Loucura

[ALERTA DE GATILHO: ATAQUE DE ANSIEDADE!!! NÃO LEIA SE SOUBER QUE TE FAZ MAL!!!]

     Eu tinha que sair dali.

     "Se 'não é nada', concentra essa energia toda em algo que preste, caramba!"

     Não consegui segurar o choro ao correr para longe do observatório.

     Longe de Senku.

     Longe de qualquer um que eu pudesse fazer de vítima de minha maldade e crueldade.

     "O que você sabe sobre esforço?"

     Eu corria e corria floresta adentro, o arder de meus pés descalços na neve e nos galhos e espinhos só não maior que a dor que estraçalhava meu peito e tornava quase impossível o ato de respirar.

     "Eu sou uma pessoa terrível."

     Eu machuquei o Senku.

     O pouco de ar que entrava em meus pulmões cortava-os como uma faca cega e enferrujada.

     "Eu sou uma pessoa terrível."

     Eu fiquei doente e estava dando trabalho para todo mundo.

     Mal enxergava para aonde ia, as lágrimas nublando minha visão e congelando ao descer por meu rosto.

     "Eu sou uma pessoa terrível."

     Eu tive que parar as aulas com quase todo mundo e de ajudar a Yuzuriha com a tecelagem.

     A cada meio passo, eu tossia duas vezes pela sede e pelo frio e pela falta de ar e pela garganta raspando feito uma lixa.

     "Eu sou uma pessoa terrível."

     Eu sou inútil.

     Cambaleava naquele ponto, as pernas como que feitas de gelatina.

     "O que você sabe sobre esforço?"

     Nada.

     Quase tropecei num galho de árvore.

     "O que você sabe sobre esforço?

     Me cansando assim, nada.

     Eu tremia mais que uma britadeira.

     "Se 'não é nada', concentra essa energia toda em algo que preste, caramba!"

     Tem razão, Senku. Pena que eu não consigo fazer nada que preste a não ser que seja algo terrivelmente cruel e mau.

     Tropecei de verdade, agora, literalmente estatelando-me no chão. Tenho certeza de que entraram meia dúzia de espinhos em minha pele, mas como cada centímetro do meu corpo doía, não saberia dizer nem onde nem quantos eram.

     Tentei levantar, mas meus ossos doíam e meus músculos pareciam geléia de tão fracos.

     Não conseguia puxar oxigênio.

     Não conseguia abrir os olhos.

     Não sabia onde eu estava, por quanto tempo corri ou o quão longe cheguei.

     Desejei que jamais me encontrassem.

     Senti o "calor de socar" fervilhar, quase tão intenso que pensei ter entrado em combustão espontânea.

     "Qual é o nome desse sentimento, mesmo? É tristeza? Não... será solidão?"

     "É raiva, imbecil" gritou Razão em meio a toda a dor de cabeça.

     "De quem eu sentia raiva? A culpa é toda minha, então será que é de mim mesmo?"

     Desejei que tudo acabasse. Logo. E de uma vez.

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