Capítulo 02

Fomos caminhando até minha casa, o que fez com que chegássemos na caída da noite, principalmente por conta do Park que se distraía minuto ou outro com os lugares que apresentava ao seu primo.

Uma onda de felicidade percorreu em mim quando entrei em minha casa e corri para meu quarto deixando os outros na sala junto a meu irmão.

Tomei um longo banho gelado, vesti uma roupa confortável e joguei-me na cama.

Como diz o famoso ditado popular: nada melhor do que nossa cama!

Bem, não é exatamente assim, mas nada melhor do que meu espaço com minha cama.

Claro que, sempre tem que ter alguém para atrapalhar meu lazer.

Dei a permissão a pessoa que estava batendo na porta, para que entrasse.

Era o garoto de cabelo azul que, ao entrar, vasculhou todo o ambiente com um olhar curioso.

Pedi para que o mais novo sentasse em uma cadeira que havia ao lado da porta e assim ele fez.

— Pensei que você e o Jimin já haviam ido embora.

— Ah não. Nós estamos esperando a tia vir nos buscar.

— Entendi.

— Eu estou incomodando? Se tiver eu me retiro.

— Não, não está me incomodando.

— Oh, é...

O azulado olhou em volta enquanto fazia uma expressão pensativa.

Eu apenas o observava atentamente.

— Eu queria conversar um pouco, podemos?

— Claro, não tem nada nos impedindo de conversarmos.

Falei ao me sentar devidamente na cama, batendo minha mão no coxão pedindo para que o mais novo viesse e sentasse ao meu lado.

— Prefiro ficar aqui mesmo.

— Está bem então. Vamos conversar sobre o que?

— Eu não sei sobre o que podemos falar.

Murmurou mordendo o lábio por último com uma expressão pensativa.

— Entendi. Qual sua música favorita, e cantor?!

Ele sorriu ao ouvir minha palavras. Ficou em silêncio por mais tempo e poise a falar.

— Gosto de várias músicas do Ali Gatie, meu cantor preferido é o Trevor Daniel. E você, qual sua música e cantor preferido?

— Eu não tenho músicas ou cantores preferidos. Eu sou do tipo que tem a música viciante de cada semana. Essa semana mesmo eu não paro de ouvir There for you.

— There for you?

— Sim, porque?

— Todo dia eu ouvia essa música. Minha irmã ama ela.

O garoto baixou sua vista a suas mãos que estavam cruzadas sobre seu colo enquanto sorria de forma mínima.

Não pude deixar de notar que, após alguns segundos, o garoto demonstrava querer falar algo a mais mas possivelmente não encontrava as palavras certas para expelir.

— Pode falar.

Ele me olhou espantado. Suas bochechas adquiriram uma leve tonalidade avermelhada e suas pupilas dilataram ficando mais brilhante.

— Co-como assim?

— Sei que quer falar algo. Pode falar, não precisa ficar com vergonha ou receoso, está bem?

Comentei e o silêncio pairou no ambiente.

O garoto umedeceu seus finos lábios rosados antes que pudesse falar.

— Queria saber se...

— Yoongi, vamos! Minha mãe já chegou para levar nos para casa

Jimin gritou da sala, impedindo que o mais novo terminasse o que já havia começado.

— Eu tenho que ir. Tchau Hoseok...

Acenei o vendo sair apressado de meu quarto em direção a sala.

Queria saber do que se tratava a pergunta dele, mas Park Jimin é um abençoado que atrapalhou.

Levantei de minha cama e segui em direção a janela vendo o carro da senhora Park se afastar.

Sai de meu quarto voltando para a sala onde se encontrava meu irmão sentado em um dos puffs enquanto olhava alguns dos seus livros de receita.

— Conversou com o Yoongi?

O mais velho perguntou sem tirar sua atenção do livro em mãos.

Confirmei com um curto sim enquanto seguia em direção a cozinha logo sendo acompanhado.

— O que falaram tanto?

— Nada de mais. Mal conversamos já que o Jimin chamou ele.

Fiquei em silêncio por um minuto. Como meu irmão não havia se pronunciado, iria aproveitar para falar algo que me incomodava e que sempre era motivo de discussão entre nós.

— Gostei do jeito que não me deixou voltar para casa junto com você. Sabia que eu não estava afim de ficar na casa do Jimin? Olha Seok, eu já cansei disso. Já sou maior de idade, sei o que é bom e ruim para mim e não preciso dos seus cuidados como se eu ainda fosse uma criança. É chato obedecer suas ordens!

Comentei de forma simples, analisando o mais velho que me fitou erguendo uma de suas sobrancelhas enquanto sorria ladino.

Ele foi para trás do balcão e abaixou-se me impedindo de vê-lo.

— Seok...?

— Ah sim, Hobi. Você já é maior de idade. Um adulto. Responsável.

Fiquei admirado ao ver ele subir novamente para cima se apoiando no balcão enquanto segurava um rolo de massa.

Seokjin o balançava de um lado para outro em minha direção me fazendo ficar assustado.

Claro que, a qualquer momento, ele poderia jogar sem querer o rolo de massa em meu rosto.

— As vezes eu me esqueço que já tem vinte e um anos mas ainda continua sendo meu irmão e é minha responsabilidade cuidar e te manter vivo. Se digo que quero que fique em um lugar, tem que me obedecer! Não foi você que quis morar comigo? Agora atura.

Bufei dando as costas para o mais velho e segui em direção ao meu quarto.

Me tranquei no mesmo e como sempre, liguei o som no volume máximo colocando em uma das músicas mais barulhentas possível.

Meu irmão vira uma fera mas eu não ligo. Ele sabe muito bem que está mais do que na hora de deixar eu tomar minhas próprias decisões.

Outra que, eu realmente escolhi morar com ele, não porque eu realmente quisesse e sim porque não dava mais para morar sob o mesmo teto em que minha mãe, se assim posso chamá-la.

Minha vida com minha mãe não era tão boa. Meu pai passava dia e noite no trabalho, pouco aparecia em casa e sempre quando aparecia, era apenas para fazer as malas e falar que sairia em uma viagem de negócios.

Mesmo tendo poucos momentos com meu pai, ele sempre era melhor em tudo.

Um ótimo ouvinte, preocupado e cuidadoso. Ao contrário da minha mãe.

Ela não é daquelas que espanca ou xinga e sim, daquelas que nos rebaixa falando que não servimos para nada e que apenas dá despesas, ela me tratava como um lixo, mais em frente as pessoas ela se bancava de sonsa falando que era um ótimo filho e que me amava intensamente.

Oh, quanta falsidade em um ser humano!

Bem, decidi morar junto com meu irmão quando ele foi em minha antiga casa para ver meu pai e acabou que perguntado se queria morar com ele.

Eu não iria aceitar mas, não suportava mais ver o rosto daquele ser desprezível que é minha mãe, e simplesmente aceitei.

Com certeza ela deu uma festa ao sair de sua casa.

Hum, morar com Seokjin até que não foi uma má ideia já que ele é um ótimo irmão que cuida muito bem de mim mas acho que todo esse cuidado já está extrapolando.

— Hoseok, abre essa porta!

— O que disse?

— Abre a porta!

Ambos estávamos gritando descontrolados. Eu, em meu quarto, e Seokjin do outro lado da porta.

— Fala mais alto. Eu não ouvi!

— Seu filho do meu pai. Abre essa porta agora!

Oh, agora eu tinha duas opções.

Ou eu abria ou Seok a detonava com um chute, assim como ele fez com a porta do banheiro.

Sim, ele detonou a porta do banheiro.

Algo super normal de irmãos fazerem, né? Mas isto não vem ao caso.

Baixei o volume do som e abri a porta dando de cara com um Kim Seokjin furioso.

— Garoto da próxima vez que fizer essas putarias, vai levar um belo de um soco.

Ah, sim. Ele sempre fala a mesma coisa e nunca faz e sei que nunca vai fazer.

Seokjin entrou e se direcionou até a caixa de som na qual ele desligou e sentou-se em minha cama enquanto pedia para que também sentasse.

— O que foi Seok?

— Realmente. Está certo, você já tem idade suficiente para saber quais escolhas tomar, e eu colocar limites em você não vai ajudar em nada. Então você pode viver sua vida como bem entender.

Falou direito e sem arrodeios me deixando pasmo com suas palavras.

— 'Tá, você bebeu? Fumou? Usou....?

— Que? Claro que não Hoseok. De onde tirou isso?!

— Ué, você está falando pela primeira vez na minha vida, que vai deixar eu tomar minhas próprias decisões. Isso não é normal. Tem certeza que está bem?

O Kim riu alto revirando os olhos.

— Eu estou falando sério. Pode fazer o que quiser.

— Ai minha nossa, Seok, obrigada!

O abracei apertado fazendo o mais velho ficar sufocado.

— De nada. Agora. Me larga.

— Ah sim...

Baguncei um pouco de meus cabelos olhando sem jeito para o chão.

— Acho que agora como posso fazer o que quiser; vou comemorar em uma boate ao algo do tipo...

— Que, tá doido? Tá querendo morrer? Quer mesmo perder sua pureza com qualquer um que aparecer? 'Tá legal, vai lá senhor bonzão.

Ri alto do mais velho que estava de braços cruzados fazendo beiço.

— É brincadeira Seok, eu nunca que vou nesses troços barulhentos.

— Hum, bom mesmo! Não é porque agora tô de dando total liberdade de tomar suas decisões que vai sair por aí andando com qualquer um e fazendo coisas que não presta.

— Aigo Seok, até parece que sou dessas pessoas que pensam em fazer coisas erradas!

— Vai saber. De tudo eu tenho que esperar. Agora vou voltar para a cozinha e daqui a meia hora desça para jantarmos.

— Está bem.

O moreno saiu de meu quarto voltando para a cozinha.

Eu estava tão feliz. Agora eu poderia fazer tudo que quisesse sem ter meu irmão dando suas opiniões diversas.

Eu tinha muitas coisas em mente, mas acho que agora não era o momento para colocar tudo em prática.

Deitei em minha cama novamente e fitei o teto com um sorriso bobo em meus lábios.

Ah, eu não estava fazendo nada então; por que não ir para a cozinha ajudar Seokjin com o jantar?

Assim fiz. Fui para a cozinha e comecei ajudar o mais velho com o preparo de nossa janta.

Ficou tudo muito bom, como sempre.

Após jantarmos, fomos para a sala e assistimos algo que se passava em um dos canais que Seokjin havia escolhido.

Era um pouco mais das onze quando meu irmão falou que já iria para seu quarto e...

Eu não estava com sono, outra que iria passar mais um ótimo filme durante a madrugada.

E filmes é comigo mesmo. Não perco nada na minha vida.

Seokjin às vezes reclamava porque no outro dia eu estava com tamanhas olheiras e muito exausto.

Mas eu não ligo. Para que dormir cedo sendo que nem com sono eu estava? Outra que tinha os filmes da madrugada que me ajudavam a não ficar sem ter o que fazer durante o momento em que não estava dormindo.

Naquela noite, ou melhor – madrugada – fui dormir um pouco mais das cinco da manhã e não foi exatamente dormir porque eu estava num estado que embora estivesse morto de sono, eu não conseguia fechar os olhos.

Isso é tão ruim.

Joguei um pouco de água em meu rosto e enxuguei com a toalha.

As espinhas ainda continuavam em meu rosto, para minha alegria.

Peguei um dos meus potinhos de creme e com as pontas de meus dedos levei uma certa quantidade do creme ao meu rosto o espalhando por completo.

O creme continha um aroma suave  mas havia deixado minha pele pegajosa o que me deixava um pouco frustrado.

Dei de ombros e fui para a cozinha encontrando meu irmão que terminava de tomar seu café.

— Bom dia.

Ele murmurou deixando sua louça suja na pia, vindo até mim e depositando um beijo em minha testa.

— Bom dia.

— Toma seu café. Já vou para a cafetaria e quero você lá!

— Por que? Quem vai faltar hoje?

— Laila.

— Está bem.

— Não demora!

Revirei os olhos vendo o mais velho pegar as chaves da cafetaria e sair em direção a sala.

Sempre é assim...

Se alguns dos funcionários falta eu tenho que substituir o lugar do ser faltoso.

Tomei meu café e coloquei a louça na pia seguindo para a sala.

Fechei a porta pondo a chave dentro do vasinho de flores que fica abaixo da janela e segui em direção a cafeteria que fica em frente a nossa casa.

Entrei e me direcionei até a cozinha onde vesti meu avental e voltei para a área das mesas onde se encontravam algumas pessoas sentadas à espera de serem atendidas.

— Bom dia dona Dahye.

— Bom dia Hoseok, tudo bem com você?

— Tudo sim e com a senhora?

— Tudo ótimo. Quantas vezes vou ter que dizer para me chamar apenas pelo meu nome?

— Acho que várias vezes!

A mulher de cabelos longos e avermelhados riu de forma simples.

Dahye é uma das clientes mais conhecidas da cafeteria de meu irmão.

Ela é sempre bem simpática e acho que tem uma quedinha por meu irmão, assim como ele tem por ela só que ambos não demonstram de uma vez o que sentem um pelo outro.

— Então, vai ser o de sempre?

— Óbvio jovem...

— Está bem, já o Seok vem lhe entregar.

Falar no nome de meu irmão em frente aquela mulher, lhe faz crescer em instantâneo um enorme sorriso.

Passei em mais algumas mesas anotando o pedido dos clientes e voltei para a cozinha entregando o bloco para Richard, um dos empregados.

— Onde está meu irmão?

— Ele está na despensa, conferindo a validade de algumas coisas.

— Ah sim, obrigada.

Segui em direção a despensa encontrando o mais velho conferindo tudo que havia nas prateleiras.

— Seok, a Dahye está aí.

— Ah sim, tudo bem. Não pera,  Dahye?

Confirmei vendo o mais velho sorrir ladino enquanto batia em seu avental um pouco empoeirado.

— Hum, 'tá todo animado assim por quê?

— Para de frescura Hoseok! Vai ajudar o Richard ou então a Míriam.

— Está bem. Sabe, eu sinto o cheiro do amor no ar.

— Cala a boca garoto!

Corri sorridente voltando à cozinha para ajudar algum dos outros empregados.

Minutos depois, Seokjin sai para o local de atendimento levando com sigo o pedido de Dahye.

— Por que o Seokjin não declara logo para o mundo todo que é apaixonado pela dona Dahye?

Richard comentou enquanto preparava o capuccino de alguns dos outros clientes.

— Não sei. Acho que ele deve está esperando um sinal vindo do céu para poder falar o que sente a ela.

— Deve ser exatamente isto, Hoseok.

Míriam pronunciou se aproximando de mim com alguns dos outros pedidos para que eu fosse entregar aos clientes.

Comecei a colocar os pedidos em cada mesa correspondente e não pude deixar de observar meu irmão conversando animado com a moça a sua frente.

— Bom dia Hoseok, Hoseok...?

Balancei a cabeça em negação sorrindo envergonhado para o Park e seu primo logo os cumprimentando.

— O que querem?

Perguntei ao me escorar no balcão, analisando perfeitamente o ruivo e o azulado à minha frente.

Jimin afirmou querer um café expresso pra viagem no qual preparei e o entreguei sem demoras.

— Com o que estava distraído assim que cheguei?

— Com meu irmão e a Dahye. Eles são tão bonitinhos juntos, mas o Seok é um tapado e deve estar esperando alguma iniciativa dele.

O respondi fitando de canto os dois que ainda conversavam.

Jimin e Yoongi olharam rapidamente em direção a mesa onde os mais velhos se encontraram e voltaram a me observar.

— Bem a cara do Jin-hyung. É, agora temos que ir. Minha mãe está nos esperando, tchau.

Park proferiu já se afastando enquanto seu primo permanecia no mesmo local.

— Tchau Jimin. Tchau Yoongi?! 

— Poderia ir hoje mais tarde à casa da tia Park? Eu queria terminar nossa conversa de ontem.

— Claro. Pode ser às dezesseis?

— Pode sim, até.

O azulado sorriu e seguiu em direção a Jimin que o esperava na porta de entrada.

Após meia hora de conversas e sorrisos, meu irmão voltou ao seu trabalho e...

Claro que sua alegria tinha que ser descontava como raiva em cima de mim falando que se algo estava sujo  ou fora do lugar era por culpa minha.

Aff, isso acontece apenas comigo! Duvido que ele fale isso ao lesado do Richard.

O restante da manhã foi bem corrido me fazendo andar de um lado para outro sem parar.

Fiquei tão feliz quando deu a hora do almoço e Seokjin fechou a cafeteria e voltamos para casa.

Tomei um longo banho gelado, almocei da deliciosa comida de meu irmão e me deitei para tirar um ótimo cochilo da tarde. Eu merecia aquilo, sem dúvidas.

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