* ˚ ✦ CAPÍTULO 08

Capítulo oito . 008

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MÚSICA DO CONSENSO

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Callista  estava inquieta, finalmente pronta para sua missão determinada pelo pai. Doric, sua melhor amiga, ajudava-a a fazer as malas, enquanto a Tiefling organizava as roupas. A mochila azul de Hermes estava pronta, repleta de itens necessários.

Ao abrir a porta do chalé, Michael adentrou com incredulidade. ━ Então é verdade? Você finalmente vai sair da sua tão aguardada missão? ━ ele indagou.

Callista , com um toque de sarcasmo, respondeu ━ É, finalmente o dia tão esperado chegou. Eu já estava realmente impaciente de ter que esperar aqui com esse bando de adolescentes.

Michael, surpreso, exclamou ━ Nossa, falou a idosa.

Doric cobriu a boca para conter o riso. Callista , colocando a mão na cintura com falsa indignação, imitou uma voz esganiçada ━ Eu sou uma idosa presa no corpo de uma criança. Então me respeite, menino ━ Michael riu, e Doric gargalhou alto.

No entanto, o clima descontraído desapareceu quando a gravidade da missão se impôs. Conscientes do perigo, todos se deram conta de que aquela despedida poderia ser a última.

Michael aproximou-se, falando com sinceridade ━ Olha Callie... Eu realmente espero que você volte viva. Porque você foi a minha melhor amiga. Você e Doric. Eu não tenho muitos amigos além dos meus irmãos. Então, se você não voltar, vou ter que aturar essa ruivinha aqui. ━ Michael apontou para Doric.

Doric, fingindo indignação, interveio: ━ Ei!

Callista, consciente dos perigos iminentes, compartilha com seus amigos a dificuldade de prometer um retorno seguro. ━ Missões assim requerem sacrifício, e eu sou a mais forte do grupo. Preciso proteger meus companheiros e recuperar o que foi roubado, então não posso lhes prometer que voltarei, sinto muito não poder lhes dar a resposta que tanto querem ━ ela explica, deixando Michael e Doric visivelmente desconfortáveis.

Ao abraçar seus amigos, Callista  deixa transparecer um toque de despedida e saudade. Michael, preocupado, diz ━ Tome cuidado, Callie. Nós sentiremos muito a sua falta.

Doric, abraçando a princesa, acrescenta ━ Fique segura. Nós sentiremos tanta saudade.

Callista, no calor do abraço, expressa seu apreço ━ Vocês são meus melhores amigos. Doric, você sempre esteve ao meu lado, meu bardo, minha amiga, meu tesouro. E Michael, você é um amigo leal, muito engraçado, um arqueiro exímio. E muito paciente para me explicar as inovações desse novo mundo.━ A expressão de gratidão continua ━ Eu nunca vou esquecer o que fizeram por mim, por me ensinar o que é ser uma amiga. O que é ter amigos.

Callista , adotando um tom mais leve, brinca sobre possíveis lágrimas ━ E se eu não puder voltar não quero que fiquem tristes... Tá, vocês podem chorar um pouco para parecer que se importavam. Mas não fiquem tristes por muito tempo, porque... Vocês vão me deixar tristes assim.

Os risos melancólicos permeiavam o ar, mas antes que a emoção se intensificasse, Callista  se afastou, anunciando ━ Bom... Eu ainda tenho algumas coisas para arrumar. E logo logo iremos partir. Então eu acho melhor continuarmos ━ Todos assentem, e Michael, demonstrando apoio, ajudou Callista  a finalizar suas malas.

Doric, em um gesto tocante, chama Callista antes de sua partida e busca seu bandolim. Com carinho nos olhos, ela diz ━ Preparei uma última canção, minha princesa.

Callista sorri, emocionada, e prontamente se entrega à melodia que ecoa no dormitório, tornando aquele momento de despedida ainda mais memorável.

No reino onde o sol beija o horizonte dourado,
Uma princesa, corajosa, de destino traçado.
Callista, a herdeira, com coração de fogo,
Na jornada se lança, seu destino em jogo.

Com a graça das estrelas, na noite a brilhar,
Ela parte, decidida, a Zeus auxiliar.
No firmamento, o raio, roubado e perdido,
Callista, a guerreira, pelo destino escolhido.

Pelos bosques sombrios e desertos de ardor,
Ela segue o caminho, enfrentando o temor.
O bandolim ecoa, canções de bravura,
A princesa, destemida, buscando a ternura.

Pelos rios que sussurram, segredos a contar,
Callista avança, sem medo de naufragar.
Entre as Amazonas, seu destino a florescer,
Na glória alcançada, o raio a proteger.

Com a lança, na mão a justiça,
A princesa enfrenta, com força e malícia.
Zeus, olhe nos olhos, da heroína a chama,
Callista, a vitoriosa, eternizada na fama.

Entre as Amazonas, ecoa o seu nome,
Callista, a nobre, na história se consome.
A princesa que ousou desafiar o destino,
Recuperou o raio, guiada pelo divino.

Depois de maiss despedidas, ela se dirigiu para a Loja do Acampamento, Quíron disse que Callie poderia conseguir o que chamavam de dinheiro.

Ao adentrar na loja do Acampamento Meio Sangue, Callista se viu imersa em um reino de artefatos mitológicos. As prateleiras exibiam uma variedade de itens, desde armas encantadas até amuletos com propriedades mágicas.

O aroma de incenso pairava no ar, criando uma atmosfera mística. Lanternas de luz fraca pendiam do teto, iluminando discretamente os corredores repletos de relíquias. Livros antigos, empoeirados com lendas de deuses e monstros, se destacavam em estantes de madeira envelhecida.

Callista podia ouvir o tilintar de joias encantadas e sentir a energia pulsante de artefatos divinos.

Katie Gardner, filha de Deméter, recebia Callista na loja com um sorriso caloroso. Entre as prateleiras repletas de artefatos mágicos, Katie explicava a Callista o conceito de "dracmas", a moeda do mundo mitológico, enquanto apontava para os itens à venda.

━ Essas moedas são essenciais aqui. Elas têm poderes próprios e são reconhecidas em muitos lugares mitológicos ━ explicou Kate, destacando a importância do sistema de comércio peculiar do acampamento.

Além disso, Katie gentilmente instruiu Callista sobre o conceito de "dólares", o dinheiro mortal. Callista, agradecida, absorvia rapidamente as informações, pois as Amazonas não estavam acostumadas com sistemas de comércio convencionais, já que não existia dinheiro entre as Amazonas, tudo que elas produziam ou cultivavam era para o próprio sustento.

O conhecimento de Katie sobre as transações mundanas se revelava valioso, preparando Callista para os desafios que iam além dos campos de batalha mitológicos.

Ao final da breve lição, Callista expressou sua gratidão, reconhecendo que o aprendizado sobre moedas era mais uma ferramenta para enfrentar o mundo dos semideuses. A loja, sob os cuidados de Katie e impregnada com o aroma da natureza, tornou-se um ponto de transição vital para a princesa antes de sua jornada.

Callista caminhou pelo acampamento, encontrando Annabeth esperando por ela e foram juntas até onde Percy e Grover esperavam.

Annabeth carregava seu boné mágico dos Yankees, que era, ela me contou, um presente da mãe pelo seu décimo segundo aniversário. Ela levou um livro sobre a famosa arquitetura clássica, escrito em grego antigo, para ler quando estivesse entediada, e carregava uma comprida faca de bronze escondida na manga da camisa.

Grover estava com sua mochila berrante, alaranjada, estava cheia de sucata de metal e maçãs para o lanche. Em seu bolso havia um conjunto de flautas de bambu que o papai-bode esculpira para ele, muito embora ele só conhecesse duas músicas: o Concerto para Piano n. 12, de Mozart, e So Yesterday, de Hilary Duff, e ambas soassem muito mal em flautas de bambu.

Quíron e Argos estavam lá, o chefe de segurança do acampamento tinha olhos espalhados pelo corpo inteiro para jamais ser pego de surpresa. Naquele dia, no entanto, usava uniforme de chofer, então só puderam ver os olhos extras das mãos, do rosto e do pescoço.

━ Este é Argos. ━ Disse Quíron. ━ Vai levar vocês de carro até a cidade e, ahn, bem, ficar de olho em tudo.

Callista e Grover riram do trocadilho e Percy sorriu levemente.

Ouvi-se passos se aproximando.

Luke veio correndo colina acima, carregando um par de tênis de basquete.

━ Ei! ━ Ofegou ele. ━ Ainda bem que alcancei vocês.

Annabeth sorriu para ele e Callista revirou os olhos.

━ Só queria desejar boa sorte. ━ Disse ele para Percy. ━ E pensei... ahn, quem sabe você poderia usar isso.

Ele entregou para Percy os tênis, que pareciam bastante normais. Tinham até cheiro de normais.

━ Maia! ━ Luke gritou.

Asas brancas de ave brotaram dos calcanhares, deixando-os tão surpresos que Percy os deixou cair. Os tênis bateram as asas no chão até que estas se dobraram e desapareceram.

━ Impressionante! ━ Disse Grover.

Luke sorriu.

━ Ajudaram muito quando eu estava na minha missão. Presente do papai. É claro, eu não os uso muito hoje em dia... ━ Sua expressão tornou-se triste.

━ Ei, cara, obrigado. ━ Percy agradeceu.

━ Escute, Percy... ━ Luke pareceu sem graça. ━ Todos esperam muito de você. Então, apenas... mate alguns monstros por mim, ok.?

Ele e Percy trocaram um aperto de mão, Luke para Callista, tentando mascar seu desprezo.

━ Boa sorte, Princesa. ━ Ele falou como se estivesse destilando seu veneno.

━ Eu não preciso de sorte, eu tenho talento… diferente de outros.

Luke cerrou a mandíbula, mas não deixou sua expressão de bom moço cair perante a Percy Jackson.

Luke acenou uma última vez, descendo a colina.

━ Você está com a respiração acelerada. ━ Percy falou para Annabeth.

━ Não estou, não.

━ Você o deixou capturar a bandeira em seu lugar, não foi?

━ Ai... por que mesmo eu quero ir a algum lugar com você, Percy?

Ela desceu batendo os pés para outro lado da colina, onde um utilitário esportivo branco esperava no acostamento da estrada. Argos a seguiu, balançando as chaves do carro.

Callista notou a carranca de Percy enquanto olhava para os tênis.

━ Eu não vou poder usar isso, não é?

Quíron sacudiu a cabeça.

━ A intenção de Luke foi boa, Percy. Mas subir para o ar... não seria muito inteligente de sua parte.

Ele assentiu, desapontado, mas então teve uma ideia.

━ Ei, Grover. Você quer um apetrecho mágico?

Seus olhos se iluminaram.

━ Eu?

Rapidamente, eles amarraram os tênis por cima dos seus falsos pés, e o primeiro menino-bode voador do mundo estava pronto para o lançamento.

━ Maia! ━ Bradou.

Ele se ergueu do chão muito bem, mas então tombou de lado e sua mochila arrastou-se pela grama. Os tênis alados ficaram corcoveando para o alto e para baixo como minúsculos cavalos selvagens.

━ Prática. ━ Gritou Quíron para ele, enquanto Callista se acabava de rir. ━ Você só precisa de prática!

━ Aaaaaa! ━ Grover saiu voando de lado colina abaixo, como um cortador de grama ensandecido, em direção à van.

Callista o seguiu e ficou curiosa sobre aquele tipo de carruagem mecânica, Michael lhe explicou sobre carros, mas não parecia ser daquele tamanho.

Annabeth, notando a curiosidade de Callista em relação à grande van branca, se aproximou para compartilhar conhecimentos sobre os diferentes tipos de veículos. ━ Isso se chama van ━ disse Annabeth.

Callista, franzindo a testa, questionou ━ Van? Pensei que era um carro.

Annabeth, com um sorriso, explicou: ━ É um tipo de carro, mas o nome disso é van. Ela tem mais espaço e mais lugares do que um carro comum.

A mente de Callista absorvia essa nova informação sobre a variedade de veículos que agora faziam parte de seu mundo.

Então, Annabeth começou a desvendar o mundo dos meios de transporte para Callista, que nunca antes tinha visto um carro, morando em uma ilha isolada do mundo. Annabeth detalhou sobre motos de duas rodas, bicicletas sustentáveis, aviões que se assemelhavam a pássaros metálicos, trens, caminhões, ônibus e uma infinidade de veículos.

Callista, com olhos arregalados, absorvia cada palavra, tentando imaginar essas máquinas que eram tão estranhas para ela. A explicação de Annabeth abria um novo horizonte para a princesa, proporcionando uma visão fascinante do mundo além da ilha que sempre fora seu lar.

Argos levou-os para fora da zona rural em direção ao oeste de Long Island. Callista encostou a cabeça no vidro do carro, vendo a natureza borrada passar diante de seus olhos.

━ É lindo, não é? ━ Percy inclinou-se sobre ela, se referindo a paisagem.

━ Sim... mal posso esperar para ver Nova York pela primeira vez.

━ Ah, esqueci que você não saia muito.

━ Eu nunca saí.

━ Certo, talvez quando acabarmos essa missão e termos autorização eu mostre a cidade a você, tem uns lugares bem legais.

━ Eu seria muito grata.

Eles trocaram um sorriso, mas no fundo Callista nutria uma pontada de desconfiança de que Percy fosse lhe trair a qualquer momento, e ela sentia que Percy pensava o mesmo sobre ela.

━ Até agora, tudo bem ━ disse Percy ━ Quinze quilômetros e nem um único monstro.

Annie lhe lançou um olhar irritado.

━ Falar desse jeito traz má sorte, cabeça de alga.

━ Ajude-me a lembrar: por que você me odeia tanto?

━ Eu não odeio você.

━ Posso estar enganado.

Ela dobrou o boné de invisibilidade.

━ Olhe... é só que não deveríamos nos dar bem, o.k.? Nossos pais são rivais.

━ Por quê?

Ela suspirou.

━ Quantas razões você quer? Uma vez minha mãe pegou Poseidon com a namorada dele no templo de Atena, o que é superdesrespeitoso. Outra vez, Atena e Poseidon competiram para ser o deus patrono da cidade de Atenas. Seu pai criou uma estúpida fonte de água salgada como presente. Minha mãe criou a oliveira. As pessoas viram que o presente dela era melhor, portanto deram à cidade o nome dela.

━ Elas realmente devem gostar de azeitonas.

━ Ah, deixa pra lá.

━ Agora, se ela tivesse inventado a pizza... isso eu poderia entender.

━ Eu disse: deixa pra lá.

Argos viu Percy encarando Callista o caminho todo, enquanto ela olhava encantada para cada construção que aparecia, e piscou o olho atrás da nuca, fazendo ele corar.

Argos os largou na Estação Greyhound no Upper East Side. Percy arrancou um papel da caixa de correio e amassou, deixando Callista curiosa.

Estava chovendo, então a garota puxou o capuz do casaco sobre a cabeça, agradecendo mentalmente a Michael, ele havia lhe emprestado para ela não sentir frio..

Percy ficou impaciente e resolveu jogar footbag com uma das maçãs de Grover. Percy jogou para Callista, que se exibiu com diversos truques improvisados, um sorriso cruzou o rosto de Percy.

O jogo terminou quando Annabeth arremessou a maçã para Grover e ela chegou perto demais da sua boca. Em uma megamordida de bode, a footbag desapareceu ━ Miolo, pedúnculo e tudo.

Grover enrubesceu. Ele tentou se desculpar, mas os três estavam muito ocupados dando risada.

Finalmente o ônibus chegou. Enquanto estavam na fila para embarcar, Grover começou a olhar em volta, farejando o ar do jeito como farejava seu lanche favorito na cantina da escola ━ Enchiladas.

━ O que foi? ━ Percy perguntou.

━ Não sei. ━ Disse ele, tenso. ━ Talvez não seja nada.

Mas eles podiam perceber que era alguma coisa. Percy começou a olhar para trás por cima do ombro.

Quando finalmente embarcaram Annabeth puxou Callista para sentarem na parte de trás do ônibus. Os quatro guardaram suas mochilas.

Callista e Annabeth compartilharam um banco e Percy e Grover outro. A viagem aconteceu normalmente, Callista franziu o nariz com o cheiro azedo que saiu da cabine do banheiro quando um homem corpulento e barbado passou por eles.

━ Não é possível que o sagrado tenha esse cheiro. ━ Reclamou Percy.

━ Estamos em uma missão ━ Annabeth se inclinou no corredor ━ Não de férias.

Percy ficou resmungando sobre mais alguma coisa, mas Callista caiu no sono e só acordou quando sentiu Annabeth levantando do assento. O ônibus parou para as pessoas irem comprar lanche enquanto o motorista abastecia.

━ Eu vou comprar uns lanches. ━ disse Annabeth.

━ Eu vou com você. ━ Percy disse, mas foi impedido.

━ Não, pode ficar bem aí ━ Annabeth falou.

━ Por que? Tá com um cheiro horrível aqui. ━ Percy questionou.

━ Os monstros não sentem o seu cheiro com aquilo, então você vai ficar bem aí.

━ Eu quero votar. ━ disse Percy é Callista quis rir, aquilo não era uma democracia ━ Quem acha que todo mundo deveria ir tomar um ar fresco e comprar uns lanchinhos?

Só Percy levantou a mão.

━ Não tem votação. Batata e refri está bom para vocês?

━ Eu não acho que devia decidir se a gente vai votar ━ Percy reclamou.

━ Só lamento por você. ━ respondeu Annabeth.

━ Eu quero votar se você pode decidir se a gente vai votar.

Callista estava farta daquela enrolação, ela estava ansiosa para sair do ônibus e finalmente conhecer o que chamavam de loja de conveniência.

━ Ah, meus deuses! ━ ela levantou exasperada ━ Parem de brigar, tem uma loja inteira me esperando e vocês ficam enrolando. Percy Jackson, não tem votação!

━ Quem disse que você é a líder?

━ Zeus me designou para essa missão, pensei que já estava claro, e sou mais velha que vocês.

━ Mas velha? Você mesmo disse que ainda pensa como uma criança de doze anos! ━ Percy insistiu ━ E essa missão é nossa, nós dois devíamos liderar.

━ Não, eu devia. Fui designada por Zeus, eu nasci para isso. Você só foi designado por Quíron a contragosto… existe uma diferença muito grande entre nós.

━ Ah, grande diferença… princesa marshmallow.

━ Ah, cale a boca, Garoto das Algas. Vamos Annabeth, quero provar o que chamam de batatinha e jujubas.

━ É, vamos. ━ Concordou Annabeth e Percy ficou mais indignado.

━ Espere, você vai levar ela ao invés de mim?

━ Sim. ━ respondeu Annabeth.

━ Mas ela também é filha de um dos Três Grandes, vai atrair monstros.

━ Callista sabe se defender muito bem, cabeça de alga.

━ Além disso ━ acrescentou a princesa ━ Não sou uma semideusa comum, eu fui feita do barro, meu cheiro não é tão forte quanto o seu, posso passar despercebida se quiser.

━ Isso não é justo!

━ Nada nessa vida é justa, bebê chorão. Minha mãe estava certa, os homens são mais difíceis de entender do que o Oráculo de Delfos.

De repente Callista parou de falar e todos se viraram para Grover quando ele começou a bater palmas.

━ Ai caramba… a estrada está esburacada, porque eu arranjei uns amigos que não querem se dar bem… quando a equipe está irritada o truque pra passar por isso é cantar essa música…

━ Grover, o que você está fazendo? ━ Percy perguntou.

━ É a música do consenso, a segunda estrofe incentiva a falar coisas legais um sobre o outro… É só cantar um pouco que você vai ficar surpreso como as discussões simplesmente…

Grover parou ao notar o olhar de Annabeth sobre ele.

━ Batata e refri tá bom para vocês?

━ Você que sabe. ━ Percy respondeu.

━ Sim, valeu. ━ Disse Grover.

━ Prefiro suco de laranja ━ Callista respondeu.

Então as duas meninas desceram do ônibus juntas.

Depois da confusão no ônibus, Callista agradeceu a Annabeth.

━ Obrigada pelo que fez lá atrás, dizer que sei me defender.

━ Eu só disse a verdade, você é uma Amazona, claro que sabe se defender.

Callista, um pouco envergonhada, admitiu ━ Bom, eu sei me defender de pessoas, não de monstros. Vocês semideuses treinaram a vida toda para lutar com monstros, já eu só enfrentei uma dúzia de guerreiras.

Explicou que sua ilha era tão segura que nunca havia visto um monstro, e o medo de enfrentar algo desconhecido a assombrava.

Annabeth, percebendo a insegurança de Callista, a tranquilizou ━ Callie, você é corajosa e habilidosa. Se alguém deve ficar com medo, são os monstros. E ninguém vai te julgar se travar na hora. Muitos do acampamento nunca enfrentaram um monstro de verdade.

Curiosa, Callista perguntou a Annabeth se ela já havia enfrentado monstros.

━ Mas você já?

━ Sim, mas isso foi na época que era somente Luke, Thalia e eu. Eu também fiquei com medo na minha primeira vez, com muito medo. Mas lembre-se que o medo é normal e que não está sozinha. Eu protejo você se precisar.

Grata pela compreensão e apoio, Callista abraçou Annabeth, expressando seu agradecimento.

━ Muito obrigada, Annie.

━ De nada, Callie, agora vamos.

A pequena loja de conveniência, situada do outro lado do posto de gasolina, era um mundo de descobertas para Callista. Ao adentrar, seus olhos se depararam com uma profusão de cores e aromas que ela nunca havia experimentado. As prateleiras eram repletas de doces tentadores, salgadinhos crocantes, refrigerantes e uma variedade de bebidas, formando um verdadeiro paraíso de lanches.

No entanto, Callista nunca havia entrado em uma loja de conveniência em toda a sua vida. Sua ilha isolada do mundo não conhecia tais estabelecimentos. Para ela, a ideia de comprar lanches e produtos em um local assim era completamente desconhecida.

A ansiedade de Callista era palpável enquanto explorava cada corredor, maravilhando-se com os diversos produtos que nunca imaginara existir. Os rótulos coloridos e os apelos irresistíveis dos itens nas prateleiras a deixavam intrigada e curiosa. Era uma experiência completamente nova, misturando fascínio e excitação diante das opções abundantes que uma simples loja de conveniência oferecia.

Callista, imersa na maravilha da loja de conveniência, começou sua jornada de escolhas entre os doces e salgados. Seus olhos brilhavam ao explorar cada prateleira, decidindo cuidadosamente quais delícias levar. Com uma mistura de empolgação e curiosidade, ela pegou um pacote de alcaçuz, encantada pela textura e sabor únicos.

Ao lado, os doces Fini atraíram sua atenção, e Callista não resistiu em adicionar alguns à sua crescente seleção. Batatinhas crocantes, variadas em sabores, logo se juntaram ao seu carrinho improvisado. A princesa estava decidida a proporcionar uma experiência gastronômica inesquecível para seus amigos.

Quando chegou à seção de refrigerantes, a paleta de cores a deslumbrou. Callista escolheu suco de laranja para ela,  refrigerante azul para Percy, laranja para Grover e vermelho para Annabeth. Cada escolha era cuidadosamente pensada, refletindo o gosto de cada amigo.

A jornada de Callista pelos corredores de guloseimas continuou, agora explorando os chocolates e, finalmente, não podia resistir a um pacote generoso de marshmallows. A loja, repleta de delícias, tornou-se o paraíso do açúcar e do êxtase para a princesa, que secretamente desejou poder comprar toda a loja para compartilhar sua descoberta.

Então ela se aproximou de Annabeth com o carrinho cheio e notou a dúvida de Annabeth sobre qual doce escolher, então a filha de Atena olhou para o carrinho lotado de compras.

━ Callista, você exagerou, não podemos comprar tudo isso, teremos uma overdose de açúcar.

━ Mas eu-

━ Vai ter que deixar algumas coisas.

Depois de tentar retrucar, Annabeth venceu a discussão. Callista se desfez de algumas coisas, exceto de seu pacote de marshmallows. Ela encontrou Annabeth no caixa e as duas pagaram e saíram da loja.

Annabeth pareceu desconfiada com as pessoas ao redor, mas Callista permaneceu alheia à tudo.

Quando entram no ônibus, Callista foi a primeira a chegar perto dos amigos.

━ Onde está Annabeth? ━ Grover perguntou.

Callista olhou para trás e não viu a menina ━ Que estranho, ela estava bem atrás de mim. Talvez tenha esquecido algo na loja.

A princesa distribuiu os lanches e sentou-se para desfrutar de seus marshmallows, mas Annabeth apareceu do nada, guardado seu boné e Callista quase teve um treco.

━ Você tem que abrir a janela, agora! ━ Annabeth parecia desesperada.

━ Eu acho que essa janela não abre. ━ Disse Percy calmamente.

Callista, ao notar o desespero de Annabeth, dirigiu seu olhar além do banco e se deparou pela primeira vez com uma Fúria verdadeiramente assustadora, distante da beleza que ela imaginava nas criaturas mitológicas. As asas da Fúria eram uma extensão macabra, desprovidas de penas, escuras como a própria noite. A pele da criatura estava coberta por uma substância sombria, dando uma sensação de ferro corroído, enquanto seus olhos faiscavam com uma maldade sinistra.

A face da Fúria apresentava uma distorção grotesca de traços femininos, com presas expostas e uma expressão de fúria descontrolada. Seu cabelo, ao invés de penas elegantes, era uma massa caótica e desordenada, como se feito de sombras retorcidas.

A aparição da Fúria, em sua feiura assustadora, enviou arrepios pela espinha de Callista, que agora testemunhava a verdadeira natureza tenebrosa dessas criaturas do submundo. Uma visão que a lembraria, por muito tempo, do lado sombrio e aterrorizante do mundo dos semideuses.

Todos entraram em desespero e os meninos correram para empurrar a janela. Callista agarrou se saco de marshmallows e tirou Percy e Grover da frente e com um chute seu, a janela caiu.

O motorista falou no microfone par os passageiros saírem e deixarem seus pertences. Uma multidão de gente passou pelo corredor, atrasando a Fúria de chegar até eles.

Callista foi a primeira a pular para fora do ônibus. Ela podia dar uma de corajosa, mas seu pânico falou mais alto. Ela tinha que viver para completar aquela missão.

Callista se abaixou quando outra Fúria sobrevoou e atravessou o vidro do ônibus. Ela não soube o que aconteceu, só viu Annabeth, Grover e Percy pulando para longe dali.

━ Corram! ━ Disse Annabeth. ━ Ela está chamando reforços! Temos de sair daqui!

Callista agarrou a mão de Percy e Grover, puxando-os com ela, eles mergulharam para dentro dos bosques enquanto as pessoas se perguntavam o que estava acontecendo.

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