20 | Sᴀɴᴛᴀ Sᴀɴɢʀᴇ
— ALGUÉM AJUDA ELA! — pediu Scott, desesperado com a condição da irmã. — Salem, faz alguma coisa!
— Coloca pressão sobre a ferida, Scott — auxiliou Richard, tentando sair do aberto do culebra.
— Como? A bala atravessou!
— Então vai ter que transformá-la — sugeri, cética.
— Precisa deixá-la ir, Scott — disse Carlos.
— Cala a boca — mandou. — Cala a merda dessa boca!
— Não deixa ela morrer — pediu Richard. — Nem era para ela estar aqui.
— Eu deveria estar aqui sim — resmungou Kate, lutando contra a morte. — Era para eu salvar o Scott. Mas eu fiquei no caminho dos seus planos para ser o chefe. Seu babaca egoísta?
— Babaca egoísta? — repeti, ao lado de Aiden. — Isso é o máximo que consegue insultar alguém?
— Minha avó consegue fazer melhor — sussurrou Aiden ao meu lado, eu concordando.
Richard se livrou do aperto em seu pescoço, correndo para o lado de Kate ao tentar convencer Scott a transformá-la. Mas ela não queria isso, Kate nunca iria querer isso.
— Olha para você— mandou ela a Scott. — Tão cego pela própria ganância e agora quer me salvar? Você é fraco, vocês dois são fracos. Eu te dei tudo que eu podia, Scott, mas para quê?
— Kate, não faça isso — pediu Richard.
— Não existe mais amor, Richard, você matou Salem quando ela te amou — chorou. — Eu espero que você queime no inferno.
Finalmente, a menina Fuller deu seu último suspiro, passando dessa para melhor, indo para fosse lá onde sua bíblia acreditava que nossas almas iam quando morríamos.
— Eu deveria ter te matado quando tive a chance — rugiu Scott para Carlos.
— Você nunca teve chance, hijo — disse Carlos.
Scott, perturbado com a morte da irmã, tentou avanças nos culebras, mas Richard o segurou pelo braço, apontando a arma que tinha escondida na perna em direção a Carlos.
— Já não tínhamos passado das armas? — perguntou Carlos, zombando. — Já passamos, sim. Mas não aquele motor. Quer ver o sangue explodir?
— Você quer? — retrucou. — Vamos acabar com isso, então. Os culebras na parada de caminhões, o seu povo está faminto, apenas esperando para se alimentar da santa sangre. E você aparece de mãos vazias porque el blanquito não derrotou o Carlitos. Então, vá em frente.
Richard pensou bem, segundos depois jogando a própria arma em minha direção. Agarrei-a no ar, vendo que seu gatilho estava destravado.
— Preparem o petroleiro — mandou Carlos. — E, professor, prenda o Richard na frente. Quero que vejam o jefe se ajoelhando parenta o verdadeiro rei.
Mas um rei não é nada sem uma rainha, lembrei.
— Vamos passear — se divertiu Aiden, encarando um Richard descontente.
Mas era descontentamento, pelo contrário. Um corte se abriu sozinho em sua mão, um olho de verdade aparecendo pelo buraco na carne. Era assustador, eu nunca vi nada do tipo nos livros.
Richard levou a mão com olho a testa de Aiden, dando apenas uma ordem:
— Atire.
Aiden tropeçou para trás, caindo sobre mim que fui amparada por Carlos em uma espécie de efeito dominó. Enquanto isso, Richard fugiu em uma das motos ali ligadas. As metralhadoras mal conseguiram atingi-lo.
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O PETROLEIRO HAVIA EXPLODIDO EM FRENTE AO JACKNIFE JED'S. Os culebras que provaram da santa sangre entraram em frenesi no mesmo instante, atacando descontroladamente todos que estavam dentro do bar. Richard, por mais que fosse o chefe, não conseguia controlá-los. Em meio ao caos, assisti ele e Seth lutando contra aqueles animais descontrolados, o Ranger Golzalez também estava ali, de onde ele tinha vindo, eu não fazia ideia.
E eu, em meio ao caos, estava sentada em cima do balcão do bar, esperando qualquer coisa mais interessante do que aquela luta sangrenta. Todos os culebras que tentavam se atacar, acabavam mortos em uma barreira magica ao meu entorno.
Carlos parecia estar conseguindo derrotar os irmãos Gecko em uma luta mano a mano. Até que Santanico o distraiu, dando um brecha para Richard enfiar um estaca em seu coração. Estaca a qual ele retirou sem dor alguma.
— Por que ele não está queimando? — perguntou Seth, assustado.
— Eu derrotei o Labirinto e vejam o que recebi em troca — disse Carlos, caído no chão.
— Vamos queimá-lo — sugeriu Richard.
— Ele vai se curar mais rápido — negou Santanico.
— Que tal a moda antiga? — disse o xerife, cada um deles com uma lâmina em mãos.
— Eu prefiro a maneira de Kansas City.
Revirei os olhos, cansada da cena que faziam apenas para derrotá-lo.
Com um gesto de mãos, esmaguei o coração dos culebras que ali estavam sem controle, todos desaparecendo. Só então eles notaram minha presença. Santanico sorria, os outros impressionados. Mas a única reação que me importava era a de Richard e como ele duvidou de mim. Aquela era a hora de eu provar que era mais poderosa do que ele achava.
— Salem, por favor — implorou Carlos a mim.
Levantei as duas mãos, pequenas esferas de poder saindo de mim. Em um pensamento, levitei seu corpo, seus músculos e tendões se arrebentando enquanto desmembrei seus braços, pernas e, por último, sua cabeça.
A chuva de sangue chegara ao fim.
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FOI IRÔNICO QUANDO REALMENTE COMEÇOU A CHOVER. Junto com os primeiros raios de sol a água lavava o sangue derramado pelo asfalto lá fora.
O Ranger Golzalez tirava os humanos sobreviventes do bar enquanto Richard dava novas ordens aos culebras que restaram. Seth e Santanico estavam no subsolo, embalando os restos imortais de Carlos para que ela os espalhasse pelo mundo.
Eu estava sentada em cima do balcão de bebida, na mesma posição em que matei Carlos. Finalmente, eu havia tido coragem para ler todas as mensagens que meus pais me mandaram nos últimos meses. E foi como eu esperava, todas me mandando voltar para casa, que me perdoavam por fugir e que meu suposto noivo queria me ver. Meu estômago ficava cada vez mais embrulhado conforme eu as lia.
— O Jacknife está sob nova direção, mas funcionará com sempre — avisou Richard aos culebras. — Espalhem a notícia. Richard Gecko espera o tributo a tempo.
— El Rinche precisa morrer — resmungou um deles.
— Ele deixou você viver. Deveria agradecer — retrucou Richard.
— La bruja nos deixou viver — disse ele, todos me encarando enquanto eu fingia não notar o olhar.
Mas senti a movimentação atrás de mim. Seth servindo a si mesmo uma dose de tequila.
— Estou esperando — avisei, sussurrando.
— O quê? — meu olhar respondeu sua pergunta. — Sinto muito por não confiar em você a respeito da Sonja. Eu sou um idiota e você é incrível. Feliz?
— Não sabe o quanto — revirei os olhos.
— Quatro sacos prontinhos para serem despachados — disse ele mais alto para o irmão escutar..
— Obrigado — agradeceu Richard, amargurado. — Mas eu cuido disso.
— Ah, é? Você conseguiu tudo isso, hein?
— Consegui tudo isso e mais do que você conseguiu com seus golpes, irmão.
— Parece que tem grandes planos — debochou, se debruçando ao meu lado.
— E você se importa?
— Eu só vejo o fato de que tudo que o seu cabeção conseguiu foi metê-lo em confusão. E por mais que eu queira, não posso deixá-lo cair de outro penhasco.
— Eu vou ficar bem — garantiu Richard.
Então, Seth golpeou Richard, fazendo-o cair no chão bem onde a luz solar entrava, seu rosto começando a fritar. A cada nome era um soco. Kate. Tio Eddie. E o que mais me surpreendeu: Salem.
— Eu estou tentando enfiar juízo na sua cabeça — gritou Seth. — Porque toda fez que você age sozinho, acaba se ferrando. E o único jeito de sobrevivermos é se ficarmos juntos.
— Besteira!
— Dois Gecko são melhores do que um! Então fala para eles que o Jacknife é dos irmãos Gecko!
Com a dor do sol, Richard cedeu. Seth não perdeu tempo em levantar o irmão pelo colarinho da camisa.
— Vamos comandar juntos — disse Richard, recolocando os óculos.
— Alguém tem algum problema com isso? — exigiu saber Seth. — Pacificador? — chamou ao Ranger Golzalez.
— Eles queriam um Gecko no trono, agora conseguiram dois — deu de ombros. — Por mim tudo bem.
— Para onde você vai? — perguntou Seth.
— Para casa.
O Ranger pegou um ursinho da pequena loja de lembranças destruída na briga, o estudando.
— Quanto custa isso?
— Sete e cinquenta — respondeu Richard.
— É por conta da casa — disse Seth, quase socando o irmão mais uma vez.
Com isso, o Ranger Gonzalez se foi, me lançando um último sorriso antes de partir.
Suspirei alto e em bom som, descendo do balcão em um pulo. Os irmãos Gecko e os culebras me encararam, acompanhando cada passo estalado que o salto das minhas botas produzia.
Assim que fiz menção de abrir as portas, ouvi os passos atrás de mim, as culebras prestes a me seguir.
— La reina — sibilou um deles com respeito.
— Que merda é essa? — perguntei, sem entender.
— Um rei não é nada sem uma rainha — disse a outra.
— Ah, rainha errada então — comentei, querendo sair logo daqui. — Santanico deve estar por aqui ainda, ou sei lá. Ou Seth, sim! Ele ficaria com cara de rainha com um vestido.
— Você matou Carlos — disse outra. — Nos protegeu.
Encarei Seth, o Gecko mal sabendo o que fazer a respeito. Richard, ao lado do irmão, me encarando com expectativa, como se imploração para que aquela desculpa fosse o suficiente para me fazer ficar.
— Esqueçam isso — pedi, exausta. — Eu sou tudo, menos uma rainha.
— Pode ficar, se quiser — disse Richard, tomando coragem.
— Agora me quer ao seu lado? — ri com escárnio. — Só agora porque esmaguei milhares de uma só vez e desmembrei Carlos com meio pensamento? Eu acho que não, Richard.
Dei as costas, alcançando a porta.
— Ei, Salem — chamou-me Seth. — Planeja sumir por muito tempo?
— Estou pensando em Cancún neste exato momento — respondi, sorrindo maligna.
— Podemos conversar antes que vá embora? — pediu-me Richard, esperançoso.
— Você nunca teve tempo para conversar antes — respondi. — Mas me liguei quando o próximo apocalipse começar. Talvez eu venha.
— Estarei te esperando — garantiu.
Revirei os olhos, negando enquanto saia do Jacknife Jed's e deixava o calor do sol de proteger daquelas criaturas lá dentro.
A imortalidade era uma merda.
𝙉𝙊𝙏𝘼𝙎 𝙁𝙄𝙉𝘼𝙄𝙎:
Fim da Segunda Temporada.
Preparados para a
SEASON 3 ━━━━━━ INFERNO ?
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