Prólogo

⊱♥⊰

Como todos os outros dias de verão na região costeira de Nova York, era uma manhã ensolarada e sem sinais de nuvens pesadas. A brisa abafada trazia consigo a trama de Sabrina e Sebastian, dois jovens fadados à eterna inimizade a partir de um trágico ponto no passado. Entretanto, de alguma forma, sua história era convertida em ventos de inverno, onde o clima é mais suportável, mas ainda assim, extremamente volátil e com sintomas de tempestade. Exceto por aquele verão, havia algo diferente nele. Os pássaros pareciam cantar mais alegres, e as flores da primavera não tardaram em florescer, à espera do evento de colisão dos dois grandes astros, opostos em matéria e essência. Ambos não sabiam explicar, mas por algum motivo eram sempre puxados um ao outro, por meio de pequenas intrigas ou esbarrões ocasionais.

Alheios às forças que os cercavam e possibilitavam seu reencontro cômico, Sabrina dirigia com seu motorista até a baia nova-iorquina, enquanto Sebastian limpava freneticamente o piso amadeirado do iate à espera dos convidados. A embarcação, apesar do uso inadequado e marcas irreparáveis de cigarro nas superfícies, era belíssima e continha 3 andares, os quais seriam usufruídos de todas as maneiras pelos jovens que viriam. E assim, Sebastian continuava a esfregar.

Sabrina era certamente uma garota de personalidade infame. Com seu ego super-inflado, grosseria e um senso de superioridade exorbitante. Apesar de não haver traços de personalidade agradáveis nela, sua humanidade é exclusiva àqueles que conseguem suportar suas birras e sentimentos conflitantes por tempo o suficiente. Àqueles que se cansaram e julgaram-na, a aflição de nunca terem desvendado os segredos de sua alma, que abriga as mais diversas tribulações e angustias. E apesar de todos seus defeitos, Sebastian ainda a via como um ser angelical que visitava seus sonhos, ao mesmo tempo em que atormentava a realidade, com as demandas e dificuldades que trazia consigo. Talvez ele fosse o único que ainda acreditasse nela. Talvez por isso eles estivessem destinados.

A garota agora acomodada junto aos seus amigos e uma quantidade exorbitante de álcool em volta, estava desolada com a mais nova possibilidade que assombrava seus pensamentos. Há algum tempo havia percebido de Nicholas, seu namorado, gestos e olhares estranhos direcionados a sua amiga Melina. Mas não, estar ficando louca era mais plausível do que a possível traição. Os drinks que bebera deveriam estar fazendo-na ter alucinações, Nick nunca faria algo assim. Já Melina, com o olhar igualmente raivoso, sentia inveja de Sabrina, por ser linda como nunca poderia ser, e ainda por cima ter o namorado perfeito. Mas diferente da anterior, ela tinha um plano, estruturado desde o momento em que pôs os olhos em Sebastian e percebeu o jeito que olhava para Sabrina, como se visualizasse seu futuro juntos.

— Sabrina. Você tá vendo aquele garoto te observando desde que chegamos?

— É claro, um idiota. Derrubou uma das minhas bolsas no mar, deveria fazê-lo esperar na fila da Times Square pela minha peça Saint-Laurent que foi destruída.

— O que acha de um joguinho, pra deixar as coisas mais divertidas enquanto estivermos aqui?

Sabrina quase pôde ler seus pensamentos enquanto Melina tinha uma expressão um tanto maliciosa — e perversa — na face. Revirou os olhos e suspirou, prevendo onde o tal jogo poderia chegar.

— Quer que eu o beije? Que nojo.

— Não... algo além — ela divaga por uns instantes, sorrindo como o gato de Alice. — Quero que o faça se apaixonar. E dizer que te ama! Se fizer isso, você ganha totalmente o meu respeito e faço tudo que quiser.

— O que acha, baby? — Sabrina direciona o olhar até o namorado, completamente relaxado para quem havia acabado de ouvir a sugestão de sua namorada beijar outro homem. Sequer a ideia de qualquer interação com o sexo masculino parecia abalá-lo.

— Você que sabe, amor, respeito as mulheres e quaisquer escolhas que elas desejem tomar — o garoto sorri sem mostrar os dentes, levantando o copo em um brinde invisível. Algo nisso fez o sangue de Sabrina ferver. — Além do mais, vai ser divertido ver aquele idiota ser enganado.

— E o que eu ganho com isso? — agora, a pergunta é voltada a Melina, que assiste seu show com um sorriso de canto.

Chamando Sabrina para perto com os dedos em um aceno, ela então sussurra:

— Soube que o seu papai está tendo dificuldades com um certo investimento, não é? E que por um cliente específico, o império dele pode criar uma pequena rachadura... — a garota se aproxima, de forma fatal. — Sabe o que é mais incrível? Esse cliente tem o meu sobrenome.

— Não sei se estudou nas aulas de matemática a extensão de 1 bilhão de dólares. Tente mexer comigo mais uma vez e te mostro na prática o que eles podem fazer com você. — igualmente sussurrando, a garota responde de forma afiada.

— Você sabe que o seu pai não tem tido sorte na compras das ações ultimamente, soube até que seus lucros caíram em 70% nos últimos meses...

Sabrina parecia apreensiva, em dúvida entre acreditar na garota ou nos próprios sentidos, que diziam que aquilo era loucura e de que seu pai nunca faria algo assim. Ele era o homem mais inteligente e poderoso que conhecia, certamente deveria ter um plano caso as coisas dessem errado.

— O maior erro dos nossos pais nesse ramo é sempre querer mais e mais, até acabarem falindo e afundando a família inteira — Melina continua. — Minha família poderia ajudar nisso, se assim desejasse.

Decidindo ignorar seus sentimentos e retomando a postura impassível, a garota loira termina seu copo de bebida em 5 segundos, para em seguida levantar decidida. Apesar da ideia não agradá-la em totalidade, seria egoísmo abandonar sua família, e demonstrando um lado fraternal nunca antes visto, ela encara Melina, irredutível quanto a decisão que tomara.

— Sabe que nunca perco.

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