࣪✶ gostosuras ou travessuras, idiotas?

tô tão apaixonada na capa da fic😭
nem consigo acreditar que fui eu que fiz

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Minha expressão de deboche era totalmente involuntária no momento, eu não conseguia me conter. Mas a culpa não era minha, era toda do Lucas.

Enquanto minha mãe gritava frases encorajadoras e fazia um verdadeiro álbum de fotos do meu irmão, o garoto fazia as poses mais ridículas que eu já vi. Ele parecia estar tentando imitar uma versão mirim do Arnold Schwarzenegger, mas parecia mais um boneco de posto com espasmos. Todo coitadinho.

Vi ele fazer uma pose que exigia músculos que ele claramente não tinha e levei a mão até a boca, tentando conter qualquer comentário sarcástico e provavelmente maldoso que pudesse escapar.

Mas não podia dizer o mesmo da Erica.

- Nossa, você é tão nerd. - A caçula disse, com uma expressão de desprezo, balançando a cabeça. Não consegui conter um riso ao ver que pelo menos mais alguém na família ainda tinha um senso crítico.

- Cala a boca, Erica. - Lucas retrucou, claramente irritado.

- É por isso que você só anda com meninos. - Erica continuou, a provocação evidente em sua voz.

- Erica. - Nossa mãe advertiu, tentando apaziguar a situação.

- Mas é verdade. - A mais nova deu de ombros, impassível.

Decidi me juntar à diversão.

- Ei, eu até gostei da pose. - Comecei, escondendo a ironia por trás de um elogio. - Sabe, da até pra pensar que você realmente tem músculos, se a gente olhar rápido e com os olhos quase fechados.

Lucas me lançou um olhar irritado, enquanto nossa mãe revirava os olhos, mas estava segurando uma risada.

- Tessa! Não liga para elas, querido, você está maravilhoso. Vamos, mais algumas fotos!

Lucas bufou e continuou com suas poses, seus músculos inexistentes enrijecendo em um esforço patético. Erica parecia se divertir tanto quanto eu, claramente satisfeita com a cena.

Ah, o Halloween. A combinação perfeita de trajes ridículos e provocações familiares para começar o dia com um sorriso.

- Enfim, vou pra casa com você depois da escola. - Afirmei, e Lucas franziu a testa.

- Por quê? Vou com os meninos, você não precisa me acompanhar até em casa. Até porque mais tarde a gente vai pegar doces.

- Não preciso, mas eu quero. Nunca se sabe o que o Halloween reserva para uma noite escura em uma cidade pequena, não é? Nunca se sabe quando algum maluco de máscara e uma serra elétrica vai sair do meio do mato, e... Bem, o resto você já sabe. - Tentei soar o mais convincente possível, mesmo estando sendo completamente irônica na minha frase.

Lucas suspirou pesadamente, aceitando o inevitável, justamente por saber que eu não iria ceder.

- Ok, mas se você começar a me seguir com uma lanterna e uma faca, eu pego a minha bike e sumo de vista, ouviu? - Ergui as mãos em forma de rendição.

- Nada de lanterna, nem de faca. Apenas o bom e velho sarcasmo. - Respondi sorrindo satisfeita. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, vi o carro da Sam se aproximando. - Minha carona chegou.

Me apressei assim que a garota estacionou em frente à minha casa e abriu a janela, acenando com um sorriso enorme para minha mãe.

- Bom dia, Sra. Sinclair!

- Bom dia, Sam. - Minha mãe retribuiu o sorriso, e eu entrei no carro da garota, vendo o Lucas pegar sua bicicleta e subir na mesma.

- Ei, caça-fantasma! - Samantha chamou meu irmão, que quase caiu da bicicleta ao ouvir a voz dela. - Entra aí. Vou te dar uma carona.

- Ah... Oi, Sam. Não precisa, é sério. - Lucas parecia gaguejar a cada palavra, o que me fez rir baixinho.

- Entra logo, mané. Eu te pago um café com leite. - Disse, e ele pareceu finalmente ceder, largou a bicicleta e entrou na parte de trás do carro. Sam deu a partida e seguimos em direção à escola.

Depois de parar na cafeteria para pegar algo, Sam estacionou em frente à entrada do colégio. Assim que chegamos, Lucas desceu e se dirigiu aos amigos que já estavam lá, começando a cantarolar a música dos Caça-Fantasmas.

- Who you gonna call? - Ele gritou com um entusiasmo contagiante. - Ghostbusters!

- Porra, Lucas, é a Tessa? - Ouvi a voz do Dustin perguntar, pensando que eu não escutaria. - Ela tá ainda mais bonita. Nossa!

Não consegui segurar o riso ao ouvir, e vi Lucas dar um tapa na cabeça do Dustin.

Sam buzinou brevemente e logo voltou a dirigir até o estacionamento. Quando descemos, começamos a caminhar até a escola jogando conversa fora.

Ao chegar aos nossos armários, meu olhar desviou por um breve momento e eu avistei Jonathan, sozinho, mexendo em seu armário.

- Acha que eu devo falar com ele? - Perguntei, e Sam me olhou com uma expressão confusa.

- Com quem? Com o Byers? - Assenti. - Falar sobre o quê, exatamente?

- Bom, não sei. O irmão dele sumiu, certo? Tudo bem que agora ele está de volta, mas eu não estava aqui quando tudo aconteceu. Acho que eu vou me sentir melhor sabendo como ele está.

- Tudo bem então. Nos vemos depois? - Ela perguntou, e eu assenti, pegando os livros que ia precisar e fechando o armário em seguida. Jonathan estava se afastando, então apressei o passo.

- Aí, Jonathan!

Jonathan se virou ao ouvir meu chamado, e seu olhar, inicialmente surpreso, suavizou ao me ver se aproximando.

- Ei, Tessa. - Ele cumprimentou, um pouco desconfiado. - Bem-vinda de volta.

- Oi. Obrigada. - Respondi, tentando parecer amigável. - Posso falar com você um minuto?

Ele assentiu, e eu percebi uma leve tensão nos seus ombros enquanto seguíamos para um canto mais tranquilo do corredor. Sam me lançou um olhar curioso antes de se afastar, seguindo para a aula.

- Eu só queria... - Comecei, buscando as palavras certas. - Saber como você está. Ouvi falar do que aconteceu com o Will quando eu estava fora, e pensei em te procurar. Eu sei que foi um tempo difícil e, que, bem... Nunca fomos exatamente amigos, mas eu te acho um cara bem legal. Só queria saber como você está lidando com isso agora que ele está de volta.

Jonathan suspirou, e uma expressão de cansaço cruzou seu rosto.

- É complicado. - Ele admitiu. - Ter o Will de volta é um alívio, com certeza, mas as coisas não são como eram antes. É como se uma parte de mim ainda estivesse tentando processar tudo que aconteceu. Você entende né?

- Entendo, com certeza. - Respondi, tentando não voltar meus pensamentos pra o que aconteceu comigo. - É difícil voltar à normalidade quando você passou por algo assim. Se precisar de alguém para conversar ou de um pouco de distração, estou por aqui.

Ele sorriu um pouco, a tensão em seu rosto aliviando um pouco.

- Obrigado, Tessa. - Ele disse, parecendo genuinamente grato.

A campainha tocou, sinalizando o fim do intervalo, e eu percebi que era hora de voltar para as aulas.

- Bem, vou te deixar voltar às suas coisas. - Comentei, dando-lhe um sorriso encorajador. - Nos vemos por aí.

Jonathan assentiu e voltou ao seu armário, enquanto eu me dirigia para a sala de aula.

{ . . . }

Durante o resto das aulas e a minha volta para casa, a única coisa que conseguia pensar era nos Byers. Em como eles estavam lidando com tudo isso. E, para ser honesta, eu não conseguia parar de pensar no Will, e no que aconteceu com ele.

Pensei em como deve ter sido para ele passar por tudo aquilo e não pude deixar de me perguntar se ele se lembrava de cada detalhe do que aconteceu com ele. Será que ele tinha pesadelos? Ou a memória dele estava exatamente como a minha após o que vivi?

Eu sabia que nossas experiências foram muito diferentes - ele passou muito mais tempo fora, foi dado como morto e depois apareceu, vivinho da Silva - e ainda assim, esses pensamentos me consumiam.

Foi exatamente esses pensamentos idiotas que me levaram até a casa dos Byers, onde estou agora, encarando a porta. A cada segundo que passa, sinto um misto de ansiedade e dúvida. Claro, não seria tão estranho, considerando que eu sempre vinha aqui antes de ir embora, cuidando do Will quando o Jonathan não podia. Eu podia estar vindo só pra ver como eles estão.

Ou será que ainda era estranho?

Finalmente, respirei fundo e me decidi. Dei três batidinhas na porta, nervosa, enquanto esperava que alguém aparecesse. A porta se abriu lentamente e, ao olhar para quem estava do outro lado, eu me senti um pouco aliviada ao ver a Joyce.

- Oi, tia Joyce. - Cumprimentei com um sorriso fraco, tentando soar mais confiante do que me sentia. - Posso entrar?

Joyce me observou com um olhar que misturava surpresa e cansaço, mas não conteve um sorriso ao meu ver.

- Claro, Tessa. Entre, por favor. - Joyce disse, abrindo a porta um pouco mais para eu entrar. - Nossa, como você cresceu. Eu lembro de quando você e o Jonathan tinham a idade do Lucas e do Will. Pensando assim, me sinto até um pouco velha.

Ela riu suavemente, tocando minhas costas com um gesto gentil.

- Como você está, querida?

- Eu... estou bem. Obrigada por perguntar. - Respondi, tentando disfarçar a apreensão que sentia. - Eu vim conversar um pouco, se não for um incômodo.

Joyce me conduziu até a sala de estar e me ofereceu um lugar no sofá antes de se acomodar em uma poltrona próxima.

- Pode falar. Aconteceu alguma coisa?

- Não exatamente. - Comecei, tentando encontrar as palavras certas. - Eu pensei bastante antes de vir aqui. Fiquei preocupada em só causar mais estresse para vocês, mas realmente queria saber como as coisas estão.

Olhei para ela, tentando medir suas reações.

- Eu sinto muito por tudo que aconteceu com o Will no ano passado.

O olhar de Joyce mudou instantaneamente, e eu me senti um pouco culpada por ter tocado no assunto. Merda.

- Ah... Me desculpe. Eu não queria causar desconforto. Eu sei que é um assunto delicado e realmente sinto muito por isso.

- Não se desculpe, Tessa. Está tudo bem. - Joyce disse, sua voz era suave e compreensiva. - Eu agradeço sua preocupação. Realmente foram dias difíceis, mas fico feliz que tudo tenha se resolvido. - Ela forçou um sorriso, mas o gesto parecia sincero. Então, ela tocou minha mão com um gesto acolhedor. - Mas sei que não é só isso. O que está te incomodando?

Engoli em seco, o nó na minha garganta parecia se apertar a cada segundo. Sentindo a mão dela apertar a minha em um gesto de apoio, comecei.

- Quando soube do que aconteceu com o Will, não pude evitar me perguntar se tinha alguma semelhança com o que aconteceu comigo. Eu sei que a situação dele foi muito mais grave e diferente, mas... eu me senti inquieta. Pensei que talvez conversar com ele poderia me ajudar a entender um pouco melhor o que eu passei, mesmo sem lembrar claramente.

Senti os olhos se encherem de lágrimas, mas me forcei a não chorar. Era um saco não conseguir falar abertamente sobre isso.

- Eu só queria encontrar alguma resposta, ou talvez até ajudar de alguma forma, mesmo que apenas ouvindo ele. Talvez conversar com alguém que passou por algo parecido possa ser bom.

Enquanto eu ainda estava na sala, conversando com Joyce, ouvi o som da chave girando na fechadura. Jonathan entrou, claramente surpreso e curioso ao me ver ali.

- Oi, Tessa. - Ele cumprimentou, um pouco hesitante. - O que você está fazendo aqui?

- Ah, só passei para ver como vocês estão. - Respondi, tentando soar casual, mas meu tom traiu minha tentativa. - Não estou te seguindo como uma stalker, prometo.

Jonathan sorriu, aliviado com a leveza da situação. Para minha surpresa, acabamos conversando bastante depois disso, já que a Joyce precisava sair pra resolver algumas coisas. Descobrimos que temos mais coisas em comum do que eu imaginava, desde o gosto por filmes e música até o recente ódio compartilhado pelo Steve Harrington.

A conversa fluiu naturalmente, e logo um homem simpático chegou e se apresentou como Bob, o novo namorado de Joyce. Jonathan se ofereceu para me dar uma carona até em casa quando fosse levar o Will para pegar doces, e assim fizemos. Acabei não falando muito com o Will, apenas jogamos conversa fora.

- Eu não entendo o que ela vê nele. - Jonathan comentou enquanto dirigia.

- O que? - Will perguntou do banco de trás.

- O Bob.

- Pelo menos ele não me trata diferente. - Will respondeu, um pouco frustrado. - Eu não posso nem sair para pedir doces sozinho. Que saco.

- O que, você me acha um saco? - Jonathan perguntou com humor.

- Não, mas... A Nancy não vai ficar cuidando do Mike, né? A Tessa não vai ficar cuidando do Lucas, ou vai? - Will perguntou com sarcasmo.

- Honestamente? Eu tentei, mas ele não deixou. - Respondi com um sorriso divertido, tentando animar o garoto, mas obviamente falhei, então praticamente me encolhi e fiquei em silêncio.

Jonathan suspirou e estacionou em frente à casa dos Wheeler, onde meu irmão, Mike e Dustin haviam acabado de chegar. O Byers desligou o carro e se voltou para mim antes de voltar sua atenção ao Will.

- Ei, olha só. - Ele começou. - Se eu te deixar ir sozinho, promete que vai ficar por aqui?

- Sim, sim, claro! - O sorriso de Will se alargou ainda mais.

- Então, na casa do Mike às 21h.

- 21:30...? - Will tentou negociar.

- Fechado. - Jonathan concordou, e os dois trocaram um breve toque de mãos, algo que parecia ter sido bem ensaiado. Eu me peguei pensando muito em como eu não tinha um aperto de mãos secreto com o Lucas e a Erica.

- Will, não deixe seus amigos doidos usarem ela, viu? - Jonathan se referia à câmera que Will carregava, e o garoto concordou antes de se juntar aos amigos. Só então eu voltei pra realidade.

- Uau, parece que temos um avanço. - Brinquei com Jonathan enquanto nos preparávamos para sair. - Como você está se sentindo?

- Apavorado. - Jonathan respondeu com um tom irônico, mas havia um fundo de verdade na resposta. - E você?

- Na mesma. - Respondi com um sorriso fraco. - Mas eles vão ficar bem. Vai dar tudo certo.

Enquanto Jonathan começava a dirigir, ele me fez uma proposta, que eu não estava esperando.

- Então, agora que o Will está na casa do Mike, posso te levar para casa e a gente pode maratonar algum filme de terror. O que acha? - Ele sugeriu, tentando esconder um sorriso animado.

Eu sorri, um pouco irônica.

- Ah, sério? E assim eu iria perder a chance única de tirar Jonathan Byers da sua bolha de filmes e câmeras? Não, obrigada. Não é todo dia que você tem a chance de se divertir na festa idiota da Tina, e eu não pretendo perder essa oportunidade. Ou melhor, não pretendo te fazer perder essa oportunidade.

Jonathan arqueou uma sobrancelha, um sorriso divertido surgindo em seus lábios.

- Ah, claro. Porque nada grita diversão como uma festa cheia de adolescentes fantasiados, bêbados, drogados e música pop dos anos 80.

- Exatamente! É a chance perfeita de observar o comportamento humano em seu estado mais primitivo. - Disse fingindo seriedade, enquanto ele tentava processar a ironia.

- Okay, okay. Vamos à festa, então. - Jonathan concordou, apesar de sua expressão de quem estava sendo arrastado para um evento de menor interesse.

Decidimos - ou melhor, eu decidi - dar uma passada numa loja de fantasias, na esperança de encontrar algo decente. A loja estava uma verdadeira bagunça, com fantasias espalhadas por todo o lugar, mas depois de uma busca rápida, a única fantasia disponível que não parecia um desastre total eram duas fantasias do Tom Cruise em Top Gun, uma feminina e outra masculina.

- Bem, não é exatamente o que eu tinha em mente para você, mas é melhor do que nada. - Eu brinquei ao mostrar a fantasia. - Só não me peça para fazer a imitação da cena do avião, por favor.

Jonathan deu uma olhada na fantasia e sacudiu a cabeça.

- Não vou usar isso.

- Ah, vamos lá! - Eu insisti, com um sorriso travesso. - É Halloween, você tem que entrar no espírito.

- Não, eu passo. - Ele respondeu, decidido.

- Então você vai ser o único sem fantasia em uma festa de Halloween. Parece que você está tentando se destacar de uma maneira bem diferente. - brinquei, dando-lhe um olhar desafiador, mas ele negou mais uma vez.

- Bom, já que você se recusa a se fantasiar, talvez eu deva mostrar como uma fantasia realmente funciona. - Eu disse, com um sorriso travesso.

Jonathan levantou uma sobrancelha, confuso.

- Ah é? Você vai se fantasiar?

- Claro. Não é todo dia que você encontra uma fantasia como essa. - Respondi, começando a entrar no provador. - Vou mostrar como se faz.

Alguns minutos depois, saí do provador vestida com a fantasia de piloto. A roupa era um macacão verde oliva, com patches de aviador espalhados, o meu coturno e óculos escuros de aviador que completavam o visual. Me virei pro Jonathan, que estava parado na entrada da loja, esperando pacientemente.

- Pronto para ver uma estrela do cinema em ação? - Perguntei, dando uma volta para mostrar o traje completo.

Jonathan ficou sem palavras, com os olhos arregalados e a boca ligeiramente aberta. Sua expressão era uma mistura de surpresa e espanto. Sua reação me fez ergueu as sobrancelhas sugestivamente e sorrir fraco, esperando ele dizer algo.

- Uau. - Ele finalmente conseguiu dizer, depois de um momento. - Você... Você realmente entrou no espírito do Halloween.

- É, eu não brinco em serviço se tratando do Halloween - Respondi, piscando para ele. - Agora, vamos até aquela festa idiota e me mostre como é a diversão do Jonathan Byers.

Jonathan balançou a cabeça, claramente ainda surpreso com a minha transformação repentina, mas aceitou o desafio com um sorriso.

- Tudo bem então, Maverick. - Ele disse, finalmente conseguindo se recompor.

Paguei pela fantasia e nós saímos da loja, logo entrando no carro e começando a ir em direção a festa da tinta.

Quando chegamos à festa, o lugar estava cheio de gente se divertindo, a maioria fantasiada, e com muito mais entusiasmo do que eu esperava. Olhei para Jonathan, que estava claramente desconfortável, mas com um sorriso fraco no rosto.

- Bem-vindo ao lado selvagem da vida, Jonathan Byers. Espero que tenha uma experiência inesquecível. - Disse, entrelaçando meu braço no dele e o puxando pelo pátio, onde uma multidão observava um cara bebendo direto de um barril de cerveja, de cabeça para baixo.

Assim que entramos, percebi o olhar de uma garota fantasiada como um dos membros do Kiss fixado em Jonathan, e um sorrisinho divertido se formou em meus lábios.

- Vou pegar uma bebida para nós. Não se mova, está bem? - Perguntei, dando um leve toque em seu ombro antes de ir até a cozinha. Desviei pelos corpos suados e em movimentos frenéticos, alguns se beijando e outros apenas dançando, até chegar à cozinha. O balcão estava cheio com algumas bebidas que praticamente gritava "porre" em neon, e algumas cervejas.

Sem que eu me desse conta, minha atenção ficou presa no Steve e Nancy na pista de dança, onde os dois dançavam juntos.

Nancy estava nitidamente bêbada, sua postura torta, a forma como ela cambaleada levemente ao dançar e as risadas altas não passavam despercebidas.

Mas o que mais me irritava era ver Steve se comportando como se fosse o rei da festa, dançando como se fosse o dono do lugar. A cena era tão insuportável que eu não conseguia desviar o olhar. Senti um impulso quase incontrolável de largar tudo e sair de lá, mas decidi me obrigar a parar de encarar.

Peguei duas cervejas, tentando ignorar o burburinho ao meu redor. Quando me virei, dei de cara com um desconhecido. O cara era alto, bronzeado, com um sorriso arrogante e um olhar que parecia ser um misto de desafio e curiosidade. Ele estava todo suado, vestia uma calça jeans e somente uma jaqueta de couro. Bonitinho até, mas o sorriso dele me dava calafrios. O choque inicial logo deu lugar a um desconforto enorme, o olhar dele era estranho, não sei explicar.

- Ei, gata. - Ele falou, com um tom que exalava desdém e galanteio forçado. - Acho que nunca te vi por aqui antes, e olha que eu sempre tô de olho nos melhores pratos do cardápio.

Fiquei com a sensação de que a última coisa que eu precisava era de um babaca com o ego inflado na minha frente. Forçando um sorriso, respondi com um tom de ironia sutil.

- Melhores pratos do cardápio? - soltei um riso soprado. - Com licença.

- Ah, eu adoro quando uma garota gostosa se faz de difícil. - Ele disse, dando um passo à frente e claramente invadindo meu espaço pessoal. - Sou o Billy. Não quer dar uma chance a um drink especial? Tenho certeza de que vai adorar.

Tentei me manter calma, mas a impaciência e a vontade de jogar um sapato na cabeça dele era grande.

- Obrigada, mas eu estou bem com a minha cerveja barata. - Respondi, meu tom carregado de sarcasmo. - Talvez você devesse continuar procurando no "cardápio". Babaca.

Ele parecia não se dar por vencido, o olhar ainda fixo em mim com uma intensidade quase irritante. Ele parecia estar começando a se estressar. Como eu odeio homens que não sabem ouvir um não.

Tentei passar, mas ele não deixou.

- Pra sua sorte, eu quero você. - Billy insistiu, com um sorriso que era mais irritante do que encantador. - Vai me dizer que não está interessada em uma noite de diversão?

Senti que estava na hora de acabar com essa conversa. Com uma força de vontade que mal consegui reunir, dei um passo ao lado, tentando evitar mais contato. Meu olhar procurou Jonathan ou qualquer outro conhecido, tentando encontrar uma desculpa pra sair, não queria a problemas. Se Billy não estivesse tentando ser o maior idiota da festa, talvez eu não estivesse tão desesperada por uma saída.

Tentei sair mais uma vez, mas ele ficou no meu caminho de novo, dessa vez tocando em mim.

Meu único e primeiro instinto foi erguer meu joelho com força entre suas pernas, o chutando ali. Vi ele se afastar resmungando de dor, e no mesmo instante vi Sam e Matthew, vestidos como Morticia e Gomez, se aproximarem.

- Tess, tudo bem? - Sam perguntou, tocando gentilmente meu ombro.

- Sua vadia. - Billy me xingou assim que conseguiu normalizar a postura, se aproximando de novo de mim. - É isso que eu ganho dando uma chance pra gente como você.

Matthew deu um passo à frente, colocando sua mão no peito do Billy para empurrá-lo.

- Já chega, Billy. Você ouviu a garota, cai fora. - Matt disse em um tom sério.

- Gente como eu? - Perguntei com ódio, minha voz carregada de desprezo. - Racista de merda.

Billy tentou avançar mais uma vez, mas Matthew se colocou firmemente entre nós, deixando claro que ele não passaria.

- Billy... Acho que você ainda não aprendeu como as coisas funcionam aqui, né? - Disse Sam, com uma firmeza que eu raramente via nela. - Ficarei feliz em te mostrar se chegar perto da Tessa novamente.

Billy resmungou algo incompreensível, mas finalmente recuou, lançando um último olhar de desprezo antes de desaparecer na multidão. Balancei a cabeça em negação, sentindo a raiva ainda borbulhar dentro de mim.

- Obrigada por isso. - Disse, forçando um sorriso. - Parece que a festa está só começando, né?

Matthew riu e Sam me deu um abraço rápido.

- Não agradeça, Tess. Sem contar que você mesma já se defendeu, chutando o saco dele. - Não conseguimos conter algumas risadas.

Então, agora acompanhada por eles, peguei as cervejas novamente e fiz meu caminho de volta até o Jonathan.

{ . . . }

O resto da festa, pelo menos até o momento estava mais tranquilo. Levei a lata de cerveja até os lábios e notei que Steve havia seguido Nancy até a cozinha, tentando impedir que ela bebesse mais. Minha atenção estava completamente focada nos dois, observando cada movimento.

Steve estava claramente preocupado, tentando tirar a bebida das mãos de Nancy, mas ela se desvencilhou dele. Numa tentativa desajeitada de impedir que ela bebesse, eles acabaram virando toda a bebida vermelha no vestido branco da Nancy, pobre princesinha.

A festa toda parou quando isso aconteceu, todos os olhares se voltando para o desastre na cozinha. Segui os dois com o olhar até a porta do banheiro, onde os dois entraram e fecharam a porta.

Mordi minimamente o lábio inferior, curiosa. Agora a maioria das pessoas já havia voltado a prestar atenção em si mesmo, e não davam a mínima pro casal.

Eles ficaram lá dentro por alguns minutos, e então Steve saiu, visivelmente frustrado e furioso. Ele se dirigiu para fora da casa, provavelmente para tentar esfriar a cabeça e beber mais. Quando voltou, ainda furioso, foi direto até Jonathan, que estava ao meu lado.

- Nancy tá totalmente bêbada, pode levar ela pra casa? - Steve perguntou, sua voz carregada de raiva e frustração.

Jonathan olhou para mim, hesitante, e eu encarei Steve com desprezo. Foi involuntário. Ele aparentemente percebeu e não gostou nem um pouco.

- O que foi? Por que você está me olhando assim? - Steve perguntou, descontando sua raiva em mim.

Franzi minimamente a testa, e antes que pudesse dizer algo, ele continuou.

- Agora é assim, né? Você passa três anos fora e de repente se acha uma pessoa melhor do que eu. Melhor que todos nós! Superior, ou algo assim. Dá um tempo, Madre Teresa. - Sua voz estava alta por conta da bebida.

Ri soprado ao escuta-lo, balançando a cabeça em negação. Eu realmente não pretendia falar nada, porque não cabia a mim. Tinha decidido ficar quieta e desprezar ele em silêncio, mas ele está praticamente implorando pra ouvir o que merece.

- Eu nunca me considerei melhor que ninguém até ver a pessoa que você se tornou, Steve. - Respondi, minha voz carregada de decepção, só não havia percebido que a música havia parado, e agora quase todo mundo olhava pra gente.

- E não foi o tempo que estive fora que me tornou melhor que você. Foi o que você fez consigo mesmo. Foi ver o que você chama de diversão agora. Ser um babaca, machista, um idiota, fazendo de tudo para se exibir na frente dos seus supostos amigos. O que você fez com a Nancy, com o Jonathan... E, pior, o que você fez com você mesmo... É triste, Harrington.

Steve pareceu momentaneamente abalado, mas rapidamente voltou à defensiva.

- Ah, então agora você é a moralista, né? - Ele disparou, sua voz carregada de sarcasmo. - Como se você nunca tivesse cometido erros. Me poupe, Sinclair. Você não sabe nada sobre o que aconteceu aqui enquanto você estava fora. Não tem o direito de julgar ninguém, ouviu?

- Eu já vi o suficiente pra saber do que eu estou falando. Você não acha patético? Chama a si mesmo de rei Steve, fica querendo bancar o popular, e honestamente não teria problema nisso, se você não usasse isso de desculpa pra ser um filho da puta. Você está se destruindo, Steve. - Retruquei, mantendo meu tom firme. - E está arrastando todos ao seu redor junto com você. Eu não preciso estar aqui a muito tempo para ver isso, está bem na minha cara e na cara de qualquer um que quiser ver.

A festa havia parado completamente agora, todos os olhos estavam em nós. A tensão no ar era praticamente palpável.

- Talvez você devesse olhar para sua própria vida antes de vir aqui e tentar arruinar a minha, Tessa. - Ele disse, sua voz agora mais baixa, mas ainda cheia de raiva. - Quem você pensa que é para vir aqui e me dizer como viver?

- Alguém que se importa, Steve. - Respondi, sentindo uma mistura de raiva e tristeza. - Alguém que se importava.

Steve parecia prestes a responder, mas Jonathan interveio, sua voz calma, mas firme.

- Chega. - Ele disse, colocando uma mão no meu ombro. - Vamos, Tessa. Vou levar você e a Nancy pra casa.

- Eu vou ficar. - Disse com a voz firme, a cabeça erguida enquanto encarava meu melhor amigo. Ou melhor, meu antigo melhor amigo.

- Quer saber? Que se foda. - Foi a última coisa que o Harrington disse antes de dar as coisas e sair dali o mais rápido que conseguiu.

Os olhares seguiram em mim, o que me deixou levemente irritada. Bem, um pouco mais né.

- O que estão olhando? Isso aqui é uma festa, não? Voltem a beber. - Afirmei em um tom de voz alto e fui procurar a Sam.

{ . . . }

Resmunguei pelo sono e pela dor de cabeça insuportável que sentia. Encostei minha cabeça no ombro da Sam, respirando fundo. Toda vez que algum daqueles adolescentes suados gritavam alguma coisa ou batiam a bola de basquete no chão, minha cabeça doía ainda mais.

- Por que mesmo nós estamos aqui? - Perguntei resmungando.

- Ver meu namorado jogar. Tudo bem que o time tá uma merda porque o Billy tá humilhando eles... Mas o que vale é a intenção, e perder aula. - A loira disse em um tom de voz não muito diferente do meu. - Sem contar que ver o Harrington tão ferrado me dá uma alegria colossal. Não sei o que a Nancy falou pra ele, ou se foi o tapa dos dois lados da cara que ele tomou de você ontem.

Abri os olhos para averiguar o que a Samantha dizia, e era verdade, o Steve estava péssimo. Desconcentrado, até eu que não sei jogar nada jogaria melhor do que ele. Billy e ele começaram a se empurrar e a se provocar. Uns instantes depois, Billy derrubou Steve, correndo e acertando a bola na cesta e marcando um ponto.

- Eu nunca mais vou beber nada em toda a minha vida. - Resmunguei, voltando a me escorar na garota ao meu lado.

- Steve! - Ouvimos a voz da Nancy chamar por ele, e nos inclinamos pra ver que o Harrington saía da quadra e seguia a Nancy para fora.

- Uh, isso vai ser bom. - Escutei a Samantha murmurar com um sorriso travesso. - Vem comigo.

Ela se levantou e me puxou pela mão.

- Sam! Devagar, porra. Onde nós vamos? - Indaguei enquanto ela me arrastava pra fora da quadra.

- Você vai ver.

Quando dei conta, estávamos perto de onde Nancy e Steve conversavam. Me senti uma criminosa espionando.

- Nós deveríamos mesmo estar fazendo isso? - Perguntei baixo.

- Shhh!! Não consigo escutar. - Ela resmungou.

- Onde você estava hoje de manhã? Eu perdi o primeiro tempo! - Nancy reclamou.

- Pensei que o Jonathan iria te levar. - Steve afirmou secamente.

- O quê? - Nancy perguntou confusa, ou se fazendo de sonsa. - Do que você está falando?

- Caramba. Você não sabe beber mesmo, né? É... Você se lembra de ter ido à festa da Tina ontem? - Ela respondeu que sim. - E do que mais se lembra?

- Eu me lembro de dançar e... E também de derrubar bebida. Você brigou comigo porque eu tava bêbada e me levou pra casa. - Ele riu fraco ao escutar a fala dela.

- Não. É aqui que sua mente se confundiu um pouquinho. Foi o seu outro namorado, foi o Jonathan.

- Eu não tô entendendo. - Sonsa.

- É muito simples, Nancy, foi você mesma quem falou.

- O quê?

- Pelo visto, ahm... A gente matou a Barbara, e eu não me importo porque eu sou um merda, e o nosso namoro todo é uma merda. E tudo meio que é uma merda, merda e merda. - Ele disse contando nos dedos a cada "merda" que falava. - Ah, e aliás, você não me ama.

- Eu tava bêbada, Steve, e não me lembro de nada disso!

- E tudo que você disse ontem foi tudo uma merda também?

- É!

- Então fala.

- Mas falar o quê? - Ela perguntou rindo soprado.

- Que me ama.

- Ah... Jura? É séri... - Ela foi interrompida por um garoto do time chegando. Eu gelei na hora, por pouco ele não nos viu.

- Harrington! Volta logo pra quadra, o babaca tá acabando com a gente! - O garoto afirmou, enquanto eu sequer respirava com medo de sermos vistas.

O garoto saiu, e a Nancy permaneceu em silêncio. Então o Steve riu fraco, retirou a toalha do pescoço e começou a andar para fora dali.

- Isso sim é uma merda. Que se dane. - Assim que percebemos que ele iria passar por nós, a gente correu até estarmos em um lugar afastado.

- Pois é, acho que o babaca se ferrou. - Sam comentou, rindo.

- Honestamente, não sei como a Nancy conseguiu voltar com ele depois do que ele fez com ela ano passado. - Senti uma pontada forte na minha cabeça, então fiz uma careta.

Sam me olhou com um misto de preocupação e divertimento, tentando não rir da minha desgraça.

- Talvez porque ela tem uma memória seletiva incrível quando se trata de idiotas como ele. - Sam disse, dando de ombros. - Agora vamos voltar antes que a gente perca mais drama.

Ela me puxou de volta para a quadra, onde o jogo continuava. Steve voltou, mas estava visivelmente abalado e não conseguia se concentrar no jogo. Billy, aproveitando a oportunidade, continuava a humilhar o time do Steve e do Matt, o que só aumentava a frustração de Steve.

- Acho que a Nancy realmente conseguiu ferrar com ele. - Comentei, observando a cena. - Ele não consegue se focar nem um pouco. Tá ridículo.

- Poisé. - Sam disse com um sorriso irônico. - O karma é uma vadia, Steve Harrington.

Ri, mas a dor de cabeça não permitiu que a risada durasse muito. Olhei para a quadra, e lá estava Steve, tentando se manter de pé enquanto Billy dominava o jogo.

{ . . . }

Estava só Lucas e eu em casa à noite. Ele trancado no quarto, e eu na sala, tentando lidar com a ressaca insuportável que ainda não havia passado. A cabeça latejava, e qualquer barulho parecia um martelo na minha têmpora.

Eu estava deitada no sofá, com um pano molhado na testa e um balde ao lado, caso precisasse. Olhei para o relógio na parede e suspirei, desejando que a noite acabasse logo. De repente, ouvi passos apressados descendo as escadas. Levantei a cabeça apenas o suficiente para ver Lucas aparecer na sala, com uma expressão que indicava que estava prestes a sair.

- Onde você pensa que vai? - Perguntei o encarando desconfiada.

- Não é da sua conta, Tess. - Ele respondeu, tentando passar por mim.

- Não mesmo. - Levantei-me devagar, sentindo a cabeça girar um pouco. - Se você vai sair, eu vou com você.

Ele parou e me olhou com um misto de surpresa e irritação.

- Você tá doente, Tessa. Vai ficar aí, eu vou sair.

- Desde quando você se governa, pirralho? - Dei um sorriso torto. - Além disso, se você acha que vai sair sozinho e me deixar aqui com essa dor de cabeça infernal, tá muito enganado. Ou você me deixa ir com você ou ninguém sai.

Lucas revirou os olhos e bufou, sabendo que eu não cederia.

- Tá bom. Mas se você for, não pode fazer perguntas.

- Ah, claro. - Ri, fingindo estar convencida. - Vou só acompanhar a misteriosa jornada do meu irmãozinho sem perguntar nada. Parece ótimo.

Ele me lançou um olhar sério, mas eu ignorei.

- Vamos logo, antes que eu mude de ideia. - Lucas disse, saindo pela porta da frente. Eu o segui, ainda tentando afastar a dor de cabeça.

Caminhamos em silêncio por um tempo, até que minha curiosidade começou a me corroer.

- Então, pra onde estamos indo exatamente?

Lucas suspirou, obviamente irritado.

- Eu disse, Tessa, sem perguntas.

- E eu disse que iria com você. - Retruquei, dando de ombros. - Pelo menos me dá uma dica, irmãozinho. Não quero acabar me metendo em outra confusão por nada.

- Estamos procurando o bichinho do Dustin. - Ele disse finalmente, com um tom de voz que indicava que ele estava exasperado.

- O bichinho do Dustin? - Perguntei, levantando uma sobrancelha. - Isso não ajuda muito, Lucas. Que bichinho é esse? Um cachorro, um gato, um peixe, uma tartaruga?

- É uma espécie nova que o Dustin descobriu. Parece um sapo meio esquisito. - Ele explicou, ainda sem olhar para mim.

Ri, mas não pude evitar a careta de desgosto.

- Um sapo esquisito? Sério, Lucas? Tenho nojo desses bichos.

Ele olhou para mim e deu uma risada.

- Não acredito que você tem medo de sapos.

- Eu não tenho medo. - Corrigi, irritada. - Eu tenho nojo. Grande diferença.

- Claro, claro. - Ele debochou. - Medo, nojo... No fim, você só não quer chegar perto.

Finalmente chegamos às quadras perto da escola, onde Lucas começou a procurar com mais atenção. Eu, por outro lado, tentava ao máximo evitar qualquer coisa que parecesse remotamente com um sapo.

- Lucas, como você espera que eu ajude a procurar algo que eu nem sei como é? - Perguntei, já perdendo a paciência. - "parece com um sapo esquisito" é muito vago, tá?

- Mas eu já disse! O Dustin encontrou essa coisa no lixo. É pequena, meio gosmenta, e parece um sapo mutante.

- Eca. - Fiz uma careta. - Sapo mutante? Isso só piora as coisas.

Continuei a procurar, resmungando vez ou outra algo pra mim mesma. A cada passo, a ideia de encontrar um sapo me fazia querer sair correndo. Lucas estava claramente se divertindo com meu desconforto.

- Ah, olha, Tessa! Acho que encontrei algo! - Ele disse, com um tom de falsa animação.

Olhei para onde ele apontava e vi apenas uma pedra.

- Engraçadinho. - Respondi, dando um tapa leve no braço dele. - Vamos continuar antes que eu decida te deixar sozinho aqui.

Ele riu e voltamos a procurar. Eu sabia que ele estava se divertindo às minhas custas, mas no fundo eu estava feliz por estar ali com ele. Acima de tudo, impedindo que algo ruim acontecesse com ele.

- Então... Quem é a ruiva bonitinha que tá andando com vocês agora? - Perguntei casualmente, apontando a lanterna em várias direções, fingindo procurar o tal sapão do Dustin.

Lucas quase engasgou ao ouvir a pergunta e virou para me encarar, com os seus olhos arregalados.

- O-o quê? - Ele gaguejou, tentando parecer desinteressado, mas falhando miseravelmente.

- A ruiva, Lucas. - Repeti, um sorriso travesso se formando em meus lábios. - Aquela que anda com você e os garotos. Vi vocês na escola outro dia, ela é o chaveirinho novo de vocês?

Ele olhou para baixo, claramente desconfortável, e eu aproveitei a chance.

- Ah, então você sabe de quem estou falando. - Falei, fingindo surpresa. - Vai, conta aí. Ela é sua namorada ou algo assim?

Não precisei nem , balançando a cabeça rapidamente.

- Não, não! Ela é só... uma amiga. - Ele respondeu, desviando o olhar.

- Uma amiga, é? - Arqueei uma sobrancelha, claramente não convencida. - Que tipo de amiga? Do tipo que você fica todo sem graça só de ouvir o nome?

- Para, Tessa! - Ele resmungou, chutando uma pedra no caminho. - Não é nada disso.

- Ah, qual é! - Ri, aproveitando cada segundo da tortura. - É normal gostar de alguém. Só queria saber quem é a azarada.

- O nome dela é Max, tá legal? - Ele finalmente admitiu, parecendo exasperado. - E ela realmente é só uma amiga.

- Max, hein? - Disse, saboreando a informação. - Nome legal. Ela parece legal.

Lucas revirou os olhos, mas um sorriso tímido se formou em seus lábios.

Continuamos a procurar o tal bichinho do Dustin, e a cada minuto eu ficava mais frustrada, com vontade de ir embora.

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