16 | Uᴍᴀ ᴄᴏɪsᴀ ᴅᴇ ʙʀᴜxᴀ
IGNOREI RICHARD QUANDO ELE me entendeu a mão para segurá-la. Eu ainda estava crava com ele, mas aquela faísca de raiva e desespero começava a se apagar aos poucos.
Assim que o manobrista levou o carro embora, analisei a chique entrada do restaurante onde deveríamos nos encontrar. O vestido vermelho com um fenda lateral me deixava estranha, não acostumada a usar aquele tido de vestimenta. Mesmo assim, eu me sentia poderosa, os olhos de Richard brilhavam quando eu o peguei me olhando.
— Não precisava ter vindo — sussurrou ele, parando ao meu lado. — Deveria ter ficado em casa descansando.
— Não preciso de descanso — neguei.
— Ninguém te culparia depois do que aconteceu, Salem — disse ele. — Sinto muito ter te trazido para isso.
Antes que Richard pudesse pedir desculpas mais uma vez, caminhei a sua frente em direção as portas do restaurante. Ele me alcançou segundos depois, segurando em minha mão conforme entrávamos e ele dizia a recepcionista que tínhamos um reserva.
Avistei Seth e sua suporta namorada algumas mesas a frente. Ela usava um vestido cora claro com brilhos, algo que julguei muito brega. Talvez fosse a cor ou o excesso de pedras, mas eu sabia que aquele não era um vestido de marca como o meu — vestido o qual Santanico me dera para aquela ocasião.
Mal sentados e nos cumprimentados quando um garçom veio até nós, nos cebendo no Char e perguntando se já tínhamos em mente o que gostaríamos de pedir.
— Vocês têm alguma pergunta sobre o menu?
— Não — respondeu Seth antes que todos. — Vou querer o filé de costela ao ponto, como tomate e cebola para acompanhar. E ela vai querer um filé com salada — pediu pela namorada.
— Eu não como carne — sussurrou ela a ele.
— O quê?
— Por favor, eu quero uma salada com aspargos cozidos ao vapor, e sem manteiga.
O garçom assentiu, tímido, logo virando para mim e Richard.
— E para vocês?
— Vamos dividir a bisteca, mal passada — falou Richard. — E batatas Lyonnaise.
— E querem salada para acompanhar?
— Vinho — respondi antes de Richard. — Seu tinto mais antigo.
O garçom, Todd, retirou os cardápios mal tocados da mesada, dizendo que logo voltaria e então se retirando. Richard não perdeu tempo em falar depois que estávamos sozinhos.
— Vamos ao que interessa. — Do bolso do terno, tirou um panfleto e o colocou na mesa. — Jacknife Jed's. É uma parada de caminhões e uma fachada para uma grande instalação dirigida por Amancio Malvado, que é, em outras palavras, o alvo. Por que estamos falando sobre isso? Porque se quisermos usar as informações do Eddie, precisamos trabalhar juntos. São os irmãos Gecko e ele, ou ninguém.Ainda temos que reconhecimento a fazer, mas o Malvado deve estar com a grana em algum esconderijo secular.
— Secular? — repetiu Sonja, a namorada de Seth.
— Figura de linguagem — menti. — Mas isso é inútil. Por que estamos discutindo isso com eles? — perguntei a Richard.
— Porque o Eddie falou para a gente comer e discutir — disse Seth. — É algo que ele aprendeu quando era um roadie. Sempre que a banda empacava, não conseguia um letra, eles paravam para comer e conseguiam. Costumávamos fazer o mesmo, Richie.
— Funciona — concordou o irmão.
— Mas não desta vez — informou. — São dois trabalhos. Você quer matar o chefe, nós queremos roubá-lo se ficarmos interessados.
— Uma morte e um assalto, tudo de uma vez.
— Faz sentido para mim — concordou Sonja.
— E eu vou participar dessa vez? — perguntei, me intrometendo. — Ou vai me trancar no galpão de novo? Quem sabe me tranque no banheiro dessa vez.
— Qual é, Salem — suspirou ele.
— Espera — pediu Sonja. — Seu nome é mesmo "Salem"? Como as bruxas de Salem?
— De bruxa ela tem tudo — murmurou Seth, recebendo um chute na canela por minha parte, um que eu disfarçou a dor. — Lugarzinho legal este aqui, não é? Todo estiloso. Sabe, é aqui que você traz alguém quando quer impressionar. Fazer com que acreditem que pode jogar, quando você não pode. Vai do Converse All-Stars para um Jordans? — perguntou ele a Richard.
— É uma aposta arriscada, mas já fizemos isso antes.
— E foi uma divisão de merda!
— Sem divisão! — exclamou Richard. — Não ligamos para o dinheiro... Não é tão difícil, Seth.
— O que?
— Ficam em segundo plano — respondeu. — Fiz isso a minha vida toda. — Richard virou para Sonja, ela o encarando com expectativa. — O Seth dirige os carros rápidos e eu faço o trabalho.
— Certo, por que todos nós não contamos até dez e tentamos nos ajudar? — sugeriu ela.
— Não precisamos da sua ajuda — falei a ela, desde o primeiro instante não indo com a sua cara. — Na verdade, ele só precisa de mim, mas seu ego machista impede seu cérebro de minhoca de aceitar o fato de que eu posso acabar com tudo isso em meio pensamento, não é mesmo, Richard?
— É mesmo, Richard — concordou Seth. — O que disse que acontece mesmo quando fica com fome?
— O que quer dizer? — perguntou ele, me evitando.
— Não quero ser mordido!
— Mordido? — repetiu Sonja. — Como assim "mordido"?
— Figura de linguagem — respondeu Richard, usando a mesma mentira mais uma vez.
— É o medo — falei, chamando atenção. — Engraçado como vocês correm como macaquinhos. Você acha que tenho medo do Malvado, Richard, mas não tenho. E sei onde ele está — minha declaração fez os Gecko me encararem. — Santanico me pediu para rastreá-lo e eu consegui, Agora é só entrar lá e matá-lo.
— Precisamos de um plano antes — declarou Richard.
— Mas não precisamos do seu irmão, sem ofenças Seth, e da sucia dele — afirmei.
— Sucia — repetiu ela. — Quem está chamando de sucia?
— Eles podem ser um boa distração — disse ele a mim, ignorando Sonja.
— Então somos uma distração — exclamou Seth, indignado. — O que foi que eu disse, Sonja? Animais, não queremos nos envolver com eles.
— Tá legal — suspirou Sonja, se levantando. — Esse animal aqui está com sede. Eu vou para o bar.
Não perdi um segundo depois que Sonja saiu. Me virei para Seth, minhas feições rígidas e sombrias.
— Ela está mentindo — afirmei. — Seja lá o que ela fez, mas está aprontando alguma.
— E agora você vê as coisas, Salem? — zombou.
— Não, eu sinto — o corrigi. — Uma coisa de bruxa.
— Coisa de bruxa! — exclamou, irritado.
— Como eu sei que vão me deixar de fora dessa operação porque acham que eu sou fraca, acredite no que quiser, Seth — falei, me levantando. — Mas não fique surpreso quando ela se revelar para você, está bem?
— Onde está indo? — perguntou Richard a mim. — Salem!
— Embora, Richard — respondi. — Eu nunca deveria ter vindo.
Então eu sai como um desesperada, sentindo as lágrimas de raiva quererem descer pelo meu rosto. E junto a noite, eu chorei.
Meu sangue fervia de raiva e eu não sabia como parar o que crescia dentro de mim.
𝙉𝙊𝙏𝘼𝙎 𝙁𝙄𝙉𝘼𝙄𝙎:
O que acharam?
Me senti não pela Salem.
Lembrem de votar e comentar, a próxima atualização sai na quinta.
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