O Jogo Real
E aqui está o novo booktrailer do projeto! Desta vez trago o livro O Jogo Real da autora T. M. Cassani.
https://youtu.be/tTc8jjhJCN4
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Resenha
Era uma vez... um livro que me cativou pela sua sinopse. Foi com estas três palavras iniciais, que nos são tão familiares, que a autora começou a sua sinopse e eu pensei começar a resenha da mesma forma.
Você imagina um livro que misture Jogos Vorazes, A Seleção e A Cinderela e crie uma história bem negra com terror e suspense como ingredientes principais? Pois bem, se não imagina, eu posso lhe dizer que essa possibilidade é bem real e é como eu descreveria o livro O Jogo Real.
Maitê é uma jovem humilde que vende flores na vila. Ao deparar-se com a possibilidade de mudar de vida e casar com o príncipe, como sempre idealizara, ela não pensa nem duas vezes e oferece-se como candidata. Depois de uma prova inicial um pouco arriscada, ela acaba por ser uma das 15 escolhidas a comparecer no castelo para um magnífico baile, onde seria feita a escolha final. Só que o conto de fadas rapidamente se desvanece à sua frente e ela se vê presa numa sala escura e muito pouco convidativa, juntamente com todas as outras moças. E é aí que o jogo começa. O jogo que mudará para sempre a vida de Maitê. Um jogo onde apenas uma delas poderá sobreviver e ser coroada como futura rainha.
Como vê, caro leitor, as semelhanças com os universos literários já citados são facilmente encontradas. Logo na sinopse feita pela autora e no título do livro me vieram essas referências à mente. Mas apesar dos paralelismos, confesso que foi das sinopses que mais despertou a minha curiosidade e imaginação. Percebi que estava perante uma mistura verdadeiramente ousada e com um enorme potencial. Comecei logo a divagar e a imaginar o rumo da história, que confesso, já à partida, que foi num sentido muito diferente daquele que eu tinha idealizado. Na minha mais sincera opinião, a ideia é verdadeiramente genial, mas acho que poderia ter sido melhor aproveitada.
A grande parte das cenas ocorre na tal sala que mantém as raparigas presas com grilhões ao redor dos tornozelos e mãos, isso acaba por limitar o movimento e a dinâmica corporal das personagens e das cenas que nos são apresentadas. Assim, passamos o tempo todo à espera de ver alguma ação, quando ela é quase inexistente. As cenas, em geral, tendem a ser um pouco paradas e monótonas, salpicadas, de vez em quando, com algum suspense e ação. Talvez se tivessem sido alternadas com algumas cenas do passado ou com cenas na perspetiva do Herker, o príncipe (isso só acontece uma vez), o livro tivesse ganho um dinamismo mais vivo e interessante. Antecipamos um jogo cheio de emoção e adrenalina, o que nunca chega verdadeiramente a acontecer. Achei as restantes candidatas um pouco pacíficas demais, todas querendo dar uma de boa moça, e apesar de sermos surpreendidos pelo caráter de algumas personagens, apenas uma nos deixa de queixo caído (e eu meio que já desconfiava, na verdade). Isso poderia ter dado um pouco mais do dinamismo que tanto senti falta.
O início do livro também não é excecional, e o que nos deixa mesmo agarrados às páginas é a sinopse inicial e todas as nossas expectativas e curiosidades acerca do futuro da protagonista depois de chegar ao castelo.
No entanto, os últimos vinte capítulos (mais coisa, menos coisa) compensam totalmente a espera e enchem-nos com uma cascata de emoções atribulada. Temos ação, suspense, romance, drama... Atrevo-me a dizer que temos tudo o que procuramos num livro. E, claro, terminamos a ofegar por mais.
Então porque me mantive presa durante tanto tempo à história? Não poderá ter sido simplesmente a espera por algo melhor, certo? Tem toda a razão, caro leitor. Houve um fator decisivo, para além das excelentes qualidades de escrita inegáveis da autora.
A verdade é que, nesta obra, a personagem principal percorre quase o caminho inverso daquele a que estou habituada a ver as protagonistas seguirem. Ela aparece toda confiante, acreditando nas suas capacidades, e achando verdadeiramente que irá conquistar o príncipe. Ao contrário da America, de A Seleção, ela realmente anseia por uma vida ao lado de Herker e chega a pensar que tem grandes hipóteses de ser a escolhida. Só que no final acaba desiludida e totalmente destroçada. Ela, tal como todas as protagonistas, acaba conseguindo ultrapassar os obstáculos que lhe aparecem, mas a forma de resolução não é propriamente a melhor para ela. Isso tornou-a numa personagem bem mais realista, aproximando-se bastante da Tris de Divergente, que acaba se vendo sozinha e sem ninguém da sua família para a apoiar. Basicamente, temos uma desconstrução de um conto de fadas, chamando a nossa atenção para a dura realidade que é a vida.
Se já leu as minhas resenhas anteriores, sabe que eu acabo sempre mencionando o triângulo amoroso existente no livro. Esse é um dos elementos que sempre estamos à espera de encontrar: um bom triângulo amoroso. O triângulo aqui utilizado apresenta uma estrutura muito idêntica ao utilizado em A Resistência (resenha desse livro disponível no projeto). Temos o melhor amigo de anos e um príncipe aparentemente terrível e enigmático. E a nossa protagonista vê-se no meio dos dois sem saber muito bem o que sente por um e pelo outro. Bom, em A Resistência é um pouco diferente porque ela começa a história namorando o bom moço e odiando o príncipe e acaba descobrindo que nem tudo é o que parece. Neste livro, Maitê também acaba descobrindo que as aparências iludem, mas começa a história por venerar Herker e o ódio por ele vai crescendo ao longo da tortuosa experiência por que passa. Apesar das poucas cenas de romance, elas estão muito bem construídas e, como se é de esperar de um triângulo amoroso bem equilibrado, nos vemos divididos entre os dois rapazes que disputam o coração da nossa protagonista. Confesso que fiquei muitíssimo curiosa acerca dos pensamentos, emoções e passado do Herker e espero ficar a conhecê-lo um pouco melhor no próximo livro, ele tem uma personalidade bem complexa e intrigante.
Se eu aconselho a leitura deste livro? É claro que sim, de outra forma nem o teria trazido para o projeto. Ele conseguiu fazer estremecer o meu coração e me tocou de uma forma única e especial. A leitura é fluída e apesar das inúmeras mortes expectáveis, é uma leitura leve e agradável. Claro que tem cenas bem pesadas e emocionantes, mas elas proporcionam uma realidade crua impressionantemente bela. Quer queira, quer não, você vai se ver encarcerado nas malhas finas, mas resistentes, tecidas com mestria pela autora. E acredite, você vai se surpreender, mais do que uma vez, isso eu garanto, porque a realidade não é toda certinha e bonitinha como nos contos de fadas. Existe sangue, existe dor, existe perda, existe desilusão. As nossas histórias não começam com o típico "era uma vez" e apesar de andarmos sempre à procura do "e viveram felizes para sempre", nunca o achamos porque a felicidade não é um fim, ela vai aparecendo no nosso caminho e nós só temos de aproveitar quando ela aparece.
Muito obrigada, @Taahm7
Frase lema que eu faria para este livro: Quando um verdadeiro conto de fadas promete aparecer e dominar a sua vida pacata,lembre-se de olhar primeiro para o lado e ver bem o que pode perder ao atravessar uma porta ilusória que pode nunca mais trazer você de volta.
Análise em Parâmetros
Sinopse
Muito bem escrita e estruturada. Tem todos os pontos essenciais, cativa a atenção do leitor e ainda representa fielmente a história do livro. Não desvenda de mais e tem todos os pormenores necessários para nos fazer supor várias possibilidades para o futuro da protagonista. Senti a minha criatividade ser estimulada apenas pela leitura desta sinopse que retrata uma ideia genial para uma história. Só desgosto da frase final, mas não é uma frase que retira o mérito de um texto muito bem pensado e executado.
Capa
A capa atual, que a autora está a pensar modificar no futuro, é simples e bonita. Ela contém elementos que reportam para a realidade retratada no livro e faz aflorar em nós emoções congruentes com ela. No entanto, a capa dá-me um pouco a ideia de uma liberdade de movimentos que raramente consegui encontrar na história. Temos um longo corredor iluminado e uma figura feminina que parece estar pronta a correr, ou talvez tenha estado a correr, e olha para trás para ver o seu perseguidor. O corredor e a mulher dão-nos a ideia de ação, triller, possíveis fugas, possíveis perseguições, tal como encontramos nos Jogos Vorazes, e isso é algo com que só nos deparamos no final do livro.
Personagens
No geral, todas as personagens se mostram intrigantes e bem construídas. Achei, contudo, algumas das moças com pouca personalidade, dificultando a memorização e diferenciação das mesmas. Consigo enumerar características de apenas meia dúzia delas. Ainda assim, as personagens principais são memoráveis e todas elas cativantes à sua forma.
História
O ritmo de desenvolvimento da história é demasiado lento. Passamos páginas e páginas à espera da ação e do suspense que só recebemos nos últimos vinte capítulos. Para além da velocidade morosa do desenrolar da ação, temos também uma falta de dinamismo, existindo demasiadas cenas paradas, ao contrário do que seria de esperar pelo título do livro.
Porém, a ideia que dá origem à história é simplesmente genial e apesar do desenvolvimento dela não ser brilhante o desfecho é qualquer coisa doutro mundo. Verdadeiramente soberbos os capítulos finais!
Escrita
Nada a apontar relativamente à escrita desta autora. Não encontramos grandes gralhas ao longo da história, e a escrita é simples e fácil de acompanhar. A descrição das cenas é bem real e vívida, transportando-nos facilmente para o mundo de Maitê. Porém, é de salientar que a história se passa em 1659 e foi demasiado fácil esquecer-me desse pormenor. À excepção de alguma descrição (pouca) dos trajes utilizados e de ocasionais referências a doenças da altura eu iria jurar que a história se poderia passar noutra época qualquer da História. Senti falta desses vestígios de contexto histórico na escrita da autora, que nem consegui encontrar na fala demasiado contemporânea dos personagens.
Avaliação Global
Deixo aqui a já mencionada capa do livro.
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