Adeus Eterno - XXXVI

📌 Músicas da Playlist:
• You Give Love A Bad Name - Bon Jovi
• So Far Away - Agust D feat. Suran 

...

— Sinalizarei após ele limpar a nossa área. O que acha?

— Nossa única opção...

Confirmei, levando o seu braço ao meu ombro, e carregando o seu corpo até alguma árvore; mordi meus lábios, agilizando os passos para ficarmos protegidos, impossível jornada, quando o tempo estava em jogo. Permaneci em silêncio, com dúvidas a serem tiradas, contudo, garantindo a eles a segurança.

Eles quase mataram Min, não devo medir capacidades tão desumanas, com certeza me matariam...

Os meus ombros imploraram por descanso, o peso e a distância não colaboraram para a situação, encarava Yoongi, que ficou insatisfeito consigo, ciente de que era um peso no momento.

Não queria trazer esse sentimento.

— Já estou morto... — afirmou, devolvendo o olhar fixo e profundo. Perplexa e confusa, ergui uma sobrancelha.

Por que diabos de motivo ele está dizendo isso?

— Não exagere Yo-...

— Eu fui mordido! — Exclamou, interrompendo a minha fala, reunindo forças desconhecidas para dizer tão claramente. Aquilo foi como um tiro, calou-me e desarmou as minhas respostas.

— Você o que...?

— Fui mordido — Pronunciou novamente, sem a mesma ferocidade, sensível e exposto ao ambiente, fraquejando ao notar minha reação.

Não, não, não, não, ele não foi!

— Por que você não me avisou antes?! Nós poderíamos ter resolvido.

— Eu precisava fa-falar sobre eles... Krystal... Você...

Meus olhos estagnaram no encarceramento de expressões vindo de Yoongi, contudo, mesmo que silenciadas, as emoções refletiam águas cristalinas, tão ingênuas e idiotas que não sabiam o que esboçar. Um coice de informações, uma facada de sensações, tudo era tão difícil, perdê-lo-ia de qualquer modo. Não estou preparada para processar essa nova realidade.

— Você vai morrer — comentei, negando com a cabeça, ainda desacreditada. Escondi a tristeza, rebelando-a com raiva e shots de lágrimas — Não... eu não posso.

Não, eu não vou deixar...

— Já te alertei sobre isso, sabia que...

— Eu não tenho colhão para te matar, prefiro morrer ao seu lado, sem nada me perturbando, se não você. Nada faz mais sentido, então para que viver?

— A Krystal... — vigiou a neném em seus braços, desviando-o para mim. — O-o futuro.

— Mas eu não consigo...

— Fa-faça isso por você, pela Krystal. Esqueça tu-tudo e sobreviva.

— Min, mas eu... — engoli em seco, disfarçando aquela coisa que insistia em escorrer.

— Não de-deixarei de existir se continuar a lembrar de mim...

— Não criarei nada novo ao seu lado — referi-me às memórias. — Viverei somente no passado então?

— Kry-Krystal criará, e ela é a nossa ma-maior conexão — sorriu, dando-me a criança. Desajeitado e contente, absoluto por cumprir o último desejo — Ficar com vocês du-duas até... Às minhas últimas batidas.

Tão clichê quanto a primeira vez que o vi... Por que tão cedo partirá...?

— Min...

— Os e-efeitos... estão... — iniciou uma trilha de tosses sem parar. O céu relampeou, clareando a paisagem do campo, em seguida, trovejou, causando arrepios naqueles que sentiam medo.

Entre os poucos raios noturnos, consegui explanar meus pensamentos. Ele estava partindo, e eu necessitava de firme postura para agir.

— Você está bem? — Interpelei.

— Ficarei com a a-arma, i-irei fazer o máximo para... te proteger.

— Devo me despedir... para sempre?

— Você sempre se lembrará de mim.

— Lembrarei? — Brinquei, acariciando o seu rosto.

Ele riu, mas uma crise de tosse cessou, tive de bater em suas costas para o mesmo recuperar o fôlego.

— Todas as noites, antes de dormir sorriu.

"Todas as noites, antes de dormir..."

— Até a minha última noite de vida — afirmei, deixando o sorriso choroso escapar — Eu te amo — proferi, rápida e impulsiva.

Sem poder discutir, apenas aceitei, selando os nossos lábios antes da transformação. Um adeus eterno, uma despedida para as estrelas, o último toque. Apressei os passos, consciente do que aconteceria, medo e remorso visíveis, isso por nada poder fazer.

Partiu meu coração, feriu-me gravemente, Krystal começou a chorar, implorando pelo colo do "papai". Nada consegui realizar, somente contrariar, decepcionante solução para um problema, apenas me afastava dele gradualmente. Tive de censurá-la diante de tudo, aconchegando-a em meu colo, implorando por silêncio.

— Ele vem logo, papai está nos ajudando — continuei a correr, aproximando-se do alvo.

— Hm? — Questionou, sem compreender.

Como poderei explicar?

— Fazendo uma surpresa, e precisamos ficar quietos para ganhá-la, tudo bem? — Perguntei, notando sua nuca roçar meu braço.

— Uhum... — confirmou, aparentemente sonolenta e cansada.

Alcancei a árvore escolhida, observando distantemente a sombra de Min Yoongi curvar-se bruscamente.

Foi bem a tempo...

Escalei-a com certa dificuldade, Krystal em braços e a capa de chuva atrasaram meu desempenho. Contive as emoções e apenas realizei o que foi pedido, seguindo as estritas ordens ponderadas por mim.

Cheguei ao topo da planta, com cuidado, avaliando a estabilidade do alto dela, aguardando a chegada de Jay Park. Pensava em como chamar a atenção do resgate, Yoongi estava com a arma, e eu não tinha outros aparelhos, o contexto era alarmante: estávamos cercados de infectados e milicianos a me procurarem.

Yoongi ficou com a arma para se matar, mas duvido da total conclusão da tarefa...

.·.⌚.·.

Suspirei fundo, irada por não poder reagir, Krystal estava dormindo, a turbulência lhe dera sono.

O helicóptero chegou, o tiroteio começou. A troca de balas e tiros foi agressiva, e não duvidava da invasão dos infectados. Não tinha crença, não tinha paz, estava longe de ficar solene; queria gritar, expor o que eu sinto, um abandono indescritível. Não, não era só dor, um incômodo há muito tempo presente, insistente desde o início dessa preocupação: sobreviver.

Como vou cuidar dela se continuar a fraquejar?

Tentei estancar o choro oprimido proferidos dos lábios de Krystal, os barulhos ensurdecem até os privados de audição; impossível calá-los perante tamanha batalha, ideais contrários, sangue sujo e incontável. Não adiantava pedir silêncio, até eu estava exaurida, balancei-a em meus braços, na expectativa do término, dor e ódio entrelaçados, visão distante da nossa moradia já destruída.

Minha vida nunca mais vai ser a mesma...

Sons de tiros paralisados, chuva ainda forte, ventos muito turbulentos, somente o helicóptero pousando nas gramíneas foi evidente e tranquilizador. Sorri fraco, ainda esperançosa, atraída pela incerteza hipnótica, agora estávamos bem, agora estávamos seguras.

Senti a turbulência do veículo devido a proximidade, além das luzes miradas na minha face. Desci da árvore rapidamente, desesperada e ansiosa, melancólica e sensível, em frente ao novo futuro, a única esperança fixa em mente. Apressei os passos, negando a situação, sem análise crítica, sem fontes para comprovar a utopia idealizante, desejo entre a realidade, nada mais excitante que a rápida solução, quando as ações não refletiam na morte. Queria a salvação de tudo aquilo que foi perdido, de todos os companheiros que morreram, de tudo que partiu e nunca mais voltou.

Krystal também ficará bem, finalmente vamos sair daqui.

Mergulhar em um mar de monstros sem dar importância, prosseguir para um lugar melhor, compulsiva e tola até que tocasse o divino. Somente por Krystal, somente por ela.

Escondida, evitava qualquer pronúncia vinda da bebê, outros além desses infectados notariam a garotinha, outros que já me cercaram iriam percebê-la, mordê-la-iam também!

Engoli em seco, não gritando por socorro, exigia de mim a ação, antes de qualquer reclamação tosca exibida pelos meus lábios. Corria, com tudo pronto para garantir a sua vida, parecia distante até a sua eterna partida.

A mesma partida que proferi será a mesma que terei. Krystal, espero que você tenha mais senso do que eu tive...

Garganta trancada, calada e sem palavras, choro com consenso, vida com sentimento, sentia-me mais exposta do que nunca, mais liberta e solta após todos os anos de experiência.

O helicóptero abrigava armas de grande porte, a eliminarem todos nas redondezas, por sorte, fui reconhecida, mas nada mais eficaz que um belo tiro no peito para comprovar a minha vida.

— Eu falei para não atirar! — Jay Park grunhiu para o seu companheiro.

— Perdoe-me chefe, achei que era uma infectada...

— Nã-não importa, e-estou a-assim há um tempo... — sorri fraco, notando a cobertura dada por eles enquanto conversava com o seu chefe.

— Como assim?

— Já estou morta... — afirmei, entregando Krystal nos seus braços. — O testamento está no cobertor...

— Ah-ri, não me diga que voc-...

— Sim, estou — interrompi-o, sem mais ideias do que proferir. — Salve-a, porque o futuro não consegui salvar — levei minha palma até o meu ventre, sentindo o vazio mais incógnito possível.

De Jungmin até os próximos que viriam, nada mais se concretizará além de você, Krystal.

— Diga-me, qual seria seu outro desejo além desse?

— Meu outro desejo... — tentei refletir. — Extermine... o que a-aqui têm.

— Você...?

— Sim... inclua-me ni-nisso.

— Alguma palavra diretamente à Krystal?

Senti uma tontura inexplicável, e tive de dominar o meu corpo, seja pela raiva animal ou comportamento impulsivo, não tinha muito tempo até que me tornasse um dos que mais temia.

— Hyuna... é a ma-mãe... Yoongi é o pai... E-eu... — mordi os lábios, cessando as lágrimas. Falta de sucesso, falta de tempo. — Eu a amo...

— Chefe!

— Pode atirar! — Ordenou.

As últimas palavras que pude ouvir, o mandamento para a minha morte, o selamento do que iria proliferar em mim, da criatura que esboçava traços mortos-vivos não mais expressados por mim. Então era assim, era desse jeito que um infectado se sentia. Não, talvez pior... quem sou eu para julgar a dor de um morto se à mim cabe o mesmo destino?

Os segundos ganham uma lentidão póstuma, memórias de uma pessoa já morta refletiam em pouco tempo: de todos os beijos, todos os abraços, todas as conversas, todos os momentos. Ela estará bem, agora, estarei no local que sempre questionei a existência...

.·.⌚.·.

Nada concreto, nada absoluto, não há um final feliz daquilo que provém da tristeza. Dizem que o tempo cura tudo, afasta a mágoa e traz a saudade, não do que fora reconhecido, mas daquilo que lhe trazia conforto desde os primórdios, a nostalgia de como a vida era antes de tudo.

Sim, a saudade e o desconforto de Krystal foram eminentes durante a sua adolescência, ela não sabia de suas raízes e não tinha sentido para a sua vida. Chamava de pai aquele que a criou, o traficante e ditador da república da sobrevivência, todavia, tinha noção do seu poder, do seu lugar de fala, da sua dominância. Era o xodó do senhor de todos porque ela lembrava a mãe, a mãe adotiva, claro, que por coincidência desconhecida, herdara a vontade imbatível e a esperteza inacreditável.

Forte Krystal e sua liderança incomparável, quando soube da sua história, não conseguiu um sobrenome aderir, quatro lindos nomes, quatro lindas famílias: seja Ah-ri, Min, Park ou Kim. Ah-ri Krystal, decidiu o nome assim manter, exaltando os vínculos afetivos criados pela mulher-exemplo: Ah-ri Queen.

Sorriso permanente, força insistente, beleza que toca e que sente, sempre com uma meta efervescente. Até com a procrastinação de Yoongi em pouco tempo de interação aprendera.

Notas Do Autor:

O fim dessa incrível jornada acabou, obrigada por aqui permanecerem e ao meu lado ficarem durante a produção. É incógnito o futuro após o amadurecimento de Krystal, é incógnito o desfecho além da morte entrelaçado entre Ah-ri Queen e Min Yoongi.

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