17 | Aɴᴛɪ-sᴜᴘᴇʀ-ʜᴇʀᴏ́ɪs

RICHARD ABRIU A GARAGEM COM O CONTROLE. Ele acelerou com o Camaro para dentro, cantando os pneus.

De onde eu estava, com as costas apoiadas na cabeceira da cama, acompanhei sua figura saindo do carro furiosamente, vindo em minha direção.

— Você tinha só um trabalho, Salem — exclamou ele. — Aguentar um jantar e não irritá-lo.

— Você não sentiu ela como eu senti — me defendi. — Ela está escondendo alguma coisa.

— Ela não importa, caralho! — gritou ele. — O tio Eddie tem informações que podemos usar para entrar na operação do Malvado. Você tem ideia de quanto tempo pouparíamos? É claro que não — respondeu sozinho. — Não tem ideia porque está neurótica pela minha atenção. Fica só chorando por aí como uma criança de cinco anos! Porque graças a você, ao invés de estarmos próximos do nosso objetivo, teremos o dobro do trabalho. Nós precisamos daqueles planos.

— Então pegue-os — falei. — Você é um ladrão. Roube-os.

— Eu não vou fazer isso — disse ele, como se eu fosse louca.

— Por quê?

— Porque o Eddie é família.

— A família que disse que não precisava mais? — o lembrei. — Ou a família, nós dois, que disse que seríamos? A família que me prometeu? Era tudo mentira, não era?

Balancei a cabeça, sem acreditar a onde nossa relação perfeita havia chegado.

— Você ganhou, Richard — declarei, cansada. — Você me queria fora de jogo esse tempo todo. Espero que esteja feliz que finalmente o tenha conseguido.

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O SOL DO MEIO-DIA QUEIMAVA A MINHA CABEÇA. Não como um culebra, mas eu tinha certeza que se tirasse a jaqueta que me cobria, eu virar um camarão de tão vermelha que a minha pele ficaria.

Eu não fazia ideia de onde estava. Na verdade, o que me trouxera até ali fora um feitiço de rastreamento que aprimorei nos últimos dias. Eu estava em algum lugar desértico, aquele tipo de feitiço sendo acompanhado por um portal que de transportava de uma lugar para o outro. Por mais que eu tenha errado a localização algumas vezes, finalmente eu parecia ter acertado.

O pequeno trailer tinha uma espécie de toldo que cobria sua entrada. Bati na porta freneticamente, fazendo uma careta de nojo ao ouvir os gemidos que vinham dali de dentro.

— Já vai! Já vai! — gritou ele, logo abrindo a porta.

De trás de si, uma mulher pelada correu para pular em cima de mim. Tive um vislumbre de seus olhos amarelos florescente. Não perdi tempo em levantar a mão em um gesto o qual esmaguei meu coração sem tocar em seu corpo. A culebra recém transformada virando pó.

— Sério? — zombei. — Bancando o papa-anjo reprodutor.

— Qual é, Salem? Não pode me culpar. — O encarei descrente, esperando que me desse um motivo. — É novo.

— Novo? — repeti.

— Quando eu era garoto, eu perdi o meu pinto.

Caí em uma gargalhada alta, minha barriga já doendo de tanto rir enquanto Aiden me xingava em alto e bom som.

— Foi um acidente na hora H — tentou se justificar, apenas piorando a sua situação. — Por que acha que eu usei aquela pistola lá embaixo? Quem e que chama a si mesmo de Sex Machine? Eu estava compensando, Salem, já que quando me tornei um culebra, ele cresceu de volta... Você quer entrar?

— No seu abatedor? — brinquei. — Eu passo. Mas vim por outro motivo: quero saber sobre os títulos que estão faltando.

— Não sei do que está falando.

— E eu sei que você está mentindo — o informei, Tanner não conseguindo esconder a mentira com uma careta. — Eu sou uma bruxa, caso tenha esquecido. Uma bruxa que todas acham ser fraca, mas que na verdade sabe muito mais sobre o nosso mundo bizarro já que passa todos os dias cercada por grimórios de séculos atrás.

— Você lê mentes? — perguntou preocupado.

— Tenho visões quando durmo — respondi. — Consigo ver algumas coisas. E vi você, os títulos e um cara chamado Narciso. E então? Vai me contar por boa vontade ou eu vou ter que arrancar a informação de você?

Aiden estava tentando a mentir novamente, mas fez a boa escolha em me contar o que estava acontecendo, sinalizando para que eu me sentasse no banquinho embaixo da cobertura do toldo.

— O os títulos que os Gecko roubaram formam um mapa — disse ele. — Mas estavam faltando quatro deles. E eu acho que os consegui de volta, tudo bem, mas o Narciso não sabe.

— E nem pode saber, não é? — perguntei, ele assentindo.

— Claro que não — negou. — Mas como é que chegou aqui, Salem? Eu achei que estava fora da vista de todos.

— Abri um portal, estou ficando melhor nos feitiços — falei. — E tive mais problemas com os irmãos Gecko.

— Ih — sibilou ele, afagando meu ombro. — Quer conversar a respeito?

— Seth acha que eu estou mentindo porque falei que a namorada dele é uma mentirosa e o Richard acha que eu sou indefesa e que é melhor eu ficar trancada em casa — revelei. — E bom, cá estou eu no meio de nada além de areia e cactos.

— Deveríamos formar uma dupla de anti-super-heróis — sugeriu ele, tentando me alegrar. — Seria uma péssima dupla, mas seria cômico.

— Usaríamos roupas combinando? — ri, enxugando uma lágrima.

— É claro — garantiu. — Mas e então? Quer encher a cara na tequila?

— Quero. Claro que quero.

𝙉𝙊𝙏𝘼𝙎 𝙁𝙄𝙉𝘼𝙄𝙎:

Atualização tardia, mas está aqui. E finalmente, minha semana parece ter sido tranquila. Obrigada pelos votos e comentários, até o próximo capítulo.

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