Os Intensos Desejos - XX
📌 Músicas da Playlist:
• Barracuda - Heart
• Bad Guy - Billie Eilish
...
Caminhei lentamente e entregue ao silêncio, transformava minha dor guardada submissa aos sentimentos recentes. Meus braços passaram pela cintura de Yoongi, os quais vibraram ao sentir o meu contato. O abraço estava quente, estava macio, mesmo que não vislumbrasse sua feição, sabia que decerto este seria acolhedor.
— Yoongi... — suspirei fundo — Quais atitudes minhas são merecedoras do seu comportamento execrável?
O silêncio era complexo, deixava as dúvidas no incerto, me atiçava e me machucava, ele me jogava no precipício a céu aberto. Apenas aguardei, na mesma posição, ansiosa do que fazia, confusa do que sentia.
— O que eu posso fazer para você me perdoar? — Soltei o abraço, não sentindo calor humano, todavia, mantendo as mãos em seus braços.
Novamente, nada da resposta.
— Me diga, você tem algum probl-...
— Chega, me solte — seu tom seco me constrangeu, me deixou quieta e imóvel por um longo tempo, suficiente para dar às costas.
— Então pare de me evitar.
— Me deixe em paz — insistiu.
— Deixe de tentar ser legal, você não é igual a eles, Min!
Meus olhos espremeram aquela umidade, enquanto minha visão se embaçava gradualmente, sentia as lágrimas lavarem os males e escorregarem pelas minhas bochechas. Ele não era assim antes.
Suas costas reverteram-se ao peitoral, minha cabeça sequer estava apoiada, sozinha me sustentava nas minhas próprias emoções. Quieto, silencioso e ágil, Min dedilhou meus ombros como se fossem harpa, meus fios de cabelo como se fossem cobre, seus dentes trincaram, mas seu corpo continuava a agir.
— O que você quer de mim? — Perguntou, seus lábios à minha orelha, me ouriçando de pés a cabeça.
— Eu desejo tanto...
— Deseja?
A resposta se prendeu pelos meus lábios, um sorriso de satisfação se alastrou, ele estava sentindo o que eu estava sentindo. Me virei para ele, desfazendo-me do clima intenso, o encarei, tão próxima que poderia beijá-lo.
— O mesmo que você deseja, Yoongi — meu olhar se desviou para a tentação, segurando ao máximo para um erro não cometer. A sua boca.
Droga, tudo estava perfeito: íris cravadas, narizes colados e testas roçadas, um breve escorregão e todos os desejos seriam realizados. Um breve escorregão, ele não precisa ser acidental.
Como uma fonte a jorrar sentimentos, estava no parapeito da paixão. Minhas narinas deslizaram-se pela sua bochecha e chegaram na sua orelha.
— É assustador demais encarar um japonês tão irritante.
Ele respirou fundo, voltou-se à porta, deixou Krystal no berço e quase manipulou a maçaneta, o puxei pelos ombros, desajeitado, não queria acabar, não queria terminar, apenas queria começar. Isso era óbvio, tão óbvio que me joguei perante seu corpo para barrá-lo, e meus lábios não continham palavras para comunicar, apenas movimentos lentos e macios que contornavam-se na língua do mais velho.
Seus olhos demonstravam um espanto incompreensível, sua surpresa e choque fizeram-no recuar de início, contudo, suas mãos pressionavam minha cintura contra seu corpo, minhas palmas se confortaram no seu pescoço, o aconchego ao ápice dos sentimentos. A confusão era normal, tão normal quanto a obstinação de consumir o próximo, foi a primeira vez que lhe demonstrei algo explicitamente além de ódio.
Quando suas pálpebras descansaram sua visão, aproveitei, com todo o ímpeto que guardei, o envolvi, notei sua boca se mexer, atrevidamente, em resposta intensiva. Ele estava unificando nossas línguas, retribuindo o meu beijo. Ficava quente, mas me sentia fria, o impulso do romance me endoideceu.
— Yoongi... — o chamei, ofegante, me separando da junção. — Essa vai ser a terceira vez que...
— Você transa nessa semana? — Sugeriu, também com os pulmões vazios. — Você quer parar?
— Não é isso, é que... — pensei nas palavras certas — Sou sexualmente ativa.
— E isso não é uma maravilha? — levantou uma sobrancelha, me deixando sem reações.
Gostaria de socá-lo, mas o máximo tido fora um tapa acompanhado de outro beijo, e esse, esse fora o responsável pela minha melhor lembrança. Seus toques delicados me despiam, as vestes deslizavam pelo meu corpo enquanto permanecíamos de pé, adjuntos, estava entregue ao que ele tinha a me propor. A falta de ar não seria um problema, as pré-eliminares atiçaram os nossos hormônios. Aqueles chupões, aquelas marcas molhadas pelo meu pescoço, ah, Min Yoongi.
Logo estávamos deitados, com o contato da pele quente, o ar inalado dele sob a minha garganta, estava a querer senti-lo, mais do que nunca, tê-lo dentro de mim. Roupas seriam uma pequena desavença para o que ambicionamos.
O seu membro ganhou relevo, bastou algumas brincadeiras picantes para o fazê-lo, me arriscava em beijos e chupões no seu pênis, sem resquício de hesitação ou medo. Eu estava nua, e ele também, permanecia ainda acima dele, provocando a sua excitação. Para o momento não estragar, interrompi os movimentos antes do orgasmo, todavia, tratei de voltar a beijá-lo, encaixando-o na minha genital.
Um atrito veloz, contudo, uma pegada delicada, um jeito brincalhão, invertemos constantemente as posições. Parecia um sonho, um sonho contraditório, algo que eu não queria buscar fim, e ao mesmo tempo, com o anseio de logo o orgasmo sentir. Eu trouxe a brutalidade, força durante as estocadas, o seu tamanho não me machucava, apenas impactava nas minhas atrocidades. Após o término das ações e o ápice alcançar, ainda tive a sensação do paraíso.
— É cedo para eu falar que eu te amo? — perguntei, nua, coberta pelos lençóis, deitada sob o travesseiro.
— Tão cedo quanto falar que me odeia — sua palma acariciou a minha bochecha, dizendo num tom tranquilo e sonolento.
— Eu vou transformar esse desejo em outras coisas, aguarde — sorri fraco. — Mas por enquanto, fique com o meu boa noite...
.·.⌚.·.
A insônia me atacou, e por algum motivo, me senti insegura ao recordar do confuso dia. Embora consumida pelos desejos de Yoongi, me lembrava de cada toque realizado por Jimin. Se tornou algo sujo, cruel, amargo, que nunca pensei que aconteceria, a culpa não era minha, e não abdicaria minhas vontades por isso. Esperava unicamente não ser usada por Min.
Desnorteada, e lotada de informações, me levantei, silenciosa, passos leves para sair do quarto. Vestida, decidi tomar um copo d'água, abandonar os males para conseguir descansar. Não podia culpar Min, não podia culpar Jungkook, depois de tudo, sinto desconfiança até de mim.
Barulhos repentinos, o breve escuro era iluminado por uma lamparina vagabunda, usada para transparecer o que já estava claro; o remorso se esvaziou, e apenas a desconfiança completava minhas ações. Passos indecisos, feito uma bússola sem ímã, caminhava e caminhava em direção ao perigo, estava difícil, via a saída e implorava pela certa intuição. Minhas mãos trêmulas não escondiam o temor, a faca balbuciava e balanceava desenfreadamente, coluna torta, visão ampla, fazia de tudo para o êxito.
— Hoseok, eu sei que é você. Vamos, mostre-se agora — falei, notando uma voz mais baixa suplicar.
— Ele não é... Ele não é mais...
— Ele não é mais o que? — Interroguei, ainda desconhecendo a voz.
— Silêncio... — tossiu levemente. — Eles têm... uma boa... audição...
Aguardei seu pronunciamento para prosseguir, permanecendo imóvel, distante da luz.
— São cegos, mas percebem a iluminação...
Sim, isso eu notei... Na floresta isso havia acontecido.
— Carnívoros, sem intelecto — se tornou rouco, voz falha. — O vírus e a raiva ocausam... animais tam-também tr-transmitem.
— Quem é? — perguntei, me referindo a quem falava. Um rugido furioso quando cada vez mais perto.
— Isso não é importante, Queen.
— Descreva seu estado — disse firme, direta, evitando sons e mais palavras.
— Contaminado... — informou. — Mo-mordido após ver Hoseok.
Terei que lidar com dois... Mas, e os barulhos?
— Relate — os ruídos pareciam mais próximos, estava exasperada devido a condição.
— Fu-fui esfaqueado, e a-após i-isso, mordido.
Um infectado controla armas?
— A-antes da transformação... fu-fui vê-lo e... ele estava... — sua voz começou a falhar, não sabia afirmar se era a sua morte ou ressurreição.
Como posso matá-los?
— Estava mais ferido... — suspirou fundo, como se fossem os últimos.
Mais ferido? Será que ele optou por suicídio?
— Arma... quarto... Ju-Jungkook... — começou a pressionar os pulmões.
Arma no quarto de Jungkook.
— Chave... bolso... me-meu quarto... baú... anotações... — sentiu ainda mais pressão.
Anotações secretas, preciso pegar a chave dele.
— Hyojong... fábrica... — uma súplica, todos os sentimentos depositados nela.
Hyojong... Hyojong era o padrasto de Krystal! Porém...
— Saúde... dados... secretos... — a voz fraquejou ainda mais.
Ele deve ter alguma influência na área da saúde.
— Silêncio... arma... nos... ma-... ma-matar... — as últimas palavras antes do seu suspiro final foram destinadas a um pedido.
Eu estava sozinha, um morto e um semivivo, fiquei desorientada após tantas instruções. Teria de matar ele e Hoseok assim que conseguisse a arma, meu menor problema, a incógnita seria entrar no quarto de Jungkook. Sempre trancado, dificilmente aberto, de pouco acesso, principalmente após a discussão.
Passos intrusos e inseguros, velozes e reflexivos, lancei um copo na distância oposta, correndo o risco de ser esmagada pelo morto. Como um caminhão, escutei-o tão depressa que o reconheci. Havia apenas uma pessoa a andar, talvez o outro ainda estivesse inconsciente.
Corri silenciosa até o quarto de Jungkook, tentando abrir a porta com lhaneza, porquanto, fora tentativa em vão. Estava trancada, totalmente fechada, suspirei fundo, pensando em alguma outra arma, a tensão fodia tudo, impedia-me de arquitetar grandes planos.
— O que você faz na porta do meu quarto? — a voz seca era tão reconhecível quanto o linguajar.
Me virei para Jungkook, por tamanho susto quase desmaiei. Muitas coisas vieram à mente, turbilhão de pensamentos: Ele podia ser um dos infectados, agora em estado pleno; ou um dos principais culpados. Seu semblante de arrogância acompanhado pelo complexo de superioridade causaram-me uma fadiga inexplicável, depois de tudo que passamos, depois de tudo que vivemos, minha vida dependia dele, justo nesse instante, no qual discuti com ele e o traí.
— E o que te faz ter direito de falar assim comigo? — Rebati impulsiva, descartando a vida por uma simples briga.
Notas do Autor:
Aquele momento em que você está no precipício e faz questão de se tacar por raiva, essa Queen não é moleza, hein! Talvez algo além da agorafobia... tchan tchan tchaaan.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top