Capítulo XX
A P R I L
O VESTIÁRIO FEMININO DA THOMAS estava vazio. Não havia conversas sussurradas, risadas escandalosas ou bater de armários. Eu estava sozinha entre azulejos sujos e paredes mofadas, livre de olhares curiosos e pronta para tomar meu banho da maneira que quisesse.
Debaixo dos meus pés, o piso quadriculado acumulava poças de água do banho de alguém. A única fonte de iluminação do box comunal provinha de uma fileira de basculantes escondidos no topo das paredes. Eu já havia me conformado com aquele cenário saído de filme de terror, mas não deixava de ser deprimente toda vez.
Me despi enquanto a água do chuveiro aquecia. Coberta de terra como eu estava, foi difícil não espalhar a sujeira por aí. Meu consolo foi pensar que, pelo menos, eu tinha o vestiário só para mim. Eu me sentia mais segura assim.
Encostei minha testa contra a parede gelada por vários minutos. Cada jato de água contra minha pele era um alívio. Gotas corriam pelas minhas costas e desciam pelo meu corpo. Não foi fácil deixar a espuma do banho lavar meus joelhos. Estavam ralados e ardiam para caramba.
Eu tentei não pensar no porquê.
Não queria me sentir patética.
Quando as primeiras meninas chegaram, eu já estava vestida. Elas entraram no vestiário, fizeram uma pausa silenciosa e depois voltaram a conversar, como se não tivessem me visto. As que não foram gentis o suficiente para me ignorar, trocavam piadas entre si.
Não demorou muito para Jackie me encontrar. Ela usava seu maiô azul de natação e sua pele tinha um cheiro forte de cloro. Tentou falar comigo enquanto eu terminava de pentear meu cabelo, mas não dei atenção. Por sorte, Jackie não insistiu.
Eu amava minhas amigas. Daria minha vida por aquelas meninas sem nem pestanejar. Porém aquela cautela superprotetora surtia um efeito contrário sobre mim. Cada palavra suave me deixava pior. Mais frágil. Eu me sentia amolecer com todo esse carinho.
Por isso, eu fugia de consolos e abraços. Eu gostava de espaço.
Dessa vez, não era paranóia: as pessoas realmente estavam falando de mim. April Wright, a garota estúpida da Thomas, vítima de um trote cruel do time de futebol feminino. Em apenas uma tarde, eu havia conseguido me tornar o assunto do momento em St. Clair. Tinha até apostas circulando por aí em meu nome! Todos queriam saber se eu me debulharia em lágrimas ou se armaria uma cena para o colégio inteiro ver.
Só não dei o dia por encerrado porque precisava dos meus livros para estudar. Lexie poderia ter me derrotado no gramado, mas eu me recusava a deixar essa bobagem afetar meu rendimento em química. Se eu perdesse o controle sobre minhas emoções, ela venceria de novo.
Assim que alcancei meu armário, troquei os livros de mão e comecei a tatear os bolsos do meu casaco em busca das chaves. Não me surpreendi ao ouvir o som de passos ecoando no corredor atrás de mim.
Mas é claro que elas não me deixariam em paz.
Adivinhei quem era antes mesmo de olhar.
— Jackie, eu já disse que estou bem — afastei o cabelo úmido do rosto, desengonçada.
Naquele momento, eu era uma bagunça da cabeça aos pés. Meus músculos ainda estavam retesados, segurando a tensão de uma tarde inteira de esforço jogado fora. Meus joelhos estavam ralados como os de uma criança de cinco anos. Havia vermelhidão espalhada por todo meu corpo graças a força que usei na esponja, isso sem mencionar o corte no canto da minha boca — aquela bola de futebol atingiu meu rosto com a força de um soco e abriu um belo arco rubro no meu lábio inferior.
Ninguém nunca me deixaria esquecer daquilo.
Quando Jackie parou, eu me virei. No entanto, ao invés de encontrar minha amiga, me deparei com outra pessoa.
Meu coração traidor disparou no segundo em que o reconheci.
Hunter Campbell.
Ele não sorria. Tinha as sobrancelhas franzidas em frustração e o maxilar apertado em uma linha deliciosa. Os ferimentos da briga de ontem ainda estavam ali, escondidos em suas feições duras. A raiz de seu cabelo escurecera com o suor e as maçãs de seu rosto estavam coradas graças ao treino de futebol masculino. Parecia mais alto do que eu me lembrava. Seus ombros largos e músculos bem torneados estavam destacados pelo uniforme do time.
De repente, eu entendi por que a arquibancada ficava tão cheia quando ele jogava.
— April — Hunter me cumprimentou, seco.
Parecia que uma eternidade havia se passado desde a última vez em que meu nome estivera em seus lábios.
Não permiti que aquilo me distraísse.
Seus olhos ainda pairavam sobre mim, avaliativos. Nem um pouco felizes.
— Deixa eu adivinhar — me voltei para o armário — O show no gramado não bastou? Você precisou vir até aqui me parabenizar pelo papel de idiota que eu fiz? Melhor guardar suas palavras para alguém que queira ouvir, Campbell. Não estou a fim.
Ele e Lexie devem ter adorado me ver na lama.
Puxei o chaveiro de pompons rosa para fora do bolso. O melhor a fazer seria deixar Hunter para trás o quanto antes. A lembrança dele e Lexie trocando carícias no carro havia me afetado mais do que achei que fosse possível. Fechei minhas mãos em punhos e os dentes da chaves se cravaram na minha pele.
Eu me perguntei o quanto Hunter estava envolvido com Lexie.
Eles riram de mim? Tramaram juntos? Talvez aquele bilhete fosse parte de um plano. Talvez tudo fizesse parte de um plano.
Minha respiração acelerada me escapou em lufadas de ar. Era como se eu estivesse no campo de novo, coberta de terra.
Quando alcancei o cadeado, minhas mãos tremiam. Meus dedos rígidos mal se fechavam ao redor da chave. Eu tentava encaixar a pequena peça de metal na pequena abertura, mas não conseguia. Ao invés disso, ela deslizava para os lados, acertando o vazio. Meu rosto ficava mais quente a cada vez que eu falhava.
Sem dizer uma palavra, Hunter me segurou pelo pulso. Ele tomou o chaveiro da minha mão e abriu o cadeado com facilidade. Sequer precisei pedir. Campbell se apossou dos livros que eu segurava contra o peito e fez uma pilha no interior do armário.
Eu me senti envergonhada por pensar mal dele com tanta facilidade.
Hunter não me machucaria daquela forma. Ele era passional. Agia no calor do momento, cegado por emoções. Transava com quem quisesse, distribuía socos se estivesse a fim. Poderia me machucar de vários jeitos, mas não assim. Ou pelo menos, era isso que eu queria acreditar.
Finalmente, o barulho do armário se fechando ecoou pelo corredor. Nós estávamos próximos. Havia menos de meio metro separando nossos corpos. Hunter puxou meu pulso para si outra uma vez e depositou a chave na palma da minha mão.
Ele não me soltou.
— Eu precisava saber se você estava bem — falava alto o suficiente para que apenas eu pudesse ouvi-lo.
Olhei para baixo, onde seus dedos brincavam com os meus em uma carícia tímida. Era a desculpa perfeita para evitar seu rosto.
— Já tem sua resposta — eu murmurei de volta — Pode ir agora.
Quando o encarei novamente, uma ruguinha de preocupação crescia entre suas sobrancelhas. Seus olhos azuis acompanharam a curva da minha boca, onde meu pequeno machucado se curava.
Hunter contornou meu queixo com delicadeza. Ele roçou os nós de seus dedos sobre minha pele castigada. Eu não resisti. Meus olhos se fecharam e aninhei meu rosto ao calor de sua mão.
— Me desculpe, April.
— Não foi sua culpa — meus ombros relaxavam aos poucos — Eu me distraí.
Por sorte, nada mais grave havia acontecido.
Já vi acidentes menores causarem estragos piores.
— Não é sobre isso.
— Então é sobre o quê?
Seus dedos se enroscaram em meu cabelo úmido.
— Eu não consegui ficar longe, April — sussurrou — Você me pediu ontem a noite, mas eu não consegui.
Minhas costas encontraram o armário.
Por que ele continuava a repetir meu nome daquele jeito?
Suas mãos seguravam meu cabelo e seu corpo se inclinou contra o meu. Eu não podia confiar em mim mesma respirando tão perto de sua boca. Era perigoso. Bastava um simples toque para acender minha curiosidade.
Eu o queria tanto que feria meu orgulho e contrariava meu bom senso.
— Eu prometi a mim mesmo que te daria espaço — ele murmurou, seus olhos azuis perdidos em minhas feições — Que esperaria até você me procurar de novo.
Eu queria odiá-lo. Era egoísta da minha parte, mas eu desejava isso. Preferia me agarrar a algo ruim do que lidar com aquilo que estava na minha frente. Seu cheiro me intoxicava, confundia meu julgamento e fazia minha cabeça girar.
— Mas eu não... — sua voz descarrilou no silêncio.
Quem eu estava tentando enganar?
No fundo, eu estava tão infeliz que aceitaria qualquer coisa que ele me desse. Poderia gritar em plenos pulmões as palavras mais dolorosas e insensíveis, mas eu estava cansada e meu corpo pedia alívio.
Quando achei que precisaria implorar, Hunter capturou meu rosto em suas mãos e se inclinou para mim. Ele me respirou, afundando seus dedos no meu cabelo. Juntou nossas bocas e deslizou sua língua quente contra a minha. Ele me beijou. Primeiro cheio de avidez, depois lento e desejoso. Eu o correspondi na mesma intensidade, desesperada. Esqueci as brigas idiotas e rixas infantis, esqueci até mesmo onde estávamos. Tudo que existia estava ao alcance dos meus dedos.
Não demorou muito para o beijo sair do controle. Uma de suas mãos agarrou minha coxa direita e a trouxe para sua cintura. Nós ofegamos. Seu quadril, coberto por uma bermuda de futebol, roçou contra o meu, deixando pouco espaço para a imaginação. Bendita hora para estar de saia. Meus dedos se afundaram em seu cabelo curto e o puxaram para perto.
Precisava tê-lo, desesperadamente.
Hunter me apertou e dessa vez um gemido de dor subiu por minha garganta. Eu recuei de seu toque por reflexo, machucada. Havia um hematoma crescendo bem ali, na lateral de minha perna, consequência do treino desastroso. Era de se esperar que algumas marcas e ferimentos ficassem para trás.
— Desculpe — murmurou.
Em resposta, eu meneei a cabeça. Enquanto sua boca estivesse na minha, nada daquilo tinha importância.
Quando me inclinei para beijá-lo de novo, Hunter se afastou. Ele piscou demoradamente, parecendo confuso com seus próprios pensamentos. Liberou minha perna do aperto e a pousei no chão.
— Não — murmurou sem fôlego — Merda. Eu não posso. Isso foi um erro.
Até juntar palavras era difícil.
— Como assim?
— Você não vai gostar do que eu pretendo fazer, April — Hunter franzia a testa, seus olhos fechados com força. Ao mesmo tempo que tentava se recompor, ele se repreendia.
Meu coração pulava no peito com força.
— O que você vai fazer?
— Alguém precisa pará-la.
Precisei de meio segundo para entender.
— Não, Hunter — disparei, irritada — Você não vai se meter entre eu e a Lexie. Isso não é assunto seu. Não é da sua conta.
Eu enxerguei vermelho.
Não sabia o que mais me irritava: Hunter se intrometendo na minha vida ou o fato dele ter arruinado nossa sessão de amassos para me contar esse absurdo.
Que bela hora para lembrar dos seus princípios, seu babaca.
Hunter riu, embora não houvesse graça alguma.
— Acredite em mim, April — seus lábios ainda estavam inchados do beijo — Isso tem mais a ver comigo do que com você.
— Fique fora disso — insisti, ríspida.
— Lexie foi longe demais.
— Não.
— Uma palavra minha e ela para.
Tão prepotente.
— Eu já disse que não, Hunter.
Naquele corredor tão vazio, minha voz se tornava cada vez mais alta.
Mesmo assim, ele não me ouvia.
— Você acha que eu gosto de te ver assim? — Hunter me lançou um olhar acusatório e dessa vez nós dois perdemos a paciência — Se jogando no chão, coberta de lama? Acha que eu não sei o que está acontecendo? Enquanto Lexie te desafiar, você vai continuar resistindo porque é teimosa como o inferno...
— Para — rosnei.
—... E as humilhações não vão parar. Eu só lamento que você tenha que fazer isso tudo para se sentir aceita.
Ergui minha mão.
Nós dois sabíamos o que estava prestes a acontecer, mas Hunter segurou meu pulso antes que eu fizesse algo que pudesse me arrepender. Quando me encarou de novo, seus olhos estavam lívidos. Eu queria me soltar, mas seu corpo me prendeu contra o armário.
— Me deixa ir — vociferei.
Ele sorriu, zombeteiro.
— Princesa, se você usasse metade da sua fúria sobre as pessoas certas, nós não estaríamos tendo essa conversa.
— O que eu faço não te diz respeito.
Seu rosto estava a centímetros do meu. Eu tentava me afastar, mas Hunter não deixava. Ele sabia que eu meteria um soco em seu peito na primeira oportunidade que surgisse.
— Eu me importo com você — suas íris azuis faiscavam para mim — Porra. Era isso que você queria ouvir, garota? Porque eu...
Não o deixei continuar.
— Não, Hunter — rosnei — Você quer controlar minha vida. Acha que eu preciso de proteção. Mas eu não sou fraca. Eu não sou estúpida. Eu posso fazer isso.
Merda.
As palavras jorraram da minha boca antes que eu pudesse impedi-las. Ódio e ressentimento fervilhavam no meu interior desde mais cedo, procurando por uma maneira de sair. Eu estava surpresa, mas não dei para trás. Ele também não.
Inferno. O som de sua respiração descompassada me deixava louca. Fazia todo tipo de memória impura vir a tona.
Nós nos encaramos por vários segundos. Ambos sem ar, próximos demais. Seus olhos miraram os seus e depois desceram para minha boca entreaberta.
— Isso é loucura — suas mãos seguraram meu rosto — Você é teimosa. Teimosa, April. Nunca escuta o que eu digo.
Hunter não esperou pelo momento perfeito. Ele apenas pressionou seus lábios nos meus e roubou meu fôlego. Não tive forças para lutar. Sua boca devorava a minha e eu o correspondia com a mesma intensidade. Era um beijo venoso. Entorpecia meus sentidos e queimava minha pele como febre. Eu estava intoxicada por ele, entregue aos seus toques.
Minhas pernas se entrelaçaram ao redor de sua cintura. Eu o atacava com fervor. Queria me vingar. Descontar minha ira em seus ombros e braços fortes. Arrastava meus dentes pelo seu pescoço e deslizava minha língua sobre sua pele arrepiada. Ele não me escaparia dessa vez.
Hunter sabia exatamente o que fazer para me desarmar. Ele trapaceou, como sempre. Seus dedos percorreram o interior de minhas coxas e seus lábios procuraram os meus. Ele deslizava seu polegar sobre minha calcinha em uma carícia lenta, se aventurando pela minha umidade. Eu arfei. Minha saia subia cada vez mais, mas Hunter não pareceu se dar conta.
Foda-se.
Eu precisava de sexo. Minha boceta falava mais alto que meu orgulho.
— Um quarto — a súplica escapou misturada a respiração.
Ele olhou ao redor, nervoso.
— Sala?
Assenti para sua sugestão, me contorcendo sob seus toques. Um sorriso moleque surgiu em seu rosto enquanto eu descia de sua cintura e ajeitava minha saia.
Idiota.
Por mim, desde que tivesse uma tranca, qualquer espaço com quatro paredes e uma porta serviria.
Hunter pareceu ter uma ideia. Ele agarrou minha mochila do chão e seguiu até o final do corredor, onde escolheu uma sala. Eu fui atrás sem hesitar. Meu sangue fervia por alívio.
Não escondi meu desagrado quando entrei.
— "Clube de oração"? — gesticulei para os cartazes motivacionais colados nas paredes — Bastante apropriado.
Hunter sorriu para mim, ainda arfante.
— Aula de saúde — ele me corrigiu, deixando minha mochila em cima de uma cadeira — Terças e quintas.
Eu franzi o cenho sem saber o que fazer com essa informação.
Ok?
Havia um sorrisinho cretino em seus lábios. Ele se aproximou com cautela e eu dei um passo para trás, só por precaução. Minhas pernas atingiram a aresta de uma mesa e eu me sentei sobre a beirada, sem ter para onde fugir. Assim que parou na minha frente, Hunter apontou com o queixo algo à minha direita.
Uma tigela cheia de preservativos.
Minhas bochechas esquentaram.
— Ah.
Foi tudo que consegui dizer.
Quando me voltei para Hunter, a curiosidade me traiu. O contorno de sua ereção estava marcado pela bermuda do time de futebol. Ele não me deixou encarar por muito tempo: segurou meu queixo e o puxou gentilmente para cima.
— Se a situação fosse diferente, eu foderia essa sua boquinha linda até a garganta e esporraria no seu rosto — seu polegar acompanhou a curva da minha bochecha, desenhando um traço invisível sobre minha pele — Mas eu quero te comer do jeito que você merece.
Suas palavras pulsaram no meio das minhas pernas.
— Eu vou cobrar sua promessa, Campbell.
Ele assentiu com malícia crepitando em suas pupilas dilatadas.
— Acho que não vão sentir falta se pegarmos alguns preservativos para nós.
Não tive tempo para responder. Hunter me segurou pelos joelhos e me ajudou a sentar direito sobre a mesa, dessa vez aberta para ele. Suas íris azuis devoraram meu corpo e pararam no interior das minhas pernas. De onde estava, Campbell tinha uma boa visão da minha lingerie de renda branca.
Um sorriso malicioso se espalhou por meus lábios. Me livrei do casaco. Estava prestes a começar mais uma rodada de provocações quando ele me interrompeu:
— Pode tirá-la.
Eu ri e o puxei pela camisa, ansiosa para tê-lo perto.
Hunter não saiu do lugar. Ele falava sério. Queria que eu cedesse ao seu pedido. Estava escrito em cada linha de seu corpo. Seus músculos retesados acumulavam tensão e seus olhos brilhavam para mim. O interior das minhas coxas derreteu um pouco mais. Aquela postura autoritária era nova. Não resisti. Engatei meus dedos nas laterais da peça íntima e a deslizei por minhas pernas devagar.
Depositei o tecido rendado sobre a mesa.
— Eu te quero nua, April — ele esclareceu.
Um gancho delicioso se afundou entre as minhas pernas. Eu juntei as coxas, escorregadias de tão molhadas. Quase imediatamente a camisa começou a pegar fogo sobre minha pele. Meus dedos trabalharam contra os botões, tirando um por um de suas casas. Cada centímetro que nos separava vibrava com luxúria.
Eu me movia tão rápido quanto podia. Queria tocá-lo. Fazê-lo sentir prazer. Descer minha língua por seu corpo e provar sua pele salgada.
— O sutiã também.
Um sorriso sujo cresceu nos lábios de Hunter e eu arremessei minha camisa desabotoada contra seu peito.
Minhas mãos seguiram para o fecho. As alças deslizaram sobre meus ombros e caíram sobre meus braços. Hunter observou a peça delicada descer pela minha pele como se estivesse pronto para largar tudo e me comer em cima da mesa. Eu estremeci. Tinha me esquecido como era poderosa a sensação de me sentir desejada por ele.
Finalmente, deixei o sutiã rendado sobre a mesa e meus seios estavam expostos para o mundo. Resisti ao impulso de me cobrir. Não era hora para sentir vergonha.
Hunter se aproximou sem dizer uma palavra. Seu olhar faminto viajou pela minha nudez e pousou sobre minhas pernas.
— A saia não — insisti.
Aquele pedaço de pano era minha única proteção contra a mesa e eu não estava tão confiante sobre transar na escola. Com a nossa sorte, a qualquer momento poderíamos ser pegos.
Hunter deve ter sentido meu nervosismo. Ele arrastou seu nariz pelo meu pescoço e eu perdi o controle sobre a minha respiração. Escorreguei até a extremidade da mesa e inclinei meu corpo para alcançá-lo. Me toque, eu queria pedir. Seus lábios trilharam um caminho pecaminoso sobre meu colo enquanto suas mãos experientes erguiam meus joelhos. Eu gemi alto quando um de meus mamilos foi parar em sua boca. Sua língua molhada circulava o cume do meu peito e me provava com movimentos lentos, umedecendo minha carne.
Eu me agarrei a seus ombros como se pudesse cair.
— Mais baixo, amor — ele me repreendeu sem me soltar.
Seus dentes rasparam na minha pele e mordiscaram de leve o bico intumescido. Eu devolvi a carícia afundando meus dedos em seu cabelo. Minhas pernas abraçaram sua cintura e o puxaram para perto. Estava desesperada por contato em uma parte negligenciada até agora. Como se ouvisse minhas preces, Hunter escorregou dois dedos pela minha excitação, sem me penetrar. Uma lamúria baixa escapou dos meus lábios. Eu estava encharcada e, para piorar, sua voz pingava malícia:
— Você gosta assim, princesa? — sua respiração era pesada.
Ele aumentou a pressão sobre o meu clitóris e eu arfei. Seu polegar me massageava em círculos precisos. Eu me contorcia de prazer ao redor de sua mão. Hunter adorava os sons que saíam da minha boca. Ele chupava meus seios, excitado. Seus dedos deslizaram sobre meu sexo e passaram a me provocar em uma cadência deliciosa.
— Diga meu nome outra uma vez.
O quê?
Meus olhos se abriram e, de repente, eu me dei conta de que algo estava errado. Enquanto eu estava praticamente nua, Hunter vestia roupas demais.
— Tire — quase engasguei com as palavras, agarrando um punhado de sua blusa.
O tecido subiu até seus ombros largos e sua camisa foi parar longe. Em questão de segundos, suas mãos estavam sobre mim de novo.
— Ontem. Você, naquele biquíni — riu curto, próximo ao meu ouvido, e eu estremeci — Eu estava louco para te colocar na boca.
Hunter abocanhou o outro mamilo e pressionou seu volume rígido contra minha coxa. Ofeguei. Aquilo não podia ficar assim. Eu não aguentava mais esperar. Minhas unhas roçaram sobre seu abdômen nu e fizeram um caminho conhecido até a barra de sua bermuda. Seu corpo recuou em reflexo, mas eu não o deixei escapar. Deslizei minhas mãos para dentro de sua cueca e Hunter perdeu o fôlego. Ele quase engasgou em um dos meus seios quando envolvi sua rigidez. Comecei a estimulá-lo da glande até a base em um vai e vem lento, cheio de cobiça.
— Cacete — Hunter grunhiu em prazer. Teve que me soltar para se ajustar à nova posição. Nossos rostos ficaram no mesmo nível. Seus olhos estavam fechados e sua respiração batia em meu pescoço como um sopro.
Ele encostou a testa na minha. Só então me dei conta de que minha raiva ainda não havia passado.
— Não deveria ser tão fácil — minha voz não passava de um sussurro.
Queria puni-lo. Por não confiar em mim e por não ler as entrelinhas. Fodam-se as regras. Hunter não deveria ter beijado outra pessoa. Sexo comigo deveria bastar. Por mais confusa que a situação fosse, parte de mim estava envenenada com ciúmes e eu odiava isso.
Por que ele sempre agia como se fosse obcecado por mim e depois fodia tudo?
Hunter não sorria. Seus dedos subiram pela minha perna e encontraram o interior das minhas coxas novamente. Eu gemi. Ele puxou meu lábio inferior com os dentes e eu avancei para um beijo. Não conseguimos ir muito longe. Eu mal respirava. Meu pulmão expulsava o ar como se eu corresse uma maratona. Uma camada de suor começava se formar sobre minha pele enquanto seus dedos me atiçavam sem parar.
— Amor — ele soprou rouco, cheio de malícia — Você estava louca para me dar.
Seus olhos azuis estavam fixos em mim, esperando por uma confissão. Hunter suava, assim como eu. A vermelhidão subia pelo seu pescoço e chegava até as maçãs de seu rosto. Ele ofegava. Seu cabelo escuro estava despenteado graças a mim. Absurdamente lindo.
— Não, Hunter — uma risada áspera me escapou misturada ao fôlego — Eu estava louca para dar.
Tem diferença, amor.
Deixei que a imaginação dele fluísse um pouco.
Era sempre bom desestabilizar seu ego.
Minha mão livre tateou a mesa às cegas. Porra, precisava estar em algum lugar por ali. Meus dedos esbarraram na tigela dos preservativos. Bingo. Alguns pacotinhos caíram pelo chão, outros se espalharam sobre o tampo. Por enquanto, um só bastava.
— Dar para mim — ele corrigiu, seus olhos azuis e penetrantes atados aos meus.
Os músculos da minha pélvis se contraíram.
Sexo mexia com as nossas cabeças. Fazia de nós criaturas movidas por instintos. Deixava Hunter possessivo, exigente. Não eram raras as ocasiões em que sua personalidade dominante dava as caras. Era delicioso observar aquela expressão dura tomar seu rosto.
Ao invés de concordar, apenas entreguei a embalagem quadrada em sua mão. Ele abriu com os dentes e eu o ajudei a abaixar a bermuda do futebol.
— Eu não ficaria tão convencida se estivesse no seu lugar, Campbell.
Queria lembrá-lo do quanto estava irritada. Que ele era substituível e que poderia trocá-lo quando quisesse.
O desgraçado passou a língua pelos lábios.
— Eu tenho vários motivos para ser convencido, linda — ele desceu a cueca boxer por suas coxas e seu músculo rígido saltou para fora.
Não consegui responder.
Hunter desenrolou o látex sobre o comprimento e enquanto meu útero se revirava em antecipação. Ele me comeria exatamente como eu precisava: forte e duro. Céus. Quanta tensão um corpo poderia acumular em tão pouco tempo? Parecia fazer meses desde a última vez em que tive sua pele suada contra a minha.
Seus dedos se embrenharam no meu couro cabeludo e ele me trouxe para perto com um puxão firme, mas gentil. Minha visão escureceu. Quando encarei Hunter novamente, um sorriso imoral brincava em seus lábios. Eu quis lambê-lo.
— Tudo bem, princesa? — ele se posicionou na minha entrada, distribuindo batidinhas na minha umidade — Você parece um pouco sem fôlego.
— Cala a boca — eu arfei, trazendo-o para perto de mim.
Sua risada foi rouca e sacana.
— Com prazer.
Hunter alinhou nossos quadris e deslizou seu membro rijo para dentro. Não havia atrito. Eu estava molhada e o recebia centímetro por centímetro, quente e desejosa. Uma exclamação muda escapou dos meus lábios enquanto eu sentia sua extensão me rasgar. Seus dedos se enroscaram mais fundo em meus cabelos e intensificaram o aperto exigente. Ele tinha os olhos azuis cravados no meu rosto, devorando meu prazer. Esperou me preencher por inteiro para dar início seus movimentos lentos e precisos, testando minha carne. Meus mamilos roçavam em seu tórax, presos em um eterno vai e vem. Minhas mãos se agarraram a seu corpo e minhas unhas se afundaram em sua pele. A mesa debaixo de mim acompanhava cada investida, se arrastando contra o chão.
Se continuássemos naquela cadência deliciosa, o orgasmo chegaria rápido.
— Está mais calma, amor? — Hunter me puxou pelo cabelo. Sua rigidez escorregava para dentro de mim, me tomando sem pressa. Cada vez mais fundo. Ele queria ouvir a palavra sair da minha boca.
— Cretino — ofeguei.
Campbell conseguiu rir. Sugou meu lábio inferior e cobriu minha boca com a dele. Me provou com sede, em um beijo que se desfez em gemidos. Até respirar era difícil. Hunter arrastou seus dentes de leve na curva do meu pescoço. Uma de suas mãos me manteve próxima a seu corpo enquanto a outra descia até meu clitóris.
Céus.
Se havia algo que fazíamos melhor do que brigar, isso com certeza era sexo.
— Rápido — pedi.
Hunter entrava e saía com gosto. Seus dedos se esfregavam ao meu clitóris, cheios de ganância. Eram tantos estímulos que eu achei que pudesse morrer. Enterrei meu rosto em seu ombro, inebriada com o cheiro de sexo e suor. Ele se afundava em mim e pressionava todos os lugares certos. A tensão deliciosa em meu útero beirava o insuportável. Eu alcançaria o clímax a qualquer momento.
Ele avançou para o pé do meu ouvido e puxou o lóbulo entre os dentes:
— Melhor assim? — grunhiu, sem fôlego.
— Hunter — seu nome era como uma prece — Meu deus. Não para.
Eu estava prestes a perder a razão. Meu corpo inteiro vibrava sob seus toques. Hunter prolongou suas investidas vigorosas e eu resisti a suas estocadas. Minhas pernas tremiam entrelaçadas a sua cintura. Ele me guiou até o orgasmo, movendo seu quadril contra o meu. Eu gozei, sentindo sua rigidez pulsar dentro de mim. Me dissolvi em prazer, gemendo seu nome. Hunter me puxou para um beijo e eu o correspondi como pude. Meu pulmão implorava por ar. Fora um orgasmo poderoso. Irrompeu do fundo do meu âmago e atravessou minha carne. Nós suávamos. Minhas coxas estavam meladas com lubrificação natural. Suas mãos se demoraram pela minha pele enquanto eu me recuperava.
Por um breve momento, pude ouvir apenas o som de nossas respirações arfantes. Seu nariz estava afundado no meu couro cabeludo e minha testa repousava contra seu ombro. Subi meus lábios por seu peito até alcançar a clavícula.
— Por que parou? — perguntei assim que me senti pronta. Ele estava duro entre minhas coxas e eu não tinha pressa para expulsá-lo dali. Arrastei minha língua pela curva de seu pescoço e provei sua pele salgada. Era tão gostoso tê-lo perto de mim daquele jeito. Íntimo e despudorado.
Seu peito vibrou em uma risada rouca:
— Você é insaciável.
Nós trocamos um olhar. Ele me tinha em seus braços, seminua e coberta de suor. Nossos corações batiam disparados, desesperados por mais. Hunter largou da minha cintura e me segurou pelos pulsos. Me puxou até a beirada da mesa, meus braços espremidos entre nossos corpos, pressionados contra meus seios. O aperto não cedeu. Seus olhos estavam presos aos meus, tão profundos que ameaçavam me engolir inteira.
— Eu quero tentar uma coisa — murmurou.
Eu assenti, mesmo sem pista alguma do que aquilo poderia significar.
Hunter observou meu rosto em silêncio. Seus dedos percorreram meus antebraços com cuidado e se fecharam em volta dos meus pulsos de novo. Não me machucavam. Era bom. Nós estávamos colados um ao outro, nariz contra nariz. Ele afastou seu quadril para se encaixar na minha entrada e me invadiu de uma vez só. Forte. Eu gemi. Meus lábios procuraram os seus, mas Hunter se afastou. Nossas bocas mal se tocavam. Ele queria ouvir meus suspiros e lamúrias torturadas. Seu membro rijo deslizou pela minha umidade de novo e um arquejo escapou pela minha boca. Minhas costas se arquearam enquanto eu inclinava meu corpo para ele. Seus dentes subiram pelo meu ombro e morderam meu pescoço de leve. Hunter começou a estocar sem dó. Suas mãos me seguravam parada enquanto ele me fodia. Eu recebi cada uma de suas investidas ferozes, sentindo a mesa envergar debaixo de mim.
— Ai, meu deus... — ofeguei.
Eu cravei minhas unhas no interior das minhas mãos e meu corpo inteiro vibrava, preenchido por ele. Desejo lambia minha pele como fogo.
Quando voltei a encará-lo, nossos rostos estavam próximos. Hunter tinha olhos estreitos em frestas e o queixo travado em concentração. Suas mãos me mantinham perto. Ele depositou um aperto gentil sobre meus pulsos e soube que não faltava muito para atingir o orgasmo. Sua rigidez escorregava na minha carne molhada, firme e fundo. Meus músculos se contraíram ao seu redor.
— Puta merda, April — seu maxilar se moveu debaixo da pele e suas íris azuis sumiram debaixo das pálpebras.
Hunter cobriu meu corpo com o seu, me reivindicando com cada investida. Seus sussurros proibidos me conduziram em uma espiral de prazer. Eu me juntei a ele. Eram palavras desconexas e suspiros desesperados. Seus lábios roçavam contra os meus e a pressão de seu beijo era quase inexistente. Estávamos embriagados pela urgência desenfreada que unia nossos corpos em um só. A libertação reverberou dentro de mim, nublando a minha mente. Hunter estocou mais algumas vezes e liberou um grunhido rouco.
— April.
O aperto em meus pulsos se foi. Meus braços estavam livres e tremiam como o resto de meu corpo. Eu me sentia pesada. Minhas mãos procuraram pelo calor de sua pele, subindo pelo seu abdômen. Hunter se livrou do preservativo usado, ainda trêmulo. Quando voltou ele espalhou beijos pelo meu pescoço e segurou meu torso nu contra si. Nós suspirávamos em contentamento, igualmente exaustos e satisfeitos. Nada superava aquela calmaria. Eu depositei meu peso sobre ele e me rendi a segurança de seu abraço.
O que nós estamos fazendo?
Sexo com Hunter me fazia completa. Isso tinha potencial para ser desastroso e assustador. Um erro tremendo que eu deveria evitar a todo custo, mas não conseguia lembrar o porquê. Minha mente não trabalhava direito. Eu tinha muitas convicções, mas não conseguia citar nenhuma delas. Naquele momento, eu queria esquecer a lucidez e o medo. Ignorar o mundo que existia fora daquela sala e curtir o barato do orgasmo que abandonava meu organismo aos poucos.
No entanto, a paz não durou muito. Talvez eu tivesse experimentado menos de um minuto de sossego antes de Hunter interromper meus pensamentos:
— Nós precisamos ir — sua voz raspou nos meus ouvidos como veludo — Todo mundo já deve ter ido embora, mas ainda podemos esbarrar com o pessoal da limpeza. É melhor não fazermos muito barulho.
Quase ri.
— Você quer dizer, mais barulho do que a gente já fez?
Nossos corpos se uniam em um emaranhado de pernas e braços. Estávamos tão próximos quanto podíamos, agarrados um ao outro. O par de mãos posicionado firme na minha cintura era o que me impedia de cair da mesa.
Sua risada me arrepiou.
Apesar do aviso, Hunter não demonstrou sinais de que se moveria tão cedo. Ainda respirava alto e parecia tão cansado quanto eu. Não esperei por sua iniciativa. Me libertei de seu abraço desengonçado e alcancei a alça do meu sutiã, abandonado sobre a mesa. Campbell se afastou para buscar a camisa, mas seus olhos permaneceram em mim.
No momento em que pousei meus pés sobre o chão, um estalar abafado rompeu o silêncio. O som vinha de algum lugar atrás de mim e reverberava dentro da sala como um trovão. Foi um ruído longo e horrível, seguido pelo ruir da mesa, que perdera o apoio de um dos pés. A madeira havia se partido graças ao nosso peso e aos impulsos desesperados.
Do outro lado da sala, Hunter assistia a tudo com uma expressão de puro horror.
Eu empalideci.
— Merda.
N/A: Olá, corujinhas da madrugada. Sei que vocês são as primeiras a ler, espero que estejam todas vivas e bem depois desse capítulo de reencontro. Agora me respondam uma coisa: o que vocês estão fazendo aqui ao invés de irem dormir??? ò.ó Sei que eu não respeito meu sono, mas vocês deveriam. Me preocupo com vcs kkkkk
Voltando a programação normal: senti muitas saudades de April e Hunter. Talvez eu reescreva essa cena restrita aí kkkkk Eu queria testar algo diferente e ao mesmo tempo fez sentido, mas acho que poderia ser mais curta.
O que vocês acharam? Estavam com saudades? Acham que a April deveria ter dado uma dura nele? O Hunter deveria ter agido diferente?
Espero que tenham gostado. Caso não, por favor, me falem tudo (porém abusando da gentileza sempre, sou sensível kkkk) porque é importante para o meu crescimento como autora escutar críticas.
Me avisem caso tenha bugs!!! Fiquei sabendo de pessoas que sequer conseguiam ver os capítulos novos e isso me deixou muito triste. Farei o possível para ajudar!
Bjinhos,
Babi
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