— EM CERTAS CULTURAS, eles cortam fora a cabeça mensageiro que trás más notícias. Eu poupei o seu trabalho.

A sala de Amancio Malvado ficava embaixo do Jacknife Jed's, assim que Richard tinha descoberto. A sala era sombria e espaçosa, a mesa do grande chefão bem centralizada. E como Carlos disse, a cabeça de Narciso em cima do móvel.

— Você matou Narciso e destruiu o Twister — listou Malvado. — Só posso supor que veio pedir perdão.

— Eu ia dar a mínima, mas nem isso tenho para dar.

— Você levou 500 anos para fazer sua jogada. O que isso diz sobre você? Chegou aqui num barco de madeira com vermes em sua barriga. Eu nasci de um Deus.

— Mas eu tenho a sua atenção, não é? — perguntou Carlos.

— E eu vou ter o seu rosto — retrucou, logo me encarando. — E la bruja também.

— Usou el Rinche para conseguir a chave — continuou. — Eu usei el Rinche para conseguir o mapa.

— Leu as estrelas — concluiu.

— Encontrei o poço e imortalizei la bruja — concordou Carlos. — Agora, se quer aquelas mil almas, dê-me a chave. É o único modo para você entrar em El Rey.

Malvado nos encarou assustado, um olhar q eu conhecia bem.

— Sim, jefe, conheço seus planos de viajem. Quer deixar esse reino para sempre. Tem pouco tempo se quiser cumprir a profecia.

— Eu não acredito nisso.

— Eu também não creditada em bruxas — comentei. — Mas quem diria, eu sou uma. E eu duvido que os deuses vão deixá-lo sair dessa mesa sem ter alguém no comando. Precisa de um líder.

— E foi por isso que me colocou contra o Narciso — concluiu Carlos. — E, bem, eu ganhei. Você é o pochteca, mas é hora de fazer um acordo.

— Um acordo pode ser negociado, é claro — concordou.

— Eu lhe dou o que precisa, você me dá o que eu quero. É simples. Eu quero tudo. Enganei todos os Nove Lordes e você, eu mereço tudo isso. E quando isso for meu, vai haver uma nova era diferente de tudo que este mundo já viu.

Malvado rondou a nós dois, rindo alto.

— Justo quando pensei que não podia ser mais idiota.

— Me dê a chave ou não verá o paraíso — repetiu Carlos.

— La bruja — disse Malvado, me encarando. — Todo o poder que você terá com ela ao seu lado, Carlos. Pretende transforma-lá em sua prisioneira?

Sem que Malvado pudesse reagir, agarrei sua mão, usando meus mais aprimorados poderes e invadindo sua mente. Ah, as coisas que ele sabia... Quando o soltei, ele agonizava em dor.

— No chultún — falei, virando para Carlos. — Três andares para baixo.

O culebra não perdeu tempo em sair dali em direção as minhas coordenas.

— Você é diferente de tudo que já vi, Salem Leverne — sibilou Malvado. — Você será uma ótima Rainha, mas não a e Carlos.

— Fique quieto.

— O Gecko virá — me avisou. — Mas ele é fraco demais. O que eu fiz mexeu com a cabeça dele, bruja. Ele virá e se sentará no trono antes de Carlos. E você sabe disso.

— Sei, é claro que sei — concordei. — Mas sabe por que não vou tentar impedir? Porque eu quero ver o inferno sobre a Terra, Malvado. Carlos pode ter conseguido me imortalizar, mas se tem uma coisa que eu vou conseguir, será morrer, mesmo que eu tenha que levar vidas comigo.

━━━━━━

— NÃO PODE FORÇAR A BOMBA. Ela já está funcionando como previsto — disse Aiden, vendo a inquietação de Carlos.

— Está demorando muito — gritou ele de volta.

— Se forçar a bomba, vai estourar o motor. Isso aqui é solo sagrado, por Deus!

No topo da colina, eu fingia que não tinha visto Richard e Kate nos observando. Eu conseguia ouvir seus pensamentos, sabia que estavam esperando pelo momento perfeito para atirar.

Richard havia traído a todos.

E ali estava eu, apenas a última bruxa que andava por essas terras. Eu esperava, e esperava, e esperava. Na verdade, eu nem tinha mais ideia do que estava fazendo. Talvez fosse exatamente o que falei para Malvado, que eu queria morrer.

Ah, kate, sua idiota. Estava se suicidando ao caminhar até nós. Primeiramente, fingi que não a vi, dando a ela e Scott alguns minutos a sós. Só então falei para Carlos que ela estava ali, ele instantaneamente nos levando até Scott e Kate.

— Fala para eles o que me contou — pediu Scott a ela.

— Estão sendo enganados — disse ela, correndo. — Se não parar essa bomba, Malvado e Richie triunfarão.

— Richard? Repetiu Carlos, com raiva.

No mesmo instante, as duas culebras de Aiden foram atingidas por balas. Descendo a colina, ali estava o mais puro Richard Gecko com uma metralhadora e mãos, matando todos os culebras que entravam em sua mira.

Até que seus olhos congelaram em mim depois de dias sem me ver. É claro, eu estava fugindo dele e de Seth depois do último encontro. Essa distração foi o bastante para retirarem a arma de suas mãos e usarem-na contra ele mesmo. Carlos foi rápido em prender Kate e apontar a própria arma para a garota assustada e ingênua.

— Eu me perguntou, Richard, o que o Malvado de ofereceu? — disse Carlos, atento.

— Ele não me ofereceu porra nenhuma — respondeu. — Ele deu para mim. Pode deixar a garota ir, ela não faz parte disso.

— Todos fazemos parte disso.

— Só estamos nessa a passeio — disse Aiden, interrompendo os olhares mortais. — Eu e a Salemzinha aqui. Somos a dupla de anti-super-heróis.

Para provocá-los com nossas besteiras, trocamos um bate-aqui, Richard indignado com a minha presença em meio ao caos.

— Se parar a bomba, podemos negociar como homens — propôs ele.

— Não somos homens, cabrón — negou Carlos. — E se negociar significar atirar em mim e levar tudo, eu passo. Então, o que ele te ofereceu? Além do poço. Sabemos que traiu à todos, Richard, mas pelo o quê?

— Se terminar de bombear, o Malvado vai ter tudo que ele quer — disse Kate. — Esse sangue não pertence a ninguém. Pertence a culebras como o Scott.

— Ela está certa sobre isso — concordou Richard. — Ninguém terá nada, a menos que pare aquela bomba.

Em um ato heróico e de desespero, Kate empurrou Carlos para trás, tentando correr até a bomba para desengatá-la. Mas ela não conseguiu dar dois passos se quer. Uma bala estava então alojada em seu estômago, bala disparada por Carlos.

Os gritos de Richard e Scott não conseguiram pará-la a tempo. Garota tola, se sacrificando por uma causa maior.

Então uma segunda bala e o corpo de Kate Fuller caiu em uma posição estranha denunciando que estava morta e seu corpo já não passava de apenas um cadáver.

Mais um cadáver que, infelizmente, não era o meu.

𝙉𝙊𝙏𝘼𝙎 𝙁𝙄𝙉𝘼𝙄𝙎:

Mais um capítulo fresquinho.
Estamos quase chegando a 1K de view!
Obrigada por todos os votos e comentários.