Jogos da Coroa

É com um enorme prazer que trago mais um booktrailer para o projeto. Desta vez, é do livro Jogos da Coroa da autora @ChrisMattei


https://youtu.be/8g28x5ErUKc

Se gostou deste vídeo, deixe o seu voto, ele é muito importante para mim, visto que me motiva a continuar.


Resenha 

Quantos livros baseados na Seleção de Kiera Kass são suficientes para nós dizermos basta? No wattpad encontramos, provavelmente, mais de cinco mil dentro do género. Então, mas andamos todos a escrever sobre o mesmo? A inventar a roda, vezes e vezes sem conta?

Para quem leu as resenhas anteriores, sabe que não é a primeira vez que menciono a série da Kiera Kass. Aliás, na resenha anterior conseguimos encontrar o livro homenageado no projeto que mais se assemelha com esse universo. E foi exatamente por esse motivo que decidi trazer Jogos da Coroa agora, logo a seguir de O Jogo Real. Ambos fazem a mistura prometedora de Jogos Vorazes com A seleção. E embora até no título sejam tão semelhantes, a história, o tom em que é contada e a mensagem que passa são ingredientes claramente distintos.

Thermopolis é um pequeno país governado por reis. Mas aqui a monarquia funciona de uma forma ligeiramente distinta. Os sucessores ao trono são decididos num programa televisionado por todo o reino e não através de herdeiros. Os jovens dos 9 condados candidatam-se, a cada 25 anos, para assumirem o tão aguardado lugar na realeza. Para cada condado é selecionado um par. E aí, que vença o melhor.

Mabel é uma das selecionadas e ela sente-se preparada para lutar até ao fim para conquistar um lugar que garantirá à sua família uma vida melhor. Para ela, casar com um completo desconhecido que possa até nem amar, não será problema. Pelo menos, é isso que ela pensa antes do início dos jogos.

Jogos da Coroa é escrito, inicialmente, como resposta a um desafio de RealezaBR que propõe a criação de distopias com um toque de realeza. E apesar das semelhanças dos alicerces da história com os universos fictícios anteriormente citados, Jogos da Coroa não é nem A Seleção nem Jogos Vorazes. Caro leitor, não espere muita ação e adrenalina como encontramos nos livros de Suzanne Collins, nem uma seleção com a dignidade e glamour que nos apresenta a Kiera Kass. Nesta obra, as provas pelas quais a protagonista tem que passar não são de todo inocentes. Mas foi exatamente nesse ponto (nas provas criadas) que a autora não me conseguiu convencer por completo.

O jogo começa com provas que deixam muito a desejar, constituindo-se apenas como puras provas de conhecimento como aquelas que encontramos na escola. Para um mundo distópico estamos à espera que nos tirem da nossa órbita. Que nos levem a viajar para uma realidade perigosa, injusta e bem longe do nosso quotidiano. Nesse momento do jogo, as injustiças estão encobertas para quem visiona o programa, para quem está realizando as provas e até para o leitor. Nesse sentido, apesar de como leitora o meu coração pedir por algo mais emocionante, eu percebo a intenção da autora. Não é preciso esperar muito para que as provas por que tanto ansiávamos comecem a chegar. A penúltima é verdadeiramente surpreendente e muito bem pensada. Se ela é bem desenvolvida? Poderia ser melhor. Não querendo desvendar muito da história, a protagonista tem que acertar num código misterioso o mais rápido possível para conseguir passar para a próxima etapa. No entanto, a resolução do problema parece cair quase na totalidade nas mãos da sorte, ao vermos Mabel a tentar código atrás de código, sem qualquer tipo de raciocínio subjacente. Teria sido interessante se a autora tivesse desvendado quais os números que compunham o código e depois pudéssemos ver a protagonista a utilizar um pouco de lógica. Por exemplo, começar por pensar em datas relevantes do reinado, depois em letras que possam corresponder aos números, formando uma palavra, e acabar com uma solução não tão previsível assim, mas ainda assim lógica. A última prova tem ainda mais emoção e o mesmo nível de perigo que a anterior. No entanto, mais uma vez, parece que a sorte é quem comanda este jogo e pouco crédito é possível dar à Mabel. Uma excelente oportunidade é perdida, pois a prova passa apenas a ser física e não existe nem uma pitada de lógica na sua execução. Ainda assim, não posso deixar de aplaudir de pé o desfecho surpreendente que a autora resolve dar a essa prova.

Se as provas me desiludiram um pouco, e o seu desenvolvimento poderia ter sido melhor explorado pela autora, o mesmo não se pode dizer da componente emocional associada a esta história. É impossível ler esta obra e não ficar com as emoções à flor da pele. A empatia é imediata com Mabel, que se mostra uma jovem bem expressiva e sentimental. Cada lágrima que verte, cada enjoo por que passa, cada batimento acelerado do seu coração, repercute no leitor, que vê o seu coração ser arrancado e domado por uma personagem simplesmente inesquecível. Mabel não é perfeita. Quem é? Ela falha e vence, tem altos e baixos, e cabe ao leitor julga-la como ser humano que é. Ser compreensivo e empático. Tarefa que nos é facilitada pela mestria com que a autora escreve esta história.

E isso nos leva, como não podia deixar de ser, para o triângulo amoroso. Se leu as minhas resenhas anteriores, sabe o quanto eu valorizo uma boa história de amor e, na maioria das vezes, isso implica a existência de um triângulo amoroso. Estranhamente, eu considero o triângulo desta história desequilibrado à partida, mas ainda assim convincente e emocionante. Eu não tenho a certeza se a autora queria, de facto, criar um triângulo real. Um triângulo em que tanto existissem pessoas a torcer para um lado, como para o outro. Logo desde o início, a protagonista é direta com o leitor e diz não existir qualquer sentimento, qualquer interesse por um dos lados. O leitor é confrontado com uma química inexistente e a própria autora, em comentários no final dos capítulos, vai revelando a impossibilidade da Mabel sequer vir a nutrir algum sentimento amoroso por esse garoto. Como ela diz, é um ship irreal, mas nem por isso deixamos de nos perguntar "e se?". O garoto é misterioso, com uma personalidade intrigante, e isso nos leva a querer saber mais sobre ele. E, por vezes, a curiosidade se mistura com o interesse e acabamos a fantasiar um possível envolvimento, mesmo que curto, entre os dois. Sentimos vontade de lhe dar uma hipótese. Claro que do outro lado temos um amor arrebatador, proibido e intenso tal como eu gosto, e, por isso mesmo, é impossível não torcer por eles. Lemos página atrás de página, na ânsia de um primeiro toque, de uma primeira palavra carinhosa, de um primeiro beijo. E devo acrescentar que a autora caprichou nas cenas de romance, então garanto que não se vai desiludir.

Quanto aos mistérios existentes na trama, apesar de serem um pouco previsíveis, nos prendem até ao final do livro e nos deixam a querer ler a continuação da duologia.

Quantos livros baseados na Seleção de Kiera Kass são suficientes para nós dizermos basta? Muitos? Nenhuns? Talvez infinitos? Em histórias como Jogos da Coroa, pouco importa os paralelismos que se façam com outras obras aclamadas, porque, caro leitor, é terminantemente impossível acabar de ler este livro e não achar que apesar de a roda já ter sido inventada, é sempre possível desenvolver um novo modelo que pode ser tão bom ou melhor do que aquele que lhe deu origem. Então? Do que está à espera para rolar página atrás de página, numa viagem, que eu lhe garanto, ser única e emocionante?

Muito obrigada, @ChrisMattei


Frase lema que eu faria para este livro: O amor pode não ser aquilo por que anseias hoje, mas quando o encontrares, não há como não ansiar por ele.



Análise em Parâmetros

Sinopse

Bem escrita e muito bem estruturada. Começa por ambientar, de forma sumária e eficaz, o leitor ao contexto da história, partindo do geral para o particular, ao nos apresentar depois a protagonista e o seu envolvimento e atitude perante o contexto em que vive. Termina de forma misteriosa, com a possível antevisão de problemas num mundo que é tudo menos perfeito, revelando o conteúdo distópico da obra.


Capa

Tem elementos que reportam para a natureza da obra, como o vestido da protagonista e os tons de dourado e vermelho como alusão à realeza e à possibilidade de perigo e mortes. No entanto, nem todos os elementos são tão claros assim, por exemplo a utilização das chamas aliado ao título da obra leva-me de imediato a pensar em Jogos Vorazes. Seria essa a intenção? No geral, a capa está bastante bem conseguida, apesar de não ser extremamente inovadora.


Personagens

As personagens centrais estão bem desenvolvidas, são intrigantes e de fácil identificação. No entanto, existem muitos personagens que são mencionados e parecem apenas meros adereços na construção da obra. À medida que os pares vão sendo eliminados nem vamos sentido pena, por não termos conseguido criar uma relação empática com eles. Como a protagonista é aconselhada a manter a distância dos outros concorrentes, os leitores veem-se obrigados a manter-se emocionalmente distantes desses personagens. Uma narração na terceira pessoa ou uma alternação entre narradores poderia ter dado uma maior profundidade à obra.


História

A ideia que lhe serve de base é deveras criativa, apesar de pegar em outras referências já previamente existentes. O desenvolvimento é bem conseguido, mas poderia ser melhorado, principalmente no que toca à ação e nível de suspense da história. As provas, que são o elemento chave do desenrolar da trama, poderiam ser mais envolventes, levando o leitor a embarcar junto com a protagonista na resolução dos problemas. Os comentários deixados pela autora, no final de cada capítulo, revelam, por vezes, desnecessariamente a resposta a alguns dos mistérios da obra. Uma coisa é deixar pistas para fomentar ainda mais a ansiedade do leitor, outra é entregar as respostas numa bandeja pronta a servir.

A trajetória emocional da obra está muito bem conseguida e é um dos pontos fortes desta história que nos envolve de uma forma arrebatadora.


Escrita

Eu me senti um pouco bipolar à medida que ia lendo esta história. A minha opinião sobre a escrita da autora ia flutuando de página em página, ora encontrando tempestades, ora encontrando calmaria. Existiram momentos magistrais, onde foi possível testemunhar um nível de descrição soberbo, com palavras usadas e entrelaçadas de forma praticamente perfeita. Porém, também existiram muitos momentos onde a quantidade de gralhas e a repetição extrema acabaram por me aborrecer e até me desiludir com a escrita. Claro que não é nada que não se resolva com uma revisão, contudo acabou prejudicando a fluência da leitura, tornando-a demasiado conturbada.

Avaliação Global 


Deixo aqui a já mencionada capa da obra.


Uma curiosidade: Para este booktrailer acabei fazendo duas tumbnails para o vídeo. A que usei é a que está no topo da página, mas deixo aqui, para quem quiser ver, a primeira que eu tinha feito, mas que acabou não me agradando tanto assim.




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