único: coelhos não podem comer alface

— Eu tô muito quebrado. — Foi a primeira coisa que Jimin disse naquela manhã.

— Bom dia, Jimin-ssi. — Yoongi ergueu uma sobrancelha, o olhando por cima do livro em que devorava visualmente.

— Ah, bom dia. — Jimin resmungou, antes de sentar-se à sua frente. — Tô quebrado, sem um tostão, no money, broken, nadinha, nada!

— Jesus, o que houve com o seu emprego? — Yoongi perguntou, confuso, porque Jimin realmente havia arrumado um emprego semanas atrás.

— Sobre isso... — Jimin sorriu, sem graça, apertando os dedinhos contra a camisa de mangas vermelhas que usava. — Fui demitido.

— Demitido? — Yoongi arregalou os olhos, indignado. — Porque, porra?

— Eu... — Jimin quase se contorceu em cima da mesa, com vergonha do próprio ato. — Eu comi uns dos docinhos e não paguei.

— Você trabalhava numa confeitaria e comeu os docinhos? — Yoongi uniu as sobrancelhas, incrédulo.

— Eu estava com fome! — Jimin defendeu-se, como se de alguma forma redundante naquela situação, o fizesse ter razão. — E aqueles brigadeiros pareciam tão gostosos...

— Porque você só não esperou pra chegar em casa? — Yoongi revirou os olhos. — Eu faria docinhos pra nós dois.

— É que eu tenho vergonha de te pedir as coisas... — Jimin tombou a cabeça para o lado, e Yoongi apenas soltou um breve suspiro.

— Tanto faz, tanto faz. — Resmungou. — Você já arranjou outra oferta?

— Agora a madame falou minha língua! — Jimin gritou, levando os dedinhos ao bolso da calça, em busca do papel recém colocado. — Como Park Jimin é um rapaz que não perde tempo, eu achei isso aqui.

— Você achou? — Yoongi soltou uma risadinha, observando o papel completamente amassado.

— Tecnicamente, sim! Eu só estava andando pela rua, e pelas forças do destino, esse papel voou na minha cara, aí eu pensei: porque não? — Jimin explicou.

— Você é uma figura. — Yoongi não conseguiu evitar soltar outra gargalhada. Entretanto, seu sorriso diminuiu quando começou a ler o papel. — Não.

— Não? — Jimin sentiu seu sorriso murchar ao ouvir a resposta.

— Não, never, nunca, nunquinha, anya, nope, non, nieth. — Yoongi negou, imediatamente. — Não.

— Porra... — Jimin fez um biquinho triste. — É tão ruim assim?

— Jimin, eu não vou me vestir de coelho pra animar um bando de crianças remelentas. — Yoongi fez uma careta. — Só de pensar já tenho arrepios.

— Porque não? — Jimin cruzou os braços. — Eles pagam bem! O bastante pra me fazer repor os docinhos e voltar para o meu amado emprego!

— Você comeu tantos assim? — Yoongi arregalou os olhos, incrédulo.

— Yoongi! — Jimin gritou, soltando o ar com força. — Você é o meu melhor amigo, não pode me deixar na mão!

Yoongi apenas soltou uma breve risadinha, murmurando um "se fode aí", voltando sua atenção para o movimento atrás do menor.

— Oi amor da minha vida! — Ouviu Hoseok gritar, atrás de si. — E oi, Jimin-ssi.

— Oi, Hoseok hyung. — Jimin sorriu, já convencido de que o moreno aceitaria.

— Não. O Hoseok não. — Yoongi negou. — Vai ser pior ainda, Jimin! Ele vai assustar as crianças com sua euforia!

— O que foi, gente? — Hoseok perguntou, confuso.

— Eu preciso de um parceiro. — Jimin afirmou, e Hoseok arregalou os olhos, nervoso.

— Ele precisa de um parceiro e você concordou com isso? — Hoseok perguntou a Yoongi, cruzando os braços.

— É claro que não! — Yoongi negou. — Não é esse tipo de parceiro, besta.

— Nem parece que namoram. — Jimin revirou os olhos. — Enfim, eu preciso de um parceiro pro meu novo bico. E eles pagam muito. Você quer?

— Depende do trabalho... — Hoseok ergueu o braço, retirando os papéis das mãos do menor. — A.

— E aí? Topa? Por favor, Hoseok! Você é a minha última esperança! — Jimin gritou, rendendo-se. — Você quer que eu me ajoelhe? Eu me ajoelho!

— Ninguém vai se ajoelhar pra ninguém! — Yoongi negou, puxando o braço do menor para que pudesse levantar-se.

— Eu... Eu tenho um trabalho de química esse final de semana, sabe? — Hoseok lubrificou os lábios, coçando a nuca.

— Tudo bem. Eu aceito suas desculpas esfarrapadas. — Jimin revirou os olhos. — Mas, parece que eu não vou arranjar um bico que pague mais que esse. Vou ter que viver como um desempregado fodido.

— Ele foi demitido porque comeu os docinhos da padaria que ele trabalhava! — Yoongi murmurou para Hoseok, que o olhou, soltando uma gargalhada.

— Isso é sério, Jimin-ssi? — Hoseok perguntou, incrédulo.

— É sério, porra! Eu não aguento mais! — Jimin revirou os olhos. — E eu preciso desse dinheiro pra repor e conseguir meu emprego de volta!

— Certo. Certo. — Hoseok assentiu, erguendo os braços para que o menor pudesse manter a calma. — Sei de alguém que pode te ajudar, sim?

— Sério? — Jimin achou que Hoseok fosse algum tipo de anjo, porque naquele momento, ele tinha asinhas e levantava a placa da esperança por todos os lados. — Quem?

— Meu amigo. — Tombou a cabeça para o lado. — É que...

— Porque essa demora? — Jimin perguntou, impaciente. — Conta logo, eu não tenho o dia todo!

— É o Jungkook. — Hoseok falou, e antes que pudesse terminar a frase, sabia que o menor iria negar desesperadamente. — Ele tá precisando de dinheiro também, eu juro! Ele comentou hoje!

— Olha, eu sei que você tem alguma teoria maníaca de que eu sou caidinho por ele ou algo do tipo... — Jimin começou, irritado. — Mas, o seu amiguinho é um babaca egocêntrico do caralho, e eu preferia perder o meu emprego ao trabalhar com ele.

A verdade era que só de ouvir seu nome, Jimin sentia uma repulsa enorme, uma vontade indigente de revirar os olhos e vomitar.

Não gostava daquele menino, definitivamente.

Principalmente quando desfilava pela faculdade, exibindo o seu maldito sorriso lindo e meticuloso idiota, com os cabelos perfeitamente alinhados e postura ereta, de forma que suas camisas parecessem perfeitamente milimétricas ao seu corpo extraordinário.

E no pior dos casos, seria obrigado a aturar todos os seus flertes indiretos e comentários desnecessários em relação as pessoas com quem o mesmo se relacionava, e nos mais frequentes dos casos, em relação a si.

Jungkook tinha aquela famosa áurea sexual repleta de testosterona exalando pelo seu corpo. Um puta carisma excêntrico e Oscars, um talento indefinível para tarefas como canta e dança, e provavelmente, a pegada mais gostosa de toda aquela faculdade.

Não que Jimin já tivesse imaginado como seria, é claro. Mas, odiava a forma de como ele parecia extremamente perfeito e acomodado à tudo, e todos os cantos daquela faculdade, andando e exalando sua colônia da Dolce e Gabbana por todos os lugares.

E se um dia cogitou em ter algum tipo de relação profissional com aquele homem, tinha certeza que não daria certo porque em poucos segundos acabariam matando um ao outro.

— Eu não o suporto, Hoseok. — Jimin resmungou, levando uma das mãos até os cabelos.

— Mas ele é a sua única opção. — Hoseok deu de ombros. — Além de ser a sua alma gêmea, é claro.

— Eu vou acabar matando ele, ou socando aquele sorriso safado ridículo. — Jimin bufou. — Sem chances. Vou procurar outra pessoa.

— Então tente achar alguém que queira vestir uma fantasia ridícula de coelho e falhe miseravelmente na sua tentativa. — Yoongi fez uma careta.

— Se bem que você vai ficar muito fofinho com sua fantasia. — Hoseok sorriu.

— É. Claro, muito bonito um alface gigante caminhando pela cidade. — Jimin fez uma careta.

— Mas, enfim, vai chamar o Jeongguk? — Hoseok perguntou, esperançoso.

— E quem te garante que ele vai aceitar? — Jimin perguntou, com as sobrancelhas erguidas.

— Eu te garanto, Jimin-ssi. — Hoseok deu de ombros. — Assim que ele souber que você vai ser o nabo, e ele o coelho, nada o fará desistir de conquistar você pelo resto do dia.

— Use o seu charme natural! — Yoongi o incentivou.

— Ou coloca uma skinny mais apertada e sai rebolando. Tem o mesmo efeito. — Hoseok deu de ombros.

— Jesus... — Jimin fez uma careta, apenas por imaginar-se em um local cheio de crianças remelentas, e Jeon Jungkook. — Tudo bem, eu vou. Mas, só porque preciso de dinheiro.

— E de um namorado novo! — Hoseok ressaltou.

Jimin revirou os olhos, acenando com a cabeça, antes de virar-se para o resto dos prédios centrais, e observar fixamente o andar dos musicistas.

Caminhou pelos corredores atraindo olhares curiosos dos outros calouros e veteranos, nos quais se perguntavam arduamente sobre sua passagem.

Suspirou, observando o corpo alto e ereto enfiar de forma desajeitada um ramo de livros dentro do armário no canto da parede, sibilando letras de músicas aleatórias.

Caminhou rapidamente em sua direção, com a cabeça trabalhando no que falar, no que pensar, no que dizer, no que fazer. Porque era verdade, Jungkook o deixava nervoso como um inferno.

Jungkook fechou o armário na velocidade da luz, observando o menor atrás dele com um dos braços apoiado no material de ferro.

— Oi, Jungkook. — Jimin falou, rapidamente, evitando olhar em seus olhos.

Jungkook levou um breve susto, erguendo os ombros e o observando por poucos segundos, antes de abrir um breve sorriso.

— Jimin-ssi... — Murmurou, observando o menor revirar os olhos. — Oi.

Jimin grunhiu, já começando a ficar irritado com o sorrisinho manhoso que plantava-se nos lábios alheios, quase como uma provação.

— Eu não quero soar rude ou algo do tipo... — O maior começou, um tanto curioso. — Mas, o que foi que eu fiz dessa vez?

— Não é sobre o que você fez. — Jimin deu de ombros, erguendo o olhar em sua direção. — É sobre o que você vai fazer.

— Oh. — Jungkook entreabriu os lábios, abrindo mais um sorrisinho. — Quer que eu faça algo pra você, uh?

— É... — Jimin tombou a cabeça para os dois lados. — Quase isso.

E então, o baixinho retirou o papel do seu bolso pela décima vez naquele dia, querendo enfiar todo o material na boca daquele babaca convencido.

— Fiquei sabendo que você precisa de dinheiro. — Respondeu, erguendo o papel em sua direção. — E tenho uma proposta.

Jungkook rapidamente ergueu uma sobrancelha, parecendo decepcionado o suficiente para deixá-lo notar de que esperava que houvesse outro motivo para Jimin estar ali.

Jimin o observou relhar os olhos pelo letreiro espalhado pelo papel, e depois para a imagem das fantasias no fim do mesmo.

— Nem fodendo. — Jungkook literalmente, começou a rir. — Você quer que eu seja o coelho do seu alface?

— O certo seria parceiro de trabalho... — Jimin revirou os olhos, apreciando a risada gostosa saindo dos lábios alheios. — Mas, como você tem a porcaria de um senso duplo apurado, entenda como quiser.

— Desculpa Jimin-ssi, mas vai ter que ficar pra próxima. — Jungkook lhe entregou o papel, tocando razoavelmente a pontinha dos seus dedos propositalmente.

Jimin o viu murmurar um aceno de saída, mas, antes que pudesse dar as costas, segurou seu braço e o puxou de volta, por impulso.

— Eles pagam bem, eu liguei pra dona. — Jimin insistiu, deixando de lado seus próprios mandamentos de não implorar por aquele homem. — Por favor, Jungkook.

— Jimin, você me odeia. — Jungkook respondeu, direto. — Não passaria três minutos sem querer me matar ou algo do tipo.

— Porque você é egocêntrico e babaca! — Jimin respondeu, óbvio.

— Eu sei, eu sei. — Jungkook revirou os olhos. — Eu preciso de dinheiro, mas posso arranjar outros bicos.

— E o que você quer, então? — Jimin perguntou, cruzando os braços. — Qual o seu preço?

— Você tá tentando me comprar, Jimin-ssi? — Jungkook sorriu.

— É claro que estou. — Jimin respondeu, assentindo. — É assim que as coisas funcionam pra você.

— Você tem razão. — Jungkook apoiou uma das mãos na bolsa de couro ao lado da região pélvica.

Jimin já impaciente com toda a situação, deu um passo à frente e pigarreou, esperando alguma reação.

— Faça sua oferta antes que eu tenha um colapso mental e comece a desconsiderar a idéia, Jungkook. — Pediu, quase implorando.

— Não agora. — Jungkook negou, rapidamente, levando a língua até a lateral das bochechas, pensativo. — Já vai planejando alguma coisa, porque esse lance vai rolar.

E então, Jimin observou o filha da puta sorrir mais uma vez em sua direção com aqueles malditos olhinhos amendoados intrigantes, antes de virar para trás e navegar pelo corredor.

Diante de toda visível confusão, Jimin conseguiu assimilar e abrir um breve sorrisinho. Entretanto, havia algo em sua cabeça que não parava de bombear e bombear para todos os lados. Algo apelidado como:

"Não agora"

{...}


Jimin continuava olhando para o espelho em cerca de alguns minutos, prendendo a risada e segurando-se para não ter um surto interno.

Estava usando sua fantasia pela primeira vez, e única, se tudo desse certo.

E com a parte inferior da roupa esbranquiçada, o chapeuzinho verde acima de sua cabeça e os sapatinhos felpudos muito bem aconchegantes abaixo dos seus pés, Jimin suspirou, tentando se manter animado.

Havia ligado para Jungkook um tempo atrás, o moreno iria passar para buscá-lo em alguns minutos e precisava estar pronto para ter o pior momento de sua vida.

Não era como se não gostasse de crianças ao todo. Mas, havia aquele certo tipo de criança que tirava sua paciência e fritava seus neurônios.

Jungkook, por incrível que pareça, também era uma criança. Tirando sua perversidade, sua imaturidade e senso de humor eram extremamente infantis.

De qualquer forma, o loirinho sempre arranjava um jeito de culpá-lo por qualquer coisa, e aquilo era o suficiente.

— Bom dia, Jimin-ssi! — Ouviu Jungkook proclamar, assim que abriu a porta do carro. — Meu Deus, é o meu alfacezinho!

— Primeiramente, vai se foder. — Jimin resmungou, visto que o dia mal havia começado e o moreno já estava zoando suas roupas.

— Primeiramente, é você quem está vestido de alface. — Jungkook ressaltou, soltando uma risadinha anasalada em seguida.

— Olha aqui, seu... — Jimin virou em sua direção, mas, arrependeu-se imediatamente ao dar de cara com o moreno em sua fantasia. — Oh.

Jungkook estava incrivelmente fofo com toda aquela roupa felpuda sobre o seu corpo, com suas orelhinhas assimétricas e sintéticas acima de sua cabeça, enquanto as mãozinhas dominavam o volante.

— O que foi? — Jungkook perguntou, confuso. — Tá me olhando assim porque? Olha, eu sei que eu sou lindo e tudo mais, mas, você não precisa...

— Cale a boca. — Jimin fechou os olhos, abraçando a mochila que transportava enquanto virava para frente. — Não foi nada.

— De qualquer forma... — Jungkook falou, em alto e bom som, enquanto pisava fundo no acelerador. — Você está incrivelmente fofinho nessa fantasia. É um bônus, sabe? Tirando o fato de que você é um puta gostoso sem ela.

— Você é tão previsível. — Jimin o interrompeu.

— E você é antipático. Mesmo assim, eu continuo aqui, te elogiando como um perfeito cavalheiro. — Jungkook deu de ombros.

— Será que dá pra a gente focar no que vamos fazer hoje? — Jimin perguntou, um tanto afoito com o elogio dirigido a si.

— Sim, claro. — Jungkook assentiu, trambolirando os dedos contra o volante. — O que você tem em mente?

Nessa altura do campeonato, Jungkook daria seu palpite, mas, sabia que diante de Park Jimin tudo que teria que fazer era sorrir e acenar.

— Eu pensei em fazermos umas brincadeiras mais tradicionais, sabe? — Jimin balbuciou. — Pega pega, esconde esconde, esse tipo de coisa.

— Oh, sim, sim. — Jungkook assentiu. — Eu trouxe uma tabela pra a gente marcar as posições.

— E no final, a gente pode dar um presente ao primeiro, segundo e terceiro lugar. — Jimin respondeu.

— Sim! — Jungkook assentiu. — Você está nervoso? Acha que as crianças vão gostar de você?

— Não mesmo. — Jimin negou. — Eu sou péssimo com crianças. Vou ter que dar o meu melhor se quiser mesmo essa grana.

— O que você fez? — Jungkook perguntou e Jimin o olhou, confuso. — Pra estar precisando de dinheiro, Jimin.

— Ah. Bem, sobre isso... — Jimin coçou a nuca, olhando para o lado inferior ao de Jungkook. — Eu trabalhava numa confeitaria, sabe?

— Eu sei. — Jungkook assentiu, de imediato.

— Você sabe? E desde quando você sabe alguma coisa sobre mim que vai além da sua curiosidade extressante sobre o meu corpo? — Jimin ergueu as sobrancelhas.

— Continue, Jimin-ssi. — Jungkook pediu, sorrindo amarelo.

— Bem, eu só... — Jimin engoliu em seco. — Estava com fome e devorei mais docinhos do que deveria.

— Você comeu os docinhos da confeitaria? — Jungkook arregalou os olhos.

E quando Jimin achou que alguma piadinha irritante viria daquilo, Jungkook o surpreendeu com uma risadinha baixa.

— Sabe que eu também já fiz isso? — Perguntou, retoricamente. — Não com os docinhos, mas...

— Com o que? — Jimin perguntou, interessado, pela primeira vez naquela manhã.

— Sexshop. — Jungkook deu de ombros.

Jimin arregalou os olhos, sentindo as bochechinhas coradas apenas por pensar naquele homem tendo relações ou fazendo algo no sentido sexual.

— Porque você corou? — Jungkook o olhou de soslaio, abrindo um breve sorrisinho em sua direção. — Imaginou o que eu havia pegado em um sexshop?

— Não foi isso, seu idiota! — Jimin respondeu, nervoso. — Continue.

— Foi só um lubrificante... — Jungkook respondeu. — Pra usar com o meu parceiro de trabalho.

— Ah. — Jimin assentiu, baixinho. — Lubrificante. Eu não sabia que você também gostava de garotos.

— Quê? — Jungkook perguntou, indignado. — Como não, Jimin?

— Sei lá... — Jimin respondeu, dando de ombros. — Só imaginei.

A verdade era que o baixinho era muito inócuo nesse quesito, inocente o bastante para apenas imaginar que Jungkook fazia aquilo por pura provocação, por saber que ele era gay.

E agora, Jimin estava sentindo raiva por imaginar que o moreno poderia estar realmente fazendo tudo de propósito por que havia um certo interesse.

Nah, não era possível, certo?

— Chegamos. — Jungkook respondeu, estacionando o carro em frente à casa.

— Ai, Jesus. — Jimin engoliu em seco, retirando o cinto em sua frente. — Não quero mais.

Jungkook o olhou por alguns segundos com as sobrancelhas erguidas, antes de soltar um breve suspiro.

— Não fica nervoso não, Jimin. — Pediu, sorrindo minimamente. — Você nem tem o direito de ficar. Você é tão organizado sobre todas as coisas, apesar do incidente no seu trabalho, é claro.

— Eu sei que eu sou organizado. É só que... — Jimin suspirou. — Fico ansioso em relação a isso. Quer dizer, e se alguém nos filmar?

Jungkook se moveu no banco, virando em sua direção enquanto retirava o cinto.

— Se alguém nos filmar... — Respondeu, singelo. — Seremos o coelhinho e o nabo de sempre.

— Mas, enquanto ao Jungkook e Jimin da faculdade? — Jimin perguntou, confuso.

— Quem liga pra eles? — O moreno sorriu, convencido. — São dois idiotas mal resolvidos. Agora, vamos! Temos uma festa pra animar!

{...}

— Senhor alfacinho, senhor alfacinho! — Jimin ouviu uma das crianças chamarem sua atenção. — Nós podemos brincar agora?

— Mas é claro que sim! — Jimin assentiu, abrindo um sorrisinho. — Eu e o senhor coelhinho preparamos algo muito legal pra todos vocês!

— Vocês gostam de presentes, criançada? — Jungkook perguntou, enfiando as mãos na caixa de papelão desajeitada.

— Sim! — As crianças gritaram em uníssono, levantando as mãos.

— Ótimo! — Jungkook assentiu, sorrindo de volta para todas elas. — Porque hoje três de vocês vão sair com presentes muito legais!

Jimin o observou sorrir, enquanto distribuia alguns docinhos de festa para todas as crianças ali presentes.

— Primeiro, vocês precisam comer glúten para correr bastante na corrida que eu e o nabinho estamos organizando, sim? — Jungkook continuou os incentivando.

— E agora, todo mundo tem que se alinhar aqui! — Jimin apontou para ainha de chegada, sorrindo. — Vamos!

— EBA! — Todas gritaram e balbuciaram comemorações.

Jungkook juntou-se ao lado do menor, sorrindo rapidamente em sua direção, demonstrando o quão animado estava com toda aquela situação.

Em questão de segundos, todas as crianças alinharem-se, na medida em que o coelhinho anunciou a partida, correndo incansavelmente.

Jimin gritou alguns nomes, acenou para algumas crianças, e até observou vagamente alguns pais comentarem sobre o trabalho deles entre si.

E novamente, Jungkook deu alguns pulinhos e bateu palmas, girando os punhos no ar.

— Então, você gosta mesmo de crianças? — Jimin perguntou, descontraído.

— Sim. — Jungkook assentiu. — Eu costumava brincar com meu irmão todos os dias.

— Oh. — Jimin franziu os lábios, curioso. — E o que aconteceu?

— Mamãe e papai o levaram na mudança. — Jungkook respondeu, superado o suficiente para falar sobre o assunto. — Depois que papai descobriu minha sexualidade, fez as malas e partiu assim que pôde.

— Desculpa as palavras, mas... — Jimin engoliu em seco. — Que idiota, ninguém deve julgar ninguém pela sexualidade.

— Ele achava que eu ia o contaminar, ou algo do tipo. — Jungkook deu de ombros. — Mas, eu não ligo. E, muito além disso, eu me garanto.

— Eu tenho um irmão. — Jimin falou, mas, logo depois deu-se conta de que aquele diálogo era o primeiro amigável em alguns anos de meia- convivência. — Nós não nos damos muito bem, no geral, mas eu o amo como minha família.

— Isso é bom. — Jungkook assentiu. — Um irmão é sempre bom. É sempre quem está lá pra conversar, é sempre uma das únicas pessoas que vai fazer parte das suas experiências de vida.

— Nós brigamos muito. — Jimin fez uma careta. — Inclusive, ele se parece bastante comigo.

— Hum... — Jungkook ergueu uma sobrancelha. — E será que com ele eu tenho uma chance?

— Talvez. — Jimin fez uma careta. —E que história é essa? Tenha modos, é o meu irmão!

— Então Deus abençoe a genética da sua família. — Jungkook riu.

— Não é assim que as coisas funcionam! — Jimin gritou, irritado. — Me poupe, Jungkook, quando eu finalmente acho que existe uma pequena parcela de nos aturarmos...

Jimin não conseguia nem odiar o moreno a sua frente. Só conseguia ficar pensando no porque diabos a imagem de Jihyun a lado de Jungkook o incomodava tanto.

Não podia estar acontecendo. Aquela era um tipo de paranóia sobrenatural, influenciada pelos efeitos maléficos da lábia extraordinária daquele homem.

Jimin odiava ter que sentir essas coisas clandestinas ao seu lado, de vez em quando. Odiava mesmo. Sentia-se preso, atraído e um tantinho culpado.

Jungkook não era o tipo de homem que costumava chamar sua atenção. É muito pelo contrário, era o tipo ideal dos rapazes por quem Jihyun costumava interessar-se.

De certa forma, aquilo o deixava meio inseguro, e incerto sobre a atenção de Jungkook apenas para si, já que, de certa forma era direcionado à si todos os seus flertes e cantadas.

— Relaxa, Jimin-ssi. — Jungkook riu da expressão do menor. — Eu sou todo seu, não precisa ficar de ciuminho.

— Eu não estou com ciúmes! — Jimin bateu o pezinho acolchoado no chão, erguendo as mãozinhas em punho.

— Que fofinho, um nabinho com raiva. — Jungkook riu novamente. — Oh, meu deus, os pezinhos!

— Jungkook-ah! — Jimin gemeu, frustrado e manhoso. — Hoje em dia não se pode nem demonstrar raiva.

— Se vier de você não se pode mesmo. — Jungkook assentiu. — Você é tipo uma formiguinha com raiva.

— Eu nasci primeiro! — Jimin defendeu-se, observando o menor erguer as sobrancelhas.

Antes que pudesse responder, todas as crianças já estavam prestes a chegar na linha de chegada, com o corpo suado e cabelos grudados na testa.

Jimin observou o garotinho de cabelos escuros em trajes fofinhos e azuis correr no meio dos dois primeiros e ultrapassar a linha de chegada antes dos dois.

Os outros garotos se entreolharam ao ver os prêmios de segundo e terceiro lugar sendo dirigidos à si, indignados.

Quando Jimin sorriu em direção ao garotinho baixinho e ergueu o trofeuzinho de primeiro lugar em sua direção, ouviu os cochinhos dominarem a atmosfera do local.

— Que isso? — Murmurou para si mesmo, antes de levantar-se e encarar suas expressões debochadas. — O que foi, crianças?

— É só que... — Um dos garotos prendeu um risada. — O Minseok é gordo e rechonchudo, ele não merece ganhar o primeiro lugar!

— E quem é que merece? — Jungkook perguntou, adentrando a conversa.

— Não tem nada mais óbvio, coelhinho! — Se manifestou, sorrindo convencido. — Eu. Eu sou grandinho e todo magrinho!

Jungkook observou Jimin olhar para o garotinho com os olhos arregalados, visto que aparentemente haveria uma carga emocional naquelas palavras tão mal direcionadas.

— Hum... — Murmurou, observando o garotinho com as mãos agarradas as de Jimin, em sinal de proteção. — Vocês não podem fazer isso com seu amiguinho, crianças.

— É. Vocês não podem! — Jimin assentiu, nervoso. — Ele é uma criança, assim como vocês! O tipo físico de vocês não diz nada sobre o que vocês são. E vocês não podem se rotular por isso!

— Sim, crianças. O Minseok é assim como vocês. E eu aposto que ele tem muitas qualidades e é muito legal, não é, MinMin? — Jungkook perguntou, parando ao lado do menor.

— Não só por causa disso! — Jimin continuou. — O prêmio vai continuar com o Minseok porque ele mereceu, assim como todos vocês.

— Ninguém é melhor do que ninguém, crianças. E é por isso que nós devemos ficar juntos! — Jungkook falou, sorrindo para as crianças.

— Eu acho que o senhor alfacinho tem razão. — Um dos garotinhos manifestou-se, sorrindo para Minseok.

— Viram só? — Jungkook ergueu o olhar em direção em direção às crianças, repreensor. — Se todos vocês forem compreensivos como esse rapazinho, vamos nos resolver rapidinho.

— Então eu acho que o prêmio deveria ficar com o Minseok! — Uma das garotinhas gritou, aproximando-se razoavelmente do menor, estendendo a mão.

Minseok olhou para Jimin rapidamente, enquanto o maior o incentivava a segurar sua mão. E quando entrelaçaram seus dedinhos, fôra puxado para a multidão de crianças, que o parabenizaram com precisão.

Jungkook sorriu, olhando para o menor, que observava a multidão de crianças com um sorrisinho de lado, sem mostrar os dentes.

— Estamos quase no fim do expediente. — Jungkook murmurou, soltando uma piscadela em sua direção.

— Então, crianças, vocês gostariam de mais uma brincadeira? — Jimin perguntou, balançando a cabeça e tentando esquecer aquele assunto.

— Nah. — Um dos meninos sentou-se sobre a grama, cansado. — Estamos cansadinhos, senhor nabinho.

— Eu quero ouvir uma história do senhor coelhinho! — Uma das garotinhas gritou, apertando a mão felpuda e grande de Jungkook.

— Hum... — Jungkook assentiu, mas ergueu uma das sobrancelhas, pensativo. — Eu acho que tenho uma idéia melhor.

— Você tem? — Jimin perguntou, confuso.

Jungkook assentiu, sorrindo em direção ao menor e murmurando um:

— É claro que eu tenho. Sou precavido, bebê.

— Oh... — Jimin quase revirou os olhos ao ouvir o apelido, mas evitou abrir um breve sorrisinho.

— Esperem aqui! — Jungkook gritou, correndo até o carro na velocidade da luz.

Jimin tratou de manter as crianças ocupadas enquanto conversava e escondia a cabeça de nabinho dentro da fantasia, arrancando várias risadas.

Ali, naquele momento, com todas as crianças sorrindo em sua direção, teve a sensação de que talvez gostasse mais de crianças do que parecia.

Tinha que entender, afinal, toda ainha temporária entre crianças, adolescentes e adultos, precisavam ser entendidos, e dar essa chance estava sendo uma ótima oportunidade.

Jungkook rapidamente voltou, com um violão em mãos, coberto pela capa escuros, arrancando olhares curiosos em sua direção.

— O senhor coelhinho vai tocar pra nós! — Minseok gritou, batendo algumas palminhas.

Jimin rapidamente tocou seu pulso, o puxando para perto em um momento desesperado.

— Jungkook, não ensaiamos nada... — Murmurou. — O que você vai tocar?

— Sorria e acene. — Jungkook respondeu, o tranquilizando. — Só fica do meu lado e deixa comigo.

— Jesus... — O baixinho escondeu o rosto preocupado.

— Confia, Jimin-ssi. — Jungkook pediu, manhoso, enquanto retirava a capa do violão.

E Jimin concluiu ali mesmo que a voz manhosa de Jungkook era de longe o som mais melodioso que tivera ouvido.

— Tudo bem.

Jungkook sentou-se em posição de índio e bateu no espacinho ao seu lado para que o senhor coelhinho pudesse sentar também.

Antes que pudesse prever, Jungkook já havia começado uma melodia fraquinha e bem estruturada.

Jimin não sabia que Jungkook cantava, e felizmente, essa era uma das primeiras de várias coisas que estava descobrindo sobre o moreno.

Aos poucos, é claro. Jimin nunca imaginaria que por baixo da postura babaca e idiota haveria um Jungkook sentimental e compreensivo com todas as crianças, que o olhavam com olhinhos brilhando.

Em meros segundos, o moreno começara a cantar, e nesse intervalo de tempo, Jimin manteu a boca entreaberta, impressionado com a vó melodiosa e cheia de alcance vocal sair de seus lábios.

Jungkook cantava com o mundo, com a vida, como se tivesse se esforçado e  passado algumas horinhas só pra cantar uma musiquinha sobre coelhos e nabos, acarretando uma multidão de palmas, até mesmo dos pais atrás de si.

Jimin balançou a cabeça para o lado e para o outro, acompanhando o ritmo da música com palmas, levando Jungkook a olhar para si de soslaio e abrir um sorrisinho tímido.

Tímido.

Deus, quando nessa vida Park Jimin imaginou que veria Jeon Jungkook tímido? Cantando uma música para crianças enquanto estava vestido de coelhinho? Nunca!

Jimin estava impressionado com a forma de como ele ficava bonito enquanto dedilhava as teclas e fechava os olhos, cantando com paixão.

Nunca havia imaginado que em alguma circunstância, admiraria Jungkook de forma tão genuína e graciosa, sem precisar odiá-lo por achá-lo bonito demais pra estar na terra.

Porque ele era. Jeon Jungkook era provavelmente a criatura mais bonita e sedutora que os olhos amendoados de Park Jimin já havia presenciado.

Se castigava mentalmente por estar admirando alguém que havia sido babaca por toda a sua vida. Ou talvez, Jimin fazia tanta questão questão de odiá-lo que não via suas qualidades.

E antes fosse isso, Jimin sabia das suas qualidades, Jimin sabia de tudo. Pra falar a verdade, passava mais tempo observando o moreno jogando alguma coisa no celular do outro lado da praça de alimentação da faculdade, do que olhava pra si mesmo.

E sempre castigou-se por isso.

O odiava principalmente, por roubar o seu coraçãozinho sem ao menos tentar, apenas distribuindo sorrisos e mantendo sua pose confiante e manipuladora.

Era isso no que havia se obrigado a acreditar para não ter que assumir a culpa de talvez, talvez, só talvez... Nutrir sentimentos por aquele cara.

Quando Jungkook terminou de cantar, baixou a cabeça e agradeceu a salva de palmas ao seu redor, enquanto sorria graciosamente.

— E infelizmente está na hora do senhor coelhinho e alfacinho irem embora, pessoal! — A mãe do aniversariante falou, parando ao lado de ambos.

Um coro de "Ah's" e "Oh's"  surgiu naturalmente, indicando a tristeza de todas as crianças.

— Mas, não fiquem tristes! — Jimin acrescentou. — A festa ainda vai continuar!

— É, pessoal. — Jungkook acrescentou. — E vocês ainda podem comer muito bolo e pular no pula-pula!

— Sim! — O aniversariante gritou, animado. — Vamos, amigos!

— Tchau, senhor coelhinho e senhor alfacinho! — Algumas garotas e garotos gritavam, acenando positivamente em sua direção.

Jimin apenas observava sua mãozinha coberta pela fantasia balançar de um lado para o outro, enquanto Jungkook fazia o mesmo e sorria para as crianças.

— Senhor alfacinho? — Jimin ouviu uma voz baixinha, enquanto uma mãozinha puxava a parte inferior de sua fantasia.

— Oh, oi, Minseok. — Jimin sorriu, ajoelhado-se em frente ao menor.

— Obrigado pelo que o senhor fez hoje... — Murmurou. — Eles sempre faziam isso comigo, eu já não aguentava mais.

— Oh, MinMin... — Jimin suspirou. — Eles não vão mais fazer isso, tá bom?

— Você promete? — Minseok fez um biquinho, erguendo o mindinho em sua direção.

— Eu prometo. — Jimin juntou seus dedinhos, piscando em sua direção.

E então, o pequeno correu em direção as crianças, enterrando o corpo no pula-pula próximo.

— Eu acho que já está na hora de ir... — Jimin murmurou, observando Jungkook virar em sua direção e assentir.

— Sim, sim. — Curvou os lábios em um meio sorriso. — Só vamos juntar as nossas coisas e ir embora.

{...}

Jimin engoliu em seco, olhando para qualquer lado que não fosse o de Jungkook, que estava tão focado no trânsito, quanto no garoto ao seu lado.

O menor segurava um embrulho de sanduíches e dois copos médios de refrigerante em suas pernas, aguardando ansiosamente a hora de comer.

Haviam passado no drive-thru antes de ir até a casa de Jimin, tendo a maravilhosa ideia de comer aquele sanduíche sentados na porta da casa do menor.

Mas, Jimin não sabia bem como reagir, quando se ofereceu para pagar e Jungkook rapidamente ergueu sua parte do dinheiro e lhe disse que era por sua conta.

— Então... — Jungkook suspirou, dedilhando o couro do volante. — Eu devo virar a esquerda?

— Sim, minha casa é no fim da rua. — Jimin apontou para a grande casa marrom ao seu lado.

— Os seus pais... — Jungkook falou, um tanto envergonhado. — Eles estão em casa?

— O que você acha que está pensando, Jungkook? — Jimin ergueu a sobrancelha, indignado.

— Não, Jimin! Não é isso! Quer dizer... — Jungkook riu. — Se você quiser, eu quero, óbvio, não seria louco de negar.

— Jungkook! — Jimin o repreendeu.

— É só no caso de você estar com um garoto na frente de casa. Eles não vão reclamar? — Jungkook perguntou.

— Jungkook, eu sou assumido. — Jimin riu. — Jihyun está na casa do namorado e meus pais em um jantar de negócios.

— Ah. — Jungkook assentiu, freando o carro em frente a casa.

— Porque? — Jimin perguntou, juntando as comidas nos braços. — Tem vergonha dos meus pais?

— Talvez. — Jungkook respondeu, saindo do carro em seguida.

— Logo você, o mais sem vergonha de Busan? — Jimin perguntou, soltando uma risadinha.

— Ah, não é assim que as coisas funcionam, Jimin-ssi. — Jungkook comentou, caminhando em direção a porta de sua casa.

— E como é que as coisas funcionam, Jeongguk? — Jimin perguntou, apoiando a sacola marrom de sanduíches no chão.

— É que... — Jungkook começou, mas acabou desistindo no meio do caminho. — Esquece.

— Venha aqui. — Jimin meneou a cabeça para o lado, observando Jungkook assentir e sentar-se ao seu lado.

Arrastou a vista pela panorâmica do seu jardim enquanto abria a embalagem e abocanhava o sanduíche, sem delongas.

— Quem diria, uh? — Jungkook comentou, fazendo o mesmo. — Que estaríamos vestidos de alface e coelhinho na porta da sua casa, dividindo um sanduba de quinze centímetros.

— Eu só não tirei pra te dar apoiou moral, primeiramente. — Jimin respondeu, observando o moreno soltar uma risadinha.

— Eu estou com roupa por baixo. — Jungkook falou, erguendo as mangas da camisa longa por baixo da fantasia.

— E porque você não me disse antes? — Jimin revirou os olhos, retirando o chapeuzinho verde de sua cabeça. — Eu já teria tirado a roupa!

— Eu adoraria te ver tirando a roupa... — Jungkook deu de ombros. — Mas, você tá muito fofo de nabinho.

— Vai se foder. — Jimin grunhiu, erguendo o corpo para descer o zíper da sua fantasia.

Em questão de segundos, exibou sua  Skinny apertada nas coxas, assim como sua camisa listrada e seu sorrisinho encantador.

Jungkook suspirou, observando a bunda arrebitada e as coxas torneadas se mexerem razoavelmente em sua direção; quase lubrificou os lábios.

Jimin então, sentou-se novamente e voltou a comer seu sanduíche, observando Jungkook abrir a fantasia e retirar o chapeuzinho de coelho, exibindo seu torso quase desnudo por dentro da camisa branca de tecido fino.

Jimin desviou o olhar, engolindo em seco.

— Foi muito legal o que você fez hoje. — Jungkook comentou. — Eu já esperava que você fosse dar um sermão, mas...

— O Minseok é... — Jimin suspirou. — Tem algo a mais, sabe?

— Tem? — Jungkook ergueu uma sobrancelha. — Tô brincando, eu imaginei.

— Quando eu era pequeno eu também sofri do mesmo que ele. — Jimin falou, momentaneamente sentimental. — E quando eu ouvi aquelas crianças falarem aquilo... Eu me senti na primeira série novamente.

— Eu entendo. — Jungkook respondeu, franzindo os lábios em uma única linha reta. — O que eu não entendo é como você pôde sofrer algo desse tipo. Você é tão...

— Eu não me acho bonito, Jungkook. — Jimin respondeu, de imediato. — Eu sei que as outras pessoas devem achar que eu sou um puta gostoso do caralho, mas... Eu não acho, não entendo.

— Mas deveria entender. — Jungkook sorriu ladino em sua direção.

Jimin sorriu de volta pela primeira vez, genuinamente, ao perceber que aquela não era mais cantada barata, e sim, uma fala sincera.

— Como está o sanduíche? — Jungkook perguntou, desviando o assunto.

— Felizmente a melhor coisa da terra. — Jimin quase sorriu, mas deu uma mordida em agradecimento. — Você não precisava ter pago.

— É claro que eu precisava. — Jungkook deu de ombros.

— Você não precisava, não. — Jimin continuou.

— Jimin, levando em consideração que você me proporcionou a melhor tarde dessa semana, com a sua companhia, ainda por cima, eu queria recompensar. — Deu de ombros.

— Você sabe que... — Jimin embolou o papelzinho do sanduíche, olhando em sua direção. — Tem outras formas de recompensar, uh?

— Ô se tem. — Jungkook sorriu sapeca. — Mas...

— Eu não estava falando dessa forma! — Jimin deixou um tapinha em seu braço, rindo rapidamente, um tanto envergonhado.

— E o que você quer? — Jungkook perguntou, confuso.

— Eu só presumi, Jungkook-ah. — Jimin negou diante da pergunta do menor. — Não quero que faça nada, já me pagou o sanduíche que eu deveria ter pago.

— Esquece isso. — Jungkook pediu. — Eu meio que... Queria te dar alguma coisa.

— Queria? — Jimin arregalou os olhos. — Olha, Jungkook, se isso for só uma armação pra tentar transar comigo, já pode desistir.

— Primeiramente, se eu quisesse transar com você, já teria tentado algo desde a primeira vez que nos conhecemos. — Jungkook fez uma careta.

— Só? — Jimin perguntou, confuso. — Se você não quer só transar, o que você quer?

— Eu não... — Jungkook tentou cobrir, mas já era tarde demais. — Eu não sou tão ruim quanto você pensa.

— Não é não, Jungkook? — Jimin ergueu uma das sobrancelhas, levando o canudinho do refrigerante até a boca.

Jungkook desviou o olhar até aquela região, o observando sorrir ainda com o canudo entre os lábios, e em seguida, sugando todo o líquido.

— Não, eu não sou. — Jungkook negou. — Eu posso muito bem transar com quem eu quero. Mas, porque você acha que eu nunca fiquei sério com alguém esse tempo todo?

— Porque você é um babaca egocêntrico? — Jimin perguntou, retoricamente.

— Não, Jimin. — Jungkook fez uma careta. — Esquece.

Jimin mordeu o lábio inferior. A verdade é que ele estava com medo que Jungkook disesse que na verdade sempre esteve afim de outra pessoa esse tempo todo, ou algo do tipo.

Já doía o suficiente ter que gostar tanto daquele desgraçado egocêntrico a ponto de odiá-lo infinitamente, ainda teria que o aturar caminhando de mãos dadas com outra pessoa.

— Porque? — Perguntou, novamente, juntando as duas mãozinhas em frente ao corpo.

— Porque eu tenho que manter a cabeça ocupada pra não pensar vinte e quatro horas por dia na pessoa que eu sempre estive afim. — Jungkook confessou.

— Eu já desconfiava. — Jimin riu, riu de nervoso. — Você não podia ser tão vazio à esse ponto.

— Você não consegue me elogiar, não é? — Jungkook soltou uma risadinha.

— Consigo, claro. — Jimin deu de ombros. — Mas, só quando você merece.

— E quando eu vou merecer? — Jungkook perguntou, confuso.

— Você mereceu hoje, Jungkook. — Jimin sorriu. — A gente se aturou o dia inteirinho, e eu ainda não estou de saco cheio.

— Então quer dizer que você gostou de passar o dia comigo, uh? — Jungkook perguntou, sorrindo manhoso.

— Quase isso. — Jimin deu de ombros, sugando o único vestígio de refrigerante no final do copo.

— Bem... — Jungkook coçou a nuca, mordendo o lábio inferior razoavelmente, indicando seu nervosismo. — Se...

— Se? — Jimin ergueu uma sobrancelha, esperando.

— Se você quiser, a gente pode sair mais vezes... — Jungkook engoliu em seco. — Só pra contrariar, sabe?

— Você tá me chamando indiretamente pra sair com você? — Jimin quase sorriu, mas continuou estagnado.

A verdade era que nunca esperava de verdade que Jungkook fosse fazer um pedido daqueles, visto que por todos os seus três anos de amizade, ambos só costumavam olhar com desejo e devorar um ao outro com os olhos.

É claro que se Jungkook tivesse investido em algo anos antes, isso talvez não tivesse acontecido.

Talvez o sexo, é claro.

Mas, com o tempo, Jimin não conseguiu evitar o sentimento constantemente crescendo dentro de si, o tornando em um completo jardimzinho.

De qualquer forma, Jungkook não o aguava, então, como as flores poderiam crescer?

— Eu acho que sim. — Jungkook sorriu, nervoso.

— E eu acho que eu já devo entrar em casa. É isto. — Jimin pigarreou, levantando-se rapidamente com as coisas na mão.

— Você vai assim na cara dura? — Jungkook perguntou, indignado, enquanto observava as expressões do menor, levantando-se em seguida.

— Eu vou. — Jimin deu de ombros. — Você deveria ir pra casa também, sabe? Pelo bem da minha noite tranquila e roupas do corpo.

— Ei, Jimin. — Jungkook suspirou, levando as mãos até o lanche nas mãos do menor, os colocando no chão novamente.

— Jungkook, não. — Jimin grunhiu, nervoso. — Eu tenho muita coisa pra fazer, sabe? Tomar banho... É.

— Jimin. — Jungkook suspirou, negando razoavelmente, aproximando-se do menor.

Jimin observou o moreno levar a pontinha dos dedos até seus dedos gordinhos, agarrando e acariciando levemente aquela região.

— Você não pode negar o imprevisível. — Continuou. — Nós estamos nisso a tanto tempo, eu já não aguento mais.

— Nisso o quê? — Jimin perguntou, mordendo o lábio inferior, um tanto nervoso.

— Não faz isso. — Jungkook quase implorou. — Isso de morder os lábios.

— Porque não? — Jimin o fez novamente, abrindo um sorrisinho sapeca em seguida.

— É disso que eu tô falando, hyung. — Jungkook o acusou. — Nós passamos os últimos três anos nos comentei com os olhos, nos atraindo simultaneamente, e alimentando 
nosso desejo de foder pra caralho, mas nunca o realizando.

— Então era disso que se tratava? — Jimin revirou os olhos, separando seus dedos.

Jungkook quase fez o mesmo, mas soltou um murmúrio frustrado pelos lábios e levou as mãos até a curvatura da cintura alheia, o mantendo ali.

— Mas, também passamos os últimos três anos nos convencendo de que não sentíamos algo um pelo outro, não negue... — Jungkook continuou.

Jimin não conseguiu negar, apenas levou os dedinhos até os ombros do moreno, deixando um breve aperto naquela região.

— Jimin, toda aquela faculdade sabe que eu... — Jungkook engoliu em seco. — Sou louco por você. Menos você.

— Oh... — Jimin entreabriu os lábios, intrigado com as palavras do moreno.

— Assim como você também louco por mim e sempre quis que eu não soubesse. — Jungkook continuou. — Então, uma vez na vida, para de ser tão teimoso e me dá um beijo.

— Um beijo? — Jimin continuou ali, estagnado e perplexo com tudo que estava acontecendo. 

— É. Encostar as bocas, conhece? — Jungkook adiantou, soltando uma gargalhada. — Você tá tão estagnado. Porque?

— Deve ser porque obviamente eu acabei de descobrir que na verdade eu não odeio o cara que eu achava que odiava. — Jimin respondeu, óbvio. — E que você tá com as mãos na minha cintura e isso me faz me sentir estranho, eu...

— Só relaxa, Jimin. — Jungkook falou baixinho, inclinando a boca até meia direção do pescoço do menor, rindo contra sua pele. — E você me deve um favor, alfacinho.

Jimin fechou os olhos, levando a mão direita até o braço do menor, parando fielmente apenas para apertar seus bíceps fortes.

Agora que tinha a chance de tocar seu corpo, não podia perdê-la de forma alguma. Jimin tinha um certo desejo pelo corpo torneado e bem moldurado do moreno.

E se Jungkook o excitava apenas com algumas palavrinhas e beijinhos no pescoço, mal podia esperar pra descobrir o que ele era capaz na cama.

Não estava indo muito rápido. Muito pelo contrário. Park Jimin e Jeon Jungkook já tinham um longo histórico de provocações e quase beijos em festas, alguns nos quais estavam bêbados demais pra lembrar, e outros propositais e bem memoráveis.

— Jungkook-ah... — Jimin murmurou, baixinho, levando uma das mãos até a nuca do moreno. — Me beija logo.

— Eu vou. — Jungkook afastou-se, apenas para acariciar as bochechas alheias com o polegar.

E então, em questão de segundos, ambos lábios estavam colados e enfim, saboreando a maciez um do outro, unindo-se e encaixando-se na mais perfeita sincronia.

Jungkook o envolveu com seus lábios finos e mordiscou os lábios vermelhos e grossos alheios, o envolvendo ainda mais com os seus braços, intruduzindo sua língua.

Jimin soltou uma risadinha, separando seus lábios por falta de fôlego, observando o moreno ainda de olhos fechados e um sorrisinho singelo em seus lábios.

Segundos depois, selaram seus lábios novamente, dessa vez, com mais fervor, enquanto o moreno descia as duas mãos até a curvatura de sua bunda, fazendo um pouco de pressão naquela região, colando suas pélvis.

Jimin separou seus lábios apenas para eaconder a cabeça no pescoço do moreno, que já mantinha as duas mãos contra a bunda do menor.

— Sempre sonhei em tocar aqui. — Jungkook riu. — Acho que esse era o meu objetivo de vida.

— Você é um idiota. — Jimin riu, deixando um beijinho singelo em seu pescoço.

— Mas, ei, Jimin-ssi... — Jungkook levou uma das mãos até as laterais de suas bochechas.

— Hum? — Jimin perguntou, mais como um murmúrio manhosinho.

— Deixa eu ser o seu coelho mais uma vez e comer seu alface? — Perguntou, com um sorrisinho safado em seus lábios.

— Jungkook... — Jimin o chamou. — Você sabe que se um coelho comer um alface ele fica com diarréia, sim?

— Oh... Sério? — Jungkook perguntou, confuso. — Porque você não disse antes?

— Porque era engraçado te ver achando que aquilo era realmente uma cantada. — Jimin riu.

Jungkook negou, lhe dando mais um selinho, antes de impulsionar o corpo do menor para cima, com as mãos na parte interna das suas coxas, o encostando contra a porta.

— Então me deixa ser o Jungkook do seu Jimin, sim? — Pediu, manhoso, raspando seus lábios razoavelmente.

E então, Jimin levou as duas mãos até a maçaneta, a abrindo com certa habilidade, antes de ser impulsionado contra a porta e adentrar a casa aos beijos, murmurando um singelo:

— Sim.

E a verdade era que realmente, Jimin conseguiu um parceiro para o seu emprego de alfacinho, mas também adorou ter seu coelhinho particular sempre que quisesse.

°~°

oi, essa OS ficou bem grandinha, uh? espero que tenham gostado!!!11

essa é a primeira vez que eu escrevo uma história de um único capítulo e posto com vontade de postar, então eu realmente espero que tenha agradado todo mundo:c

eu posso ter deixado passar umas coisinhas, uh? então no caso de estar escrito "senhor nabinho" ou "nabo" ao invés de "alfacinho/alface" substituam rsrs

talvez eu apague em breve, então sintam-se livre pra comentar e votar bastante hihi

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