Fique Comigo, Apenas Isso - XIX

📌 Músicas da Playlist:

• It's My Life - Bon Jóvi
• So Far Away - Agust D (feat. Suran)

...

Pisquei, desacreditado, era realidade, era verdade. Puxei a minha faca, desesperançoso e...

O alto estrondo foi breve e seco, soou tão próximo que podia senti-lo, a falta de ar atiçou os meus sentidos, e com o tiro desmontei em medo. Coração acelerado, rápido, errava as batidas, garganta seca, sem limite, funda e enjoada estava, olhos abertos, arregalados, prontos para ver, curiosos buscavam a imagem salvadora, nada se refletia na escura floresta além de corpos na superfície. Assustado, trêmulo, incerto do que eu via.

Ela está viva...

Novamente perdido no tempo-espaço, pisco fortemente, espremendo meus punhos ao segurar minha hesitação. Queria poder ser queimado pelas suas íris, queria poder ser fuzilado pelo seu abraço, queria, não podia... não agora, eu não posso, não posso, preciso evitar.

— Ah-ri! — Namjoon exclamou, e após notar o tom, silenciou-se por completo.

Me guiei até Hoseok em condições precárias, sangue e ferimentos, por ela minha atenção clamou, todavia, expressei olhar baixo, sorrateiro, fiquei agachado e turbulento, mínima importância para o gratificante, a volta dela. Apenas me calei, confirmei, cabeça constante, pensamento distante, com algum plano a bolar.

—🌷A·h·r·i Q·u·e·e·n🌷—

—•↪M.i.n Y.o.o.n.g.i↩•—

Aflita, afadigada, exasperada e descontente, minha palma hesitava, a pistola usada foi lançada ao chão após meu ato. Meu corpo estagnado estava encarando Min, ignorando qualquer coisa presente além de nós.

— Min, não temos volta... — neguei com a cabeça. — Suran faleceu, ele também morrerá se foi mordido.

Yoongi refletia frieza, esquivou-se inúmeras vezes ao pensar, negava os acontecimentos com gélido olhar, e postergava as minhas sentenças. Mesmo agachado, verificava cada trecho pertencente ao corpo ferido, procurando provas inexistentes de que Hoseok não fora infectado.

Jung estava no ápice do seu medo, quase gritava, alertava a todos do possível engano, e mesmo com corpo ferido contestava as palavras, reagia pela autodefesa e não se ocultava perante as decisões. Ele se debateu contra Yoongi, escandaloso e barulhento, enquanto calmamente o branquelo o observava.

— Hoseok irá... morrer? — Kim perguntou, pegando o feixe de luz do chão, em seguida, senti o ardor da claridade em minha face, apenas uma palma cobriu parte de minha vista. — E a sua roupa? Cadê o resto dela? — Ele apontou a lanterna para baixo, notando minhas pernas quase nuas, somente a calcinha cobria a região.

— Isso não é importante — seca respondi, nervosa ao encarar Min silencioso. — O que você vai fazer?

Namjoon desviou o olhar para ele, mirando o resplendor do holofote na sua feição; de alguma forma, tal concordou comigo. As nuvens não mais cercavam a lua, agora, se expeliam em gotas d'água que pingavam sob o solo, o frio e gelado vento arrepiava meu corpo, contudo, aguardei Min para a sua decisão.

— Responda Yoongi!

Seu semblante incógnito me apavorou, como facas que me atingiam diretamente, ele me torturava por longos instantes, pelo menos, até a sua severa conclusão.

— Levaremos ele e o deixaremos em isolamento. Satisfeita com a sua resposta?

Mordi os lábios após tamanha frieza, estavam quase a sangrar devido a força aplicada, Min foi além do limite, transmitiu-me uma raiva diferente, nunca havia me decepcionado tanto quanto hoje. Ele não me ajudou, sequer percebeu meu estado, salvei a vida dele para ter um tratamento cru, sendo que antes eu fora abusada.

— Sim... estou satisfeita — respondi, sucumbindo-me à vontade de contrariar.

.·.⌚.·.

— Hoseok foi mordido?! — Jin interrogou, olhos arregalados.

— Eu avisei. Sabia que algo iria acontecer — Jungkook comentou, tão sério que um sorriso de satisfação completava sua feição.

— Bom, pelo menos a Queen está bem... — Taehyung me encarou. — Mas você se sente bem? Parece aterrorizada... A sua roupa...

Não enfatizei sua ponderação na discussão que ocorria, minha cabeça girava, estava fatigada, pensamentos inertes enquanto Jeon bebericava. A garrafa de álcool estava quase vazia.

— E você não saiu no lucro, Jungkook? Resgatamos a sua garota — Min reconheceu, rigoroso e icástico.

— Pra Hoseok estar na beira da morte, belo lucro, hein. Aliás, anda controlando seus hormônios da paixão, Min Yoongi?

Hormônios da paixão?

— Deve ser torturante saber que nunca va-...

— Jungkook — o detive, breve e sucinta. — Você está sendo perseguido devido às suas dívidas, espero que fique feliz ao saber que fui ameaçada por isso.

Min guiou seu olhar espantado para mim, desacreditado com o que eu dizia. Agora tudo começou a fazer sentido para ele.

— Ameaçada... — Namjoon recordou — Jeon, com quem você está envolvido? — perguntou, taxativo e sincero, ríspido como nunca.

— Já te falei, Namjoon, aquele cara é maluco.

— O chefe do Jimin não é maluco, só você pode ter armado aquilo!

— Jimin...? — Min deixou escapar.

— Invente outra, garota.

— Eu escutei as conversas, Jungkook, você e outra pessoa armaram contra mim — Afirmei, lembrando-me daquelas falas.

???: Nós continuaremos a dever se não pagarmos. Provavelmente ele já nos rastreou.

[...]

???: Não temos tempo, isso daria muito trabalho.

[...]

???: E se morrermos? Se não tivermos escapatória? Namjoon, estou farto de viver na corda bamba...

Engoli em seco, silenciando o coração afobado, a razão nunca poderá ser submissa da emoção numa situação em que se exige a verdade.

— Você riu ao me ver sendo levada. Não era ciúmes, era uma vingança, eu te abandonei no passado — continuei —, você estaria se livrando, me revidando e pagando a sua dívida. Seria inteligente, mas não é humano, Jungkook...

Espremi meus dedos, fechei meu punho esquerdo, poderia esbravejar caso eu tivesse alguma euforia.

— Era Jimin, Yoongi, o nosso Jimin — me virei para Min. — Ele foi fraco, Park fraquejou duplamente: ele pediu para que ficasse ao lado dele, mas em troca, matassem a todos, em específico você — fui clara, concisa, apenas expondo os fatos, ocultando emoções. — E eu fiquei... assim, e o matei depois.

— Você conhecia o cara que te raptou... — Namjoon compreendeu, ainda perdido no assunto.

— O nome de todos está sujo, principalmente o de Jungkook, e para evitar conflitos, ele tentou me comercializar, armou uma emboscada para me usar.

— Jungkook... por que você fez isso? — Taehyung ficou emotivo, ainda mais surpreso ao notar as capacidades de Jeon.

— Quem disse que eu fiz isso? Ela é a merda da minha namorada, vocês não acham que eu seria capaz de fazer isso, né?

— Mas um dia você foi capaz, já me odiou desse modo.

— Já odiei, não minto, mas não agora — ergueu uma sobrancelha. — Não faria sentido, já provei que gosto de você, não provei?

Pisquei fortemente, notando que Jungkook estava rente a mim, segurando as minhas mãos firmemente.

— Não provei, Ah-ri? — repetiu, manso e terno, acariciando meu rosto já encharcado.

Recuei, não o respondendo, porém, cedida ao sentir seu abraço repentino me aquecer. Estava confortante, estava acolhedor, estava bom, mas não forçaria, no instante, almejava outra coisa.

— Não — respondi, emotiva, desfazendo o abraço, em seguida, avançando passos para o outro cômodo. — Boa noite.

— Mas ainda são 7 horas... — Taehyung opinou, porém, já estava longe, conseguia ignorá-lo novamente.

Tranquei a porta, ficando somente com Krystal. Eu estava suja, fedorenta, sangue em minhas vestes e nuca, até meu cabelo se encontrava nessas condições. Tomei um banho, breve, recordando compulsivamente de Jimin: eu o matei, não negava, mas não queria ser creditada de assassina, ele me assediou, e teria me estuprado caso eu faltasse com a esperteza.

.·.⌚.·.

Mesmo deitada não pude esconder, enrolada entre os lençóis, lágrimas não consegui ocultar. Não faria mal, estava sozinha, apenas Krystal para cuidar, não parecia difícil, ela já havia dormido.

Batidas na porta me chamavam, o som mesmo que abafado causou eco entre as paredes, me senti na obrigação de abrir, mesmo negando claramente de início. Era um lanche, acompanhado de um suco, Yoongi seria o carteiro da vez.

— O que me garante que não há veneno?

— Você me salvou, fiz sanduíches para você comer.

— Não gosto de mortadela.

— Mas está com fome, estou errado? — Questionou, e, cedida, o deixei entrar no cômodo, fechando a porta.

— Vim pegar Krystal também — deixou a bandeja em cima da minha cama, logo, sacou a bebê em seus braços, procurando uma posição confortável. — Apenas isso, boa noite.

— Fica — o mesmo se virou para mim. — É um pedido.

Ele permaneceu silencioso, evitando me encarar.

— Você... não é obrigado — avancei passos sigilosos até ele —, mas se quiser sair, a porta é cortesia.

Min suspirou fundo, andou firmemente até a porta, passos decididos e olhar afiado, mão na maçaneta e... E a hesitação.

— O que te faz querer minha presença no seu quarto?! — Interrogou, resistente feito uma rocha, na mesma posição rígida, quase que de testa contra a porta.

— O que me faz te querer é o que os outros não têm.

— O que os outros não têm?

Caminhei lentamente e entregue ao silêncio, transformava minha dor guardada submissa aos sentimentos recentes. Meus braços passaram pela cintura de Yoongi, os quais vibraram ao sentir o meu contato. O abraço estava quente, estava macio, mesmo que não vislumbrasse sua feição, sabia que decerto este seria acolhedor.

Notas do Autor:

A resposta pode estar bem na sua cara, então cuidado, hein! Ksksks.

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