Capítulo único
Ah, a vida... ela é muito linda, não? A gente nasce, cresce, envelhece, e por fim falece. Para Park Jimin, filho de Park Micha e Park Jungwoo, foi um pouco diferente. A criança que completaria sete anos, nasceu, cresceu um pouco, envelheceu mais um pouco ainda, e assim como veio ao mundo antes do esperado, faleceu da mesma maneira.
Os pais não deveriam enterrar seus próprios filhos, certo?
Não é a ordem cronológica da vida.
Se formos considerar que uma vida nasce na barriga de uma mãe, o menino Park teve oito meses, 23 dias, 18 horas, 50 minutos e 31 segundos de vida. Saiu do útero de sua progenitora no dia 13 de outubro de 2014, e pôde conhecer o mundo por exatos cinco minutos e 31 segundos. Após horas tendo dificuldades com o parto, ao sair de Micha, o bebê chorou, sendo recebido pelos pais com muitos beijos, fotos e abraços.
Até que essa história poderia ter um final feliz, se não fosse trágica.
Após a morte de seu filho, o casal começou a discordar de várias coisas, enquanto Micha queria dar embora as coisas do seu falecido filho, Jungwoo preferia manter os objetos no quarto, se Micha quisesse doar os órgãos ou o corpo do seu filho para a faculdade, Jungwoo queria colocar o bebê em uma lápide ou cremar o corpo do recém-falecido.
Felizmente, após brigas, traições e mentiras, o casal finalmente decidiu se separar. O homem viajou para outro estado, e a mulher continuou morando na sua casa. No primeiro dia que Park não estava vivendo naquele domicílio, a ex-senhora Park — e agora senhora Kim —, decidiu plantar uma semente de manga no seu quintal.
Meses depois, Micha conhece Jeon Jaesung, um empresário bem-sucedido, e que transformou a senhora Kim em senhora Jeon. Em 2015 (ano seguinte após o falecimento do menino Park), Micha deu à luz ao seu segundo filho, sendo ele Jeon Jungkook. Nasceu um menino forte, e continua crescendo muito inteligente.
Jungkook, desde que se entende por gente, foi sempre uma criança bastante curiosa. Colocou o dedo na tomada, pois queria entender o porquê ela tinha um sorriso (e por sorte não levou um choque), todas as noites esticava suas mãos ao máximo para tentar pegar as estrelas, sempre quis descobrir como o seu corpo podia fazer sons e odores tão inusitados.
Mas a maior curiosidade do menino Jeon era:
Por que sempre tinha um garoto tristonho pendurado na árvore do balanço?
Jeon não se lembrava de um dia, se quer, ter ficado sem ver o garoto tristonho da árvore. Já perguntou aos seus pais o porquê daquele menininho ficar sempre lá daquele jeito, mas seus progenitores diziam que não viam nenhum garoto nas árvores e pensavam ser um amigo imaginário bastante esquisito do seu filho.
Decidido então a descobrir o motivo daquele menino sempre estar melancólico, Jungkook vai para o quintal de sua casa, e decide escalar pela primeira vez aquela mangueira (ou como o mesmo sempre diz: árvore do balanço). Quando a criança olha para os galhos da árvore, se surpreende ao não encontrar o garotinho triste como a maioria das vezes.
Será que ele foi fazer pipi e volta mais tarde?
Ainda com a ideia de conversar com o garotinho tristonho, Jeon decide escalar a árvore e esperar o seu futuro mais novo amigo. Foram uma, duas, três ou mais tentativas de escalar aquela mangueira e chegar até o galho que queria, mas a escalada não estava sendo fácil para o pequeno. Sendo a quinquagésima sétima vez tentando subir naquela planta, a criança finalmente consegue chegar ao galho querido.
Cansado e com fome, Jungkook descansa alguns segundos sentado no galho da mangueira, e logo em seguida vê uma manga suculenta próximo ao galho que estava sentado. O Jeon se arrasta até a ponta do galho, e estica o seu corpo o mais próximo possível do galho vizinho que continha a manga deliciosa.
Jungkook estava quase conseguindo tocar na manga, porém quase cai da árvore com o susto que levou.
— Se eu fosse você, eu não faria isso que você está fazendo não! — Alertou a voz desconhecida — eu não disse, tu quase cai daí, criança — continuou falando sem perceber o olhar do Jungkook sobre si.
— Ei, é você! O garotinho tristinho! Como chegou aqui tão rápido? Eu estava te esperando! — interrompeu o mais novo deixando o outro de olhos arregalados.
— Omo! Você... você... você consegue me ouvir? — Questionou impressionado.
— É claro que te ouço! Eu não sou surdo — parou um instante para pensar — por que... eu não deveria? Não deveria te ouvir?
— Mas é claro que não! Pessoas como você não deveriam me ver e muito menos me ouvir. Espera, você me vê? — Continuou a perguntar para o mais novo.
— É claro que te vejo — repetiu praticamente a mesma frase anterior — você é uma pessoa que nem eu, é normal as pessoas se verem — o outro começou a rir — omo! Eu disse uma piada? Por que está rindo?
— Não, não, pode continuar a falar — o garotinho tristonho estava curioso para descobrir até onde aquela criança iria.
— Então, eu vejo você aqui desde sempre, nessa árvore, às vezes me pergunto como você não sente frio ou consegue dormir? Eu até ia falar sobre como você não sente fome, mas me lembrei que aqui tem manga — deu uma risada mostrando seus dentes de leite. Já o outro, estava paralisado com a confissão do mais novo, ele parou de ouvir o que a criança dizia até o momento que disse:
— Como assim você sempre me viu? — Indagou o que não saia da sua cabeça.
— É, ué? Eu sempre te via todo tristonho, aqui na árvore do balanço, então hoje eu vim descobrir o porquê e te deixar feliz — Jungkook novamente sorriu mostrando seus dentes de leite para o mais velho, dentes esses que se assemelhavam a dentes de coelho, pensou o não humano.
— Ah, sério? Mas como? Humanos não podem me ver! A mamãe não me vê, o senhor Jeon não me vê, os vizinhos Kim e Min não me veem também, então como você pode me ver Jungkook? Você não é um humano também? — Deixou sua cabeça cair para o lado.
— Ei, eu sou um humano! Mas se você não é um também, o que você é? — Questionou curioso.
— Eu sou um fantasma — respondeu indiferente.
— Woa...! Que daora! E como você virou um fantasma? Você nasceu assim, ou... ou...
— Eu não nasci assim Jungkookie, mas foi quase como — o mais novo o olhou curioso — Quando mamãe me teve, eu não pude ficar muito tempo com ela, eu vim para o outro lado muito rápido! Meu nariz não conseguia pegar oxigênio suficiente, e eu fui ficando cada vez mais roxo, até vir para cá!
— Deve ter sido muito doloroso para você... — afirmou o mais novo.
— Mais ou menos, eu observava os meus pais brigarem todos os dias, até as coisas não darem certo e eles decidirem se separar. Vi meu pai não tendo uma vida muito boa, e minha mãe se casando com outro homem e formar uma nova família...
— Então quer dizer que você tem um irmão ou uma irmã? Qual é o nome dele, dela? — Perguntou animado.
— Jungkook...
— Nossa então é um menino? Que legal! Ele tem o mesmo nome que eu, sabia? Espera como você sabia o meu nome? — O fantasma virou o seu corpo para observar o mais novo melhor.
— Oras, eu sei o seu nome porque tenho que saber o nome do meu irmão! — O Jeon permaneceu em completo silêncio por cinco segundos.
— Espera, quê?
— Kookie, você é o meu irmão...
— Não, eu não posso ser o seu irmão! Papai e mamãe nunca me falaram que existiu outro antes de mim!
— Se você quiser, você pode perguntar sobre a existência de um Park Jimin quando a mamãe voltar do cemitério.
— Não! A mamãe foi no supermercado comprar massa de bolo!
— Ah, é? Então por que ela demora tanto só para comprar uma simples massa de bolo?
— Porque o supermercado deve estar cheio, e o bolo que ela quer deve ter acabado! É sempre assim quando ela demora...
— Na verdade, ela foi na floricultura comprar flores, depois foi no cemitério e encontrou o papai, eles devem estar conversando sobre como está a vida e como tudo poderia ser diferente se eu estivesse vivo, depois a mamãe vai perceber que está demorando muito, e comprará alguma massa de bolo.
— Como você tem tanta certeza que tudo isso vai acontecer?
— Pois em todos os outros anos, aconteceram exatamente a mesma coisa nesse mesmo dia...
— E por que só hoje acontece tudo isso?
— Pois hoje foi o dia que nasci... — e vim para cá... completou na sua cabeça.
— Sério? Quantos anos você está fazendo?
— Eu estaria fazendo sete anos de vida.
— Woa, então você é o meu hyung! — Exclamou Jungkook.
— Por que está surpreso? — Questionou curioso.
— Não parece que você é mais velho, hyung, suas bochechas fofas te deixam muitos anos mais novo! — Soltou uma risada — mas então, hyung? — Jimin olhou-o curioso — quer dizer que você está a todo esse tempo aqui sem conversar com ninguém? É meio triste, não?
— É meio deprimente, sim. Mas antes eu tinha a senhora Min para conversar e me ensinar sobre o pós-vida, mas ela já foi para o além...
— Ah, então é por isso que eu não vejo mais ela da janela! Me lembro que papai e mamãe falaram que ela virou uma estrela, mas nunca acreditei nisso, pois sempre via ela na casa do Yoongi hyung... — Jimin olhou para o seu irmão de olhos arregalados.
— Omo! Então você via o fantasma da senhora Min também?
— Sim, sim — afirmou — como é que ela foi 'pro além?
— A senhora Min, assim como eu, tinha assuntos inacabados por aqui, quando eles foram acabados, ela pôde finalmente deixar o seu espírito da Terra.
— E o que acontece depois daqui? Para onde ela vai?
— Eu não sei direito, só sei que o nosso corpo fica cheio de raios de luz, talvez depois daqui vamos para o paraíso ou o inferno, ou a gente pode reencarnar e voltar 'pra cá. Não sei, não tenho certeza...
— E como você vai poder ir para lá também, hyung? — Jimin suspirou antes de responder o irmão.
— Eu só vou poder, quando a mamãe contar para você e o senhor Jeon sobre mim.
— Sério? Então vou fazer ela falar hoje, para você poder ir 'pro além! — Deu o seu sorriso de coelho.
— Ok! — O fantasma se teletransportou para o galho da frente assustando o mais novo — aproveita e pega essa manga e pede para a mamãe descascar, e você conversa sobre isso com ela! — O Park arrancou a fruta da árvore, e jogou para o seu irmão que agarrou aquilo com a sua vida — vou te ajudar dessa vez a descer da árvore só porque está com um pedaço de mim, ok?
— Ok! — Jungkook sorriu para o mais velho que estava a sua frente, pois logo em seguida se teletransportou para as suas costas e agarrou a cintura do mais novo com os seus braços, fazendo o Jeon sentir o perfume de manga que o Park exalava.
No instante seguinte, Jungkook e Jimin já estavam no chão, sendo que, o mais novo estava impressionado pelos poderes do seu irmão mais velho, só faltava o Park ler mentes!
Jimin hyung cheira a mangas...
— Essa mangueira existe aqui por causa de mim, sabia? É porque quando nasci eu cheirava a manga — Jungkook olhou para seu hyung de olhos arregalados — o que foi? Por que está assim?
— Eu quero ser um fantasma quando crescer! A gente pode voar, se teletransportar, e até ler mentes!
— Ei, eu não leio mentes! E é claro que nós fantasmas devemos ter algumas habilidades que vocês humanos não têm. Seria muito chato ter que viver a vida inteira sem ser ouvido e nem visto, e não poder fazer nada de legal! A gente pode voar, flutuar, teletransportar, e fazer as coisas se moverem e saírem do chão também.
— Mas então como você leu a minha mente? — Questionou o Jeon curioso.
— Eu não li a sua mente, é que você estava me encarando e tentei imaginar o que queria falar! — Ambos os meninos ficaram calados por um instante — bom, acho melhor você já voltar 'pra casa, daqui a pouco vai chover, e você precisa ensaiar um discurso para convencer a mamãe de falar sobre mim para você! — Ela já deve estar chegando, e vai estranhar ver o seu filho conversando com o nada... mamãe não vai entender que o Jungkook fala com fantasmas e vai querer levar ele para o médico... — ah, não se esquece de falar para ela que eu a amo, por favor? — Perguntou Jimin com um biquinho.
— Falo sim, hyung, não vou esquecer! — Começou a andar de volta para casa — Tchau, Jimin hyung, amei te conhecer e saber que o garotinho tristonho é o meu irmão!
— Tchau Jungkook-ah! Eu amei conversar com o meu saeng por um dia! Hoje eu pude ser um fantasma feliz — O Park sorriu com sinceridade dando o seu eye smile.
Mais tarde, naquele mesmo dia, a senhora Jeon chega em casa com uma sacola de plástico, tendo o seu conteúdo um pacote de bolo sabor manga.
— Jungkook? Querido? Eu cheguei! — A mulher tirou os seus sapatos, e foi até a cozinha considerando preparar o bolo que comprou.
— Omma, você chegou! Trouxe manga para o bolo, quer que eu chame o appa para ajudar?
— Por favor querido, a gente vai poder fazer uma calda maravilhosa! — Sorriu para o mais novo, que sai correndo para chamar o pai, enquanto isso, ia separando os ingredientes para o bolo.
— Querida, já voltou? — Selou a boca da companheira — como foi no mercado?
— Foi tudo bem, a fila estava cheia, e quase que não achava a massa de manga — sorriu fraco.
— Omma, por que você sempre faz bolo de manga no dia de hoje? Parece até aniversário — riu do comentário que fez.
O marido percebeu os ombros da sua mulher tencionarem.
— Tudo bem? — Sussurrou no seu ouvido, sendo respondido com um aceno.
— Kook, sabia que antes de você chegar, um serzinho bem pequenininho veio conhecer a mamãe? — Ela precisava falar sobre isso, foram sete anos sofrendo em silêncio, e somente trocando lamúrias com o seu ex no túmulo do seu filho.
— Sério omma? E como ele era? — Questionou interessado em ouvir a história pelo lado da sua progenitora.
— Ele se chamava Park Jimin, era mais titiquinho do que você, mas só pode ficar uns minutinhos comigo antes de voltar para o céu — o senhor Jeon viu os olhos da esposa começarem a lacrimejar, e a abraçou em consolo. Por outro lado, Jungkook olhou para a árvore do seu irmão, e observou o corpo do seu hyung sendo rodeado por uma luz amarela, e lentamente sumindo.
— É, Jimin hyung me contou e falou que ainda te ama, e ele seria um ótimo irmão para mim... — notou o corpo do Park ficando cada vez mais transparente.
— Obrigado saeng, você conseguiu me deixar feliz, te vejo no outro plano!
— Omma bobinha, da próxima vez poderia falar 'pra gente comemorar o aniversário do Jimin hyung junto na árvore dele — falou com lágrimas nos olhos espantando seus pais.
Hyung você é do mal, deixa a gente com saudades do seu cheirinho de manga, mas eu quero que você se divirta do outro lado...
Te vejo de novo quando ficar um velhinho bem-sabido.
-\\---//-
Quando comecei a escrever essa história, me inspirei em um filme que assisti com a minha (foi triste sim, mas eu gostei em partes akakak) de qualquer forma, demorei uns dois anos (?), Porque não conseguia escrever um final legal para a história.
Não acredito que esse seja o melhor final de todos para falar a verdade, mas acredito que essa coisinha aqui já passou muito tempo no escuro para eu não publicá-la, de qualquer forma, espero que tenham aproveitado a leitura, ando meio sumida aqui na rede, mas prometo que continuo escrevendo para vocês.
Tenho um monte de projetos (e coloca um monte) que quero mostrar para vocês, mas infelizmente 24h é pouco tempo pra muita coisa e a escola não colabora kakkaak
De qualquer forma, vejo vocês em breve, eu sumo, mas eu volto kakakka
Até mais!
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