Biscoito de Natal e a adoção - Parte 02

Por Carlinho...

Passei semanas soterrado por bolachas de Natal e fiz o Chico pôr a mão na massa também, isso quando ele tinha um tempinho porque ele também chegava cansado em casa. Dia vinte de dezembro terminei minhas últimas latas de bolachas. Mas essas não são para venda e sim para levar no abrigo das crianças que ficam com a assistência social. No ano anterior eu já fiz isso e foi quando passei a sentir um enorme desejo de adotar uma daquelas crianças. Eu me vi em muitas delas quando escutava suas histórias tristes que vão do abandono à violência e ficava pensando na minha história e o quanto eles me ajudaram a crescer durante o ano.

Passo uma tarde brincando com blocos de montar, penteando bonecas, recortando revistas e montando quebra cabeça. Ainda tenho receio de não ser bom pai, porque quando levar alguém para casa não farei somente as coisas legais, não será nenhum conto de fadas.

Pelo segundo ano que venho e encontro a Luíza que foi largada aqui ainda bebezinha e hoje tem seis anos. Ela é linda e escurinha como eu. Pobrezinha, queria ir embora comigo por toda a lei e choramos muito na hora da despedida.

Enfim, adotar não é um processo fácil e por mais que eu e o Francisco o queremos, temos que ter certeza que estamos prontos, porque tudo irá mudar para sempre na nossa vida. Eu tenho um irmão que optou pela adoção e não por ter filhos naturais, disse que é a mesma coisa que é o amor que manda e não o laço de sangue.

Acredito que logo haveremos de ser pais, assim que resolver alguns "poblemas" que ainda me perturbam.

Já me chamaram de viadinho burro e eu aceitava isso, porque nem mesmo concluí o ensino médio. Me calava quando pessoas se posicionavam contra o aborto, contra o casamento gay e contra a adoção por casais de iguais, hoje não me calo mais.

Minha prima que mora no MS é evangélica e não fala comigo, posta no Facebook mensagens preconceituosas sobre assuntos polêmicos. Com todo o dinheiro que tem é incapaz de comprar brinquedos de 1,99 para dar aos carentes não abortados que não "merecem" ser adotados por casais gays porque dois homens e duas mulheres não formam família. Isso é muito triste. Bem que meu soldado disse:

− Amor, o mundo caga para nós e a gente caga pro mundo.

− Credo Francisco, que coisa nojenta falar a palavra: cagar.

Ele acha a maior graça quando eu mostro que sou educadinho e odeio palavrão.

− Carlinho, Carlinho... Seu Chicão está orgulhoso de você. – Ele senta e eu pulo sentadinho no seu colo, ganho vários beijos de namoradinho, depois fico mexendo no furinho do queixo dele. – Foi muito bacana seu gesto. Contei para o batalhão e achei legal que motivou uma campanha por lá, arrecadaram brinquedos, doces...

Seguro o choro e ele dá uma risada quando percebe.

− Chico, adivinha só. Nossa "filha" Luíza lá do abrigo fez a gente. Olha.

Tiro do bolso do meu jeans uma folha de caderno onde a menina que pretendemos adotar, nos desenhou.

Seu desenho ficou engraçado porque ela nem conhece o Chico, o fez amarelo e comprido e a mim, desenhou um anãozinho marrom segurando sua mão. Acabei de comentar com meu marido e ele me disse que só estava esperando eu estar pronto e assim decidimos que a partir de janeiro vamos lutar por ela.

− Agora tem uma surpresa. – Falei todo feliz e Chico ficou tarando minha bunda quando fui até a cozinha, não entendi a dele... – Olha só quem é o filho mais lindo do mundo?

− Um gato?

− É. Ele não tinha aberto os olhos quando eu pedi para você se podia adotar um gatinho. Ai, Francisco, fiquei tão feliz quando você concordou.

− Era isso?

− O que, amor? – Respondo beijando o gatinho de rua que busquei no abrigo de animais. Chico me olha taradão de novo e me puxa para sentar outra vez em seu colo.

− Nada não. Só não quero esse bicho na cama com a gente, certo moleque?

− Tá... – Respondo chateado no momento, mas conhecendo meu macho como conheço, sem demora ele cede.

− Larga esse ruivo na caixinha dele e vem tomar banho comigo. Hoje o dia foi tenso.

Faço isso rapidinho, porque estamos mesmo precisando dar uma namoradinha e hoje vou dar um trato do meu gigante.

Não preparei ceia de Natal esse ano, porque tive encomenda para festa de casório. Até fomos convidados por Túlio e Braz, o ursão, para almoçar no sítio deles que casaram no cartório por esses dias e deixaram a festança para o dia de Natal.

Debaixo do chuveiro ficamos nos beijando bem gostoso. Como é bom namorar assim. Empurro ele para a cama, todo mandão. Ai, ele adora quando brinco desse jeito. Hoje ele está todo sensível e eu aproveito para "maltratar", morder e chupar os mamilos dele. Proíbo ele de me tocar enquanto eu tenho a intenção de devorá-lo, lambendo seus ovos peludões sem a menor pressa, sugando com carinho cada centímetro do sacão dele. Meu soldado fica durão, eu olho sapeca para o cacetão e dou uma risadinha.

− Moleque, olha o que você faz com seu Chicão.

− Meu marido tá muito safado. – Ele sorri todo animado quando desço a boca numa mamada forte e caprichada, sinto cheiros de sabonete e rola e o sabor salgado da sua babinha na sua dureza me enche a boca. Que pauzão gostoso de mamar! Francisco está quase gozando pelo que conheço desse macho.

− Carlinho, porra.... Que mamada, safado!

Não preciso de muita esperteza para entender o que faz meu machão pirar na cama.

Ele adora quando deixo sua vara melada e sopro de levinho, ama quando a pontinha da minha língua fica lambendo o "freio" como se eu não tivesse mais nada para fazer pelo resto da vida. Eu paro com tudo quando meu soldado está se contorcendo e dou uma risada.

− Bonito, isso. – Ele diz me puxando sem esforço para deitar em cima do seu corpão. – Assim que você trata o homem da sua vida?

Adoro o beijo dele, posso sentir um infinito de coisas intensas chamadas de sentimentos que temos um pelo outro. Estou tão ereto quanto ele, fico me remexendo e esfregando meu cacete na sua barriga, meu cacetinho que ele diz ser o bombom mais gostoso que ele provou depois da minha boca. Ele é um bobo, sempre faz com que eu me sinta o ser mais especial do mundo.

Adoro rebolar na sua dureza e ser penetrado por ela, geralmente meu corpo inteiro se arrepia forte quando ele chega no lugar mais profundo do meu cuzinho. Chico geme sempre mais alto quando eu me faço de menino safadinho e cavalgo quase pulando no seu quadril.

Dentro do nosso quarto há sons de gemidos e os corpos batendo um contra o outro, há cheiro de óleo de banho com sexo e tanto tesão que faz dois machos gozarem aos beijos e respiração pesada até que a calma nos leve àquele soninho gostoso, pelados e melecados com nossa semente.

− É bom quando você fica dentro mais um pouco. – Falo com a bochecha apoiada no seu peito.

− Me diz uma coisa, quanto tempo ficou com o Braz?

− Saímos umas vezes, mas ele não queria nada sério com ninguém. – Fico com medo de haver ciúmes e desconfiança hoje em dia quando tenho o maior respeito pelo Francisco.

− Braz é um cara gente boa, eu gosto dele. Mas o outro, sei lá, aquele careca lembra os caras da Gestapo dos filmes.

− Credo, amor. Ai que coisa feia de se dizer. O Túlio é legal, só é meio estressado.

− Ele é bonito, fico cabreiro.

− Fica cabreiro porque ele é bonito, qual o "poblema" disso?

− É que eu sou todo grande e desajeitado, meio feiosão.

Dou uma risada.

− Feio? Ah, Francisco! Nunca mais diz isso, cara eu morro de ciúme de você. Vou te bater se falar que é feio e bater mais se ficar com ciúme do Túlio, fora aquilo que fiz no escritório dele, de ficar pelado, não fiz nada.

− Vou segurar a onda, porque confio em você. Agora vai ver o que o seu "filho" quer, não dá para dormir com esse miado.

− Vou buscar ele.

Chico fica me olhando sério, mas nada fala quando busco nosso filho felino de cor alaranjada e o coloco sobre a cama.

− Cuida dele que vou tomar um banho rápido.

− Sabia que isso ia acontecer. – Ele diz apenas, pegando o gatinho no colo.

*

No dia seguinte é Natal, eu ganho do meu maridinho um perfume, um pijama de seda e duas passagens do pacote de turismo que ele pagou para irmos a Machu Picchu no Peru, que descobrimos ser o lugar que ambos queríamos muito conhecer. Eu tenho uma renda boa graças aos meus doces e salgados e pude dar a ele a jaqueta de couro que comentou durante o ano inteiro. São presentes simbólicos, pois exaustivamente repito que presente maior em nossa vida é ter alguém que nos valorize e releve os erros do passado, eu achei o meu há quase quatro anos e seguro apertado, porque ele é só meu.

Almoçamos e passamos o dia no sítio com Túlio, Braz, pessoas da família de ambos e amigos mais chegados, aproveito para pedir desculpas aos dois pelas coisas do passado, mas eles dizem que há muito já estava perdoado.

Como podem se gostar tanto se passam tempo todo brigando?

Realmente o Túlio, olhando do lado de fora, é faca na bota e só o Braz com sua "delicadeza" que consegue colocá-lo no seu lugar. Que medo! O Homem lá de cima me deu o cara certo ou eu passaria chorando pelos cantos se tivesse um daqueles machos recém-casados na minha vida. Logo depois ambos conversam tão bonitinhos se chamando de apelidos fofos e deve ser isso que colou aqueles dois, ficam lindos juntos. Túlio é alemão carequinha de olhos claros e muito bonito, o Braz é moreno mais escuro, cabelo preto com uns brancos fazendo efeito de "luzes", peludo e até barbudo agora, verdadeiro ursão, não bonito, mas muito charmoso.

Minha sogra toda boba fala para todo mundo que eu sou o genro e também seu segundo filho. No evento contava ao pessoal que toda a sobremesa e salgados que serão servidos a tarde fui eu quem fez.

Aprendi uma coisa que vai contra a evolução das pessoas, aprendi a ser tímido e fico todo sem graça quando começam a me elogiar.

Então sinto meu perdão entrar pela porta, Eliseu com o namorado novo. Lembro que por culpa da minha língua solta fiz o Túlio e o Braz brigarem uma vez e até minha sogra me deu bronca. Eliseu recebeu convite para o churrasco, mas não tem jeito de simpatizar com o Braz, está estampado na cara dele.

Tem coisas pela frente e ainda haverei de contar um dia como será ter filhos, adotivos, é claro. Afinal é lindo ver Túlio pai branquelo com dois filhos naturais e mulatos e o meu irmão negro com filhos adotivos e ruivos. O Chico perto da Luíza ficará lindo, ela negrinha de nariz batatinha como o meu, perto do grande policial descendente de italianos narigudo e lindo. Ai de quem olhar para ele, o cabo Francisco é só meu.

***

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