05

Sunghoon vestiu a jaqueta de couro e deixou o quarto depois de Miyeon, mas checou se a porta do banheiro ao lado estava trancada antes de descer as escadas até a cozinha. Ele encheu um copo grande de refrigerante e ainda não havia deixado o ambiente quando Jay saiu da dispensa arrumando o cabelo, de mãos dadas com Jeonghan. Sunghoon entendeu tudo na hora e soltou uma risada debochada, fazendo questão de ser ouvido. Jay deu um pulo assustado e se voltou para a direção onde ele estava.

— Credo, Sunghoon. Tava aí igual a um fantasma, eu hein. — Ele tinha as mãos na altura do coração, buscando se acalmar após o susto. — Aconteceu alguma coisa? — O mais novo sorriu e apontou com o queixo para Jeonghan.

— Você é amigo do Jake, não é? — Sunghoon solveu o refrigerante à curtos goles enquanto observou o garoto franzir o cenho para si, como se estudasse o terreno antes de responder. — Por que ele subiu pro segundo andar e se trancou no banheiro.

— Merda. — Jeonghan reclamou e se virou para Jay como se pedisse desculpas.

— Tá tudo bem. Eu te acho depois. — Eles trocaram um selinho e o outro garoto subiu as escadas com pressa. Sunghoon o acompanhou com os olhos até sumir, antes de deliberadamente sorrir de canto. Jay colocou as mãos na cintura e o encarou. — Certo, o que você está aprontando?

— Você não vai achar ele depois. — O loiro trocou o peso das pernas e cruzou os braços, como quem diz "não é esse o assunto". Hoonie bufou. — Por que todo mundo acha que eu vou aprontar? Você estava transando com o calouro na nossa dispensa! Você sabe que a Miyeon vai querer te matar se souber, não sabe?

— Ah, então eu não sou o único. — O mais velho riu e se aproximou até passar os braços em torno do pescoço dele. — Para de fugir do assunto. O que você está arquitetando nessa tua cabecinha? Até aprendeu o nome do calouro, está interessado nele?

Sunghoon sorriu e abandonou seu copo para abraçar a cintura do loiro.

— Ele viu a gente no banheiro outro dia.

— No dia da palestra? — Sunghoon assentiu. — Ele foi bem silencioso, eu nem percebi.

— Ele ficou tão assustado. — Lambeu os lábios e sorriu de canto, recordando. — Mas não se mexeu um centímetro. Ficou analisando tudo, sem saber que eu já tinha visto ele ali. Ele parecia tão inocente e inquieto, mas eu sei que ele ficou excitado... e eu fiquei também.

Jay riu e deu um tapa no ombro alheio.

— Eu estava te chupando e você ficou prestando a atenção no calouro?

— Ele é interessante, Jay. — O mais baixo lambeu o pescoço do loiro e o mordeu levemente. — A aparente timidez e ingenuidade forçada dele me atiçam.

— Ingenuidade forçada é um termo interessante. Por que você pensa assim?

— Miyeon conversa muito com a amiga dele. — Começou. — Ele é puramente religioso e aparentemente se preocupa em seguir a doutrina. Seria normal que ele tivesse se privado de saber sobre sexo e ter pouco conhecimento de causa, mas esse tipo de garoto fugiria. — Sunghoon sorriu de novo. — Ele continuou lá. Ele ficou desejoso, e eu sei disso por que ele analisou tudo antes de perceber a situação. Eu gemi olhando nos olhos dele, Jay, e ele não moveu um músculo.

— Certo. Ele é um fiel tarado e você é pior. — Jay sorriu quando o mais novo lambeu o caminho até sua orelha e lhe beijou o lóbulo delicado. — Mas por que está tão interessado nesse garoto? Você sempre disse que gostava de pessoas experientes, esse cara ainda deve ser virgem...

— Eu não sei. — Deu de ombros. — Ele me lembra alguém. Eu me sinto curioso e é raro eu me sentir assim.

— Você está me excitando sussurrando no meu ouvido assim. — Jay sorriu e Sunghoon desceu as mãos até o traseiro bonito o puxando para frente até que as intimidades desacordadas roçassem. — Sunghoon...

— Que hyung guloso... você acabou de transar com o cabeludinho. — O mais velho riu alto e deixou um selinho nos lábios do outro quando ele se afastou para encará-lo.

— E ele gemia muito gostoso enquanto eu estava dentro dele. — Comentou, brincando com uma mexa do cabelo escuro e grosso do dongsaeng. — Mas eu ainda estou carente, Hoonie.

— Quer subir? — A voz dele era sussurrada e Jay se arrepiou inteiro quando as mãos atrevidas entraram pelas bordas de sua camiseta, acariciando as costas quentes. Ele sorriu e assentiu antes de beijá-lo de verdade e puxá-lo para fora da cozinha bem a tempo de poderem ver Jeonghan e Jake se despedindo de Jungwon enquanto tentavam lidar com uma Soojin completamente bêbada.

Eles se aproximaram do grupo e Jay sorriu ao se dirigir à eles.

— Já vão? — Jeonghan sorriu de volta e assentiu.

— jake não está se sentindo muito bem. — Era uma mentira e Sunghoon sabia, então mediu o outro garoto de forma descarada e proposital, fazendo-se notar.

— Conseguiu encontrar o banheiro? — Perguntou enquanto dava seu melhor sorriso inocente e observou o garoto assentir e murmurar um curto obrigado. — Ele estava vazio dessa vez?

O garoto arregalou os olhos e corou ferozmente antes de desviar o olhar e apertar as mãos em punho; aquela atitude era mais do que vergonha, era raiva. Jay reconheceu cada um dos sentimentos, desacreditado da forma de jogo escolhida por Sunghoon.

Ele ia fazer o garoto sair correndo.

— Certo, o que eu perdi? — Jungwon questionou divertido, também atento à reação estranha do calouro. No entanto, antes que Sunghoon pudesse soltar qualquer piadinha, Jake sorriu em sua direção.

— Mais cedo eu estava procurando pelo banheiro e acabei indo parar em um dos quartos. — Explicou. — Ele estava lá e me mostrou a porta certa. Muito obrigado, Sunghoon.

— Não precisa chamar ele assim, Jake. Ele é mais novo que você. — Jungwon comentou, ainda sorrindo, completamente alheio aos olhos que se cruzaram em uma conversa muda. Jay observou cada interação enquanto segurava uma risada; a tentativa de provocação de Sunghoon havia falhado vergonhosamente, mas ninguém parecia ter notado além dos três.

— Ah, eu não sabia. — Jake ainda disse, finalmente desviando os olhos dos de Sunghoon. — Terminamos na mesma, por que eu sou mais velho de vida, mas ele é mais experiente na universidade.

— Tudo bem. — O mais novo sorriu. — Se você quiser, eu posso te apresentar a esse mundo.

Jake subiu a mãos até a gola da blusa, agarrando algo de baixo do tecido, sorrindo pequeno.

— Quem sabe? Eu sou muito bom em encontrar as coisas sozinho.

Sunghoon sorriu e Jay quase se engasgou com a resposta, mas parecia que uma bolha os segurava naquela conversa bizarra, pois ninguém mais entendeu. Foi só quando eles se afastaram com Jungwon que Jay soltou um risinho debochado e cutucou Sunghoon.

Você estava certo, Hoonie.

O mais novo apenas sorriu, observando enquanto Jake adentrava o carro.

— Parece que a largada foi dada.

***

Jay estava agarrado a si quando despertou naquele sábado. Todas as manhãs pós festa lhe enchiam de preguiça, pois ele sabia que encontraria uma casa completamente bagunçada e a perspectiva de encontrar tanto lixo em sua sala de estar acabava completamente com seu ânimo. A bagunça dentro de casa deveria ter sido reconhecida como prelúdio para o fim de semana.

O sábado foi entediante; todos os sete passaram boa parte do dia arrumando a parte de baixo da casa e limpando o jardim repleto de copos descartáveis, bitucas de cigarro e garrafas de bebida. Quando a noite finalmente caiu, eles cederam à pizza e filmes velhos que fizeram Jay e Niki chorarem um pouco. Miyeon riu deles apenas para depois ser igualmente zoada no segundo filme, onde quem desabou num choro longo foi ela.

No entanto o domingo foi preguiçoso e Sunghoon e Heeseung foram os únicos que escolheram não sair. O mais velho ficou na sala maratonando séries aleatórias e o outro se permitiu virar a tarde todinha e uma parte da noite jogando overwatch. Depois de horas à fio na mesma posição, o mais novo da república tinha as costas doendo e a barriga roncando, por isso se permitiu comer besteira e pedir fast food por um aplicativo.

Já se passavam das oito da noite quando Niki, Sunoo e Miyeon voltaram de seus compromissos; Jay e Jungwon nunca voltavam aos domingos pois comumente dormiam na casa dos pais. Sunghoon cumprimentou cada um deles e chegou a começar a assistir uma animação da Pixar com Miyeon deitada com a cabeça em seu colo e as pernas no de Niki, mas lá pela metade ele recebeu uma mensagem curta.

Hyojong [21:15]:

| 22h, estrada para Susaseum.

Você [21:16]:

Fechado|

As apostas estão boas hj?|

Hyojong [22:16]

|1 conto fácil

|parece que vai uma galera do Widaehan

Você [22:17]:

Blz|

Vou estar lá|

— Eu vou ter que sair. — Disse, acariciando a cabeça que se apoiava em si e aguardando Miyeon se sentar antes de se levantar. Niki franziu o cenho em sua direção e pausou o filme.

— Vai sair? À essa hora? — A garota perguntou, um tanto sonolenta. Ela avaliou a situação por três segundos antes de bufar. — Você vai correr de novo, Hoonie? Sério?

— E você vai bancar a mamãe de novo, Miyeon, sério?

— Essa merda é perigosa pra caralho, Hoonie. — Niki tentou argumentar. — Pra você cair dessa moto e se foder todo é facinho. Tu tem noção de que apostar racha é ilegal? Da última vez você quase foi preso...

— Eu não corro com a moto e não fui preso. — Deu de ombros enquanto começava a caminhar na direção das escadas. Miyeon trocou olhares com Niki e ambos se levantaram para ir atrás do mais novo. Eles adentraram o quarto junto dele e Sunghoon revirou os olhos, sabendo que o discurso se iniciaria sem hora para acabar.

— Vocês deveriam se poupar do esforço, sabem muito bem que eu vou correr independentemente do sermão que vocês me derem.

— A gente se importa com você, Hoonie.

— Não é possível que você não entenda o quão perigoso são esses rachas! — Miyeon disse, um tanto alterada. — Cadeia é o menor dos seus problemas, Sunghoon!

— O que está acontecendo? — Sunoo e Heeseung, que antes estavam em seus quartos estudando e lendo surgiram no ambiente, adentrando o quarto enquanto observavam Sunghoon vestir calças pretas e calçar coturnos pesados.

— Ele vai apostar racha de novo! — Miyeon acusou, nervosa.

— Você não aprende nunca, não é mesmo? — Sunoo disse, massageando a ponte do nariz. — Você ainda vai se foder de verdade numa dessas.

— Vocês também não aprendem, pelo jeito. — Retrucou o mais novo, se levantando da cama após amarrar os calçados. Ele buscou uma camiseta branca e sem mangas no armário e a vestiu com pressa, separando a jaqueta pesada de couro sob a cama antes de se encaminhar até o banheiro para escovar os dentes.

A calma dele irritava Miyeon.

— Hoonie. — Heeseung tentou, inseguro. — Existem formas muito menos arriscadas de se conseguir dinheiro. Porra, tu tem tanto amigo nesses bares que te dariam um emprego em dois tempos, tu não precisa arriscar sua vida pra isso...

— Hee, eu vou ficar bem. — Ele estava com a voz estranha por causa da boca cheia de creme dental. — Vocês têm que parar de surtar toda vez.A única residente feminina da república bateu as mãos contra as coxas e bufou.

— Eu desisto de tentar fazer você não tentar se matar. — Ela deixou o quarto à fortes pisadas e Sunoo suspirou.

— Eu não pedi para ela bancar a minha mãe.

— Ela está preocupada, Hoonie. — O mais velho entre eles disse. — Todos nós estamos. É uma atividade ilegal e perigosa... Miyeon ficou muito nervosa quando você teve que fugir da polícia, é claro que agora ela também ficaria. Não fazem nem duas semanas desde a última vez... eles não conseguiram provar aquele dia, mas você ainda está marcado e eu não vou poder fazer nada se você for preso.

Sunghoon se aproximou do mais velho e lhe tocou o ombro.

— Eu vou ficar bem, Sunoo. Eu prometo.

— Certo. — Heeseung disse, firme. — Então eu vou com você.

— Eu não acho uma boa id-

— Não foi uma pergunta, Sunghoon. Eu vou e pronto. — O outro disse, já se afastando para se vestir. — Se não é perigoso para você, que vai correr, tampouco para mim, que só vou assistir.

— Que ótimo. Agora você vai se meter na merda também? — Niki questionou, nervoso. — Sua tática de coerção é fascinante, como é que ninguém nunca te pediu dica nenhuma?

— Pelo menos alguém vai estar lá pra prestar atenção nessa criança.

— Ah, que ótimo. E você? Quem vai prestar atenção em você? — Niki cruzou os braços e o observou enquanto Heeseung vestia uma camiseta qualquer. Uma atitude tão infantil vinda de uma pessoa sempre tão madura o enchia de raiva.

E olha que lhe tirar do sério era uma tarefa bem difícil.

— Ninguém. — Sunoo suspirou, conformado. — Eu vou com o Hoonie. Vocês ficam aqui. Eu conheço o pessoal do racha, já fiz parte dessa porcaria, afinal. — Todo mundo estava em silêncio e Sunoo apenas vestiu mais uma vez a jaqueta jeans pesada. — É às dez? — Sunghoon assentiu, à contragosto. — Eles não mudam nunca. Vamos logo.

— Eu vou com voc-

— Heeseung. — Sunoo advertiu, impaciente. — Você tem a maior cara de mauricinho e ninguém de lá te conhece, seria assaltado em dois segundos. Pelo amor de Deus, não complica essa merda. Fica atento ao celular que eu te ligo quando a gente chegar.

À contragosto, o mais alto assentiu. Sunghoon pegou a chave de sua moto sob o aparador ao lado da porta de entrada e Sunoo alcançou a sua do carro, então os dois deixaram a casa em silêncio.

Do lado de dentro, nenhum dos três residentes foram capazes de relaxar até que eles retornassem.

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