Torta de sorvete e o passeio com a família (Extra)


Por Francisco...

Formar uma família é um sonho e uma felicidade, mas requer um pouco de maturidade, pois a responsabilidade pesa e pode ter o peso de um fardo se o casal não for companheiro.

E pra quem acha que não rola bronca aqui em casa, se engana redondamente, pois preciso dar bronca no meu pretinho que se sobrecarrega com tarefas domésticas, além de suas encomendas. Chego em casa e olho a volta para ver no que posso lhe ajudar e vejo tudo na mais perfeita ordem, tudo limpo e cheiroso, mesmo ele e a Luíza, sempre estão arrumadinhos.

— Carlinho, não é certo o que você faz, sou seu companheiro e já te dei uma bronca, lembra?Por que você não pede ajuda menino? Por quê?

Ele faz um beiço e eu penso até que vai chorar e tenta usar a desculpa de que chego em casa cansado.

— Ai, sabe o que é? Você trabalha fora e chega muito cansado, Francisco. Eu gosto de fazer todas essas coisas, não acho que fico parecendo mulher.

— Mas quem disse isso, hoje mulher trabalha fora, estão no mesmo nível que a gente, Carlinho. É besta quem usa o "mulher" como forma depreciativa e vou até citar um nome e um lugar: Ione do salão de beleza.

— Como que você adivinhou?

Quase dou uma gargalhada, mas ele poderia ficar chateado.

— Não fique se abrindo com pessoas estranhas. Ela não me inspirou muita confiança naquele dia em que entreguei o bolo. Mas deixa ela pra lá e pra fora do nosso amado lar. Aqui é só eu, meu brigadeirinho e a princesa do pai.

— Paiêeeee. — Minha filha pula no meu colo numa alegria tão grande que levo bons segundos apertando ela num abraço. Como posso amar tanto essa pequena? Com poderia não amar? — Pai, sabia que o paizinho fez uma roupa nova pra minha filha... "peraí" que vou lá buscar...

Luíza esperneia para que eu entenda que devo coloca-la no chão e sai feito uma flecha em direção ao quarto, buscar aquele "negócio" e Carlinho morde o canto da boca pra conter um riso.

— Tá rindo né? Deixa, eu te pego...

— Você quer me ajudar, Chico? Dá um atenção pra Lu que vou lá tomar banho e ficar bem cheirosinho pra você. E quero... — Perto do meu ouvido ele cochicha — quero muito sua língua...

— PAI... Olha a minha filha tá de roupa nova. — Essas "surpresas" da Lu, são alertas pra gente tomar mais cuidado ainda.

— Nossa que linda que ela ficou. Vamos lá pro seu quarto fazer uns desenhos e tomar chazinho, deixa a Pernoca aqui na cozinha cuidando do gato. — Falo isso com intenção de me livrar da "neta", mas não funciona.

— Não né, ela quer tomar chazinho e comer o bolo que eu fiz.

Vou brincar no quarto da Lu estranhando o Carlinho porque achei que ele já havia tomado banho. Sim, ele tomou, pois seu cabelo estava molhado quando cheguei. Meu menino fica desse jeito entre suas sessões com o psicólogo, sendo que esse transtorno já não me preocupa tanto. 

Sua compulsão por estar limpo teve início na infância, segundo ele mesmo. Na época, sua madrasta através de termos racistas sugeria que ele era sujo e não o tocava, logo Carlinho carente desse afeto, fez da higiene algo obrigatório para se relacionar com mais intimidade com as pessoas. Ele evoluiu muito desde que o conheci e cansei de pedir que não usasse tantas loções e perfume, porque não sentia o gosto e o cheiro de sua pele. Hoje ele usa apenas um desodorante, mas ainda se justifica quando vamos transar: "ai, Chico, tô bem limpinho tá?". Ah esse meu menino.

Fico olhando o quanto ficou bonito o quarto da Lu com o roupeiro branco sob medida que conseguimos mandar fazer. Como ela gosta de rosa e roxo, pitamos seu quarto com essas cores, usando os tons mais suaves que haviam. Depois comprei uma bi cama para o quartinho dela e minha menina já trouxe uma coleguinha pra dormir.

Eu com Carlinho, rimos muito naquela noite só de ouvir as conversinhas das meninas. Meninas GOSTAM de conversar e aqueles vozes delicadas foram ouvidas por bons momentos depois que fomos nos deitar.

Na janta Carlinho me conta que Marçal e o namorado que é amigo dele, vão casar e fazer o documento no civil e aquilo me espanta pela pressa.

— Se eles se amam né Chico, a gente tem que ficar feliz por eles.

— Eu tô feliz, mas achei rápido. Quase não vejo meu amigo, porque tô no PROERD e ele fica nas blitz. Mas gostei que deu certo. São duas pessoas boas e torço muito por eles. O Marçal é gente de bem, defendo muito esse cara.

— O Eliseu também é. Só é assim um tantinho malvado, haha.

— E a nossa mocinha? Tá feliz morando com os dois papais?

— Eu tô sim! — Ela responde rindo com a janelinha formada pelos dentes de leite que caíram. — Agora eu tenho vó, tenho gato, um montão de filha e a minha melhor amiga a Júlia. Pai, eu posso dormir na casa da Júlia?

A Júlia é filha de um casal de amigos e dormiu em nossa casa num sábado, mas nós ficamos com o coração apertado de dizer um sim nessa hora.

— Outro dia a gente vê isso tá. Não dá pra dormir sempre na casa da amiga ou ela vir aqui. Porque a família gosta de ficar juntinho com os filhos.

Podem me criticar pela minha postura, mas tenho ciúme dela. Parece até que sempre foi minha filha. Ela não chora, mas faz um olhar tão triste e diz.

— Sim. Então tá. Um dia quando eu crescer um pouco, o pai deixa?

— O pai deixa sim, só vou conversar com o paizinho da Júlia tá.

— Obaaa!

Quem diz que ficou chateada, saiu pulando de alegria.

— Ai Francisco tô cansadinho. — Carlinho me abraça por trás demonstrando exaustão em seu tom de voz. — Vou por a Lu pra dormir e depois vou lá ter dar bastante atenção.

— Vai deitar... que eu vou lá com a Lu. — Me viro, abraço meu miudinho e beijo o topo de sua cabeça. Carlinho está cansado mesmo que sequer contesta.

Mais tarde quando me certifico que Luíza tá dormindo, ajeito suas cobertas, corajosamente "tampo" o corpo da boneca que não fecha os olhos e apago a luz do quarto.

Carlinho está ressonando pesado, significa que está em outra dimensão, então vou pra sala ver um pouco de TV. Ali quase pego no sono, começa a bater um friozinho, então me enfio sob as cobertas pra abraçar meu marido pequeno que é a coisa mais gostosa do mundo.

Acordar num dia mais frio é uma delícia quando a gente olha pro lado da cama onde um capricho da natureza se espreguiça e tão logo abre os olhos me dá um sorriso de presente.

— Ai Chico que preguiça boa.

Ele pede um apertão e muitos beijos na cabeça de cabelos revirados. Carlinho é jambo escuro, tem cabelos lisos que mantem bem curtos e hoje um lado do cabelo amanheceu levantado na parte de trás da cabeça onde ele não vê e rio da cena, fazendo-o se voltar e rir pra mim.

— Onde que você aprendeu a ser tão lindo?

— Ai Francisco, eu nem sou lindo...

Sem resistir, me aproximo e abraço ainda mais seu corpo, pois cada abraço trás uma sensação diferente e deliciosa. Carlinho é minha existência.

*****

Por Carlinho...

Um mês depois...

Eu andava bem cansadinho com tanta coisa que tem pra fazer, ainda mais com uma filha pra cuidar e dar atenção e carinho. Mas depois da última sessão passei a praticar e deixar algumas coisas pro Chico fazer, aí ele me deu até os parabéns e pra comemorar, vamos viajar pro interior com a Lu. Uma tia do Chico que gosta dele convidou a gente pra ficar um feriadão inteiro lá na casa dela.

Saímos de madrugada já na sexta feira e levamos quase seis horas pra chegar naquela cidade. Foi um passeio gostoso demais. O Chico dirigiu quatro horas e me deixou dirigir por duas, fizemos parada pra lanchar e esticar as pernas e chegamos às nove da manhã no destino.

Ai, eu nunca tinha sido convidado pra ficar numa casa de um parente e senti um pouco de medo quando entramos pela porteira de madeira. Seu Nelson e dona Giovana, os tios do Chico são pessoas mais velhas e muito legais, nos trataram muito bem o tempo inteiro que dava vontade de ficar ali pra sempre.

Passamos a sexta feira caminhando pela fazenda, pegando frutas direto dos pés, comemos tangerina debaixo da árvore, catamos pinhão que havia perto das araucárias, dona Giovana fez pão caseiro e eu fiz massa de pastel que fez ela me elogiar o resto do fim de semana, Luíza montou no cavalo com Chico e chorou de medo, Chico ajudou o tio a pescar na lagoa deles e comi tanto que à noite fiquei me sentindo estufado.

— Ai Francisco, quando voltar pra casa vou ter que entrar na academia.

— Mas o que que tem, ganhar uns dois quilos nesse corpinho, menino? — Dona Giovana brincou comigo mostrando que estava confortável com suas gordurinhas. — Vocês dois estão de parabéns, heim! Que família bonita que a minha prima Itália tem. Olha a gente não se importa com o que vocês são, sabe... O Nelson pediu pra eu nem comentar, mas ele também disse que acha muito bacana um casal que adota uma criança. E também acha bacana que hoje "vocês" podem casar. A gente não liga pra isso. Então podem ficar bem tranquilos e quando quiser visitar a gente. É só dar uma ligada tá, tem a casa simples aqui, a gente é da colônia, tem essas terras aí porque "vendemo" a casa e o predinho no centro pra ficar sossegado aqui, mas gostamos muito de visita.

Então a tia do Chico nem é tia é prima da minha sogrinha (braba). Gente que pessoas legais. Me senti querido demais e eles faziam essa questão de demonstrar que ficavam bem a vontade com a gente.

Olha que sexta feira caímos exaustos da cama e que noite gostosa pra dormir! A Lu não quis dormir sozinha e a colocamos num colchão no assoalho de madeira. Achei que ela pudesse sentir frio, imagina que a casa era tão quentinha que todos nós suamos com aquele monte de cobertores.

Sábado foi ainda melhor, porque vieram netos do casal e Luíza se divertiu muito. Eu preparei receitas, ganhei mais elogios e Chico jogou futebol com seus primos que não viam ele há anos. Quando foram embora à noite, até eu senti saudades daquele pessoal.

Uma das primas do Chico deixou o casal de gêmeos de cinco anos pra brincar com a Lu no domingo e na hora de dormir, adivinha? Ela nem lembrou dos paizinhos dela. Três coisas lindas dormiam e babavam no quartinho do lado, quando eu e o Chico fomos nos deitar. No domingo, seus parentes voltariam pra assar carne e à tarde íamos embora.

Tomamos banho juntos, só porque o casal já estava dormindo também e na cama grudei no corpo quente do Chico.

— Nooossa, o que é isso aqui? — Peguei certinho na rola dele que tava dura debaixo do pijama.

— Isso é um pirulito.

— Oba!

— Shhh... Carlinho a casa é de madeira. — Chico me corrige dando risada. Então coloca a mão dentro na minha calça e procura meu cuzinho, onde fica roçando o dedo. — E isso? Hum? O que é essa coisa quente e gostosa, hum?

— É meu cuzinho...

Chico esquece que a casa é de madeira e ri um pouco alto, me beija com tanto tesão que me faz ficar molinho e entregue. Enquanto isso, com o dedo molhado de saliva ,ele circula minha entradinha e eu esfrego o pau dele sobre o tecido do pijama, mesmo com vontade de chupar ele bem gostoso.

A gente chega a ficar pelado, mas não dá pra se mexer na cama de tanto que range, então ficamos só nos acariciando e beijando na boca...

— Francisco... coloca a ponta do dedo, mete um pouquinho.

Ele faz, deixando meu buraquinho lisinho de saliva e com isso pode entrar e sair com seu dedo. A boca dele chupa meu mamilo que é inchado, algo que me complexou quando mais novinho, hoje me orgulho deles como qualquer parte de mim. Outra mão dele me masturba enquanto eu aperto o caralho grande sentindo algo quente na minha mão, junto com um suspiro forte e uma tremida naquele corpão. Me dá tanto tesão que logo eu imito e o Chico me beija pra abafar meu gemido que não controlo.

Naqueles momentos em que me recomponho, não resisto em viajar ao passado e buscar aquelas memórias ruins, só pra sufocá-las com meus momentos maravilhosos que tenho hoje. Como o simples gesto dele me limpando e vestindo-me com o pijama, antes de cuidar de si e vestir-se. Depois deita do meu lado e me abraça possessivo e protetor e eu choro.

— Carlos! Tá chorando? Que é? Medo de escuro?

Dou um tapinha no peito dele e conto, porque não escondo mais nenhuma vírgula desse homem.

— É que não dá pra esquecer o quanto você é lindo Chico. Você faz essas coisas tão lindas...

— O que, limpar a porra?

Mesmo que tenha sido isso, foi engraçado e rio muito, esquecendo do choro de uns minutinhos atrás.

O domingo, não podia ser diferente e minhas sobremesas fazem sucesso, claro que fiz questão de preparar algumas coisas que eu sabia que o pessoal ia gostar, como torta de bolacha, pudim de leite condensado e a torta de sorvete, que as primas dele nunca tinha provado.

— Nossa, tem textura de sorvete mesmo...

— Ai, derrete na boca... que delícia...

— E essa calda aqui é do que? É chocolate amargo né...

Enquanto todo mundo elogiou minha torta de sorvete eu fiquei com vontade de comer muito mais daqueles corações recheados com bacon, costela assada em fogo de chão, mas me cuidei pra não exagerar. 

Á tarde nos preparamos pra voltar, mas não sem ganhar deles frutas, ovos e coisas que a dona Giovana faz, como o pão caseiro feito com tanto capricho e algumas de suas conservas que ela morre de ciúmes.

Nunca recebi tanto carinho de pessoas desconhecidas que até chorei na hora de ir embora. Isso levou o Chico e a Luíza a rirem de mim e logo me juntei àquela farra, porque com eles não dá pra ficar triste.

Mais umas horas cansativas de viagem e chegamos no nosso amado lar tão tarde que decidimos buscar o Juju na casa do Eliseu só na segunda. Eliseu anda tão manso que tô até estranhando, mesmo que esteja cuidando de se mudar pra casa nova que ele e o Marçal alugaram aqui pertinho da nossa. Mudança sempre estressa e ele tá calmo. Melhor assim, porque vamos ser vizinhos quase de porta e Marçal andou "piando" que eles querem comprar um germinado que estão construindo na nossa rua... Tomara que dê certo, porque como o Chico disse: "são pessoas boas" aí eu digo: principalmente o Eliseu que eu conheço. Mesmo que ele seja nossa mana malvada, amamos ele.

Chico ajuda na mudança no sábado seguinte e posso reparar quando meu amigo me abraça, o quanto está todo feliz.

— Ai minha, migaaa... Ca, não deixa o Marçal me ver assim todo dengoso, mas Ca, eu tô quase casando com aquele tesudo. Me belisca pra eu saber que não é sonho. AHHHHH caralho, é só um jeito de falar, mulher!

Não entendi. O Eliseu que pediu pra eu beliscar ele, mas mereceu porque ele fala muito palavrão e se a Lu tivesse perto, eu dava outro mais forte.

— Quer provar minha torta de sorvete? O Chico e a Lu gostaram tanto que tive que fazer outra. Ou vai passar vontade?

— Logo pra mim você pergunta, com minha circunferência você acha que passo vontade?

— Ai Eliseu, haha... Mas você é lindo!

— Não disse que sou feio, sou gordinho. Mas beleza não me falta, Marçal que disse. Ahhh, todo dia ele me diz isso. Tô até motivando pra começar a caminhar, mas não me fale de dieta radical que não é comigo.

— Ai, cada pessoa é do seu jeito... caminhar já vai ajudar pra você não ter "poblemas" de saúde.

Assim tem sido minha vidinha com minha família, essas pessoas maravilhosas que são meus amigos, minha filha, sogrinha e o Francisco, melhor pessoa do mundo.

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Olha eu de novo, hehe. Oiii!!!! Saudades de todos!!

Escrevi agora há pouco o capítulo, mais romântico e com sabor de uma rotina tranquila de um casal feliz que se respeita e se ama. Coisa linda de se ver!

Um abraço nas suas almas e ótimo final de semana!!

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