VIII. Pheromones
⊱♥⊰
*Pode conter gatilhos relacionados ao assédio*
Pretendo iniciar minha busca logo pela manhã, mas não imaginava que me arrumar tomaria tanto do meu tempo. Após uma sessão de lágrimas à procura de meu vestido rosa preferido e amaldiçoar Melina por tê-lo roubado, percebo que estava lá o tempo tempo. Tentei ao máximo ficar apresentável ou até minimamente bonita, mas por azar — ou Carma — acordei como nunca antes e meus cosméticos não pareciam estar fazendo efeito. Sabia que o verdadeiro culpado era aquele maldito travesseiro, e como havia passado as últimas noites dormindo com o rosto amassado, o que me restava era me deitar como morta pelo resto da viagem e esperar pelo melhor. Não pude evitar, era um ótimo calmante, mas agora estava perdendo o efeito, e era esse o assunto que precisava resolver.
Após uma extensa caminhada, decido persistir e não pedir ajuda a ninguém para achá-lo. Já era embaraçoso o suficiente o que tinha para lhe perguntar.
Ao chegar ao último lugar em minha lista, começo a suar frio e me desesperar, pensando que talvez ele tenha fugido ou se atirado ao mar. Pedidos de desculpa silenciosos são proferidos a cada passo e me arrependo por ter sido tão petulante ao ponto de deixar um homem inocente sem vida e emprego. Entretanto, toda onda de arrependimentos some ao avistar Sebastian em nossa adega no porão.
Sem timidez, lembre-se de seu objetivo, Sabrina.
— Joshua, tenho algumas tratativas com você hoje. Sabe, como sua chefe. — fico em pé ao seu lado enquanto o mesmo continuava agachado, organizando as garrafas de vinho da fileira mais baixa para realocar outras.
— Sebastian — o rapaz corrige, parecendo levemente irritado. — Acho que já passamos dessa fase, né?
— Claro, claro... — concordo avidamente, entrando em seu jogo. — Preciso te perguntar uma coisa — respiro fundo e digo antes que me arrependa, calma o suficiente para não soar tão estranha. — Qual seu perfume?
Confusão estava estampada em todo seu rosto. Levantando enquanto limpava as mãos nas calças, com as sobrancelhas franzidas, o mesmo abre a boca para falar mas se cala. Aposto que pensou que fosse lhe dar mais tarefas, mas por mim, poderíamos até demiti-lo, estaria lhe fazendo um favor e tanto, quem não gostaria de deixar de trabalhar?
— Que tipo de pergunta é essa? Pensei que tivesse a ver com o trabalho — ele não parece dar muita importância ao meu questionamento, mas como permaneço a encará-lo com uma expressão condescendente e braços cruzados, ele suspira. — Geralmente não uso perfume, nem trouxe um comigo nessa viagem.
— O quê? Não, não é possível. — contrariada, me aproximo para tirar a prova concreta.
Diante de meu ato inesperado, o garoto vacila por um momento, mas não se afasta. Sim, é a mesma flagrância que venho me intoxicando às noites. Para analisar melhor, seguro em seus ombros e fico na ponta dos pés para que conseguisse alcançá-lo. Toco meu nariz de leve em sua pele e inspiro em seu pescoço algumas vezes.
— Mentiroso.
— Por que eu mentiria sobre não usar perfume? — Sebastian dá risada, mas percebo que sua postura é falsa, já que por trás das piadas seu rosto está completamente corado. — Está tão atraída assim por mim pra vir até aqui cheirar meu pescoço? Só tinha ouvido falar dessa técnica de acasalamento por feromônios em livros de biologia, mas é realmente fascinante.
— Não, tenho outros motivos que certamente não envolvem acasalamento — faço careta diante da palavra. — Mas eles não convém agora, não preciso me explicar pra você. — com o rosto erguido e tentando disfarçar minha derrota, começo a subir as escadas até a saída.
— Se quer tanto sentir meu cheiro durante a noite por que não me convida pra dormir com você? — assim que estou no topo das escadas escuto sua voz em tom de brincadeira, seguida por sua risada.
Congelo em meu passo, raciocinando o que acabara de escutar ao mesmo tempo em que tento varrer para longe as imagens que minha mente projetava.
— Você está diferente — cerro os olhos, descendo alguns degraus. — Cadê o garotinho tímido que fica vermelho ao me ver de biquíni? — indago ironicamente, olhando-o de canto para retomar meu caminho até a saída novamente.
— Acredite se quiser, sou alguém muito bem estruturado e bastante engraçado até, mas pra isso você precisa continuar aí... — ele gesticula, indicando que deveria continuar subindo. — Isso, beem aí em cima, o mais longe possível.
— Ainda sou sua chefe, não deveria falar assim comigo. — o encaro emburrada, sem saber ao certo se estava criticando seus comentários tendenciosos ou o fato de me querer longe.
— Quando você me der mais do que dor de cabeça posso te chamar de chefe. Até lá... — ele deixa a fala no ar, voltando aos seus afazeres.
Bufo irritada e subo o resto das escadas batendo os pés com força no piso de madeira. Quem não iria desejar estar perto de mim? Inaceitável. Ainda por cima está tentando esconder a marca do seu perfume vagabundo, sei que ele não cheira tão bem assim naturalmente. Mas se esse fosse o caso, minha situação começaria a ficar preocupante.
Rumo até meu quarto mais uma vez, com os pés cansados, uma missão boicotada e orgulho ferido. Fecho a porta com raiva, sem me importar com o barulho que ressoa pelo corredor. Ajeito os fios do cabelo de forma passiva-agressiva, ejetando os sapatos para em seguida me jogar na cama, choramingando em minhas almofadas e as sujando de rímel.
— Travesseiro fedido! — atiro o objeto para longe, mas me arrependo e volto para buscá-lo. Ainda não tinha limpado o quarto.
Em meu estado, tenho pena da alma que ousar me interromper, certamente passarei o resto do dia no quarto.
...
— Sabrina...
— Elliot... — devolvo em tom de indagação, confusa acerca de suas intenções e buscando razões para que tivesse acabado de entrar em meu quarto sem ser anunciado.
Estava aplicando uma camada de esmalte cintilante nas unhas, precisava do cômodo completamente estático, sem sinal algum de vento. Esse fato somado aos acontecimentos de algumas horas atrás me fizeram mais irritada que o normal com a aparição de seu vulto na entrada.
— Você é incrível, sabia? — ele começa, se aproximando e sentando-se na ponta inferior da cama. — Eu no seu lugar estaria em prantos, mas até que você está bem.
Largo o vidro de esmalte em meu colo, suspirando audivelmente.
— O que quer comigo, Elliot? Sabe que não tenho saco pras suas besteiras como minhas outras amigas.
Ele sorri e levanta de seu lugar, rodeando a cama até que parasse ao meu lado, apenas me observando por alguns segundos. A forma como olhava descaradamente para minhas pernas estava começando a ficar constrangedora, por isso pego o cobertor e repouso sobre elas, cessando seu olhar.
— Se veio até aqui cumprir seu papel de garoto idiota, pode ir embora, já fez um bom trabalho.
— Pelo contrário — dessa vez, ele toma o espaço vazio à direita no colchão. — Soube que o Nick não vêm cumprindo as obrigações maritais, isso não te deixa chateada? — Elliot começa, com a expressão convencida de sempre. — Na verdade ele vêm as cumprindo muito bem, só que com sua amiga.
— Não somos casados. — respondo simplesmente, só então percebendo quão inútil seria sua visita. — E pode parar de falar como um vilão? Não estamos numa história em quadrinhos ou alguma merda parecida.
Elliot ri brevemente com meu apelo, mas não deixa meus comentários abalarem suas intenções.
— Então já sabe? Bom, isso deixa as coisas mais fáceis — ele ri consigo mesmo, com o rosto abaixado enquanto considerava as próximas palavras. — Você deve estar se sentindo sozinha só com a companhia do seu amigo servente.
Fecho a cara imediatamente ao ouvi-lo. Não havia necessidade em arrastar Sebastian para esse assunto.
— Não quer passar a maior parte do verão sozinha, né? — ele continua. — E você sabe que venho tentando há algum tempo, acho que agora está na hora de você finalmente me dar uma chance.
Isso me deu uma ideia.
— Pensei que fosse mais leal ao seu melhor amigo — ainda sem olhá-lo, sopro as unhas de leve. — Mas bem, eu estava precisando de uma distração mesmo... — elevo o olhar até seu rosto, levantando a mão para tocá-lo e deslizando-a lentamente até que repousasse em seu peito.
Elliot me encara em um misto de animação e descrença, onde até mesmo ele sabia o quão patética e desesperada sua tentativa era. Talvez me arrependa do que farei em seguida, mas a preocupação logo some quando lembro meu objetivo final. Deixo que tome o controle da situação e logo sinto seu toque em minha perna, subindo até o limite da mini-saia que usava.
Impulsivamente o beijo. Com uma das mãos segurava sua nuca e com a outra preparava meu dispositivo. Elliot atacava meus lábios como quem esperava por essa oportunidade há séculos, e não posso negar que o garoto fazia jus à sua reputação, se sua personalidade não fosse um lixo, até consideraria repetir a dose de hoje. Movo uma perna até seu colo para dar impressão de que estava em cima do rapaz, escolho o melhor ângulo enquanto o mantenho distraído e tiro a foto.
— Obrigada pela ajuda, Elliot — afasto nossos lábios assim que consigo o que queria, limpando a boca com a manga da blusa. — Mas saiba seu lugar e nunca mais entre sem bater, seu idiota.
O que mais importa a um homem é seu ego, e hoje pretendo destruir o de Nicholas.
Suspiro contente, planejando meus próximos passos, e só então me dou conta que Elliot ainda me segurava. Sua presença estava começando a me sufocar, então em um empurrão, tento me libertar de seu toque e esperar que saísse por conta própria. Apesar do meu desconforto aparente e pulsos levemente vermelhos pela insistência, não haviam sinais que indicassem que o garoto estava perto de ir embora. As batidas do meu coração me denunciavam e um leve desespero se instaurava em meus sentidos, me impedindo de raciocinar devidamente quando mais uma vez não consigo me afastar. A esse ponto, não ligava para o esmalte molhado ou se minha saia subia a cada movimento brusco, queria apenas me livrar do seu aperto.
— Por que eu iria embora tão cedo, Sabrina? Foi você quem me beijou. Mal começamos.
...
Oii!
Não falo muito por aqui, mas peço que se gostarem do capítulo, não esqueçam de curtir pra eu saber que estão gostando, isso me ajuda muito a postar mais capítulos! :)
(mais um capítulo de amor e ódio hahah)
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