Inimiga da Perfeição - XXXIII

📌 Músicas da Playlist:
• Highway To Hell - AC/DC
• Too Much to Ask - Avril Lavigne
• Barracuda - Heart

...

Uma voz única e potente compôs o ambiente, uma sonoridade harmônica, porém, muito amedrontadora:

— Você mereceu.

Não me calei, não concordei, rebati rapidamente, sem saber a quem me dirigia.

— Sei que mereci, agora arco com as responsabilidades — proferi ferozmente.

— Você colocou sua família numa encruzilhada, trocando-a por uma segurança não-garantida.

— A quem devo satisfações senão a Queen?

— Ao antigo dono da sua fazenda — comentou, surgindo entre as árvores espalhadas. Seu corpo era bronzeado e fazia contraste com a barba branca e careca grisalha. — Jay Park ficará zangado caso soubesse disso.

Esse cara, provavelmente, deve ser aliado de Hyojong.

Marcou sua presença majestosa com passos mansos.

Me dê uma informação, assim posso lhe ajudar.

— Informação?

— Dou-lhe o meu carro para chegar à sua moradia.

Eu preciso fazer a rota de segurança que Jay Park pediu.

— Pela falta de informação dada, eu fui submetido a agir sem plenitude. Qual é o ponto de localização dele? Após a chacina, não recebi as devidas estatísticas.

— Daqui 20 quilômetros, seguindo ao oeste, lá obterá as devidas informações — Menti.

Ele deve ter arquitetado a morte do piloto.

— Tem certeza?

— Íamos levar alguns suprimentos para Jay, porém, agora estamos sem acessibilidade. Membros gravemente feridos e produtos perdidos nesse acidente.

— Quais pertences seriam estes? — Levantou uma sobrancelha, tão intrigado quanto eu.

— Remédios para dopar pessoas — Levei a bula até às suas mãos.

— Essa viagem toda foi por uma simples bula?

— As outras fragmentaram-se durante a queda, como vê, tudo é muito delicado. Creio que esses serão suficientes para matar Hyojong.

— Matar Hyojong?

— Você sendo membro da equipe está a par de que eles não são amigos, certo?

— Sim, obviamente... — depositou sua palma à testa, ciente que não poderia fazer papel de bobo.

De fato, ele não é um membro. Agora, com o que tenho, necessito fugir o quanto antes.

O mais velho andou até um certo local, escuro e quase invisível, retirou de lá após certo tempo o seu carro aberto, próprio para área florestal, rodas grandes e pequeno tamanho, sem teto e potente. Soltou um riso sádico e irônico, suficiente para um adulto compreender a situação.

Do meu bolso, consegui retirar a única arma que transportava, que carregada, seria suficiente para matá-lo caso a tentativa de agressão acontecesse. Indiferente, esperado, o senhor bondoso que nos aconselhava era um dos nossos inimigos, entregava um papel incoerente, sem nexo, para nos enganar e nos assassinar. Atirei no ser antes que fosse proveniente a retribuição, apressei o passo, e após o tiro dado, retirei o defunto de dentro do carro.

Coloquei ambas as crianças sentadas no banco, depois tratei de ajustar Queen no veículo. Quando adentrei no carro, logo dei partida, ciente que a circunstância pioraria, consegui virar a chave e ampliar o meu campo de visão, aspectos vitais para uma rápida fuga. Eles estavam atrás da gente, e não tínhamos munição.

Segui o caminho recomendado por Jay Park, observando as garotas a cada segundo. Não tinham queimaduras, somente pouca consciência do que faziam. Levei minha palma ao bolso, sacando meu celular para ligar para o miliciano.

— Alô? — Chamei-o.

— Alô, Yoongi?

— Sim, eu mesmo — afirmei —; um acidente ocorreu durante a viagem, fomos perseguidos pelos capangas de Hyojong e agora os infectados estão atrás de nós.

— Como vocês estão? — Notei a aflição apenas pela sua voz.

— Consegui matar o cara, estou com o carro dele, Queen e Jungmin permanecem desacordadas, em estado grave, já Krystal e eu estamos bem, pelo menos, em estado de consciência.

— Mandarei uma patrulha para verificar o que houve aí. Médicos também verão as garotas.

— Tente ser rápido, não sei o quanto posso fugir. A fazenda está há 15 quilômetros, e o combustível não atua até lá, ainda mais com esses seres aqui.

— Mandarei rapidamente, não se preocupe.

— Boa sorte — desejei num breve segundo, desligando a chamada após o veloz bate-papo.

Depender dele não era sinônimo de estabilidade, estar cercado por situações complexas também não. Espero que Queen seja tão forte quanto Krystal, que sobreviva para ser o sustento de Jungmin — recém-nascida e necessitada do leite materno.

Continuei a acelerar, pisando fundo, sem sequer pensar, sabia a localização do lugar seguro, imaginava a presença de inúmeras armadilhas ali implantadas. Alguns minutos após o ocorrido, notei uma movimentação suspeita, às sombras dos arbustos e árvores constantemente aproximavam-se, barulhos além dos insanos eram perceptíveis.

— Min Yoongi, a patrulha cercou a região, agora faça a sua parte e estacione o veículo.

Finalmente eles chegaram!

Desacelerei o carro, pouco a pouco, deixando-o estagnado na superfície; confiei nos meus instintos por ter ouvido uma voz salvadora. Ao menos, os ruídos pararam, os infectados não percorriam pelo ambiente e tudo aparentava estar normal. Suspirei fundo, fechando os olhos, quase dormindo pela falta de sono da noite anterior.

Os sujeitos aproximaram-se, quietos e vorazes, diretos e eficazes, assim que avistei-os, não pude negar o forte receio. Um homem moreno, de olhos verdes e cabelo ondulado, castanho e moldado, tendo o dobro do tamanho esperado.

— Ela é Ah-ri Queen, correto?

Eles chegaram rápido demais.

— Por que?

— Mandaram nossa equipe médica para resgatá-la; não somente ela, mas todos que sofreram o acidente — explicou pacientemente.

— Quem mandou isso?

— Ordens diretas do Jay Park.

Eles me escutaram antes? Ou apenas estão dizendo a verdade?

— Que seja, o que farão em nós?

— Vocês receberam os primeiros socorros aqui, depois, acordaram no local que lhes foi prometido, o.k.?

A fazenda foi o local prometido por Jay Park, lá terei conforto e segurança...

— O.k. — Recusei-me a continuar com as perguntas, aceitando o que foi imposto. — Somente peço-lhe que tomem cuidado.

— Tomaremos, porém, durante o processo, a anestesia será aplicada e você irá capotar.

— Como sabe que necessito de anestesia?

— Vislumbre o seu físico, veja a quantidade de sangue perdida durante o trajeto — comentou, com um olhar soslaio diante mim, situação óbvia para exigir grandes e elaboradas respostas.

— Voltarei ao normal após a anestesia?

— Esperamos que sim. Qual é o seu cadastro no sistema de Jay Park?

— O nome do meu cadastro está como Min Yoongi; sangue do tipo O... — o encarei.

— Qual é a senha de acesso ao seu cadastro, por favor?

— Senha de cadastro? — Perguntei, calculando alguma resposta exata para algo que não tinha solução.

— Sim.

Senha de acesso? Jay Park não tem isso.

Quando refleti, era tarde demais, uma qualidade fora transformada numa fraqueza, pensamentos ilusórios de sair intacto me prenderam numa armadilha de impossível escape. Uma fuga inimaginável. Injetaram alguma forte substância, que nos poucos segundos de contato com o corpo fizeram-me adormecer.

Tiros minutos depois da dose injetada, barulhos confusos que poderiam ser frutos da minha imaginação. Era tarde, sequer sentia onde estava, eu apenas habitava um lugar sem sentido.

—•↪M.i.n Y.o.o.n.g.i↩•—

—🌷A.h.r.i Q.u.e.e.n🌷—

Com a paisagem borrada, não tive a opção de uma melhor visão, os tiros eram próximos, estouraram e machucaram os meus ouvidos, que, frequentemente, não paravam de produzir chiados finíssimos e irritantes. Na guerra permanecia intacta, porém, meu corpo imóvel pesava mais do que eu suportava.

Os cintos de segurança prendiam a respiração, a coluna torta arrebatou dores intensas nas costas, movia a nuca levemente, identificando o que ocorria: caos, destruição e sangue. Precisava fugir, precisava correr.

Min Yoongi não estava do meu lado, apenas Krystal e Jungmin estavam nos bancos traseiros.

Respiração presa, coração sapeca, sem parada, apenas ao avistar algo familiar relaxei todos os sentidos. O seu corpo estava contra o sol, me cegando para não enxergá-lo, apenas notava que era um homem, forte e tenso, não muito alto, com cabelos pretos bem penteados.

Onde Yoongi está?

Ao chacoalhar a minha cabeça, percebi as rudes mãos do rapaz enforcando o meu pescoço, e na ousadia desenfreada, debati-me contra o sujeito, para vencer contra a falta de ar; a tosse passou a ser frequente e marcada pelo desespero.

.·.⌚.·.

Abri os olhos, espantada, deixando-me levar a visão incerta que tive no momento, e pela falta de controle, dei início a uma sequência interminável de tosses. Foram questão de segundos até que eu fosse acolhida por Jay Park.

Encarei-o, negando a necessidade de sua ajuda, instaurei o fôlego sozinha, sem afagos ou socorros por uma questão óbvia: desconfiança.

— Você está bem?

Afirmei num gesto brusco, evitando proximidade e interação com o mesmo.

— Explique-me o que aconteceu — fui direta ao ponto, tão furiosa que pouco sobrava atenção para focar em outras coisas.

— Explicar o que?

— Não estamos na plataforma, além de que não me recordo de viajar.

— Ah, é isso então?

— E não é óbvio? Acordei assustada ao me lembrar de certas cenas. Vamos, aguardo uma explicação para já! — Deixei clara as intenções que agradariam o meu interesse. Jay Park parecia convicto em não se pronunciar.

— Jungmin faleceu durante o trajeto — Min Yoongi avisou, pensativo e sombrio, causando-me um impacto imensurável.

— Ela o que?!

— Ela faleceu! Não escutou?! — Foi rude e ainda mais frio, preenchendo a expectativa de ódio.

Ela acabou de nascer, não consegui colocá-la para dormir.

— Quanto tempo atrás? — Embora eu fraquejasse, consegui impor rigor e disciplina.

— Há três dias atrás, devido a uma queda que não só atingiu o sistema nervoso, mas também a feriu gravemente.

Uma queda... Estávamos voando então. Jay Park não deixará Min falar caso fosse um segredo. Tudo está muito suspeito.

— E Krystal?

— Ela está bem — Jay Park respondeu.

Caso puxar uma discussão pessoal, ele será obrigado a sair. O orgulho dele facilmente irá se ferir.

— Vindo de você, o bom estado significa "em apuros".

— Quem te deu o direito de falar assim comigo?

— O seu envolvimento na minha vida e com tudo isso não basta? — Interroguei-o, aludindo a todos os membros que jamais poderiam ser resgatados.

Jungkook.

— Idiota, fala isso porque... — mordeu os seus próprios lábios, quase proferindo palavras grosseiras que provavelmente iriam me ferir. Agradecia o arrependimento antecipado.

— Deixe-me em paz, os seus incômodos corroem qualquer pensamento positivo que tive de você.

— O silêncio e a solidão calarão a sua ingratidão, garota?

— Os seus atos grotescos apenas geram dor e luto para mim — cortei a conversa, apontando para a porta do quarto. — Caso você não saia, serei obrigada a sair. Conversarei com o pai da criança.

— Não se preocupe, não guardo interesse por esses falatórios.

Saiu por uma porta e nunca mais entrou. Quer dizer, talvez gostaria, porém, pouco me importava, além da morte de Jungmin, tinha assuntos mais sérios a tratar com Yoongi.

— O que te faz crer que teve o direito de me ter dopado?

— Segurança. Você não acha que a sua vida não é importante?

— E você acha que consenso não seria ideal? Eu pensava que você era o único confiável, Min Yoongi — suspirei fundo, tentando analisar os resquícios da perdida memória. — Você não só privou os meus direitos, mas os de Jungmin!

— Você acha que eu queria ter matado ela? — Questionou, sério, exibindo parte de sua tristeza camuflada. Seus olhos levemente inchados exalavam uma luta para não ceder às lágrimas.

— Não, você não queria, mas isso não é motivo para camuflar o que sente. Prometemos desde o início de tudo que iríamos ser uma dupla, cujo ambos, não teriam medo de revelar os sentimentos. O que te fez mudar? E por quê? Por que permanece tão estranho comigo esses últimos dias?

— Vai dizer que eu fui o único que mudou? Após a chegada de Jeon, sua imaturidade veio à tona...

— Imaturidade? Eu tive um relacionamento não resolvido com ele, pior que o seu com a Hyuna. Aliás, Krystal é a maior prova de sua irresponsabilidade.

— Não confunda Krystal com irresponsabilidade, pouco sabe da história para fazer questão.

— Pouco sabe da minha história com Jeon para fazer questão. Jungmin era o maior motivo que eu tinha para viver, por nove meses me arrisquei para mantê-la viva.

— E por que abandonou Krystal e a nossa promessa para continuar com ele?

Notas do Autor:

E essa treta aí gente?! Jungmin mal nasceu e já toma uma dessa. A coitada da Queen tá pagando os pecados nessa fic, mas não se preocupem, ela vai pagar ainda mais KKKKKKK. Já dei spoiler o suficiente, bye byeeeee.

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