XII. Flirting game

⊱♥⊰

Era muito frustrante perceber que mesmo após todas minhas investidas, Sebastian ainda parecia relutante em se aproximar — ou até mesmo ser visto comigo. Pelo menos era o que achava, já que após nosso beijo na ilha, ele vêm dado desculpas sempre que planejo encontrá-lo. É difícil demais lidar com uma garota que está desesperada por você? Ser rejeitada indiretamente repetidas vezes era ainda pior do que ouvir um simples "não". Nunca antes havia me sentido tão ansiosa após um beijo, geralmente era perseguida pelos homens desesperados por migalhas de minha atenção, e não o contrário.

Não sabia ao certo se o que me incentivava a procurá-lo era meu ego, anseio pela vitória ou desejo. Talvez os três. Havia também a variável do meu período fértil em jogo, que com certeza acelerava a equação. Agora estava em mais uma missão não-oficial de conquista ao garoto, indo contra todos meus princípios. Estava pagando por cada rapaz que rejeitei impiedosamente no passado.

Passo por Sebastian e em uma risada travessa, dou um beijinho rápido em sua bochecha, sorrateira o suficiente para que nenhum dos meus amigos notasse. Ao contrário de mim, Sebastian estava mortificado, me encarando como se houvesse cometido um crime de ódio.

— Sabrina, não aqui.

Encaro-o em desafio. Ele deveria saber a esse ponto que não sou de desistir, muito menos quando meu objetivo era claro o bastante para ofuscar qualquer obstáculo. Continuo a perdurar o contato visual até me acomodar em uma poltrona próxima. Minutos depois, seguindo meu pedido, o garoto retorna com uma bandeja em mãos, ainda contrariado.

— Obrigada. — sorrio docemente, estendendo o braço para pegar a taça de bebida, mas deslizando os dedos em sua mão no processo.

— Ops.

Sebastian apenas acena com a cabeça, em um sorriso mínimo. Deixo a cabeça pender de leve nos ombros e suspiro audivelmente, de forma dramática a fim de captar sua atenção.

— Seus amigos estão logo ali. — ele constata, sussurrando. O garoto havia se curvado ligeiramente em minha direção, talvez próximo demais para alguém que prezava pela discrição.

— Estamos chamando atenção, mas é por sua causa — sorrio cínica, me aproximando um pouco mais e sussurrando como ele. — Agora se me dá licença... — levanto da poltrona, caminhando até onde estava o círculo que engajava em uma conversa animada.

À princípio estava relutante quanto aos novos convidados que meu irmão havia trazido, mas a ideia não parecia a pior agora que havia conversado com dois dos garotos. Blake e Cory eram amigáveis o suficiente para se sentarem conosco, diferente das 3 outras figuras ao canto, conversando baixinho como se fofocassem sobre alguém. Estreito os olhos. Todas as fofocas aqui passam por mim antes.

Percebo um par de olhos me observando e suprimo um sorriso, mordendo o lábio inferior. Sabia exatamente a quem pertenciam.

Vou lhe dar algo para olhar, então.

A conversa entre Margot e Louise era entediante, mas finjo estar entretida e rio de suas piadas sem graça, ajeitando o cabelo despretensiosamente. Dobro as pernas próximo ao peito, cruzando os braços sobre elas enquanto deixo com que minha saia caía de lado. A calcinha do biquíni agora era visível, mas a falta de modéstia não me incomodava, até gostava de sentir seus olhos em minha perna descoberta.

Olho para o lado de relance. Sebastian agora parecia tenso, com os lábios entreabertos. Não deixo com que perceba minhas intenções, enquanto permito com que a alça fina do vestido também caia sobre o ombro.

— Blake, você vai à academia? Seus bíceps são tão grandes. — tomo nota em não ser silenciosa, encostando de leve nos músculos do rapaz sobre a camiseta apertada.

O moreno à minha frente balança a cabeça, presunçoso. Faço uma careta internamente. Espero que sua autoestima não esteja tão alta, já que seus braços pareciam os de uma criança que usou suplementos sem autorização.

— Ah, isso? Eu treino um pouquinho — ele sorri, umedecendo os lábios e chegando mais perto. — São naturais, sabia? Mas se está impressionada com isso, devia ver meu abdômen, olha só... — antes que ele pudesse levantar a camisa, somos interrompidos.

— Sabrina! Erm, senhorita Van Dijk, tenho um homem muito irritado em ligação exigindo falar com você. Poderia ser seu pai? — Sebastian se intromete em nossa conversa, impedindo que Blake avançasse mais sobre mim.

— É mesmo? Acho melhor eu checar então. — aparento surpresa, sorrindo em vitória assim que dou às costas aos meus amigos, seguindo Sebastian. É claro que a ligação era falsa, se de fato recebesse uma ligação sua por meio de terceiros poderia ter certeza que estava ferrada.

— Você tá me deixando louco, sabia? — assim que cruzo a esquina do corredor, Sebastian me para, aparentemente transtornado, com uma das mãos passando no cabelo de forma ansiosa.

Gostava da forma com que parecia estar desesperado por mim, era estimulante perceber que agora tinha sua atenção. E não pararia até que ela estivesse totalmente voltada a mim.

— Por quê? — agora alisando seu ombro, pergunto inocentemente. — Não me diga que gosta de mim... — determinada a fazê-lo ceder, agora encaro suas íris castanhas, que brilhavam de maneira diferente.

— Sabrina... para.

Embora me recusasse com palavras, não se moveu 1 mísero centímetro diante do meu rosto próximo ao seu. Fecho os olhos e fico na ponta dos pés, alcançando seu rosto e tocando a ponta do seu nariz com o meu. Sua respiração irregular fazia cócegas em meus lábios. Abro os olhos e percebo que os seus permaneciam abertos, atento às minhas movimentações.

— Se quiser vou embora, mas se não...

— Não. Fica. — seu tom era firme, assim como o aperto em meu pulso, me impedindo de concretizar minha ação.

Encosto nossos lábios de relance, apreciando a sensação enquanto fazia carinho em seu cabelo com a mão que estava em sua nuca. Sorrio uma última vez antes de me afastar, observando o rosto corado de Sebastian e sua expressão atônita, confuso com o que acabara de presenciar. Estava cedo demais para um segundo beijo, gostaria de provocá-lo um pouco mais antes disso. Não que fosse necessário, nosso relacionamento era puramente movido pelo interesse e meus objetivos.

— Era o que eu precisava ouvir. — dou um beijo estalado em sua bochecha, não resistindo ao quão adorável ficava envergonhado. — Você me interrompeu em uma conversa interessante, vou voltar agora.

Sua feição é imediatamente voltada para baixo, franzindo as sobrancelhas e os lábios em desaprovação. Apesar disso, não diz nada, mas quando em riso dou meia volta, ele segura meu braço.

— Seu biquíni é realmente lindo, vermelho combina com você. — suas palavras me surpreendem, e me sinto estranhamente bem ao saber que Sebastian havia de fato notado.

— Garanto que a textura do tecido é ainda melhor. — brinco com a situação, já que sabia que ele não levaria a sério de qualquer forma.

— Sabrina?

Estava me sentindo concorrida, Seria essa alguma espécie de fetiche com a irmã do amigo? A atenção não era de todo desagradável embora. Mas, surpreendentemente, a voz familiar não pertencia a nenhum dos novos convidados, e sim a alguém que em breve estaria morto.

— Nick. — meu entusiasmo forçado não era convincente, mas com o baixo intelecto de Nicholas, não me preocupei.

Com um sorriso, ele se aproxima e circula minha cintura com o braço, possessivamente me puxando para seu contorno. Reviro os olhos e deixo os braços suspensos em suas costas, recusando o toque. Ao perceber que não retribuía, ele segura meu rosto e me beija. Arregalo os olhos e me afasto ligeiramente, temendo pela reação do outro garoto que ainda presenciava a cena.

— Me desculpe atrapalhar. Caso receba outra ligação será informada, senhorita Van Dijk. Com licença. — Sebastian abaixa a cabeça e vai embora.

— O que pensa que está fazendo? — irritada com a investida súbita, empurro seu peito.

— Acho que já se divertiu o suficiente com o seu garçom, não é? Pensei que a esse ponto tivesse desistido dessa brincadeira.

Fecho os olhos com força. De repente o assunto que havia evitado durante dias, era levado à tona pelo idiota do meu ex namorado, que ainda pensava significar algo para mim.

— Pois é, né? Acontece que sua brincadeira com minha amiga também têm durado algum tempo, mas deixei se divertirem às minhas custas. — com a expressão impassível, constato ironicamente.

— Sasa, meu amor... — ele tenta segurar minha mão. — Por acaso não acreditou no que essa maluca falou, não é? — Nicholas se desespera ao perceber que sua farsa havia sido descoberta, convocando a clássica histeria feminina a seu favor. Nesse caso, os adjetivos se encaixavam perfeitamente, feminismo não se aplica a traidoras.

— De Sasa você chama sua cadela modificada em laboratório com problemas de respiração. – aumento o tom de voz. Sempre odiei esse apelido ridículo. — Sabe, eu tinha planos para acabar com a sua vida, mas acho que é punição o suficiente ser dissimulado.

— Eu juro, foi ela quem deu em cima de mim. — Nicholas tenta se explicar, embolando as palavras. — Fiquei com pena e a beijei. Algumas vezes. Mas bom, isso não vem ao caso, por que... — com os olhos marejados ele segura ambas as minhas mãos. — É você quem eu amo.

Caso essas palavras houvessem sido proferidas em outro momento da minha vida, talvez me derretesse e proferisse a declaração de amor de volta. Embora nunca tenha verdadeiramente sentido algo pelo garoto, havia dito que o amava diversas vezes. Mas eram palavras vazias, assim como as que Nicholas me dizia tão desesperadamente.

— Pode dizer que me ama à vontade, mas me beijar depois da sua amante? Isso é nojento. — faço careta, recordando de seu beijo minutos atrás e do fato de ter praticamente beijado Melina por tabela.

— Então quer dizer que vai simplesmente me largar em mar aberto? — exasperado, ele exclama, levantando os braços de forma dramática, olhando para os lados.

Reviro os olhos, com tanta força que por um momento temo que não retornem.

— Não estou te expulsando, pelo contrário, quero que aproveite essa viagem — me aproximo minimamente. — Afinal, pode ser sua última. — estava blefando, é claro, seria humilhante demais gastar meu réu primário com tamanha besteira.

Mas, dado ao meu histórico familiar e a plena capacidade que tinha de tornar a ameaça real, Nicholas parece acreditar e dá um passo para trás.

— Ah, sério? Só isso te deixou com medo? Então ainda bem que desisti de envenenar os mirtilos do seu drink... ou não. — dou risada, genuinamente me divertindo com a situação.

Seus olhos arregalavam ainda mais a cada frase, quase me fazendo acreditar em minhas próprias palavras ao vê-lo em uma posição tão frágil.

— Eu... vou fazer as malas.

Levanto as sobrancelhas e uma única risada de escárnio é emitida.

— Não falei sério, pode ficar se quiser. — afinal, sua presença já era insignificante o suficiente.

Em seguida, assim que o garoto de expressão amedrontada me abandona no corredor, dou gargalhada, agachando para recuperar o fôlego algumas vezes. Simplesmente inacreditável, bastaram apenas algumas palavras de ameaça vazias para converter um idiota esnobe na figura patética que agora fugia. Se soubesse que o efeito "dinheiro do papai" era tão potente sobre o garoto, teria o feito muito antes. Foi gratificante, mas planejava torturá-lo mais, uma pena que tenha desistido tão cedo.

Assim que pensei estar decidida em expulsá-lo, uma singela fagulha acende o traço sádico de minha personalidade, e sorrio sozinha. A única arma que tinha contra Melina era meu relacionamento com Nicholas, e como a mesma ainda não fazia ideia da minha descoberta, poderia me divertir um pouco mais beijando o garoto que gostava na sua frente — embora tenha que escovar o dente 10 vezes ao dia se esse fosse o caso.

Além de seu caso mal-escondido, apostava que Melina estava igualmente alheia à camisinha furada que usou. Dou de ombros. Minha vingança contra ela poderia esperar alguns meses — 9 para ser exata. Espero que tome anticoncepcional, mas como conheço sua família anti vacina muito bem, aposto que também não acredita em métodos contraceptivos que o líder do seu culto não aprova.

— Está tudo bem? — Melina, a última pessoa com quem esperava encontrar, surge do nada com uma mão em meu ombro.

— Tudo perfeito. Exceto para o Nick, ele teve uma emergência familiar. Own — coloco a mão no peito, aparentemente chateada. — Então se o ver desolado por aí, não se preocupe.

Melina parece divagar por um segundo, sua expressão de jogadora de pôquer era tão boa que quase não percebo sua fagulha de ódio e um sorriso diabólico escondidos. Os cantos de seus lábios se erguem, em um semblante estranho que deveria remeter a alegria.

— Sabe o que isso significa? Noite das meninas! — em um enorme sorriso, ela sugere, sem ao menos esperar por minha resposta quando começa a mexer em seu celular. — Procurei por umas receitas diferentes na internet, acha que seu amiguinho consegue fazer? — ela dá um passo e estende o celular em meu rosto.

Esquivo para o lado, em uma careta. Talvez o excesso de luz azul tenha me acrescentado 2 graus de miopia.

— Yay... — sacudo uma das mãos, em um sorriso mínimo.

Espero que a própria possa fazer o pedido a Sebastian, não sou descarada o suficiente para implorar por favores que nem mesmo quero na situação em que estou. Além disso, tinha um pedido de desculpas a fazer, só não sabia exatamente pelo que. Beijar meu namorado? O título não era mais adequado há algum tempo. Então por tentar provocá-lo? Não teria coragem de admitir em voz alta.

— Vocês formam um par tão lindo, torço muito pelos dois — Melina esbarra com o ombro no meu, de maneira sugestiva. — Só não deixe com que ele descubra da aposta. — ela sussurra por fim, ainda sorrindo.

Que vaca.

— Hum, sobre a festa do pijama... é, não sei se...

— Sabia que concordaria! Vou convidar as meninas então.

Respiro fundo, um frágil fio de lã me segurava e impedia de cometer loucuras — como o assassinato doloso — por isso ainda tentava me acalmar. Enquanto ideias de tortura circundavam minha mente ao caminhar, me perguntava por que ainda mantinha tantas pessoas irritantes por perto. Talvez fosse melhor programar uma viagem sozinha na próxima vez.

— Ah, e sei que vocês brigaram, mas não seja tão dura com Nick.

Seria divertido mantê-lo por perto por enquanto, não poderia simplesmente dá-los o passe livre para ficarem juntos. Estava incomodada com a ideia antecipadamente, mas teria de agir como alma piedosa e demandar com que Nick não fofocasse nada para sua amante feia, além de sugerir com que reatássemos. Sabia que o garoto não encontraria problemas em ocultar a pequena informação, Melina deveria ser apenas um caso insignificante de qualquer forma.

— Com certeza, amiga. Obrigada pelo conselho.

Espero que seus enjoos matinais comecem logo.

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