Não sei se sentiu a minha falta, mas cá estou eu de novo. Confesso que a minha ideia era trazer um outro livro antes deste, mas tem sido muito difícil arranjar as cenas perfeitas para ele. De qualquer das formas, o livro que trago hoje é muito especial para o projeto por ser um estilo literário muito diferente de todos os anteriores. Na resenha e no trailer você vai conseguir facilmente perceber do que estou a falar.

Então deixo-o agora, caro leitor, com o booktrailer que realizei para A Violinista de Daniela Maciel.

https://youtu.be/IVVykDoiD-w

Se gostou do vídeo, deixe o seu comentário e/ou voto para me motivar a continuar com o projeto.

Resenha 

Caro leitor, está a ver aquele livro onde a protagonista recebe ameaças veladas através de cartas ou presentes, em que é perseguida sem se dar conta e a sua vida é totalmente controlada por alguém movido por alguma espécie de vingança? Pois é, é fácil de reconhecermos esse padrão utilizado inúmeras vezes na literatura. Não é totalmente inovador, mas como já mencionei em resenhas anteriores, nunca se cria nada a partir do vazio. Esta é a base de A Violinista, mas o edifício construído, tijolo a tijolo, tem um formato e cores bastante particulares.

Valéria é uma artista de rua, uma violinista que toca de alma e coração. Diego é um caçador de talentos, um empreendedor visionário capaz de reconhecer uma oportunidade única quando esbarra com ela. Quando os dois se encontram, Diego sente-se de tal forma fascinado pela jovem, que fica obstinado em tê-la por perto. O problema é que o passado é implacável e os dois juntos são uma bomba relógio prestes a explodir. O perigo espreita a cada esquina, e Valéria não está segura nem na sua própria casa.

Na sinopse utilizada pela autora, ela promete-nos uma história de amor com uma pitada de thriller. Devo dizer que encontrei um pouco mais do que uma pitada, e não digo isto como algo negativo, muito pelo contrário. A obra é totalmente imersa num ambiente de mistério e suspeição. Sabemos que alguém muito próximo de Valéria quer fazer-lhe mal, até conseguimos aceder a alguns dos pensamentos e emoções dessa pessoa, mas não sabemos quem ela é. Essa estratégia, também utilizada em Um Toque do Destino (primeiro livro resenhado do projeto), é um golpe de mestre. É como ouvir a voz de uma pessoa do outro lado da porta e não conseguir reconhecê-la. Isso é extremamente mais agonizante do que simplesmente saber que alguém está atrás da porta e não saber a identidade dessa pessoa.

Outro aspeto que me impressionou pela positiva foram as cenas hot. Elas fazem parte do livro, não são o livro. São descritas tão naturalmente como qualquer outra cena e a relevância que lhes é dada não sufoca, nem de perto, os mistérios e dramas que recheiam a obra. Essas cenas são cruamente reais quando se trata apenas de um ato físico entre Diego e outra mulher, contrastando com a intensidade emocional que pinta as cenas de Diego e Valéria.

Quanto à história de amor em si entre os protagonistas, esperava um pouco mais, confesso. O romance começa a surgir de forma lenta e gradual, tal como eu gosto. Vemos os primeiros passos, mas, de um momento para o outro, a história dá um enorme salto no tempo e é nos dito que a relação se desenvolveu até um determinado ponto. Senti-me a ser puxada para fora daquele laço que as personagens estavam a criar e, de alguma forma, quando mergulhei de novo não consegui sair de perto da superfície. Isso implica que um futuro rompimento do laço não me vai tocar ou magoar tanto como aconteceria se a autora tivesse desenvolvido um pouco mais aquele romance antes de dar o salto no tempo.

E é isso, caro leitor. Não tenho mais a acrescentar. A obra está tão bem escrita e desenvolvida que pouco há que criticar. Foi uma surpresa boa. Apesar de este não ser dos meus géneros preferenciais de leitura, a autora conseguiu usar as armas certas para me cativar. Não perca a oportunidade de visita a este edifício, construído com esmero, sabendo à partida que vai encontrar muitas portas fechadas com vozes misteriosas a ecoar do outro lado.

Muito obrigada, @daniela_maciel

Frase lema que eu faria para este livro: Não existem pontas que fiquem eternamente soltas, eventualmente, um fio do nosso passado irá envolver-se ao nosso tornozelo e, se o ignorarmos e seguirmos em frente, o mais certo é acabarmos por cair.

Análise em Parâmetros  

Sinopse

Apesar de bem escrita, acabou por me enganar um pouco. O clima de suspense e thriller que ambienta toda a obra não é detetado aqui. A sinopse gira muito em torno da relação da Valéria e do Diego, sem existir nenhuma pista de algo verdadeiramente perigoso que possa surgir na vida dos dois. Uma frase apenas poderia ser acrescentada para arrepiar a pele do leitor com a possibilidade de existir um perseguidor que quer obter a sua vingança.

Capa

É bonita, apesar da fonte utilizada não me agradar particularmente. A imagem acaba por reportar a um romance, e, com base apenas nela, nunca diria que se tratava de um thriller.

Personagens

A obra não tem muitas personagens, o que facilita o seguimento da trama. Todas elas me parecem bem desenvolvidas e interessantes, sendo que as mais bem exploradas são Diego, Valéria e Erica, os protagonistas do livro. Sendo um thriller em que andamos a tentar perceber quem é o "mau" da fita, todos os personagens parecem plausíveis para ocupar esse lugar.

História

Como thriller consegue cativar a nossa atenção e mexer com as nossas emoções com mestria. Como romance poderia estar um pouco melhor desenvolvido o relacionamento dos protagonistas.

Escrita

Impressionantemente bem escrita com descrições vívidas e bem realistas. Um estilo mais cru e nu, despido de grandes floreados ou embelezamentos, o que é bastante propício para o estilo de literatura em que está inserida a obra. Não encontrei gralhas o que mostra o cuidado da autora na revisão da obra. Já para não mencionar o facto de estar escrita em português de Portugal aproximando-se mais da minha forma de pensar e me comunicar.

Avaliação Global

Deixo aqui a já mencionada capa do livro.