Capítulo Um


Por fora o gigantesco castelo de gelo poderia parecer frio, talvez até mesmo abandonado. A construção feita de blocos gélidos subia para além da geleira a qual era acostada e a aurora boreal refletia no gelo quase todas as noites, como se as luzes gostassem de dançar sobre aquelas paredes. Apesar da beleza, um castelo solitário no Polo Norte realmente não parecia acolhedor.

Isso, claro, era apenas a primeira impressão — aquela que Louis Tomlinson tivera quando, com seus poucos quatro anos de vida, chegara voando ali em um trenó puxado por renas, rodeado de outras crianças. Duendes órfãos de todas as partes do mundo que ganhariam um lar naquele castelo congelante. Trêmulo de frio, o pequeno Louis chorara baixinho enquanto o trenó descia, desapontado com o local em que viveria, inóspito e triste.

Isso foi antes das portas serem abertas pela primeira vez e Louis ser atingido por uma onda de calor, cores, abraços e felicidade. Milhares de duendes, de todas as idades, comemoravam a chegada dos mais novos membros da maior família do mundo, e então Louis soube que seria amado. Ganhou o sobrenome Tomlinson, aquele que representava sua Casa naquele castelo mágico e intenso.

Crescer em uma fábrica mágica que produzia brinquedos o ano inteiro era um sonho, mas também uma grande responsabilidade, o que Louis descobriu quando se tornou adulto e passou a trabalhar fabricando os brinquedos. Cada peça produzida representava os sonhos de uma criança ao redor do mundo e fazê-los realidade era uma missão complexa e delicada. Era por isso que Louis dedicava sua alma a cada brinquedo que fazia, aprendendo ano após ano a melhorar cada vez mais.

Naquela manhã em especial, a fábrica fervilhava de cores e odores. Milhares de duendes trabalhando em suas sessões, os últimos ajustes necessários para a data mais esperada do ano. A Véspera do Natal sempre era caótico, o desespero coletivo para cumprir com os prazos gerando uma cacofonia na gigantesca fábrica.

Ao seu lado, Niall da Casa Horan cantava e rebolava sozinho enquanto terminava a embalagem de um dos presentes. Mais ao longe, Liam da Casa Payne se descabelava para arrumar pequenos globos de neve em uma grande caixa. E ainda havia Eleanor da Casa Calder, que se aproximava perigosamente de Louis, a prancheta de supervisora firmemente presa em seu braço.

— Lou, você fica com a Área de Embarque Q23. — Ela disse.
Louis deixou cair a cabeça sobre o pacote de presente que fazia e suspirou pesadamente.

— Por que você me tortura todos os anos com isso? — Bufou em um sussurro. — Por que sempre me manda para a Área de Embarque dele?

— Porque eu gostaria que vocês pudessem se ver como eu vejo vocês. — Ela respondeu. — Quando querem, conseguem trabalhar juntos perfeitamente.

— O que você vê em nós? — Ergueu o rosto. — Um ringue de luta livre? Ele não coopera comigo nunca! Por favor, El, por nossos anos de amizade, não me mande para lá de novo!

— Vocês são igualmente teimosos. — Eleanor marcou algo em sua prancheta. — Sem desculpas. Você fica com o Q23.

E foi assim que Louis Tomlinson se viu arrastando se carrinho lotado de presentes embalados pelos longos corredores do castelo. Em silêncio, amaldiçoava Eleanor por ser incrível com cálculos e péssima com as mãos. No primeiro Natal em que ela trabalhara, explodira um pote de tintas mágicas e bolhas coloridas passaram os próximos meses flutuando entre os duendes — de tempos em tempos uma estourava e encharcava alguém com mil cores. Depois do incidente, ela se tornara supervisora e ficava o mais longe possível de brinquedos.

A gigantesca porta que levava à Área de Embarque Q23 surgiu diante dos olhos azuis de Louis rápido demais. O tráfico de duendes e renas ali era gigantesco, carrinhos carregados de presentes flutuavam de um lado para o outro e os enormes trenós se enchiam aos poucos. Louis passou pela porta e imediatamente foi recebido por uma forte corrente de ar gelado, advinda das majestosas aberturas que davam para o céu aberto — pequenos flocos de neve rodopiavam para dentro.

Correu os olhos pelo espaço e soltou um suspiro de alívio quando viu apenas Gemma, a filha mais velha da mais tradicional família de renas: Styles. Ela não estava em sua forma humana, então apenas cutucou Louis com os grandes chifres quando este começou a passar os presentes do carrinho para o trenó.

Por alguns instantes, Louis achou que estava com sorte — até que ouviu o familiar som. Cascos desajeitados batiam sobre o gelo velozmente e o duende sabia exatamente de quem eram aquelas pegadas. Nenhuma outra rena faria uma entrada tão escandalosa.

A grande rena corria entre os vários trenós, os chifres ordenados por luzes natalinas coloridas, a coleira de pérolas brilhando entre os pelos castanhos de seu pescoço. E, quando ela colocou os olhos verdes sobre Louis, o duende suspirou baixinho e revirou os olhos. Era claro que ele não teria sorte de não encontrá-lo naquela Área de Embarque. Sério, por que Eleanor o enviava ali toda Véspera de Natal?

A rena trotou feliz em direção à Louis, transformando-se lentamente em sua forma humana. Em instantes, Harry Styles estava encostado no trenó que Louis enchia, brincos de pérolas pendendo de suas orelhas para combinar com o colar, os chifres sobre sua cabeça piscando coloridos e o rabinho balançando velozmente. Mordia a ponta da língua e as covinhas sobre suas bochechas eram evidentes.

— Impressão minha ou você ficou mais baixinho? — Harry disse.

— Talvez sua idiotice que tenha crescido. — Louis resmungou, pousando o último presente no trenó. — Não enche, Edward.

— Sério? Ainda com essa do Edward? — A rena deixou o rosto pender para o lado e seus chifres quase acertaram Louis. — Vai viajar no meu trenó de novo esse ano?

O duende apenas pegou seu gorro verde, que se prendera no chifre de Harry, e deu as costas, arrastando seu carinho vazio em direção à saída. Ainda tinha alguns presentes para embalar e prometera ajudar Charlotte, sua irmã de Casa, com os dela.

— Você é muito mal educado, Lou. — A rena o seguia de perto. — Não sei como a Mãe Noel te escolheu. Quer dizer, com tantas crianças humanas legais, ela pegou o órfão mais chato de todos.

Harry tinha família, era filho de um amoroso casal de renas e tinhas muitas irmãs — Louis não conseguia saber como apenas um macho havia nascido daquela família enorme —, então jamais entendera muito bem de onde vinham os duendes. Crianças órfãs, abandonadas pelos pais humanos, eram levadas e se transformavam em duendes. Louis gostava de ser quem era, porém, a Véspera do Natal sempre fora um dia delicado para seus sentimentos — depois das palavras de Harry, sentia o colar em seu pescoço, escondido sob as roupas, tão quente quanto fogo.

Por isso, não soube bem o que sentia quando se virou bruscamente e empurrou Harry pelos ombros:

— VOCÊ NÃO SABE DE NADA!

Ele deveria ter suposto o que aconteceu em seguida. Ser desastrado, sobre cascos ou pés, não era a característica mais conhecida de Harry Styles? Porém Louis sentiu seu coração rachar quando Harry tropeçou para trás devido ao empurrão, escorregou no gelo e caiu brutalmente sobre seu ombro direito.

O grito de dor percorreu a Área de Embarque e todos se voltaram para ver um Louis chocado e um Harry choroso segurando seu braço. O duende não se moveu, seu corpo tomado por espasmos quando os grandes e úmidos olhos verdes da rena se pousaram sobre os seus:

— Por quê, Lou?

[1243 palavras]

__________________

Olá, meus amores.

Esse capítulo pode sofrer modificações para adequar o conto ao limite máximo de palavras, mas por enquanto ele ficará assim.

To quase desistindo de concorrer só para escrever mais! Veremos!

Até o próximo

Com amor,
Kyv❤

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