V. Fairy godmother
⊱♥⊰
Após uma manhã sendo muito bem entretida por Sebastian e seus incríveis dotes de limpeza, estava na hora dos preparativos para a festa. Me canso antecipadamente diante da ideia de organizar um evento sem ajudantes que prestassem. Talvez tenha que recorrer a Sebastian e seus bíceps mágicos mais uma vez.
Decido pela agilidade e peço para o meu futuro ex-namorado dar um jeito nisso. Melhor usá-lo enquanto ele ainda me serve para algo. Envio a ele minhas 10 pastas no Pinterest, a trilha sonora de inspiração e lhe confio a missão de deixar tudo perfeito.
Bom, não é mais um problema meu. Sorrio para mim mesma, livre de preocupações e confiante em minhas habilidades de persuasão.
Ignorando as mensagens de Nicholas e os áudios animados de Melina, caminho pelos corredores à procura de um sinal de celular decente. Céus, mal posso esperar para chegar em terra firme novamente. Estamos navegando há algum tempo e vamos finalmente atracar na primeira cidade costeira. Pretendo usar minha ocasional personalidade extrovertida e convidar algumas pessoas bonitas para o meu evento, afinal, não é uma festa se não excedermos o limite de pessoas na embarcação.
Passo reto por uma porta entreaberta mas retrocedo alguns passos ao ouvir grunhidos de frustração. Lá estava Sebastian em frente ao espelho em uma luta com seu guarda-roupa limitado. Me pergunto se as peças na cama são tudo que tem ou se ele apenas selecionou as piores roupas para vir.
— Não. Não, não, não. Você não vai usar isso na minha festa — entro sem ser anunciada e tiro a camisa flanela horrenda de suas mãos. — Quando te convidei disse pra ir bonito! E não como o garçon.
Talvez ele estivesse acostumado com minhas entradas surpresa, já que os sustos anteriores são substituídos por suspiros de irritação.
— Não tem nada de errado com essa camisa. Olha... — ele estica o braço e apanha a peça novamente. — Sem buracos ou manchas. Em perfeito estado.
Cruzo os braços e imito sua expressão irritada.
— Minha opinião sincera? Se isso é tudo que tem, melhor ir pelado. — após os eventos de hoje mais cedo, não seria uma visão tão ruim assim.
Saio de vista novamente e rumo ao quarto de papai. Sempre estrago suas férias de verão pegando seu iate favorito emprestado, mas fora meus eventos particulares, é ele quem monopoliza a embarcação, então não encontro problemas em achar vestimentas adequadas. Retorno ao cômodo anterior com algumas peças em mãos.
— O quarto é todo seu. — Sebastian ergue as mãos em rendição e dá uma passo para trás.
Examino meu modelo e as opções sobre a cama. Pego uma das camisas de botão que trouxe e a ergo à frente de seu peito, aliso o tecido para acomodar seus ombros e início minha análise. Inclino a cabeça para os lados algumas vezes e por fim me dou por decidida.
— Prova.
— O quê? Aqui? — ele gesticula, com os olhos bem abertos. — Vira pra lá então.
— Ah, por favor, você nem é tudo isso. — caminho em sua direção e seguro a bainha de sua camisa, levantando-a ligeiramente.
Antes que eu pudesse prosseguir e tirar sua roupa, seus dedos percorrem a mão que usava para segurar o tecido, fazendo uma leve pressão sobre os nós dos meus dedos. Me afasto e comprimo os lábios. É bom eu não estar vermelha agora.
— Eu faço isso — com uma mão, ele termina meu trabalho e logo coloca a outra camiseta. — Ficou bom?
— É, dá pro gasto.
...
— Aaron, pode ficar parado? — bufo quando meu irmão se mexe novamente, tirando meu foco da monstruosidade que são suas sobrancelhas. — Acho que esqueceu que tenho um objeto levemente afiado em mãos.
— Se você parasse de me beliscar! Acha que não sei que é de propósito? — dramaticamente, o mesmo esfrega os olhos marejados.
— Anne lidaria melhor com isso do que você. — menciono nossa irmã mais nova e sorrio levemente ao lembrar do quanto ela queria participar de nossa viagem. Em alguns anos talvez.
Ajusto a almofada em meu colo novamente e o obrigo a deitar-se.
— Mas me fala, que missão fada madrinha é essa? Nas últimas horas te vi dando conselhos de moda e maquiagem em 3 quartos diferentes — constata o mesmo e por fim, sorri malicioso. — Aliás, voltou a brincar de casinha com o garoto Sebastian?
— Acabei — empurro sua cabeça e deixo a pinça sobre a cama, levantando com pressa em seguida. — Acho melhor esterilizar isso ou jogar fora de uma vez. Foi um trabalho tenso, não acho que a pinça aguentaria passar por isso de novo.
Ignoro completamente seus outros chamados e provocações e rumo até meu próprio quarto. A verdade é: a fada madrinha não precisa se arrumar antes da festa porque não há nada que possa ficar mais bonito nela. Apesar da confiança que exalava em meus pensamentos, tomo um susto ao constatar que tenho menos de 2 horas para ficar pronta. Venho trabalhando a arte da simplicidade que me tornou menos atrasada aos compromissos, mas não posso pensar pequeno quando estamos falando da primeira festa do verão.
— Margot? Louise? Meninas, não podem se esconder de mim usando meu perfume Chanel Gardénia, deixa a brincadeira fácil demais. — adentro no quarto e espero no batente da porta.
Como suspeitava, minhas duas amigas saem do banheiro da suíte com um sorriso, carregando algo atrás das costas. A surpresa não tarda, e logo duas lustrosas garrafas de vodka revelam-se.
— Essas trouxemos na mala, foi difícil passar pela fiscalização da minha governanta — Louise ri e senta-se na cama, realizada. — Quantas mais precisamos? Umas 100?
— Vodka não é nem um pouco elegante, mas faz um trabalho melhor que o champanhe — Margot a acompanha, tomando o lugar ao seu lado. — Enfim, viemos nos arrumar com você! — a garota sorri, assim como Louise.
As olho de cima abaixo, tomando nota de suas roupas brilhosas demais, maquiagem impecável e cabelos feitos.
— Vocês duas já estão arrumadas. — junto as sobrancelhas, confusa. Penso um pouco mais e sorrio. — Fugindo da Melina? Também estaria se tivesse que fingir amizade como vocês. — dou de ombros e caminho até minha penteadeira.
— Bom... sim, mas o que aconteceu entre vocês? Estava tudo bem de manhã — Louise levanta-se, agachando perto de mim enquanto espalho meus produtos sobre a mesa. — Não me diga que foi por causa da aposta.
Respiro fundo e coloco um sorriso falso no rosto.
— Falei da boca pra fora, não se preocupem — viro de lado na cadeira, as olhando. — Me irritei mais cedo porque ela roubou minha cor para a festa. — decido manter o segredo, por ora.
— Que susto! Pensei que era algo sério — Margot também se levanta, dessa vez acomodando-se na poltrona ao meu lado. — Se serve de consolo, azul marinho fica horrível nela. É quase um crime deixar ela usar aquele casaco enquanto pessoas passam frio.
— Mas já que mencionamos a aposta... — Louise interrompe e sorri. — Não sei se está fazendo isso porque ele é um gatinho ou pra contrariar a Melina, mas... — a garota junta as mãos em frente ao rosto e me olha. — Deixa um pouquinho dele pra mim no final, por favor!
Ambas riem e não demora muito para começarem outro tópico acerca da decoração e como Nicholas é tão baixinho que não consegue pendurar as fitas no teto. Sem perceber, estou divagando novamente.
— Garotas, o que acham de convidar mais alguns garotos bonitos na praia? Nunca é demais. — sorrio para as duas, dando-lhes a deixa para saírem animadas enquanto retocam o gloss.
Já fiz meu pequeno passeio pela orla da praia antes que meus serviços fossem requisitados por meus convidados. De qualquer forma, tenho meus contatos e tudo que precisei fazer foi avisar minhas melhores fontes de fofoca e pedir para espalharem a notícia, o que mais tarde julguei desnecessário, já que elas o fariam mesmo assim.
— Toc toc — batidas seguidas por uma voz ecoam próximo a minha porta aberta. — Já estava aberta, mas não quis pular as cerimônias. — Nick sorri e faz seu caminho até mim.
Ótimo.
— Ocupada. — digo sem desviar de meu reflexo no espelho, ajeitando meus fios e prendendo-os para que pudesse entrar no chuveiro.
— Soube que fez visitinhas pra todo mundo mas não foi no meu quarto? Fiquei chateado. — ele se aproxima e pega minhas mãos, com um biquinho triste.
— Nicholas, é sério, preciso tomar banho agora. — toco seu peito com a ponta dos dedos e o afasto para que pudesse levantar.
— E desde quando isso é uma coisa ruim? — seu sorriso se abre mais ainda. Dessa vez, perco a paciência.
— Tá, tá, tá, tchauzinho, até mais, au revoir. — em pequenos empurrões, expulso-o do quarto e tranco a porta.
Suspiro e envio uma mensagem de texto para Dexter, um dos seguranças que contratei para a noite de hoje. "Sem circulação em um raio de 10 metros do meu quarto pelas próximas 2 horas" .
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top