30 | Os ʀᴀɪᴏs [ᴇᴘɪ́ʟᴏɢᴏ]

  Kate Fuller

    SALEM SERIA ENTERRADA DAQUI ALGUMAS HORAS.

    Todos estavam melancólicos, alguns piores e outros mais contidos, segurando a própria dor para não desabarem na frente de todos.

    Por mais que tudo tivesse voltado ao normal, Richard recobrar a consciência do que fez foi o pior para aguentar. E por mais que Amaru não fosse mais eu, me culpava pelo o que ela fez Richie fazer.

    Lembro de que, depois de tudo ter acabado, Seth, Ranger Gonzalez e o Professor Tanner correram para voltar para Salem, rezando para que ela ainda estivesse viva. Mas eu percebi que Deus poderia ser cruel e matar alguém inocente. Não tão inocente, mas Salem havia salvado vidas — ela salvara a minha.

    Richie não aguentou quando viu o corpo mutilado e ensanguentado de Salem. Ela morrera numa posição estranhas e seus belos e claros olhos ainda estavam abertos, sangue pingava de sua boca.

    Ranger Gonzalez havia corrido com ela para o hospital, implorando aos médicos que a salvassem. Mas já era tarde e Salem fora decretada morta no mesmo instante.

    Ele ficara arrasado. Descobri o motivo logo: Salem seria a madrinha de sua filha.

    Todos perderam muito naquele inferno. Perdemos demais.

    O Professor Tanner e Santanico perderam sua melhor amiga. O Ranger Gonzalez perdeu a madrinha de sua filha. Burt perdeu uma amiga que depois ele revelara ser quase uma filha para ele.

    Até mesmo Scott estava abalado junto de mim, afinal, perdemos a única figura feminina que ainda tínhamos em nossas vidas.

    Seth perdeu sua cunhada e irmã. E Richie perdeu o amor da sua vida, amor cujo ele matou.

    O caixão de Salem estava posicionado na grama verde da base de uma montanha que cobria o Sol o suficiente para o culebras não pegarem fogo. Muitas pessoas estavam ali, todos nós vestindo preto em sinal de luto.

    Ao fundo, notei figuras diferentes com vestes parecidas demais com bruxas exatamente como Salem era. Eu estava sozinha ali, apenas analisando o corpo de Salem que parecia travado em dor, mas a maquiagem tentava esconder as feições rígidas,

    — Ela me ligou, sabia? — perguntou uma mulher, parando ao meu lado. — Alguns dias atrás. Salem me ligou pedindo desculpas por ter se afastado e dizendo que queria nos ver.

    — É a mãe dela? — perguntei, tentando ser delicada.

    — Me chamo Mary — disse ela. — E você é Kate Fuller. Salem me contou brevemente sobre vocês. Sobre todos vocês.

    Não soube o que falar, estranhando a atitude da mãe de Salem depois de tudo que descobri sobre o relacionamento difícil entre ela e os pais.

    — Salem não era uma psicopata, sabia? — perguntou, me pegando de surpresa. — Pagamos os psiquiatras para falarem isso e a internarem.    

    — Por que fizeram isso se sabiam o que ela era?

    — Porque Salem foi uma das maiores bruxas que já existiram e andaram nessa terra — respondeu Mary, fria. — Tive medo dela assim que nasceu. As outras bruxas também, todos temiam o que Salem poderia fazer.

    Assenti, absorvendo as palavras de Mary. Ao longe, vi todos os meus amigos mantendo uma conversa pesada e silenciosa, Richie sempre se mantendo afastado com um bracelete brilhante em mãos.

    — Aquele é um bracelete da eternidade — disse Mary, sinalizando para a joia nas mãos de Richie. — Ele o deu a Salem faz um tempo, mas ela devolveu a joia porque se sentiu traída. Ele prometeu um dia substituir o bracelete por um anel. É uma pena que nunca poderá fazê-lo.

    — Você fala como se a morte da sua própria filha fosse algo bom — falei, estranhando.

    — Quer a verdade, Kate? — perguntou ela, nem um pouco afetada. — Prefiro que Salem esteja morta do que viva.

    Neguei freneticamente, não acreditando naquelas más palavras.

    — Mas se ela ainda estivesse viva, as bruxas iriam atrás dela — continuou Mary. — E eu estaria na caçada à bruxa junto. Mas aproveite o restante do enterro, Kate. Talvez nos vejamos de novo.

    — O que quer dizer com isso? — indaguei.

    — Nunca ouviu as história? Para matar uma bruxa, você precisa queimá-la.

    Trovões ressoaram no céu e nuvens negras cobriram toda a montanha. Raios começaram a chegar cada vez mais perto. Algumas pessoas corriam, enquanto outras — as que deveria ser bruxas — assistiam pacificamente, como se esperassem que algo acontecesse.

    Então, um dos raios atingiu o caixão de Salem. Richie gritou seu nome, mas quando a luz forte desapareceu, não tinha nada ali.

    O corpo de Salem desapareceu, deixando apenas o caixão de madeira para trás.

    Fosse lá o que acontecera, pude jurar que ouvi uma risada maléfica no ar. E por Deus! Eu sabia de quem era aquela risada.

    Era da Salem.

07.12.20 — 09.04.21

Obrigada a todos que acompanharam Bulletproof até o fim. Obrigada por cada voto e comentário, eu leio todos.

Novamente, From Dusk Till Dawn não é uma série com muitas fanfics aqui na plataforma, por isso tenho orgulho de ter finalizado esta obra com tanto carinho e emoção.

Não esqueçam de me seguir para não perderem nenhuma novidade e, se puderem, deem uma passadinha no meu perfil para verem as outras obras que tenho porque são várias.

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