nine
Dia da cirurgia.
Misericórdia. Eu tô tão nervosa com algo que vai ser novo pra mim. Eu tenho medo de ficar cega depois desse evento e nunca mais ver o rostinho do Blake.
Estou rindo por lembrar que ele disse que eu pareço estar em um filme de drama. Só ele para falar algo assim em uma situação difícil.
Eu vou enxergar perfeitamente e ele vai embora. Esse garoto não disse o motivo dele ir se mudar. Toda vez que eu toco no assunto, ele começa à chorar, como tivesse medo do que iria acontecer. E tenho medo de que pode ser o pior, que ele acabe indo para um lugar tão longe. Ele mal voltou pra cá também.
Na terça-feira, depois da escola, eu fui para a casa dele passar uma noite. Os pais dele são gente fina, gentis e adoráveis. Mas eu via que nos olhos deles haviam preocupação em relação à mim e ao Gray. E eu preciso saber imediatamente, antes que eu enlouqueça de curiosidade.
Naquela noite, jantamos, assistimos uns filmes e demos uns amassos que chegou à ter a nossa primeira vez. Parecia uma despedida.
Agora eu estou aqui esperando a hora da cirurgia chegar, em uma cama de hospital com mãe e o Blake ao meu lado, conversando para distrair as minhas preocupações.
- Está na hora. - A cirurgiã aparece na porta do quarto.
- Boa sorte, filha. - Kim me dá um beijo em minha cabeça.
- Obrigada, mãe. - Abri um sorriso e peguei na mão do Blake. - Eu vou estar esperando por você aqui depois.
- Eu também, Di. - Ele deu um sorrisinho. - Vai dar tudo certo. Eu sei que vai.
Assenti e a médica me levou até a sala de cirurgia.
Blake Gray
Assim que ela saiu, eu fui para o corredor e vi uma notificação de mensagem no meu celular.
Desconhecido: Gray... Sou eu, Cameron. Estou mandando essa mensagem porque eu quero pedir desculpas para a Diana, por tudo o que eu fiz de errado. E para você também. Eu sei que você é o melhor amigo dela e diga à ela que eu vou aí no hospital visitar ela. E eu não quero confusões novamente. Mil desculpas por tudo, eu não deveria ter quebrado os óculos dela, não sei o que deu em mim, juro. E eu tenho que falar com ela o quanto eu sinto muito. Daqui à uma hora, estou chegando.
Me: Se você acha que é melhor assim, se realmente quer corrigir as coisas, tudo bem. Mas nunca mais fere a Diana, okay? Eu tô de olho em você.
O que deu nele agora?
Fui comprar um chocolate e voltei para o hospital. Na porta do quarto, já estava o Cameron me esperando com os braços cruzados.
Deus, me dê paciência sobre esse garoto.
- Oi, Cameron. - Fui o mais natural possível.
- E aí, Blake. - Ele estende a sua mão e aperto. - Ela ainda está na cirurgia. Né?
- Sim. Chocolate?
- Ah... Não posso, estou com um problema no estômago, está atacado e o meu remédio acabou.
"Parece que o jogo virou, né, Cameron Dallas?" - Pensei, quase ri.
- Que chato. - Falo quase rindo. - Então, Cameron... Por que você ficou tão bonzinho assim do nada?
- É... Eu me refleti, pensei bem e percebi que a Diana é uma pessoa sensível, boa e incrível. E lembrei de algo no passado, ela... Eu... Eu me arrependi de tudo mesmo, Blake. Até o próprio Hunter pensou melhor nisso e se arrependeu. Por isso eu vim aqui.
O que tinha nesse passado?
O que ele queria dizer?
Quando eu estava pensando em perguntar, Diana voltou ao quarto e entramos.
- Ela não está raciocinando ainda. Se ela falar algo estranho, está delirando. - Ela fez uma pausa e suspirou. - A cirurgia foi um sucesso. Vocês podem tirar o curativo amanhã à noite.
- Okay. - Tia Kim fala e quando a médica saiu, ela parou e olhou para nós dois. - Quem é você, garoto?
- Eu sou o Cameron Dallas. - Ele fala temendo.
- Hum... Sei. O que faz aqui? Desejar o pior para a minha filha?!
- Eu vim aqui para pedir desculpas à Diana. - Explica.
- Okay. Eu vou lanchar lá em baixo. Cuide dela, Blake.
- Com certeza, eu vou. - Falo.
Me sentei ao lado dela e peguei a mão dela, para ver se ele reage. E vi o mesmo desviar o olhar.
- Desculpa, Cameron. Mas eu estou te incomodando? - Falo tentando achar a informação que procuro.
- Não, que isso. - A negação dele foi tão falsa.
- É o que não parece, sabe. Está nervoso. - Continuo.
- Nervoso!? Só deve ser piração sua. Acho que o seu chocolate foi batizado.
- Dallas, você não sabe mentir. Eu sei que estou te incomodando.
- Olhe Blake, não me leve a mal não, é que eu gosto dela.
"ah... Eu sabia, seu lixo."
- Que estranho, eu não sabia. - Falo ainda com as minhas mãos na dela. - Sei lá, alguém que quebrou os óculos, falou altas merdas e sempre humilhou da garota fala uma falsidade dessa. Você não gosta da Diana. Não de verdade.
- Huh. - Ele bufa entediado. - Gray, você acha que ela gosta de você?
- Está sendo convencido, Dallas? Põe tudo pra fora. Não sou surdo pra ouvir quaisquer tipos de palavras.
- Não. Estou sendo sincero. Uns três anos antes de você aparecer aqui, ela era e é apaixonada por mim!
- Então por que a tratava desse jeito?
- Porque uns garotos disseram mentiras sobre ela e eu fui malvado até uns dias atrás. É verdade, cara! Eu me arrependo e muito de ter feito essas coisas com a Diana, ela nunca mereceu isso.
- Nossa, que história. - Me levantei e bati palmas. - Você é trouxa demais. Eu a conheço desde quando tínhamos 10 anos e você vem com algo tão impossível de acreditar? Me engana que eu gosto.
- Estou falando a verdade. Mesmo você não acreditando.
- Pois é. Eu duvido que ela ainda sinta alguma coisa sobre a sua pessoa. - Elevo a minha voz. - Você é um verme inútil. Não sabe o que é afeto entre amigos, não sabe de nada. Não sabe do que é amar uma pessoa simples. Você, Cameron, é um sem coração, uma alma sebosa.
- Blake? - Ouço a voz da Diana. - Quem está aqui!?
Diana White
- É o Cameron. - Blake fala com nojo. - Eu vou deixar vocês dois sozinhos.
Senti os seus passos se afastarem e os de Cameron se aproximarem. Pelo tom do Gray, ele deve estar bem estressado com a presença do Dallas.
- Se você mexer nela... Vai se ver comigo. E eu compro o que falo.
Nossa, eu nunca ouvi o Blake falar daquele jeito, ameaçador. O que ele quis dizer com isso?
- Pode falar, Dallas. - Falo seriamente.
- Diana... - Ele pegou nas minhas mãos. São grandes e brutas. - Eu preciso saber, se você me perdoa. Por tudo.
- Por que isso agora? - Pergunto. - Por que você quer ser alguém que nunca foi, Cameron? Por que?
- Eu fingia ser ruim para todos, menos à minha mãe. Olhe, eu não sou assim, eu juro.
- Jurar é mentir, Cameron.
- Por favor, me desculpe por tudo? Eu sei que você está estranhando muito isso, mas... Mas... Eu preciso, Diana. Do seu perdão. Estou tentando me consertar. - Ele parecia estar chorando. Mas não boto a minha mão no fogo.
- Não fale pra mim não, fale para a sua mãe. E como você quer consertar, ouça o que eu vou dizer. Procure alguma oficina para fazer isso, porque você é um defeito pessoal. Você só teve problemas escondidos da senhora Dallas, você fez tanta coisa de errado e agora se arrepende!? - Dou uma pausa. - Você por acaso, falou com um monge ou algo parecido?
- Não.
- Ah. Pensei que você virou o Stephen Strange agora. Mudou assim, do nada.
- Diana. Por favor...
- Por favor? - Tentei mexer a minha testa, impossível. - Eu só vou te dizer uma coisa. Enquanto você está se consertando, várias coisas ruins que você fez vão voltar... E talvez pior.
- Por que fala isso?
- Porque o jogo vira. Vai embora, preciso ficar com o Blake e com a minha mãe.
Ele se levanta e do nada...
- Diana... Você gosta do Blake?
Dei um suspiro.
- Procure no Google. Talvez lá tenha resposta.
Agora sim, ele foi embora. Que garoto para me dar dor de cabeça, dor de ouvido e dor nas costas! Misericórdia.
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