Salvando A Donzela - XVIII
📌 Músicas da Playlist:
• you should see me in a crown - Billie Eilish
• Smells Like A Teen Spirit - Nirvana
...
Um último tiro, dado em certa longitude, pelas minhas emoções, morrer torturado seria pior, mas em troca, obtive valiosas informações.
Jungkook é o que mais deve.
Apressei os passos, experimentando meu cabelo contra o vento, os pulmões cansados, gozando do receio, a falta de ar me apertava, cansava os músculos e me exaustava. Não, não o suficiente...
Subi numa fortificada árvore, abarrotada de galhos, folhas grossas e carregadas, capazes de me camuflar. O céu límpido do meio dia facilitaria a minha visão, seria a águia, a jogadora, teria de tomar ações sozinha. Infectados. Eu atrai muitos infectados.
Esperar numa árvore é primitivo, não sairei viva daqui caso a noite cair...
Resmunguei. Era visível o que sobrara de Jimin, em tão pouco tempo seus órgãos estavam dilacerados, seu sangue rodeava-o, os olhos não mais brilharam pela vida. Teria sido diferente se ele não fosse assim.
Me ajustei no topo do espesso galho, vigiando abaixo o que ocorria, enjoada e amedrontada, provavelmente algo além me aguardava. Com cuidado, observei o horizonte, tentando encontrar algum ponto de referência.
Só árvores, todas semelhantes... Droga, tenho armamento, mas são poucas balas, muitos a serem mortos.
É difícil não conseguir ver a morte, os barulhos deles sempre me atormentam, me quebram durante o sono e me causam pesadelos, mesmo que na melhor companhia, sentia insegurança.
Imaginei aquilo, vou além do que sinto, alguém está a me abraçar, silenciosamente, não a me contestar, a sua respiração calma...
Min Yoongi... Por que guardo tamanha fissura por ti? Eu te odeio muito, mas eu apenas quero um abraço, o seu abraço.
Pensamentos submersos fizeram o tempo passar, mesmo que não visível, não seria capaz de me arriscar. As folhas secas faziam barulhos, eram pisos fundos na terra não-arada, sejam a favor ou contra mim, decerto a horda nas redondezas rondava, esperar um resgate não seria ideal.
Perdida, de ideias a localização, de planejamentos e ação, meu estômago implorava por comida, meu sono perturbava meus membros acima do galho, a cada momento a desconfiança batia, sempre certa, mais um infectado no campo de visão.
.·.⌚.·.
—🌷A·h·r·i Q·u·e·e·n🌷—
—•↪M.i.n Y.o.o.n.g.i↩•—
A demora era excessiva, os segundos se tornavam minutos, e horas viravam dias, checar o relógio a cada piscar de olhos me deixava cada vez mais eufórico, agitado, devastado pela imaginação e pensamentos negativos. A notícia após chegar aos meus ouvidos me calou, me congelou de pés a cabeça; para mim, era fora da realidade, não tinha contexto, não podia ser verdade, Queen não seria tão antipática quanto antes.
Mas ela estava sendo ameaçada Min, escutou parte de uma séria conversa, e antes que sofresse, poderia ter fugido para um lugar seguro, onde não passasse pela experiência.
— Ela simplesmente o seguiu — Namjoon explicou.
— A Queen seguiu o cara de capuz?! — Taehyung perguntou após a afirmação, chocado com o que aconteceu.
— Seguiu, e ainda levou 80% das nossas armas! — Hoseok afirmou, irritado com o ocorrido. — É, Jungkook, para quem questionava se ela era fiel...
— Cala a boca, Hoseok! Duvido que você não faria o mesmo — Jeon rebateu, sentimentos à flor da pele.
— E é necessário tamanha discórdia por causa de uma garota? Necessitados — Seokjin repreendeu, olhando ladino, com superioridade — Duvido que algum de vocês realmente esteja preocupado com ela.
— Claro que estou, eu sou namorado dela!
— O namorado que abandonou a namorada, que lindo, não acha? — Jin ironizou, obviamente zangado.
— Eu não abandonei, era uma ameaça, estávamos despreparados para isso!
— Mas estava sorrindo ao ver ela sendo levada! Por que será, Jungkook? — Seokjin interrogou o mais novo, que simplesmente se calou e trincou os dentes.
— Você tinha um plano, Jungkook? — Perguntei, olhando fixamente nos seus olhos furiosos e testa torcida.
— Eu havia acabado de brigar com ela, Min — respondeu-me seco, óbvio e rebelde, como se eu fosse invisível.
— Ela somente conversou comigo, não houve nada entre nós — insisti, me recordando da noite anterior, maldito seja aquele frio incógnito na barriga.
— Porque é super comum um homem e uma mulher com intimidade conversarem num quarto!
— Sim? — respondi, incerto, não me importando com o linguajar inadequado.
— Você está pedindo, só pode cara...
— Estou opinando, porquanto meu objetivo não é discutir, apenas averiguar se temos como... "recuperar" a Queen — expus minha ideia principal.
— Que romântico, o cavaleiro salvando a donzela! — Jungkook interpretou o seu romantismo teatral ao opinar. — Tirou essa ideia da onde? Da Branca de Neve?!
— Se você não quiser, apenas não vá, Jungkook, aguarde a sua donzela chegar até os seus braços — fui curto, direto, sem qualquer afetividade, andando até ele.
— Yoongi, por favor... — Namjoon alertou.
— Não, não vou parar — Cheguei tão próximo dele que nossos olhares não mais foram desfeitos — Eu vou amparar Queen, após isso, irei sequer cumprimentá-la, feito antes. Mas, lhe garanto, caso ela continue, deixo meu aviso...
Eu estava nervoso, mas queria terminar.
— Se ela cair em minhas mãos, caberá a ela escolher ficar comigo.
Dei de costas, conscientizando-o sobre a sua namorada, e mesmo que ainda exaltado, descobri que poderia usar Queen para reter o controle. Pouco armamento, noite quase a cair, a incerteza em nossas mentes, e o plano precisava ser competente.
— Jungkook, Taehyung e Seokjin cuidam de Krystal — Namjoon comentou, aparentemente favorável à mim. — Eu, Yoongi e Hoseok vamos urgentemente verificar a Ah-ri.
— Me envolvendo nessa de novo, Namjoon? — Jung Hoseok resmungou, dramático.
— Sim? — Namjoon respondeu. — Uma faca para cada um, para marcarmos as árvores, uma bússola também.
— Que tipo de luz vocês usarão? Poderemos atrair mais infectados sem o propósito... — Seokjin aparentou preocupação.
— Os capacetes com lanternas. Voltaremos hoje mesmo, por isso não levaremos comida — Namjoon informou.
— Vocês levarão água, pelo menos um pouco, certo? — Jin novamente interveio.
— Claro — respondeu. — Jin, prepare as mochilas fazendo o favor?
Jin confirmou, buscando os itens necessários, o restante que não participaria tratou de mudar de cômodo, enquanto nos preparamos arduamente para achar o incerto. As mochilas eram leves, nossas roupas também, embora a noite fosse fria tínhamos de priorizar a mobilidade, sempre antenados para o impossível.
.·.⌚.·.
O sol poente irradiava no fundo, céu vermelho, entardecer de sangue, próximo as árvores, as sombras tornavam-se sonoras, se remexiam, buscavam abrigo, procuravam comida, e o alvorecer de animais nos assustou infinitas vezes.
Coração apertado, mesmo que preparados, a noite estava a chegar, sorrateira, quase mansa, ventos gélidos balançavam as folhas, esfriavam a barriga, traziam consigo a baixa temperatura, e a insegurança de nossas ações.
Folhas e mais folhas, mesmo que pouco iluminado, eram só folhas. Barulhentas, não raivosas, se arrastavam pelo chão, secas e quebradiças, mas algo além era audível.
— Vocês ouviram isso? — Hoseok sussurrou.
— Sim, ouvimos — respondi, ajustando minha postura.
— Eles estão por perto. Apaguem as luzes e subam em alguma árvore — Namjoon mandou, baixo, como sussurro, parando de se movimentar e apagando sua luz. — Eles são quase cegos, se nos calarmos, não nos perceberão.
Quieto, confirmei, busquei uma árvore, a luz apaguei, a planta escalei, silencioso, sem barulho, sem infortúnio. Um pequeno incômodo, insignificante, no meu tornozelo, uma mão a puxá-lo, a trazê-lo para baixo, mesmo que sentado em cima do galho. Desconfiei, duvidoso do que fazer, uma horda poderia ter, descartei uma de minhas lanternas, jogando-a acesa rumo ao sul, avaliando quantos seriam.
Mirada para uma árvore baixa, a lanterna ligada ardeu no semblante de Hoseok, o incômodo do tornozelo se dissipou, contudo, me preocupou e angustiou quanto ao meu parceiro. Barulhos, passos pesados, lentos, fundos e levantados, aos poucos revelando com a iluminação o ser irritado. Jung engoliu em seco, subindo mais e mais no galho torcido, escalando para do morto se distanciar.
Ele tinha o dobro do tamanho comum, o triplo de nossas forças, uma cabeça sem pescoço, careca lisa, feito uma bola de cristal, e uma barba preta, coberta de sangue.
— Porra Yoongi — pude ouvir entre a voz de Hoseok o urro do infectado.
Ele balançava a árvore baixa, e a planta, ainda com um tronco frágil, facilmente quebraria. Eu estava exasperado, imóvel, ansioso, teria de solucionar o que causei, aquele som irado irá atrair mais mortos. O tronco quebrou. Hoseok caiu, incapacitado de agir, cercado por muitos para vivo sair; pensamos rapidamente, descemos da árvore, agitados, escutamos um grito, um esbravejar, ligamos nossas lanternas, tentamos distrair os infectados, seria quase impossível escapar.
Empurrei os menores para o maior, correndo entre passos velozes para ter espaço, suspirando, observando, pensando. Eu era o novo alvo, não para um, mas para outros três que me cercavam.
Pisquei, desacreditado, era realidade, era verdade. Puxei a minha faca, desesperançoso e...
Notas do Autor:
Vocês vão gritar ao saber o que acontecerá, é irônico quando comparado ao título desse capítulo ksksksk.
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