XI. Secret date
⊱♥⊰
— Bash. Demorou — constato em um suspiro, abaixando os óculos escuros para observá-lo. — Sabe que meu tempo é precioso, em alguns anos meus poros vão ficar dilatados e tudo vai estar arruinado. — deito mais confortavelmente à cadeira, ajustando os lacinhos da parte debaixo do biquíni.
Nunca pensei que ter uma amiga obcecada por caras mais velhos — ou segundo Louise, DILFs — fosse ser benéfico para mim, mas suas visitas ao capitão têm se tornado muito úteis. É como ter sua própria informante em assuntos que você não se importa o suficiente para checar por si mesma. Dessa vez, soube que faríamos rota por um conjunto de micro ilhas, e melhor ainda, de que em uma delas há a melhor trilha desta região do atlântico, e seria essa a programação para esta tarde.
— Estou dentro do seu dress code? — Sebastian pergunta, posicionando o rosto acima do meu, tentando captar minha atenção.
Retiro os óculos por completo, ao mesmo tempo em que suas mãos prontamente protegem meus olhos dos raio de sol. O olho de cima abaixo, aprovando a bermuda preta e demorando o olhar por seu abdômen, marcado pela camisa comprida de proteção UV.
— Tira isso, você precisa se bronzear um pouquinho. — sorrio de canto, caminhando até a pequena saída do iate, admirando o lindo jet ski que convenci meu irmão e seus amigos musculosos a colocar ao mar.
— Ela vai também? — seu tom é desanimado, e confusa percorro o olhar pelos arredores, avistando Melina escorada em uma parede próxima, observando-nos à distância.
— Jamais. Vamos logo, a não ser que queira dar uma carona pra ela.
É o suficiente para o garoto ir em frente e subir no veículo. Reviro os olhos. Seu cavalheirismo precisa de algum treinamento ainda.
— Vai pilotar? — sorrio, lançando um olhar significativo à Melina que ainda nos observava, antes de pular no jet ski, ocupando a posição de piloto onde Sebastian estava. Tento não pensar demais quando sento parcialmente em seu colo, e relevar a forma com que suas mãos seguraram meu quadril, equilibrando minha posição. — Melhor ir para trás.
É divertido demais provocá-lo inocentemente. Apesar de por vezes meu coração acelerar em sua presença, sei que esse é um sintoma puramente físico, justificado por um fluxo de sangue estranhamente alto, assim como quando sentei no colo de Sebastian. Aposto que no seu caso esconder a agitação era um pouco mais complicado. Mas admiro seus esforços, requer muito equilíbrio estar tão próximo assim da extremidade do assento ao mesmo tempo em que se segura a mim para não cair.
— Chegamos, donzela. — comento em tom de piada, desacelerando ao chegarmos próximo à superfície da orla da ilha, que à primeira vista era completamente sossegada e livre de turistas.
Retiro as chaves da ignição e enlaço o cordão em meu punho.
Imediatamente, Sebastian desvincula o toque, pigarreando de leve. Me pergunto se veio se controlando durante todo o percurso, e sorrio com a ideia. Mudo a posição das pernas até ficarmos frente a frente.
— É muito lindo.
Assim como eu, seus olhos percorrem a paisagem, que iluminada pelo sol da tarde causava uma impressão etérea, como se o lugar pertencesse a um sonho. As árvores eram grandes e cobriam grande parte do litoral, e mais ao fundo consigo observar um caminho de pedras, que levava adentro da densa floresta. Arrepio diante da imagem. O mínimo que espero de Sebastian é que mate os mosquitos ao meu redor e afaste as cobras peçonhentas.
— Está vendo aquelas pedras? Tem uma trilha por lá, já fui muuuitas vezes, super segura! — mascarando conhecimento, menciono a atividade que também descobri por meio de minha informante, não tinha ideia do que estava falando.
— Se eu não for precisar te carregar durante metade do caminho, é uma ótima ideia. — ele levanta o rosto de leve, encarando-me com os olhos semi-cerrados e um sorrisinho.
— Mas é claro, projeto de atleta inacabado — aproximo o rosto do seu, em desafio. — Mas sou muito mais resistente que você, fiz aulas de natação por 4 anos. Sua melhor característica é ser homem, e só.
Agora quem desafia o intervalo entre nós é Sebastian, à centímetros de distância e com a expressão de uma criança prestes a cometer um delito grave.
— Ah, é? Então tapa o nariz, sereia.
Mal tive tempo de sentir vergonha por seu apelido, quando limitando raciocínio à frase ele cobre meu nariz com a própria mão. Seus braços enlaçam firmemente meu entorno, lançando-nos ao mar em um pulo. A água gelada do litoral me faz estremecer, mas a sensação de adrenalina neutraliza qualquer outra, intensificando a euforia que já sentia. Sebastian permanece me segurando protetoramente enquanto nadamos até a superfície, mas não me afasto.
Não consigo evitar um sorriso ao emergir, coçando os olhos e tirando o cabelo do rosto.
— Acabei de dizer que sei nadar. — alcanço suas mãos e as retiro de mim em teimosia, mas ainda sorrindo.
— Desculpa, força do hábito — ele morde os lábios. — Tudo bem deixar isso aqui? — pergunta referindo-se ao jet ski.
— Por isso pedi para não vir de sunga — desamarro o cordão da chave. — Toma, guarda no seu bolso. — atiro-a no ar para o garoto, que pega em prontidão.
Lanço-lhe um último olhar antes de caminhar até a margem, agonizando com as conchinhas na areia, que cobriam quase que inteiramente a orla da praia. E como cena de filme, vejo ao longe Sebastian emergir da água com o torso molhado e cabelos pingando. O sentimento é mais forte que meu senso de auto-preservação, e não consigo evitar imaginá-lo em um filme de Hollywood, tirando a camisa lentamente enquanto...
— Sua tarada — ele arremessa a camisa que segurava em minha direção. — Pode usar, não preciso mais dela.
Discretamente ele aponta com a cabeça à esquerda, onde estavam dois pescadores me encarando assiduamente. Ambos possuíam um olhar malicioso, segurando uma rede de pesca como se houvessem pausado o que faziam.
Constrangida pela atenção desnecessária, aceito a camiseta e a coloco prontamente, rindo baixinho de como todo meu biquíni era coberto pela peça.
— Pareço pelada.
— Pode amarrar... aqui — ele se aproxima, fazendo um pequeno nó no tecido, perto do meu quadril. — Perfeito.
— Você estranhamente tem algum senso de moda, isso é comportamento de quem tem namorada — constato contrariada, caminhando pela areia e seguindo o caminho que levava à trilha. — Não sou nenhuma destruidora de lares, então é melhor...
— Não tenho namorada — ele assume a liderança, indicando o lance de escadas improvisado com pedras retangulares. — Você ficaria surpresa com a quantidade de informação inútil que ganho tendo uma irmã mais nova.
Agradeço por Sebastian estar à minha frente, impedindo-o de notar minha expressão de alívio e sorriso involuntário. Neutralizo a feição e passo a andar ao seu lado assim que subimos o lance de escadas. A segunda impressão da trilha causa um sentimento contrário à primeira. Pela umidade do local, todo terreno antiderrapante era coberto por musgo, e embora o sol ainda fosse forte, nada era capaz de anular a aura sinistra do lugar.
A caminhada é longa e juro que avistei algo se mexer por trás de uma das árvores, mas surpreendentemente, ainda não me arrependi da ideia. A tensão é presente, mas estava sendo catabolizada aos poucos pela conversa animada que engajamos há algum tempo. As palavras fluíam com facilidade e não faltavam assuntos, apesar de nossas personalidades distintas. Estaria mentindo se afirmasse que Sebastian não é em totalidade irritante, pelo contrário, mas ainda assim é engraçado tê-lo por perto, talvez por isso não o tenha expulsado ainda.
— É relaxante não precisar me esforçar pra ser interessante em uma conversa — comento, focando nas árvores ao redor para evitar contato visual após minha confissão. — Claro, isso porque você já me acha incrível o suficiente.
Ele ri, inclinando a cabeça para o lado e fazendo uma careta involuntária.
— É bom ter autoestima — fuzilo-o com o olhar, desafiando o garoto a continuar. — Sem ameaças de morte! Não falei no mal sentido — Sebastian se redimi, levantando os braços em rendição. — Você é de longe a pessoa mais confiante que eu conheço, gosto disso em você.
— Você também pode ser bem confiante às vezes, quando tenta dar em cima de mim por exemplo — condescendente, aceito o elogio e dou de ombros. — Você mencionou sua irmã, pensei que fosse filho único.
— Se fosse, talvez recebesse o carro do meu pai como herança, mas acho que vou ter que ficar com uma ou duas rodas. — ele sorri, parecendo recobrar boas memórias. — Ela tem 11 anos, é filha da minha madrasta. Ex-madrasta. Por isso não a vejo com tanta frequência... Sinto falta dela.
— Deve ser um sentimento bom poder sentir falta dos irmãos. Eu não tenho tempo de sentir isso, os meus estão por toda parte — constato encarando o caminho a frente.
— Você é sempre sem coração ou o guarda numa caixinha para colocar de vez em quando? — por trás do tom de piada, percebo sua dúvida genuína.
— Não é mais divertido descobrir por conta própria? — sorrio de canto, buscando evitar o tópico.
— Já saquei seu joguinho de conquista. Sinto muito, princesa, mas não vai rolar. — em tom de ironia, ele cruza os braços e me encara com as sobrancelhas erguidas.
Decido ignorar seu comentário e deixá-lo passar com apenas uma risada sarcástica. Estava pensando em uma resposta espertinha o suficiente para calá-lo, mas constantemente era distraída pelo choque de nossas mãos colidindo durante a caminhada.
Em dado momento, decidimos descansar em um tronco que estava caído. Faço careta ao passar a mão pela madeira e não haver sinais de que estava ficando mais limpa. De repente, uma ideia brilhante me ocorre enquanto observo o garoto sentar-se, apoiando as duas mãos por trás do corpo.
Estava na hora de progredir com o meu plano, afinal, não era pra isso que estava saindo com Sebastian? Minhas intenções escondidas ainda não eram claras ao rapaz, que me observava confuso, esperando o momento que fosse me sentar ao seu lado.
— Aqui é bem melhor.
A expressão atônita em seu rosto era impagável, sua boca escancarada balbuciando palavras incompreensíveis enquanto assimila o fato de que acabei de me sentir em seu colo.
— Você é maluca. — agora um pouco mais acostumado à minha presença tão perto, ele fala baixinho.
— Não te vejo me impedindo de ficar aqui. Algo me diz que está gostando... não é mesmo?
Sentia-me como uma serpente prestes a dar o bote, e como sabia que minha presa era um tanto sensível aos ataques, minha vitória era quase certa. Posiciono uma das mãos em sua perna, ganhando apoio.
— Eu quero isso mais do que qualquer coisa, mas não com você se atirando em mim de propósito por algum motivo. – suas palavras parecem ter sido difíceis de saírem.
Abro a boca em choque.
— Você tá me rejeitando?
— Não! Não, nunca. Só que... isso tá parecendo algum programa de teste de fidelidade — ele faz careta. — Por mais que eu queira muito que você continue aqui. Muito. — agora seus olhos desciam até meus lábios, retornando rapidamente antes que fosse pego.
— Então me beija logo, seu idiota.
Sebastian é o primeiro a aproximar-se, mas assim que seus olhos encaram os meus e seus lábios formam uma leve abertura, finalmente não resisto e quebro o contato.
Inicialmente, o garoto não tem reação, mas sem que eu perceba, o beijo se intensifica quando Sebastian nos prende juntos, com uma mão segurando minha nuca e a outra por trás de minhas costas, contornando minha cintura.
Nunca antes havia me sentido tão estimulada com um simples beijo, e por um breve momento me arrependo de qualquer outro beijo em minha vida, pois nenhum havia valido tanto a pena quanto este. Sua língua em contato com a minha despertava em mim desejos primitivos até então desconhecidos, e em busca de mais, puxo seu cabelo ainda úmido, suspirando entre beijos.
Estávamos tão imersos em nosso próprio momento que a mínima possibilidade de sermos flagrados não era incômoda o suficiente para desacelerarmos, mas causava uma adrenalina instigante. Quando sinto sua língua em meu pescoço, imediatamente me aproximo mais, em busca de satisfazer o desejo por seu corpo enquanto percorro as mãos por suas costas.
Com ambos os rostos corados, nos afastamos por um momento, apenas para juntar os lábios novamente. Sebastian era como uma droga, a ideia de me ver longe de seus lábios era terrível o bastante para reforçar meu aperto em sua nuca.
Mas em dado momento, infelizmente somos interrompidos. Desperta pelo som repentino, desvio o rosto, investigando a origem do barulho que havia me tirado de meu transe.
Um pássaro.
Assim que o susto esvanece, passo a encarar seu par de olhos castanhos, sem coragem de desviar novamente, pois sabia que a partir daquele momento as coisas nunca mais seriam as mesmas, e que se desviasse, talvez nunca mais estivéssemos tão íntimos como hoje. Mas indo contra meus sentidos, sou eu quem quebra a proximidade, deslizando as mãos por seus ombros e repousando-as na lateral do corpo, levantando do seu colo.
— Isso... nossa — Sebastian começa, coçando a nuca. — Definitivamente melhor que o primeiro. — ele comenta, sorrindo de canto.
— Acho melhor voltarmos. Se continuarmos a partir daqui vai ter que de fato me carregar. — rio levemente, procurando descontrair a tensão sexual que se instaurara há pouco.
— Provavelmente — envergonhado, o rapaz procura desviar a atenção de mim, mas de repente levanta e arregala os olhos. — Talvez seja melhor cobrir isso. — de primeira não percebo, mas ao contorcer o pescoço para a direita, noto a marca arroxeada pouco abaixo da clavícula, próxima ao seios.
– Ah, não... — em um surto de realidade, dou meia volta e desço a ladeira, ainda com a mão no pescoço.
Em passos largos e apressados, busco fugir da situação na esperança de não precisar encará-lo pelo resto do dia. Ou da semana. Apesar disso, o garoto me ampara com um olhar preocupado. Contorço o rosto em uma careta, esquivando da mão que buscava me alcançar.
— Cuidado!
Tardiamente, Sebastian tenta me avisar, mas mesmo assim atravesso o caminho escorregadio e o óbvio acontece. Agora lama me cobria da cabeça aos pés, já que tive a infelicidade de aterrissar deitada. Ainda em completo choque com a sucessão de eventos, apoio os cotovelos no chão para levantar, dispensando qualquer ajuda. Já era humilhante o suficiente estar coberta em uma versão menos mórbida de Carrie, a estranha.
— Eu não quero uma palavra. — com os olhos fechados e respirando fundo, suplico ao garoto, que permanece há alguns centímetros de altura de mim, igualmente surpreso. Descendo a pequena ladeira com a ajuda das mãos, Sebastian agacha frente a mim.
— Não precisa ser marrenta, é só um pouquinho de lama. — com o indicador, toca a ponta do meu nariz, sujando-o um pouco mais com os vestígios de sua descida.
Com um fundinho de remorso e ego ainda abalado, ergo a mão completamente suja, em ameaça.
— Você pediu por isso.
— Não, não, não! — ele dá poucos passos para trás, já que estava encurralado pela pequena ladeira em que caí. — Bri, você é melhor que isso, se continuar vou ter que te denunciar ao ministério do trabalho.
Sem ao menos perceber, Sebastian abala meus sentimentos outra vez, na mesma intensidade com que quebra meu coração. Bri era como costumava me chamar quando criança, e sei que é algo totalmente estúpido e frívolo, mas agi como se não o conhecesse justamente para evitar com que memórias como essa surgissem novamente. Mas agora não há volta, vou até o final.
— Você não tá trabalhando agora. — abaixo a mão por um segundo, juntando as sobrancelhas.
— Eu te satisfiz muito bem com meus serviços alguns minutos atrás, então...
Sebastian sorria pela segunda vitória do dia, talvez em vingança por tê-lo deixado igualmente nervoso quando sentei em seu colo mais cedo. Completamente chocada com a audácia do garoto, agacho e junto uma bola de lama em mãos, arremessando-a em sua direção.
— Você não merece um beijinho de despedida.
Antes que percebesse, estávamos ambos cobertos pela lama, rindo como idiotas após uma batalha de comida no refeitório. A pior parte foi fazer o caminho de volta até o mar onde pudemos nos limpar, e é claro que fui carregada por Sebastian.
Após aquilo, não nos beijamos mais, parte porque não saberia me controlar por muito mais — Deus sabe o quão forte fui — e parte porque me sentia culpada. Estava começando a gostar de verdade da sua companhia, e seria preocupante caso as coisas evoluíssem para algo mais sério. Mas, por um momento, busco esquecer os problemas que me perseguiam e aproveitar o restante do dia ensolarado.
...
Oiii! Espero que esse primeiro beijo de verdade tenha agradado a vocês tanto quanto me agradou.
Se gostaram, por favor dêem a estrelinha, me ajuda muuuuito a postar com mais frequência.
Obs: para a felicidade de alguns, tenho mais 2 capítulos prontos apenas esperando pela edição.
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