Ciúmes de um Pinscher - V

📌 Músicas da Playlist:
You Give Love A Bad Name - Bon Jovi
Killer Queen - Queen

...

Mas por que nessa exata hora? Eu... Como eu... Como eu posso menstruar agora? Eu jurava que essa havia terminado neste mês!

No meu pescoço uma mão gélida cria um contado, em breves milésimos um pensamento invadiu minha mente. Por que Yoongi faria isso?

Virei minha cabeça, assustada, recuando agressivos passos, o nervosismo me nocauteou, novamente eu estava tensa, o medo e o calafrio me arrepiaram, deixaram minhas mãos trêmulas, mas o bisturi estava pronto para acertar. Uma mira precisa, iria matar, não importando quem fosse. Estava certa desde meus primeiros pensamentos: a cabeça do infectado perfurou, despejou sangue de quantia inimaginável, esfaqueei mais e mais vezes, cada facada com velocidade, expressando todo o meu medo e ódio.

— Já deu, né! — Min se referiu ao zumbi, puxando minha mão para que eu deixasse o cadáver cair.

— Cheguei a pensar que era você com fogo.

— Ouh, nem é pra tanto, não é porque você é "bonitinha" que eu chegaria assim... — manteve um semblante sério, mais assustador do que qualquer infectado. — Estamos para ser mortos, senhora gostosa.

— Concordo plenamente, desde a opinião... — afirmei, suspirando fundo — Até a "senhora gostosa".

— Notei.

— De qualquer modo, acho melhor passarmos no banheiro feminino.

— Por que? — Perguntou.

Encarei-o com um semblante impaciente, todas as necessidades são óbvias e não havia motivo para explicar. Olho para as minhas mãos sujas, o cheiro de metal e a cor avermelhada, era sangue do infectado, voltando minhas pupilas para a bebê. O mesmo me olhou reflexivo, principalmente para Krystal, que incomodada permanecia.

— Está certo... — não aparentou ligar muito.

Saímos do balcão imundo, seguindo lentamente adiante, não iríamos enfrentar o risco de trombar com mais infectados, então decidimos ir para outro toalete. O caminho continuava tenso, pouco perceptível eram os sons dos corredores. Mantemos o mesmo esquema de segurança, procurar um lugar para se esconder ou fugir antes de explorar.

No berçário limpamos nossas mãos nos lençóis, lotando a bolsa com mais fraldas, produtos higiênicos e coisas necessárias para Krystal. Sem qualquer enrolação, fomos ao banheiro feminino, no qual segundo Yoongi deveríamos verificar cada fresta, vigiando todas as cabines. Não o julguei por isso, havia aprendido a lição. Por exceção dum compartimento trancado, tudo aparentava imóvel e quieto, não o olhamos, mas nos causou desconfiança.

Min permaneceu parado, batendo o seu sapato na superfície do chão, apenas o avaliei, deixando clara as intenções.

— Banheiro feminino mesmo após um apocalipse tem cheiro bom! — Sussurrou admirado, surpreso com a situação, cruzou seus braços, jogou as costas na parede. Ele não iria sair facilmente.

Confirmei com a cabeça, focando em Krystal, pensando em como retirá-lo do local.

— Suguinha... Pega a Krystal e... E cuida dela pra mim lá fora, aproveite também e vigie a porta — sorri, visivelmente ansiosa.

— Suguinha? tombou sua cabeça, assustado — Eu jurava que sairia um xing xing xong.

— Enfim, você pode por favor fazer isso? Eu preciso fazer as minhas necessidades.

— Necessidades? — Me olhou profundamente, analisando as necessidades. — Oh... Entendo.

— Sim, com certeza entende.

O.k. então — soltou um sorriso.

Ele saiu do banheiro com certa calma, fechando a porta para que eu tivesse privacidade. Rapidamente saquei as embalagens de todos os absorventes que tinham no armário — e não eram muitos —, fiz as higienes necessárias enquanto Min aguardava.

Estava indo embora, dando adeus aquele local, quando ouço a porta da última cabine ser destrancada, as lâmpadas do banheiro não paravam de piscar, me prendiam na quase escuridão. Pronta para atacar, eu esperava a presa, com a faca mirada acertaria progressivamente a cabeça. Uma pessoa, um homem jovem, quase de minha idade, — ainda vivo creio eu —, ficou assustado, ergueu as mãos para o alto, calado e trêmulo esperou minha pronúncia.

— Ah, desculpe garoto — fui cedida pelo alívio. — Pensava que era um morto.

— Você também me deu um susto — ainda trêmulo afirmou, logo, um belo sorriso se formou na extensão de seus lábios.

— Qual é o seu nome?

Seus fios de cabelo são longos e bagunçados, olhos puxados, um rosto largo com um nariz delicado e arrebitado, lábios grossos, pele esbranquiçada e as bochechinhas bem acentuadas.

— Prazer, Park Jimin! Ou apenas Jimin, como você preferir.

— Ah-ri Queen, mas se preferir, me chame de Queen ou Ah-ri — estendi a minha mão, logo respondida por um aperto aconchegante, acompanhado de uma referência.

Okay, Ah-ri — fez um breve contato visual com um sorriso afetivo.

Gostaria de me acompanhar, Jimin? — Perguntei, tendo pretensões com Jimin. — Isso não vai te fazer mal algum, eu prometo.

— Bom... Não quero ficar sozinho — afirmou, me dando liberdade para incentivá-lo.

Puxei o braço de Jimin, levando-o para a saída do banheiro; Yoongi, posto que avistou o garoto, não disfarçou o repúdio e a surpresa, desferiu um olhar frio fixo a nós dois, responsáveis por aquilo. Como eu, ele nunca imaginaria uma pessoa presa na cabine.

— Queen, meu amor, vem aqui um instante — Min isolou-nos num canto, me chamando para uma conversa particular. O mais icônico é a reação de Krystal em seus braços.

— Fica aqui, Jimin — lhe entreguei um dos bisturis que eu tinha. — Acerte na cabeça caso algo apareça.

— Beleza — acenou, ajustando sua postura torta. — Até... daqui a pouco.

Andei alguns passos até Yoongi, que pelo visto tinha péssimos pressentimentos sobre Jimin apenas de olhar.

— O que foi aquilo? — Interrogou escandaloso.

O quê? — Fiquei confusa, encucada com o que seria.

Ele olhou para Jimin com desgosto, logo, voltou as suas pupilas para mim, segurando a minha mão e encarando a mesma, junto de um riso irônico.

"Até... daqui a pouco." — fez uma voz fina na tentativa de imitá-lo. — Você já pensou se ele é um estuprador? E se ele virar um zumbi?!

Ele falou a palavra com z...

Você beijou o meu pescoço sendo que nos conhecemos há menos de um dia — franzi a minha testa. — E ele é um estuprador por EU ter segurando no braço dele?

— Eu estou te avisando...

— Você também é um estranho para mim, Yoongi. Aceite isso.

— Eu estava te avisando, garota — repetiu, inclinando o seu rosto, testando nossas distâncias. — Você fez coisas as quais não devia.

— Vai fazer o quê? Você não manda em mim.

— Eu vou... — o interrompi.

— Vai dar uma de machinho escroto e vai me bater porque eu não quero ficar com você?! — Fitei-o, seriamente.

— Você mais fala do que realiza — deu uma leve empurrada em meus ombros.

Devolvi sua intensidade ao juntar ambas as testas, e embora eu cerrasse os meus punhos, meus dentes trincaram pela raiva, caso eu não me controlasse, seria capaz de socá-lo ali mesmo.

— Como se você fosse diferente... Fala que quer ficar comigo, contudo, não toma atitude alguma.

— Aguarde o futuro para ter noção do que eu posso fazer, o.k.? — Me avisou, num tom de ameaça.

— Devo achar isso um blefe ou uma possível hipocrisia?

— Você é muito idiota para achar que controla os meus pensamentos. Eu só quis ficar uma vez com você, gostosona.

— Para a sua informação, você também nunca vai me controlar — percebi que ele ainda roçava as testas.

— Gente... O barulho.

— Desculpe Jimin — tal frase minha saiu como um resmungo, ainda que estivesse presa nas íris de Min Yoongi.

— Vocês são namorados? — Perguntou calmo, sem perceber o clima presente entre nós.

Não, longe disso.

— Eu não namoro garotas egocêntricas.

Desferi um olhar furioso para Yoongi, mas ele apenas devolveu a encarada e piscou, Jimin ficou espantado com a reação do maior.

Porque talvez você seja egocêntrico, Min Yoongi.

.·.⌚.·.

Que o Jimin não dê trabalho como o Yoongi...

Entre meus pensamentos pregava minhas orações, mostrando para Park onde as coisas ficavam. Depois de alguns minutos em silêncio, Yoongi iniciou uma conversa com ele, "assuntos particulares", brevemente sussurrados, porém, que não deixaram de me atrair. Escutei com atenção.

Sentada na cama, cuidava de Krystal, ouvindo dos lábios de Yoongi o meu nome, embora eu tentasse disfarçar, escutava cada palavra a ser pronunciada, fingindo ignorância.

— Olha aqui seu pinscher, não é porque você conseguiu convencer a Queen que vai ser o homão, viu, porra? — Foi direto, devorando Jimin com os olhos.

— Ho-homão? Como a-assim?

— Se achar machão por conquistar uma garota, baixinho!

— Cer-certo se-senhor — gaguejou.

Por metros de diferença, Yoongi era tão gigante, Jimin era uma formiga perto dele. Na realidade, eram milésimos de centímetros separavam a altura de ambos. Me deitei na maca, rindo um tanto quanto alto, ignorando a presença de ambos.

— Que foi Queen? — Falaram uníssono.

Tão engraçado — tentei segurar meu riso, me vendo sem resposta após entender a pergunta.

— O que? — Min ergueu uma sobrancelha.

Com o seu olhar afiado em mim engoli em seco, necessitava de uma frase como desculpa, aquilo me arrepiou, me deixou encurralada, porém, logo uma resposta surgiu em mente.

— A Krystal, ela é engraçada... k-k-k-k-k — mordi meus lábios ao falar.

Felizmente fui ignorada, haviam papos mais importantes para Min Yoongi.

.·.⌚.·.

Agitei o leite para Krystal antes dela chorar, aproveitando o momento e nos alimentando igualmente. Estávamos famintos, exaustos e machucados. O sono batia enquanto a Lua já estava no céu estrelado, adormecemos lentamente, aos poucos, fechando os olhos. Enrolei Krystal com os lençóis e a coloquei para dormir, o céu estava coberto por luzes, todavia, a noite estava fria.

Achei injusto dormir junto com ela, os meninos estavam a dormir no chão sujo e úmido, eles insistiram tanto para que eu dormisse na maca. E para não presenciar a injustiça, secretamente me sento aos brandos da superfície de concreto. Estava muito gelado, ventos fortes passavam pela janela fechada, me arrepiei após sentir eles no meu corpo Me mexo e faço movimentos, aumentando a temperatura corporal.

Alguma boa alma me levantou, mantendo-me ao concreto, dono de um colo quentinho e agradável, com direito a um abraço confortável, de fato essa pessoa estava muito quente. Jimin estava dormindo, sonolento e cansado, então se tratava de Min o responsável.

— Yoon? Sussurrei o mais baixo possível.

— Oi...?

— Eu brava com você ainda — joguei minha cabeça para trás de seus ombros, me aproveitando do calor emanado de seu corpo.

— Eu também estou bravo, porém, meu frio é maior...

— Entendo — suspirei fundo. — Boa noite então...

— Boa noite — bocejou, fechando seus olhos, e não neguei, fiz o mesmo.

Ele é tão indescritível e incerto, não há formas de entendê-lo, mas também quem sou eu para interpretá-lo? Conheço ele há muito pouco tempo...

Notas do Autor:

Gente espero que vcs estejam gostando do novo jeito que estou escrevendo, deixando a fic mais "caprichada" e tals.

Mt obrigada pelos votos, até o próximo capítulo! 😊

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