Você Topa? - II
📌 Músicas da Playlist:
• Killer Queen - Queen
• Bad Guy - Billie Eilish
...
— Sei — voltei minhas íris para ele, perdida no assunto. — É cara... Não vai ser mole.
— Sim — suspirou fundo, um tanto entediado.
Olhei para os lados, estando na mesma condição, observei cada milímetro, agitada e curiosa do que estava a ocorrer. Notei uma janela à mercê da minha disposição, não é nada anormal querer vislumbrar as consequências, o ataque foi agressivo e compreender é o melhor que poderíamos fazer.
Krystal estava cansada, e sendo criança, com os gritos estava abalada, mesmo que pequena, desde que nascida poderia sentir tristeza. Ajustei tal na mesa, deitando-a na expansão, embora sendo desconfortável, era a única opção. Ignorei a curiosidade do rapaz, mesmo que entediado, ele estava apenas a refletir. Nada diferente de mim, eu acho.
— Cuida da Krystal pra mim?
— Magricela, caso não tenha visto, tem uma cadeira ali no canto — estendeu seu pé na mesa, esticando as pernas sonolentamente.
— Já vai começar com os apelidos? Pau pequeno — revirei os olhos.
Se ele não aceita, ele que se dane...
— Cala a boca, tábua desnutrida — abriu levemente seus olhos, enfurecendo-se.
— Você já olhou as suas pernas, japonês? — Me referi ao fato delas serem magras.
— Você às inveja? — Ergueu uma sobrancelha.
Que pessoa insuportável. Como eu vou sobreviver a essa merda se nem mesmo ele colabora?
— Enfim, deixe eu trabalhar! Não me atrapalhe — puxei a cadeira de rodinhas até a parede com a janela.
— Não se preocupe, há coisas mais interessantes para eu fazer. Observar é uma delas.
— Que seja... Playboyzinho — resmunguei, subindo na cadeira.
Apoiei meus dedos na superfície empoeirada da beira da janela, o pouco do avistado era o suficiente para ter noção. Aquilo era confundível com o inferno.
— O que foi? — Min perguntou.
— Venha ver, está pior do que eu imaginava! — Chamei-o, trazendo interesse a ele.
— Hm — com a cara carrancuda, levou uma outra cadeira próximo aquela parede.
— Não faça barulho, o som os atraí — alertei-o enquanto o mesmo subia na superfície.
— Sim — sussurrou em uma confirmação óbvia. — Mas que... Caralho.
Seus olhos fixaram-se em um grupo de infectados que corria atrás de um carro, eles estavam a fugir, tentando sobreviver, tudo indicava um pior estado até que levei minhas pupilas ao garoto, antes que visse a tragédia prevista.
— Está dentro do carro — comentou, guiando seu rosto na direção do veículo, logo, desviou-o para mim.
Afirmei com a cabeça, um tanto assustada, seu olhar penetrante me fez tremer; balanço-a novamente, desgostando da paisagem vista, e por decisão própria, troco de ocupação.
Desci da cadeira com pressa, contudo, as malditas rodinhas ameaçaram, seguiam para um outro lado e de forma bamba me encurralaram, abandonaram a trilha de meus pés e perdi o meu controle, deixei o equilíbrio e me levei aos subúrbios do concreto gélido. Barriga ao chão em uma queda silenciosa, todavia, drástica. Drástica por ele ter visto. Uma soldada ferida.
— Você está... bem? — Soltou um breve riso entre o seu olhar repugnante.
— Eu estou muito bem, agradecida pela sua preocupação! — Fui irônica. — Filho da puta — resmunguei.
— Concordo plenamente — rebaixou seu corpo ainda acima da cadeira, me encarando. — Não conseguiu amortecer a queda pela falta de bunda, certo?
— Vai se foder. E você que nem altura tem, quase te confundi com o Dunga, acredita?
— Jura? E eu quase te confundi com o Ranzinza, otária!
— Chora mais, babaca — provoquei-o, me levantando com certa dificuldade.
— Uma anãzinha revoltada num apocalipse, era isso que me faltava! — Revirou os olhos, cruzando os seus braços após sair do topo da cadeira.
— Vai limpar a sua bunda primeiro, idiota! — Segurei na gola do seu casaco.
— Vou limpar com a sua língua, já que gosta de lamber bosta, babaca.
— Olha quem fala — tirei a mão daquela região, empurrando-o levemente, fixando meu olhar no seu corpo um pouco desequilibrado.
— Não sabe levar na zoeira, isso que adianta provocar.
— Cala a boca, você é punheteiro, não tem direito para me julgar.
— Pare de tentar criar rivalidade, estamos aqui por sobrevivência, retardada — foi claro e direito. — Você vai morrer se não aceitar a minha ajuda.
— Então evite provocações, Min Yoongi, não sou do tipo que tolera isso — afirmei.
— Aprenda a tolerar, estamos num apocalipse.
— Playboy... — resmunguei, e tal apenas ignorou e modificou o rumo da conversa.
— Bom... precisamos tomar cuidado e sermos precavidos. Se houver mais vivos, haverá um resgate — foi lógico, em seguida, andando em círculos.
— Obviamente — encarei-o, percebendo um possível planejamento. — Qual é o seu plano?
— Vamos procurar coisas para nos defendermos. O que acha?
Concordei com a cabeça, ainda reflexiva, não poderíamos ficar parados à toa, morreríamos desse jeito. Em um breve silêncio olhamos cada canto, explorando os armários presentes, bagunçando-os devido à pressa.
Diversos remédios, diversas vacinas, e injeções medicinais, mas para o nosso azar, nada de grande utilidade. Avaliei as condições, averiguando tudo que havíamos. Além do meu, no bolso de Yoongi havia um celular, sem contar o computador apoiado na estante.
Tal continuava a procurar, mas o que achou — por muita sorte —, foi uma garrafa de vidro de algum medicamento; com muito cuidado, Min quebrou-a na base, utilizando de apoio o bico do reservatório. O mais velho em silêncio se aproximou da porta, não comentando nenhuma palavra.
— Fica aqui — disse ríspido, sendo idiota, curto e grosso.
— Não fico! Não fico mesmo, super-herói. Sua madame tem cartas na manga, inclusive, melhores que as suas — sussurrei, alterada com as suas palavras.
— Oi? — Min permaneceu confuso, se desfazendo da pose.
— Se toca! Temos celulares, um pc e câmeras. Não somos homens das cavernas, Min Yoongi.
— Qual é o plano então sabichona?
— A vadia aqui irá te vigiar pelas câmeras, já o telefone servirá para o contato — orientei ele sobre o meu plano. — Provavelmente há poucos zumbis, pois a cidade está sendo jantada.
— Sim — confirmou. — Continue.
— Tente achar aquele doutor, pegar as chaves dele e recuar. Deixarei a porta trancada para não corrermos riscos — expliquei. — Se conseguirmos as chaves, teremos acesso aos refrigeradores e mais armários.
— Concordo contigo — desbloqueou seu celular e o emprestou para mim. — E se você tentar me matar? Me trancar para o lado de fora não me parece difícil.
— Tá, e qual seria a graça disso? Se eu for te matar, que seja com as minhas próprias mãos — afirmei indignada, encarando-o por breves segundos, logo, salvando meu contato em seu celular.
Devolvi o seu telefone, ainda fixada nas suas íris escurecidas, e após perceber que estava a observá-lo, Min devolveu o seu olhar.
— O.k. — confirmou, guardando o seu smartphone.
— Vou ver onde ele está — me sentei na cadeira, em frente ao computador ligado.
Acessei todas as câmeras com acesso ao wi-fi, e determinada, procurei o doutor, torcendo para alguma resposta obter. De alguma forma, ele ainda estava aqui.
— Onde ele está?
— Está aqui — afirmei.
— Perfeito.
— Há alguns corredores à nossa frente.
— Compreendi.
— Você vai passar por uns 5. Um pouco complicado para você, mas... — me virei para o mesmo.
Yoongi prestou atenção em cada detalhe e embora pensativo, sabia da responsabilidade que tinha.
— Você acha que consegue?
— Consigo.
— Então pode ir — apressei-o. — Aah, seu nome de agente vai ser Suga!
— Calma.
— Vamos, sem choramingar!!! — Levantei-me, empurrando o mesmo até a saída, mas ele se manteve imóvel, sem movimentar um músculo.
— Espere, sem pressa pra viver — ele esvaziou a mochila em suas costas.
Prendi meu olhar no material escolar que ele retirava, e embora ficasse quieta, mantinha certo interesse.
— Vim direto da faculdade para cá, estava com gripe e dores no ombro — depositou seu último livro delicadamente à mesa.
— Sério? Eu jurava que você era um estudante de 17 anos punheteiro — afirmei, percebendo um breve riso do mesmo — Se você não voltar, vou te considerar morto — alertei-o.
— Eu sei disso.
— Que bom.
— Mas não é disso que estou falando.
— Do que você está falando?
— Somos um dos únicos sobreviventes! E temos que aproveitar!
— Ahn?
— Eu quero ganhar algo se você topar.
— O que você quer?
— Ah, vou ser direto, sabe? Eu ultimamente estou muito na seca.
— Você vai passar por um bebedouro, tente beber água.
— Não é desse tipo de água que bebo — alargou um sorriso em seus lábios.
— Eu não vou te beijar! — Neguei com a cabeça, com os braços cruzados.
— Eu sou feio pra ficar com você?
— Eu não fico com japoneses — ironizei.
— Ah é? Para mim tudo bem — deu de ombros. — Eu sou coreano de qualquer modo!
— Tudo igual e tudo tem pau pequeno — brinquei com o maior, vendo-o ficar frívolo.
— Quer ver? — Rebateu meu comentário.
— Pra que eu veria? Se toca, está na hora de trabalharmos! Não de inventarmos paquera!
Prestei atenção nele se afastando, andando apressadamente até a saída, e ao fechar a porta deixou sua força agravar uma batida. Talvez não fosse a resposta certa, porquanto, não o beijaria, isso claramente não é de minha vontade.
Tranquei a passagem e me direcionei à cadeira, e quando sentada próxima ao computador, avistei Min através das câmeras. Assim aguardei sua chamada no telefone, já que ambos tínhamos dependência.
Min vai ter que me ligar... Ele não é burro o suficiente para querer se bancar de pobre coitado, quem dirá cometer suicídio só por este motivo.
···🌷···
(Chamada de Telefone)
— Pare de me ignorar! Eu estou falando a verdade!
— Uhum...
— Yoongi me escuta!
— Hm.
— Yoongi está perto! Yoongi está perto!
.·.⌚.·.
— Costa, Costa, Costa! COSTA SEU ARROMBADO — avisei-o.
Yoongi não se virou, pelo contrário, continuou a ignorar, estava bravo e não queria me escutar, em troca disso me deixou aflita, o infectado estava perto, cada vez mais próximo, apressando seus passos para mordê-lo. Ele seria devorado.
— ME ESCUTA POR FAVOR! — Implorei.
Ele está me ouvindo? Será que houve algo? Só é ignorância? E se ele estiver brincando? Mas e se não estiver?!
— YOONGI, NAS SUAS COSTAS PORRA! — Entrei em desespero, roendo as minhas unhas e soando frio. Esse garoto só estava dando trabalho.
Após escutar, Yoongi se virou brutalmente, notando o zumbi agora em sua frente. Em um piscar, um movimento, ele se aproximou, prensando Min, abriu a sua boca, direcionou seus dentes e...
Notas do Autor:
Mores, como vai a vida? A atualização melhorou a fic?
Esse capítulo não ficou tão longo, mas a média será essa, entre 2.100 a 1.500 palavras.
Byeee💜
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