prologue
Semana 1
MASON PASSA PELA PORTA DA NOVA LIVRARIA DA CIDADE. O ar quente do local aquece seu corpo coberto de roupas quentes. Fica a algumas quadras da sua casa, então foi fácil chegar lá.
Ele começa a olhar nas prateleiras de livros clássicos. O Grande Gatsby, A Metamorfose, O Morro dos Ventos Uivantes, O Fantasma da Ópera. William Shakespeare, Julio Verde, Emily Brontë, C. S. Lewis. No fim, escolhe um livro de contos clássicos de terror. Quando caminha até o caixa, seus olhos se encontram com os de Kyla Harwood.
A garota mais linda que ele já havia visto em toda a sua vida.
Ela tem cabelos castanhos ondulados e os olhos verdes mais graciosos que ele já tinha visto. Ela vestia uma camiseta brancas de mangas longas e um casaco xadrez felpudo. Ela estava deslumbrante.
Mason já a tinha visto. Uma vez. Ela estava observando as flores do jardim do parque, com um livro nas mãos. Desde então, ele não conseguia parar de pensar em seu rosto.
Mas ele não contava que ela estaria lá. Naquela livraria. Naquela tarde. Naquele inverno.
Ele coloca seu livro no balcão, sorrindo.
— Oi! — Kyla exclama, sorrindo. Ela passa o livro na leitora e volta o olhar para Mason. — É a primeira vez que você vem aqui? Nós temos um cupom de desconto e um brinde.
— Certo. Qual é o brinde?
— Um broche. Tem as frases de alguns livros clássicos, então você pode escolher um que combine com o seu livro.
— O que você me sugere?
— Eu tenho esse bem legal de A Entidade. É um dos meus preferidos. Você gosta de A Entidade?
Uma faísca de brilho se acende nos olhos de Mason.
— Eu amo A Entidade! Acho que é o meu filme de terror favorito!
— Que bom! — ela exclamou, sorridente. — Então eu acho que você vai gostar.
Ela se abaixa no balcão para pegar o broche e o entrega para Mason. Seus dedos se encostam, e uma onda de eletricidade atinge os dois. Kyla desvia o olhar, com um sorriso envergonhado. Mason limpa a garganta.
— Muito obrigado...
— Kyla — ela completa.
— Ah, sim. Obrigada, Kyla.
Ele pega a sacola e sai da livraria com um sorriso bobo no rosto.
No dia seguinte, ele se encontrou com seus amigos com o broche fincado em sua jaqueta jeans.
Semana 2
Mason voltou à livraria apenas para vê-la novamente. Ele estava fascinado por ela, por sua personalidade alegre e gentil.
Ele precisava descobrir mais sobre ela.
Quando passou pela porta, seu olhar se direcionou ao caixa, e ela estava lá. Um sorriso surge em seus lábios. Ela ainda não o tinha visto, pois estava ocupada atendendo outro cliente. Ela também tinha um sorriso radiante no rosto. Após o homem mais velho, de cabelos grisalhos, ir embora agradecendo-a, ela finalmente olhou para a porta e viu Mason. Ele foi até ela.
— Oi, Kyla!
— Oi! Gostou do livro de semana passada?
— Me surpreendi bastante. Ele é muito interessante e dá até um pouco de medo. Eu acho esquisito ter medo de algo em linhas no papel, acho mais fácil ter medo de algo na tela de uma televisão.
— Eu entendo! — ela diz. — Eu sabia que você iria gostar.
— Bom, obrigada pela sugestão — ele sorri.
— Você vai levar algum hoje?
Ele olhou para as prateleiras ao lado do caixa, com alguns livros menores. Pegou uma edição de bolso de A Estrada da Noite, de Joe Hill, e colocou no balcão.
— Certo — ela soltou uma risadinha. — Você quer trocar o seu broche?
— Tudo bem. O que você tem aí?
— De terror eu tenho Sexta-feira 13, Pânico, O Sexto Sentido, Halloween, Psicose e O Exorcista. Qual você quer?
— Eu vou querer um de Sexta-feira 13, por favor.
— Um clássico — Kyla comenta, sorrindo enquanto pega o broche. — Aqui está. Aproveite a sua leitura!
— Obrigada.
Kyla desviou o olhar. Mason estava se virando para ir embora quando ouviu a voz de Kyla.
— Ei! — ele se vira para ela. — Eu ainda não peguei o seu nome.
Ele sorri levemente e leva alguns segundos para responder. Enfim diz:
— Mason.
— Prazer, Mason. Volte sempre.
Certamente, pensou ele enquanto passava pela porta, sentindo o vento gelado do inverno atingir seu rosto.
Semana 3
O sino da porta da livraria ecoou, e Kyla olhou para Mason.
— Oi, Kyla! — ele cumprimenta.
— Oi, Mason! O que vai ser hoje? — ela diz, como sempre sorridente.
— Eu quero tentar algo diferente. O que você tem sobre reflexões? Quero refletir sobre uma coisa.
Ela pensou por alguns segundos e respondeu:
— A Cortina, do autor Milan Kundera, é um livro de análise sobre a arte do romance. Pode ser?
— Claro.
Enquanto ela arrumava a embalagem para guardar o livro de edição de bolso, ela pergunta:
— Você gostou do último livro?
— Ele era bem legal. Gostei do estilo de terror dele.
— É, Joe Hill é incrível. Eu amo o jeito que ele desenvolve seus personagens.
— É verdade. Eu fiquei bem surpreso.
— Acho que você também vai gostar desse. Pela sua descrição, é exatamente o que você está procurando. Kundera escreveu A Insustentável Leveza do Ser, outro livro maravilhoso. Ele é muito bom.
— Vamos ver.
Ela entrega a sacola.
— Você gostaria de trocar o broche?
— Pode ser. Você tem algum do livro que eu estou levando?
— Poxa, não. Mas eu tenho outros de romance. Gostaria de um de Orgulho e Preconceito?
— Tudo bem.
Ao ver o sorriso radiante no rosto da garota enquanto lhe entregava o broche, Mason perguntou:
— Você gosta?
— Ah... — ela suspirou, delirante. — Esse deve ser o meu livro de romance favorito. Eu amo Jane Austen.
— Entendi — ele responde, sorrindo. — Até mais, Kyla.
— Até mais!
Ela acenou para ele quando ele já estava se aproximando da porta. Mason se vira para ela e acena de volta antes de sair da livraria.
Semana 4
A porta de vidro se abre, revelando Mason com um gorro na cabeça e neve em seu casaco. Está nevando em Nova York, e o frio é congelante.
— Oi, Kyla! — ele exclama, ao avistar a garota no caixa. Ele ergue a caixa em suas mãos. — Eu trouxe donuts.
— Ai, meu Deus, Mason! Obrigada!
— O seu turno já acabou?
— Não, mas a livraria está sem movimento hoje. Acho que a neve espantou os clientes — ela ri.
— Verdade. Ninguém quer sair de casa com esse frio.
Ela sorri.
— Venha, vamos nos sentar.
Eles vão para a parte de trás do balcão e se sentam nos banquinhos com a caixa de donuts em sua frente. Kyla escolhe o de cobertura de morango com granulado, e Mason pega um de chocolate. Os dois dão uma mordida ao mesmo tempo, levando alguns segundos para saborear o conteúdo em suas bocas. Kyla solta um suspiro, arregalando os olhos, e se vira para Mason de boca cheia:
— Isso está delicioso!
— Delicioso! — ele confirma, dando ênfase. Depois de alguns minutos degustando dos donuts de diferentes sabores, Kyla limpa os dedos e olha para Mason:
— Esse deve ser o melhor donut que eu já comi em toda a minha vida. Obrigada pelo presente, era tudo que eu precisava nessa tarde de neve.
Mason sorri. Como nenhum cliente havia entrado pela porta, eles mataram o tempo conversando sobre suas vidas. Eles já estavam conversando por um tempo quando Mason perguntou:
— Qual é o seu turno? Por quanto tempo você fica aqui todos os dias?
— Bem, meus pais me fazem ficar aqui desde as nove da manhã até o finalzinho da tarde, mais ou menos às seis.
— Seus pais? — ele inclina a cabeça, confuso.
— Sim — ela afirma. — Meus pais são donos da livraria.
— Uau! — ele diz, surpreso. — Eu não sabia disso.
— Eles costumavam ter uma livraria no centro da cidade mas, surpreendentemente, não recebíamos muitos clientes. Então nos mudamos para cá há dois meses, e até agora está dando mais do que certo. Temos uma clientela maior do que no centro, e pretendemos ampliar o local e montar uma cafeteria.
— Isso seria ótimo! Afinal, não há nada melhor do que um livro e um café.
— Não é?! — ela concorda, sorrindo radiante. — Eu concordo!
Eles ficaram em silêncio por um momento e, ao olhar para Kyla, Mason percebeu que ela estava pensando em alguma coisa, distante. Ela saiu do transe e disse:
— Meus pais me obrigaram a trabalhar na livraria para ajudar no verão passado, como um emprego de verão, sabe? Então, eu passava a maior parte do tempo lá, e acabei me apaixonando por livrarias. Por livros. Pela vida em Nova York.
— Você não é daqui?
— Sou de New Jersey. Meus pais quiseram se mudar porque aqui em Nova York é mais movimentado, então tínhamos chances maiores de construir um negócio lucrativo. As pessoas daqui gostam mais de ler.
— Bom, eu não sou daqui, então não sei de muito — Mason ri.
— De onde você é? — Kyla perguntou.
— Phoenix, no Arizona. Me mudei para LA com a minha família para conseguir melhores oportunidades de carreira como ator. Audições, comerciais... sabe?
Ela assente.
— Mas então comecei a morar aqui. Acho mais calmo. A vida de celebridade em Los Angeles é caótica. Não que Nova York não seja, mas... Você já viu os paparazzi em LA?
— É o terror. Nem sei como você aguentou por tanto tempo.
— Pois é! — ele riu.
Eles ainda conversaram por horas até anoitecer. Até o turno de Kyla acabar. Ela olhou o relógio e se levantou, dizendo:
— Eu vou fechar a loja. Você quer me esperar?
— Claro.
Ela foi para dentro e ajeitou algumas coisas no balcão antes de apagar todas as luzes e se dirigir até a porta com as chaves em suas mãos. Ela trancou bem a porta, certificando-se, e se virou para Mason, que disse:
— Você daria um passeio comigo? Eu não tenho nada para fazer, então...
Kyla sorriu antes de responder.
— Claro!
Os dois caminharam na direção oposta da casa de Mason, indo para o centro. A neve estava fina, e os dois sentiam seus sapatos deslizarem pelo chão escorregadio. Quando percebeu que ela estava perto de cair, Mason ofereceu seu braço para a garota. Ela enlaçou seu braço no dele, e os dois caminharam, sorridentes. A casa dela ficava a poucas quadras depois do centro, então Mason decidiu acompanhá-la. Ao chegarem no destino, uma casa branca com o telhado cinza escuro, estilo americana, Kyla se virou para ele.
— Obrigada pela caminhada, Mason.
— Não há de quê, Ky.
A garota sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir o pronunciar do seu apelido favorito.
— Nos vemos por aí?
Mason sorri.
— Certo. Boa noite, Kyla.
Ela se virou para entrar em casa e espiou pela janela apenas para ver Mason chamar um táxi e entrar no veículo, provavelmente indo para casa. Ela só percebeu que continuava com um sorriso bobo no rosto quando foi para o quarto e se olhou no espelho para limpar os resquícios de neve em seu cabelo. Logo depois de tomar um banho quente e colocar roupas confortáveis, ela se jogou na cama e foi direto para o grupo com as suas melhores amigas, Charlotte e Claire.
Mason fez o mesmo naquela noite após chegar em casa.
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