderam um uma só voz me fazendo sorrir.

— Ótimo. Cozinheiros, comigo. Vamos ver se o fogão daqui funciona. E os outros, limpar a poeira e arrumar o quarto. — Os rapazes concordaram em um aceno e todos descemos.

Eivor e Connor ficaram de cozinheiros e já começaram a limpar a cozinha enquanto eu procurava pelo bendito do fogão. Até encontrar um daqueles fogões antigos esmaltados onde você coloca a lenha e tals.

— Eu sei usar um desses. — Connor sorriu enquanto eu arrancava as heras e as plantinhas, tirando as folhas de cima. Ele abriu o que eu pensei ser o forno, enfiando a cabeça lá antes de sair com uma mancha preta no rosto e um sorriso. — Está seco. É só colocar a lenha.

— Eu busco. — O Alexios passou pro nós, entregando o balde que tinha em mãos para o Jacob e voltando para o jardim.

Eu ajudei os rapazes por mais um tempo a limpar algumas louças e um pouco da cozinha para eles usarem antes de subir e ir ajudar o grupo no andar de cima.

— Vare pra fora Jacob. — Eu ri da cara emburrada do Jacob quando entrei. — Lady...

— Como estão as coisas aqui, CEO frio e calculista? — Haytham exibiu um pequeno sorriso antes de apontar com a cabeça para Shay e Federico de joelhos no chão, limpando a poeira com nossas antigas toalhas.

— Até a comida estar pronta, esse quarto estará impecável. — Ele fez uma carranca quando eu peguei um dos retalhos, o umedecendo no balde do Federico e indo tirar a poeira de alguns dos móveis. — Não acho que a senhorita-

— Nem ouse terminar a frase. Eu vou ficar óti- — Não deu tempo de terminar. Eu espirei fazendo o CEO frio e calculista tomar o pano da minha mão e praticamente me enxotar do quarto. — Chato.

— O Jacob já terminou a parte dele. Ele e a senhorita podem ir arrumar o banheiro. — Haytham exibiu um pequeno sorrisinho, praticamente empurrando o Jacob comigo para fora do quarto enquanto nos rendíamos e íamos para o banheiro.

— Como vamos limpar isso? — Jacob olhou ao redor, ainda segurando a vassoura improvisada que os meninos tinham arrumado para ele.

— Água. A gente dá um jeito. Vamos no jardim ver se a gente acha algo de interessante. — Nós descemos, passamos pela cozinha e o cheiro já estava delicioso. Fora a visão dos cozinheiros sem camisa e já bem à vontade.

— O que estamos procurando? — Jacob me imitou, olhando ao redor.

— Sei lá. Algo que pareça um produto de limpeza. — Eu suspirei, olhando por um momento as flores que cresciam desordenadas pelo jardim antes de encarar uma flor amarela levemente familiar presa ao muro e me aproximar. — Caraca, a gente é muito sortudo ou sei lá.

Eu deixei uma risada escapar enquanto o Jacob se aproximava e me via arrancar um fruto que parecia um chuchu gigante seco da trepadeira.

— O que é isso? — ele me encarou antes de me entregar a faca de atirar que tinha no casaco, me vendo abrir e tentar arrancar a casca seca.

— Se chama 'bucha'. É um negócio muito comum de onde eu venho... Bem, mais ou menos comum já que você tem que comprar às vezes. — Eu dei ombros, catando mais alguns frutos secos e os entregando ao Jacob antes de voltamos para a cozinha. — Eivor, tá muito ocupado?

— Para a senhorita, nunca. — Ele sorriu charmoso, se virando para mim e encarando os 'chuchu' secos na mesa. — O que é isso?

— Um negócio chamado bucha. A gente vai precisar, agora me ajuda a tirar a casca, a gente precisa desse trequinho fibroso de dentro.

Ele deu ombros sem entender muito bem, trocando um olhar com o Connor antes de vir e ajudar o Jacob a arrancar a casca.

— Ah, agora entendi... Eu acho. — Ele me encarou curioso quando eu peguei a faca, que ainda estava comigo, e cortei aquilo, com a maior gastura do universo, em alguns pedaços. — Eu faço isso.

Eu simplesmente ignorei ele rindo da minha cara de sofrimento e deixei que ele terminasse o serviço.

— Depois eu volto e explico como usa... Se vocês não descobrirem sozinhos. Spoiler: é pra lavar as coisas. — Eu catei o restinho, indo para o segundo andar acompanhada do Jacob.

— A gente não ia limpar o banheiro? — ele me encarou curioso quando eu passei direto, indo para o quarto.

— Ia. Vai buscar as roupas no andar de baixo que eu cuido daqui. A gente vai limpar o banheiro e ir adiantando as roupas pra lá de vencidas que a gente tá usando. — Eu entrei no quarto enquanto ele dava meia volta, pegando o sabão de lavar roupa e praticamente dando ordem para o quinteto me entregar as roupas. O Haytham não ficou muito feliz, mas acho que ficar sem roupa era melhor do que continuar com ela vencida.

Vou poupar você, caro leitor, da parte em que eu conto da gente lavando o banheiro da forma mais improvisada da história antes de começar a lavar roupa pelado e já pular pra parte boa que eu sei que vocês querem.

Comida pronta, quarto limpinho e até cheiroso, já que o Haytham arrumou umas rosas, era hora do banho. Particularmente, uma das minhas horas favoritas nessa confusão.

O banheiro não era exatamente pequeno, mas o bichinho ficou minúsculo com oito crossfiteiros, e eu, dentro dele.

— Não lembro desse banheiro ser tão... pequeno. — Jacob me olhou, sentado no chão ao lado da banheira.

— Bem, se acostume. — Eu dei ombros, entregando ao Federico uma das antigas 'toalhas'. — Põe isso na porta porque o banheiro claramente vai ficar alagado.

Tínhamos arrumado uma cumbuquinha e uma panela maior pra sair jogando água no melhor estilo 'banho em grupo' que eu consegui pensar. Os rapazes estavam dispostos quatro em cada lado, sentados sobre as velhas toalhas, pra não ficar de bumbum no chão. O clima estava um pouco... diferente e eu começava a não gostar.

Como eu era 'menor' e conseguia andar por eles quase sem cair, fiquei responsável de ajudar e jogar água em cima deles. O que foi prazerosamente divertido, principalmente com o Haytham, já que o Shay caiu na gargalhada com a cara que ele fez.

Não demorou e o clima logo voltou ao normal. Conversa vai, conversa vem e nesse meio tempo eles descobrindo a intimidade de esfregar o cabelo um do outro ou as costas. E eu me esbaldando no meio daquele monte de homem gostoso que começava a cheirar a jasmim e me tratavam quase como uma rainha. Por que princesa não tem harém, até onde eu sei.

Usamos as toalhas do armário para nos secarmos e saímos para o quarto. Eu tinha deixado as roupas sobre a cama. Para mim, uma chemise de algodão cru que tinha uma fita de seda para amarar na cintura e ficar mais bonitinho. Para os meninos, calças de algodão cru soltinhas, bem soltinhas, com uma cordinha para amarar para não cair. Era só o que tinha no armário, algumas mudas de roupa assim, sem camisa nem nada, só isso mesmo.

Nos acomodamos na cama e no sofazinho que os meninos arrastaram para lá.

— Ui, mesa farta. — Edward distribuía com a ajuda do Federico taças de vinho e o Connor e o Jacob os pratos com a comida. Pão fresco, é eles sabem fazer pão, um caldo de legumes fabuloso, além das batatas assadas com uns temperos que eu nem faço ideia, mas o cheiro está maravilhoso e maçãs, muitas, além de outras frutas como pêssegos, morangos, cerejas e uvas.

Pela primeira vez, todo mundo bebeu, comeu e conversou, sem se preocupar em fazer guarda ou em proteger algo quando a chuva começou. Eles estavam relaxados, sorrindo, rindo e falando bobeira, implicando uns com os outros. Eu estava no paraíso.

Nós comemos, bebemos, conversamos o resto do dia e quando a noite chegou, nos acomodamos nos colchões que foram arrastados e colocados no chão, já que não ia caber todo mundo na cama. Dormimos sobre algo macio, com travesseiros para todo mundo e cobertas para a noite de clima mais frio. E, eu culpo a bebida por isso, todos juntos e meio agarradinhos.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top