A Dupla Imbatível... Ou Quase - XXIII
📌 Músicas da Playlist:
• Killer Queen - Queen
• Smells Like Teen Spirit - Nirvana
...
Vultos e sons nos guiavam, o barulho do carro alarmou, o veículo fora destrancado, a chave estava nas mãos de Tae. Quando Kim abriu a maçaneta, um infectado sedento, ávido pela refeição, tentou garantir um pedaço da carne do seu pescoço, Kim o empurrou, se sentando no carro e fechando a porta.
Corríamos atrás do veículo, alcançando este ao longo do caminho, todavia, o carro iria escapar, avançava para frente, não aparentava mais voltar. Taehyung iria nos abandonar?
Em um piscar de olhos, o veículo deu ré, velocidade da luz, quase a nos atropelar, o susto e choque nos arrebataram, porém, em breves segundos, estava a nos aconchegar.
Portas abertas, quase seguros, isso é fato, nos sentamos, desesperados, alarmados ao impulso precipitado. Encarei Jungkook, sentado no banco da frente, ofegante como eu, de corpo apenas presente, alma distante devido aos terrores. Estava pensativo, espantado, observava Taehyung acelerar, e parecia pedir para logo se afastar.
Meus olhos foram até Yoongi, o qual abraçava Krystal fortemente, e que mesmo que aconchegada, ainda chorava pela breve desventura. Coloquei o cinto, calada, confusa, compreendendo nossa conjuntura.
— Você está bem, Queen? — Jungkook me avistou pelo retrovisor, respirando fundo outras diversas vezes.
— Sei lidar com os maus bocados que passo, aliás, não se ganha barriga de um dia para o outro — respondi, ainda suada. — Ainda estou capacitada para correr.
— Que bom... — sorriu fraco, lábios levemente curvados, um suspiro passou despercebido.
— Mas... — comentei, fraquejando em continuar. Jungkook automaticamente se viu obrigado a focar.
— Mas?
— Mas é perigoso, Krystal é uma bebê — encarei a pequena. — Ela é minha também, e não acho justo ela correr riscos piores — me voltei para Jeon.
Tal novamente suspirou fundo, em meio a resmungos conseguiu dizer:
— Faremos o máximo para achar um lugar seguro, zelar pelas duas crianças também — foi simplista, como uma frase antes decorada.
— E o parto?
— Buscaremos um médico o quanto antes, iremos protegê-lo até você dar à luz — desviou para os meus olhos.
— Temos um prazo curto, três meses já se foram, nos restam apenas seis... caso é claro, não nasça prematuro — observei minha barriga, mesmo não estando tão aparente. — E torçam para que não seja igual a mim.
Min riu levemente, um sorriso maroto feito o de Jungkook, desta vez eu quebrava o silêncio constrangedor, Taehyung estava perdido, não entendia o conceito, perguntou o porquê da frase.
— Sou terrível o suficiente, não acham? — Sorri. — Impaciente também.
— Mais que o suficiente — Jeon apontou. — Suspeitei que a criança chegasse no primeiro mês, é um milagre que ainda não tenha nascido — zombou. — Então creio que não seja tão apressado.
— Apressada — o corrigi — Pressinto que seja uma garota, por algum motivo...
— Duvido um pouco, fui certeiro na hora de fazê-lo, é um menino.
— Não garanto tanto — cruzei os braços.
Terei de escolher nomes...
— Se fosse um de cada, não escutaria mais discussões.
Arregalei os olhos para Yoongi, assustada com a sua fala.
— Que seja uma única filha então, Queen já está sofrendo por um, imagina por três — Min incluiu Krystal, juntando os possíveis gêmeos.
— Teremos tempo para tratar disso — tentei fugir do contexto. — Não vêm ao caso, saber onde vamos agora é o importante.
— Vamos adormecer aqui, Queen, algo melhor no momento me parece difícil — Taehyung afirmou, um tanto tristonho pela condição. — Temos pouca gasolina, insuficiente para chegar no nosso esconderijo.
— Então iremos abastecer... amanhã?
— Sim, por hoje esconderemos o nosso carro e dormiremos, creio que todos estamos cansados — Kim bocejou.
— Querem que eu fique de vigia? — me prontifiquei para ajudá-los — Posso algo fazer, não estou com muito sono...
— Não — Jungkook negou —, tente dormir, eu e Taehyung conhecemos aqui, em caso de fuga, seria mais interessante... — o interrompi.
— Seria interessante vocês estarem descansados, estariam mais dispostos para a fuga... — mordi os lábios, também bocejando.
— Eu, o Yoongi e o Taehyung dividimos os turnos hoje, você e Krystal devem descansar, aliás, precisamos de vocês duas bem abastecidas — Jeon comentou, inclinando sua cabeça levemente ao banco.
O carro ainda andava, meu sono aumentava, e mesmo com aquelas interrupções, conseguia fechar os olhos para descansar. Aceitei a proposta de Jungkook pela condição, não por escolha própria. O veículo estacionou, fiquei perdida, mas não disse nada, minhas pálpebras fechadas já falavam muito.
.·.⌚.·.
O Sol irradiava sob os lençóis postos entre as vidraças, havíamos tampado para as janelas não emitirem a visão de dentro do veículo. Embora a manhã fosse fresca, estava abafado, todos dormiam, e nenhum assegurava o cargo de vigia. Encarei Taehyung, com certo dó de acordá-lo, ele passou por muito tempo a dirigir, enquanto eu pouco efetuei alguma atividade. Levei minhas mãos aos ombros de Yoongi, e sem muita demora, consegui uma resposta, sem resmungos, sem palavras, seus olhinhos espremidos apenas despertaram, em silêncio, como se aguardassem um pedido sincero.
— Você pode me ensinar a dirigir? — Perguntei, semelhante a uma súplica.
— O que te faz pensar assim? — Sorriu fraco, fechando os olhos novamente.
— Que minha dependência sob vocês resultará na minha morte — fui séria, sem enrolações, seu olhar se guiou para mim, antepassado de um piscar cuja retina fechada para mim se guiava. Ele estava sério também.
— Pergunte ao Jungkook, ele é um dos responsáveis pelo que você guarda — se referiu a gravidez, sem desviar as suas íris flamejantes das minhas.
— Se ele fosse o único responsável pelo que guardarei durante nove meses, ele logo terá posse da minha vida até que o feto nasça.
— Não o critique pelos cuidados, já fui um pai muito pior em relação a isso — desviou o olhar, ciente de que estava a encará-lo, bocejou levemente, mão a boca e cansaço iminente.
— Cuidar do bebê e de mim são coisas bastante diferentes...
— Não agora — rebateu, sorriso ladino e esperto. Ele havia me assustado.
— Você vai me ensinar ou não? — insisti, firme em minhas decisões.
— Como eu resistiria? — Respondeu desafiador, em seguida relatando. — Acorde Taehyung, começaremos ainda hoje.
.·.⌚.·.
— Você parou de confundir a esquerda com a direita? — Min perguntou, notando minha eficiência.
Sentada em seu colo estava, sendo guiada por Min no banco do motorista. Taehyung para ele explicou o caminho, voltando a descansar devido ao enorme cansaço, apenas tinha Krystal envolta dos braços, sua função principal do momento. Jeon sequer havia despertado, parecia ter passado a noite em claro, pois embora os barulhos, não ameaçava acordar.
— Acho que sim, depois daquele escândalo — ri fraco, um tanto baixo, prestando atenção em seus movimentos, deixando-o guiar meus membros para a conclusão.
— Isso é bom?
— O que? O fato de eu aprender a diferenciar esquerda com direita?
— Não, quer dizer... — acabou rindo atoa, abobalhado. — Você aprender comigo, você gosta disso?
— Porquê eu não gostaria? — Questionei, espantada pela pergunta, logo, dando de ombros. — Você me parece o mais feminista daqui.
— E por quê eu não seria? — Soou sincero, observando a estrada.
Ele está certo.
— Estamos chegando ao posto? — o encarei, recebendo a confirmação.
— Chame o pessoal, o posto tem uma loja de conveniência.
Sem muita enrolação, os acordei, embora já não fosse manhã, tinha certeza de que todos estavam famintos. Jungkook entrou em estado de choque, talvez me encontrar no banco do motorista não fosse lá muito confiável.
— Vamos comer na loja do postinho, após isso, o Tae assume o volante — sugeri, movimentando o volante para a esquerda.
— Isso não me parece bom... — Jungkook resmungou.
— Nada para você parece bom, principalmente quando acorda — rebati, enquanto Min minha atenção chamava.
— E você é diferente? — Yoongi riu fraco.
Sem muita demora, nosso carro estava estacionado, dentro do posto, no exterior da cidade. Seul era movimentada, e continua a ser, por isso, redobramos o cuidado quanto a qualquer barulho. Ruídos nos assustavam, não deixavam rastros para a localização, meio-dia com sol a brilhar, tínhamos tudo a temer, não queríamos arriscar.
— Tae, fique com Krystal e abasteça o carro, e Jungkook, o acompanhe. Vou com o Yoongi explorar a lojinha.
— E por que eu não vou com você? — Jeon questionou.
— Para o Tae não ficar sozinho. Aliás, sou mais eficaz com o Guinho — fui sincera, acompanhando Min.
— Guinho — Taehyung repetiu, rindo do apelido.
— Cala boca, Teteco — rebati.
A discussão foi breve, básica, reforçando os planos já arquitetados. Embora Jeon protestasse diante da posição, consegui convencê-lo a ficar ao lado de Kim, para mim, ao lado de Yoongi, me via realizada.
Andamos à procura, todas as portas estavam fechadas, não havia mais nenhuma entrada. Explorei ao lado da construção, passando pelos corredores extensos e os vigiando, estavam silenciosos, totalmente vazios para os nossos olhos e ouvidos. Vislumbrei seu semblante desconfiado, me recordando da noite anterior, justamente ao ápice queria me lembrar.
Min segurou minha mão, passos mansos, coluna entortada, calmo me guiava, medo perceptível, ele suava frio e vigiava sério, transparecia o nervoso e o mistério. Confortei minha palma na dele, o acariciando tranquilamente, fazê-lo esquecer parecia difícil, mas dá-lo o apoio eu seria capaz.
— Eu estou aqui — gesticulei.
Ele sorriu, minha tola tentativa não adiantaria, ele ainda nervoso estava, seu corpo provava isso, sua íris revelava-o.
— Eu sei... — comentou tácito.
Instantes o fizeram tão sossegado, segundos o apressaram a uma ação inevitável, desfazendo-se do que era sereno e calmo. O empurrei, na esperança de salvá-lo, precipitação minha, pois acidentalmente causei a sua morte. Deplorável situação de minha autoria, podia chorar litros de lágrimas, mas não sabia que isso o destino guardaria.
Notas do Autor:
Queria eu entrar na história para salvar o Guinho, mas como a vida tá difícil, só nos sonhos podemos resgatá-lo.
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