Dois
Olá, borboletas!
Espero que estejam todos bem. Voltei rápido porque, quando postei o primeiro capítulo, já tinha parte desse escrito. Enfim, esse foi um plot que eu curti muito e espero que vocês curtam também. Talvez (na minha opinião), eu tenha exagerado nas mídias, mas eu me empolguei (perdão).
Boa leitura e nos vemos lá embaixo.
Harry deu uma tragada em seu cigarro, enquanto observava Cassandra, uma alfa híbrida de serpente, preparar a jogada na mesa de bilhar. Ele pegou a garrafa de cerveja que Liam trouxe para si, dando alguns goles, enquanto Cassandra acertava mais uma bola no buraco, comemorando com um gritinho, enquanto seu sorriso largo deixava seus dentes brancos à mostra. A serpente passou um dos braços pelo ombro de Miranda, sua ômega, que abriu um sorriso ainda maior e deixou um beijo sobre sua bochecha.
Styles apenas se recostou contra a parede, esperando por sua vez, enquanto Cassandra acertava bola após bola nos buracos. Ele bufou, por que Harry tinha que ser tão ruim nesse jogo e Cassandra tão boa? Liam, ao seu lado, soltou uma risada, antes de deixá-lo ali, para seguir para uma das mesas, onde Niall estava, já que Zayn estava ocupado com seu serviço. Era de tarde, Harry tinha deixado Louis no trabalho depois do café da manhã e iria buscá-lo, no final da tarde. Foi uma rotina que os dois acabaram estabelecendo no último mês, período em que Louis estava morando consigo.
Era quase como uma luta diária, porque o ômega era muito esquivo, sempre escapando de suas investidas, desviando as conversas e os olhares. Harry não o forçaria, é claro, mas também não desistiria tão fácil. A forma como estavam, por enquanto, era o bastante para si, porque Louis parecia se sentir confortável consigo e com os membros da Blue Roses.
Harry apenas desistiu, deixando Cassandra e Miranda nas mesas de bilhar, com os que se aproximavam para jogar, e foi para a mesa em que seus amigos mais próximos estavam, sentando-se com eles. Apesar da fama de gangue que seu clube levava - e com certa razão -, Styles se preocupava em não ter problemas com a vizinhança, montando o bar em um local mais afastado e nunca levava suas confusões para muito perto das áreas populacionais. Para a parte geral da população e a parte da mídia que o conhecia, Harry era apenas um filho rebelde, que gostava de motos, mas era um amigo da cidade.
Para quem não o conhecia de verdade, o dinheiro de Styles vinha de seu pai e de sua loja de motos. Não que ele pretendesse dizer algo.
"Hazzy, já pensou em levar Louis ao Saint Thomas?" Niall perguntou, tomando um gole de seu drink. Harry olhou para o amigo, que devolvia o olhar com expectativa, suas orelhas se movendo acima de sua cabeça, assim como seu rabo listrado. "Já?"
"Não. Por que eu pensaria nisso?" O leão devolveu, arqueando uma sobrancelha.
"Zayn comentou sobre lá, esses dias. Disse que os filhotes estão perguntando quando vão ter alguém novo para brincar. Louis parece alguém que se daria bem com eles."
"É verdade. Vou falar com Louis."
Harry assentiu, então pegou o celular no bolso da jaqueta. Era hora de ir buscar Louis, então o alfa apagou o cigarro no cinzeiro e deixou sua cerveja sobre a mesa, erguendo-se de sua cadeira. O líder se despediu de quem estava por perto, então deixou o bar e pegou sua moto. Era estranho andar agora com um capacete a mais, mas ele gostava de saber que o perfume de melancia de Louis estava ali, gostava de pensar que aquele cheiro doce sempre estaria por ali.
O leão não era controlador, ele gostaria de devolver a Louis a liberdade de poder andar sozinho pela cidade, mas enquanto Robert não assinasse os papéis do divórcio - que já tinham sido enviados - e ele não tivesse certeza de que o ômega estava seguro, preferia se certificar de que nada de ruim tinha acontecido ao mais velho. Tomlinson dava aula três vezes por semana em uma academia de arte, Harry gostava de vê-lo em sua pose de professor e, embora quisesse muito ver o outro tocando, Louis parecia hesitar, sempre tocava no assunto.
O alfa parou a moto na frente da academia, tirando seu capacete e apoiou a moto com o pedal. Alguns alunos já estavam saindo, olhando para ele com curiosidade; apesar de já fazer um mês, ninguém tinha se acostumado com suas aparições ainda. Louis apareceu como uma divindade que surgia no meio da multidão de mortais, com a mochila sobre os ombros, parecendo cansado. Harry sorriu para seu futuro ômega, observando como o mais baixo ficava mais corado, à medida que se aproximava, como sempre acontecia.
"Olá, Safira. Você está lindo." Harry saudou.
"Oi, Harry. Você já tinha dito, antes de me trazer. Mas obrigado." Louis respondeu, saiu como um lindo gorjeio, que deixou seu leão interior orgulhoso e satisfeito. O ômega não parecia muito acostumado a receber elogios, então ele se preocupava em sempre regá-lo com palavras bonitas.
"Eu só gosto de dizer isso a você." Styles deu de ombros. "Porque é a verdade."
"Tudo bem."
Harry apenas sorriu para o outro, dividindo sua atenção entre o homem lindo à sua frente e as pessoas que passavam ao redor, que olhavam para eles com curiosidade. Ele ofereceu o capacete extra a Louis, que o colocou na cabeça e deixou que o alfa o fechasse, já que não conseguia fazê-lo sozinho. Styles reprimiu um ronronar que subiu por sua garganta, quando o corpo menor se juntou ao seu sobre a moto, atrás de si, com os braços ao redor de seu tronco.
"Vamos para casa?" Louis perguntou baixo, parecendo um pouco hesitante, não percebendo o arrepio que subiu por todo seu corpo, também não percebendo que tinha dito casa.
"Eu queria voltar para o bar. O que acha?"
"Niall e Zayn estão por lá?"
"Niall está. Zayn deve estar indo."
"Tudo bem, então vamos."
Louis apertou mais o abraço, seu perfume de melancia ficando intricado em suas roupas e seu olfato, tão convidativo e gostoso, que Harry poderia se embrenhar nele para sempre. Ele deu a partida na moto, arrancando dali com velocidade, voltando pelo mesmo caminho que tinha usado para ir.
De volta ao bar, Harry ajudou o chinchila a tirar o capacete e a descer do veículo. Eles entraram juntos e foi com um sorriso que o alfa observou seu futuro companheiro correr até a mesa em que seus amigos estavam, sentando-se ao lado de Niall e abraçando-o apertado. O alfa estava feliz que, naquele meio tempo, Louis tinha ficado amigo de Zayn e Niall, eles estavam bem próximos.
Harry se aproximou da mesa, segurando a mão de Louis, para chamar sua atenção. Mesmo parecendo confuso, o mais velho se levantou, quando foi solicitado, então o alfa se sentou e puxou o outro para seu colo. Louis ficou adoravelmente constrangido, suas bochechas em um tom vivo de carmim, enquanto ele lutava para que ele o deixasse sair. Para o azar do ômega, Styles era bem mais forte. Sem se preocupar com aquilo, o leão o fez tirar a mochila das costas, colocando-a pendurada no encosto da cadeira; o ômega choramingou, ainda tentado se levantar.
"Safira, se continuar fazendo isso, nós dois vamos cair." Harry falou sério.
"Alfa, me deixe levantar."
"Por que eu deixaria? Não está confortável para você?"
"Não é isso."
"Então o que é?" Ele inquiriu, arqueando uma sobrancelha em desafio.
"Eu sou..." Louis fez uma pausa, suspirando triste. Ele desviou os olhos azuis, fixando-os em qualquer lugar que não fosse o rosto do leão. "Muito pesado. Vou machucar você."
"Não diga bobagens, ômega."
"Mas, Harry..."
"Louis, escute." Styles bufou, odiando o tom que seu ômega usava para falar de si mesmo. "Eu não me importo com seu peso, não ligo se você tem cinco quilos a mais do que alguém disse que deveria."
"São dez."
"Isso não é importante, ômega. O importante é que você está ótimo assim, você é muito atraente e definitivamente não é pesado para mim. Sou um leão, você precisaria pesar muito mais para conseguir me machucar." O alfa explicou de forma calma, então sorriu para o outro. "Agora seja um bom ômega e fique no colo do seu alfa, hm? Eu adoro ter você perto de mim."
"Tudo bem. Mas tem muita gente olhando."
"Eles só estão com inveja, Safira. Queriam estar no meu lugar e ter você no colo deles."
"Você fala muita bobagem." O ômega resmungou, ainda muito corado. "Nenhum deles ia querer isso."
"Você está vendo, mas não está enxergando, ômega."
Mesmo parecendo não acreditar, Louis concordou, recostando-se contra seu corpo. Harry apertou os braços ao redor do corpo volumoso, colocando o nariz na curva de seu pescoço, perto de sua glândula aromática, sem se preocupar em ser discreto. Logo quando se conheceram, o ômega ainda tinha o resquício do perfume de castanhas torradas de Robert em seu corpo, agora não mais, era apenas seu perfume gostoso de melancia.
Ele ficou em silêncio, apenas observando o chinchila conversar com Niall como se os dois se conhecessem há anos. Zayn chegou um pouco depois e Louis ficou ainda mais animado, quase pulando sobre suas pernas, o que pode tê-lo deixado com a calça levemente apertada, mas nada muito alarmante. Curioso, o ômega perguntou a Zayn sobre onde estava, seus olhos brilhando e suas orelhas em pé, ao ouvir falar do lugar onde o híbrido de raposa trabalhava.
O Orfanato Saint Thomas era um dos lugares que estava sob a proteção do pai de Harry, Rubeus, e, como o mais velho não estava por ali – ele estava quase sempre em Londres, por ser Ministro da Defesa –, o leão tinha assumido aquela responsabilidade. O lugar era especial para o alfa, ele fora criando naquele lugar, sendo adotado pelo ministro quando tinha dez anos; naquela época, Rubeus ainda estava começando sua carreira política. Para Harry, aquele homem era seu herói.
"Você deveria ir conhecer, Lou." Zayn disse, seus olhos castanhos brilhavam.
"Eu gostaria muito, adoro filhotes."
"Apenas diga o dia e eu levo você, Safira." Harry interveio, logo tendo os olhos azuis de Louis fixos em seu rosto.
"Parece ótimo, alfa. Obrigado."
❉
Louis sentia seu peito vibrar em emoção, enquanto Harry o levava para conhecer o orfanato que ele apadrinhava. Quando Tomlinson pediu, naquela manhã, para que o alfa o levasse para conhecer o lugar, ficou hiper feliz quando o mais novo concordou, pulando sobre ele com animação e deixou muitos beijos sobre seu rosto. É claro, Louis ficou muito vermelho e constrangido depois, não conseguindo olhar para o rosto do outro pela próxima meia hora. De qualquer forma, agora eles estavam a caminho, passando pelas ruas de Birmingham, que estavam tranquilas, naquela manhã de sábado.
Quando chegaram, Louis não esperou por Harry, tirou logo seu cinto de segurança e saiu do veículo, pegando o violão que o alfa o tinha dado, no banco de trás. Styles riu de sua animação, descendo do carro também. Ele simplesmente não podia se conter, o ômega adorava filhotes e adorava estar no meio deles. Louis deu alguns pulinhos de empolgação, impaciente enquanto Harry trancava o veículo e dava a volta, chegando até si e enlaçava sua cintura com um braço.
Ele já estava se acostumando com aquilo, com a forma como Harry sempre o tratava com carinho e cuidado, nunca parecendo envergonhado com sua companhia. Isso deixava seus instintos muito contentes, seu ômega aprovava Harry como parceiro, sempre soltando frases como Harry é um bom parceiro e bom para acasalar e ter filhotes. Louis não queria ouvi-lo, ele não queria ser enganado outra vez, mas o leão era sempre tão bom consigo, nunca o escondendo das pessoas que conhecia, sempre segurando-o pela cintura, como se tivesse medo que Louis simplesmente fugisse.
"Acha que os filhotes vão gostar de mim?" Louis perguntou com receio, enquanto o leão os guiava pelos corredores estranhamente vazios do lugar.
"Tenho certeza de que vão, Safira. Você é maravilhoso."
"Tudo bem. Eu só estou nervoso."
"Vai ficar tudo bem." Harry assegurou, completamente confiante.
"Por que não tem ninguém aqui?" O ômega questionou, olhando para os lados.
"Sábado é dia de recreação." Harry explicou. "Os mais novos estão no quintal e os mais velhos têm permissão para passear pela cidade."
"Entendi. Então vamos lá."
Os dois seguiram o caminho, até passarem por uma cozinha ampla, muito bem organizada, com azulejos azuis na parede. Havia uma porta francesa aberta, deixando os sons de gritos e risadas ecoarem para dentro da casa; ao ouvir os sons infantis, Louis sentiu seu coração bater mais forte, um sorriso largo surgiu em seu rosto. O ômega se desvencilhou de Harry, indo a passos apressados na direção de onde vinham os sonhos, chilreando sem parar ao ver as crianças correndo pelo quintal amplo.
O lugar era muito bonito e bem cuidado, com cerca viva alta, com algumas flores coloridas. Havia um parquinho montado, com balanços, gangorras e escorregas, assim como uma casa colorida, em uma árvore alta, que tinha uma escada e uma corda. Louis gostou daquela visão, ele era do tipo de ômega que queria ter uma família e um bom quintal, para que seus filhotes pudessem brincar.
No meio de todos aqueles filhotes, estava Zayn, com um sorriso enorme no rosto, brincando com algumas crianças. Haviam mais três adultos ali: uma mulher mais velha, de olhos e cabelo escuros, os fios pretos presos em um rabo de cavalo, que não estavam completamente alinhados; o segundo era um homem alto, com o cabelo castanho cortado de forma repicada, ele era... bonito; a última era uma garota que deveria ter sua idade, o cabelo escuro dela voava com o vento, já que estava solto, passando por entre as lentes do óculos, que escondia parcialmente seus olhos castanho-escuros.
"Harry, esse lugar é lindo." Louis disse com empolgação, sua voz saindo mais alta que o comum, chamando a atenção de algumas crianças e dos outros adultos por lá.
"Hazz, Lou. Vocês chegaram!" Zayn disse com alegria, afastando-se momentaneamente das crianças, para ir até os dois. Os dois ômegas se abraçaram, Louis sentia sua cauda balançando em felicidade. "Finalmente, as crianças estavam ansiosas."
"Você sabia que a gente vinha?"
"Sim, o Hazz me avisou. Vem."
Louis olhou para trás, para Harry, que apenas sorriu e incentivou-o a ir. Ele segurou a mão de Zayn, que lhe fora oferecida, e deixou que o ômega mais novo o levasse até os outros três, que olhavam para si com curiosidade. Tomlinson tentou sorrir, mesmo que estivesse nervoso, suas orelhas baixas pela timidez. A mulher mais velha foi a primeira a se aproximar, surpreendendo-o ao abraçá-lo, um abraço bem maternal, seu perfume lembrava neve, era muito confortável.
"Querido, como é bom te conhecer." A beta disse, findando o abraço. "Zayn falou tanto de você."
"Apenas coisas boas, eu espero. Sou Louis."
"Eu sei. Eu sou Yeong-ae; aquele é o Jun e minha filha, Na-eun."
"É um prazer conhecer vocês."
"Igualmente, Louis." O alfa, Jun, disse. O homem abriu um sorriso, fazendo uma pequena reverência, que o pegou de surpresa. "Eu sou o responsável pela segurança daqui, então vou estar sempre por perto."
"Tudo bem." Louis olhou para a garota, que parecia medi-lo por completo atrás dos óculos. Isso o deixou um pouco hesitante. "Olá."
"Hm, oi. Você é o ômega do Harry?" Na-eun perguntou, ela também era ômega e parecia falar com o tom de desafio.
"Ah, é o sonho dele, mas ainda estou pensando no assunto."
"Você parte meu coração, Safira." Harry interveio, praticamente surgindo do nada, enlaçando sua cintura, como sempre fazia. "Mas eu sou insistente."
"Deuses, e como!" Louis brincou, como se fosse uma reclamação, arrancando risada dos presentes. "Mas eu gosto disso." Ele deu de ombros.
"Eu sei que vou ganhar seu coração, Safira."
Tomlinson ficou vermelho quando o alfa deixou um beijo estalado em sua bochecha direita, principalmente com o olhar afiado de Na-eun sobre os dois. Depois disso, Yeong-ae o levou até as crianças, que ainda brincavam. Imediatamente, vários pares de olhinhos brilhantes estavam nele, várias orelhinhas de pé, em pura curiosidade. Infelizmente para Harry, Louis estava apaixonado. Algumas crianças correram até ele, o ômega se abaixou, feliz de ter atenção de filhotes.
A primeira a se aproximar foi uma garotinha de cabelo loiro encaracolado, olhos castanhos e orelhas grandes de coelho. Era quase como se ela fosse uma linda e adorável mistura de Alice e Coelho Branco. Então, haviam dois garotinhos de pele escura, olhos quase dourados e cabelos pretos encaracolados, que quase escondiam suas orelhas arredondadas, embora suas caudas de onça estivessem balançando atrás de seus corpos pequenos.
"Olá, pessoal." O chinchila disse. "Eu sou o Louis. Quem são vocês?"
"Oi, tio. Eu sou a Brooke." A garotinha disse. "Você é bonito, tio."
"É mesmo? Obrigado. Você também é muito bonita." Louis olhou para os garotinhos. "E esses dois meninos bonitos, quem são?"
"Eu sou Matthew e o meu irmão é o Trevor."
"Oh, é um prazer conhecer dois alfas tão bonitos."
Os meninos ficaram levemente corados, sorrindo e desviando os olhos. As crianças saíram correndo, então outras se aproximaram; Louis levou um tempo para conhecer cada uma das crianças, ao final restando apenas uma, que estava mais afastada, em um dos balanços, sem se aproximar muito dos demais filhotes. O ômega foi até ele, sentando-se no banco ao lado do balanço, então os olhos castanhos do garotinho estavam sobre si, mesmo que rapidamente.
Aquele pequeno ômega tinha orelhas redondas e cinzentas, que combinavam com os fios lisos e castanhos que ele tinha. Seus olhos eram levemente pequenos, devido à sua descendência asiática. O garotinho não sorriu, mas tinha a atenção voltada para seu rosto. Tudo bem, não era ruim.
"Olá. Qual é o seu nome?" Tomlinson perguntou.
"Willow." O garotinho respondeu simples. "Tenho sete anos."
"Ah, você já é um rapaz. Eu sou o Louis."
"Eu sei. Ouvi você falando com a Brooke. Tio Harry trouxe você." Enfim, o garotinho sorriu. "Você vai casar com o tio Harry?"
"Não sei ainda. O que você acha? Eu deveria casar com ele?"
"O tio Harry é legal, mas às vezes ele tem cheiro de fumaça; eu não gosto." Willow franziu o cenho, fazendo uma careta fofa, que arrancou uma risada de Tomlinson.
"É verdade, eu também não gosto. Já disse que ele precisa parar de se meter com fumaça."
"A tia Yeong diz que o tio Harry vai ficar com os pulmões pretos."
"Ela está certa. Aquele alfa teimoso, eu devia puxar a orelha dele."
"Você é esquisito, tio." O menino disse.
"Eu sou?"
"Sim."
✥
O ômega tinha um sorriso no rosto quando, depois do jantar, eles se juntaram na sala de brinquedos, os mais velhos estavam ali também. A pedido de Zayn, Louis estava dedilhando seu violão, cantando baixo uma canção que algumas crianças tinham pedido. Ele conseguia sentir os olhos de Harry nele, conseguia sentir o calor que as íris verdes transmitiam. Louis estava completamente confortável ali, cantando e tocando, com as crianças acompanhando.
A próxima música foi um pedido da diretora, Thank you for the music, do musical Mamma Mia, que era seu favorito. Louis adorava aquela música, porque transmitia muito bem a forma como ele se sentia sobre a música. Quando era mais novo, o ômega pensou em fazer carreira, dedicar-se apenas à sua música, fazer turnês e ser super famoso; com o tempo, Tomlinson deixou aquela ideia de lado, percebendo que gostava bem mais de ensinar. Ele amava música e amava transmitir sua paixão para os mais novos.
"I've been so lucky. I am the girl with golden hair." Louis fez uma careta naquela parte, fazendo uma gracinha, que arrancou risadas das crianças. "I wanna sing it out to everybody. What a joy, what a life, what a chance."
Ele cantou o refrão final, sendo aplaudido pelos demais, quando a música terminou. Alguns dos mais velhos vieram falar consigo, perguntando se Louis poderia ensiná-los a tocar e, depois da permissão de Yeong-ae e do incentivo de Harry e Zayn, Tomlinson marcou aulas de música duas vezes na semana, uma para as crianças e uma para os adolescentes. No Saint Thomas, quinze crianças e sete adolescentes esperavam por uma família, era bem menos do que o Chinchila esperava ter, mas ele estava feliz que todos ali recebiam amor e cuidados. Harry era bem exigente sobre a forma como os filhotes deveriam ser tratados.
A hora da despedida foi um tormento, as crianças não queriam deixar Louis ir e ele também não queria voltar para casa. No fim, ele teve de lembrar que estaria lá todas as semanas, para dar aulas; apenas assim os pequenos se acalmaram. Com aquela questão resolvida, seus olhos se voltaram para Harry, que estava sério, enquanto conversava com alguns garotos sobre problemas com os aparelhos na casa, ouvindo tudo o que eles tinham a dizer e prometendo que resolveria tudo e, qualquer coisa, poderia avisá-lo. Os filhotes pareceram satisfeitos. Em seguida, as crianças vieram, todos querendo abraçar e beijar Harry, que deu atenção a todas, sem exceção.
Quando estavam de saída, Willow se aproximou. Louis aprendeu rapidamente que o pequeno ômega não gostava que exigissem sua atenção, então ele esperou que o filhote viesse até si. A pequena hiena não disse nada, apenas encostou sua cabeça em sua barriga, farejando um pouquinho, então ele deixou o perfume mais forte, abraçando o garoto e deixando que ficasse ali o tempo que quisesse. Ele foi surpreendido quando Willow estendeu os braços, pedindo por seu colo, então Louis o ergueu nos braços, ouvindo-o ronronar ao deitar a cabeça em seu ombro.
"Ah, você não é a coisinha mais fofa do mundo?" O chinchila disse baixo, deixando um beijo rápido na testa alheia.
"Vai voltar, tio Louis?" O mais novo perguntou.
"Claro, estarei aqui na terça. Tudo bem?"
"Tá certo. Chão."
Willow não falava muito, mas Tomlinson era perfeitamente capaz de entender o que ele queria. O ômega o colocou no chão, despedindo-se dele, então ele e Harry deixaram a casa, entrando no carro do alfa. O caminho foi quase todo feito em silêncio, Louis pensava em como aquele mês com Harry já tinha sido mais feliz do que seus seis anos de casamento com Roberto, aquilo era um pouco deprimente.
Como se esperasse apenas aquela deixa, seu celular começou a tocar, o ômega suspirou quando viu o número desconhecido brilhar na tela. Desde que saíra oficialmente de casa e mandara o pedido de divórcio, Louis tinha bloqueado o número do alfa, tentando se manter longe do outro o máximo que podia. Por causa disso, Robert tinha arranjado outro número e ficava ligando para si por ele. Tomlinson sabia que se bloqueasse aquele, o outro apenas faria o mesmo.
"Atenda." Harry disse. Quando o celular parou de vibrar.
"Já parou."
"Ele vai ligar de novo. Atenda e coloque no viva-voz." Louis assentiu, outra chamada começou, o ômega esperou o segundo toque e atendeu.
"Alô." Ele disse, sua voz saindo com receio.
"Louis, babe." A voz de Robert soou, com uma falsa modéstia. "Onde você está? Sinto sua falta."
"Não minta, eu sei que não está."
"Vamos, Louis, foi um erro. Não vai se repetir."
"Não acredito em você. Eu não vou voltar para você me trair ou me bater de novo."
"Você me desafiou, babe. Qualquer alfa teria feito aquilo." Louis olhou para o lado, vendo como Harry apertava o volante ao ponto dos nós de seus dedos, sua mandíbula cerrada, expondo suas presas. "É natural o alfa impor respeito."
"Você não impôs merda nenhuma me batendo. Não vou voltar. Assine o divórcio e me esqueça."
"Eu não vou assinar aquela porcaria, Louis. Você é meu. Meu para eu trair e bater quando quiser, é meu ômega."
"Seu..." Louis começou, mas Harry tinha parado o carro completamente e pegou seu celular de sua mão, rosnando alto antes de falar.
"Escute aqui, seu filho da puta, e é melhor que escute bem. Louis não vai voltar para você, ele tem um alfa de verdade agora. Então assine a merda do divórcio ou eu farei você assinar." O leão disse em um único fôlego. "Ele não é nada seu, não tem uma marca, está completamente livre. Pare de ligar e assine os papéis, não teste minha paciência."
Harry encerrou a ligação, devolvendo o celular a Louis. O ômega se manteve calado pelo resto do caminho, sentindo seu coração batendo forte no peito, tentando reprimir o sorriso que queria esticar seus lábios, pela forma como o outro o defendeu. Louis ronronou, chamando a atenção do mais novo, que segurou sua mão, desviando os olhos, enquanto voltava a dirigir.
"Está tudo bem, Safira?" Harry perguntou.
"Sim, Harry. Obrigado pela ajuda. Robert não para de me ligar, é irritante, queria que ele sumisse."
"Não se preocupe, ômega, estou cuidando disso."
"Tudo bem." Louis fez uma pausa, enquanto eles chegavam à casa do alfa e Styles colocava o carro na garagem. "Eu gostei muito de Saint Thomas; adorei os filhotes, são todos incríveis. Principalmente Willow, ele é tão fofo."
"Ele é." Os dois desceram do veículo, Harry pegou o violão do ômega, então os dois entraram em casa. "Eu fiquei surpreso quando Willow pediu que você o pegasse no colo, ele não gosta muito de contato físico."
"Eu percebi. Esperei que ele viesse até mim, mas fiquei surpreso também. Willow é uma criança muito especial."
"Sim. Ele foi diagnosticado com autismo leve, então tem um pouco de dificuldade em interagir."
"Oh, entendo. Mas isso não é um problema, eu só preciso aprender em como me aproximar."
"Você estava incrível lá." Harry disse. Ele deixou o violão sobre o sofá da sala e aproximou-se dele, segurando sua cintura com firmeza, deixando seus corpos bem próximos. "Tão bonito no meio das crianças, como a rainha das fadas, junto de suas fadinhas." Louis arfou, quase gemendo quando seus olhos se conectaram. Verde e azul. Ele se apoiou os ombros alheios; Harry tinha ombros largos, que eram ótimos para agarrar. Sob o olhar alheio, o ômega se sentiu pequeno, mas não de uma forma ruim. "Não sabe como deixou meus instintos malucos. Meu alfa estava rosnando sem parar na minha cabeça, pedindo para marcar nosso ômega."
"Eu... também gostei de ver como você brincava com as crianças, você parecia tão feliz e tão à vontade com eles." Tomlinson sorriu para o mais novo. "Talvez, se você continuar por esse caminho, eu deixe você colocar alguns filhotes na minha barriga, hm? Boa noite, alfa."
Antes que se arrependesse do que disse, Louis deixou um beijo sobre uma das bochechas do leão, então se afastou, pegou o violão no sofá e correu para seu quarto. O chinchila fechou a porta, apoiando as costas ali, sentindo seu coração retumbar como louco dentro de si, ouvindo as batidas em sua cabeça. Finalmente, ele deixou que o sorriso que tanto queria aparecer veio para seus lábios.
Louis se sentiu como um adolescente que estava descobrindo o amor, tão animado com tudo que estava acontecendo, parecendo que finalmente estava se apaixonado por alguém, como se nunca o tivesse feito antes. Então, Tomlinson se desvencilhou da porta, indo até o ninho e sentou-se no colchão, tirando os tênis brancos que usava; ele foi para o banheiro, tirou a roupa e abriu o registro do chuveiro, deixando a água esquentar, enquanto pegava o pijama de cetim que estava pendurado por ali e deixava-o mais perto.
Tomlinson não demorou muito no banho, mas a água quente foi bem-vinda. Logo, ele estava se secando e vestindo seu pijama, colocando um pouco de hidratante perfumado sobre sua pele. Outro dia, durante o café da manhã, Harry tinha elogiado seu perfume; o alfa passou - fingindo que era um acidente, é necessário ressaltar - os dedos levemente pela pele de seu braço, dizendo como sua pele estava macia. Louis não recebia um elogio como aquele há algum tempo, aquilo deixou sua pele levemente arrepiada e seu ômega interno orgulhoso, porque um parceiro em potencial tinha dito um elogio para eles.
Depois de terminar seu pequeno ritual e de escovar os dentes, Louis passou um hidratante no rosto, antes de deixar o banheiro e voltar para o quarto. Era bobo, ele sabia, mas queria que Harry, no dia seguinte, quando fossem tomar café da manhã, dissesse que sua pele estava bonita, que ele parecia ter dormido bem. Dessa forma, o ômega deitou no ninho, cobrindo-se com a colcha macia; ele apagou a luz e fechou os olhos. É claro, naquela noite, Louis sonhou com um certo leão.
❉
No dia seguinte, enquanto comiam pela manhã, Harry não conseguia desviar seus olhos dos lábios rosados de Louis. Ele ainda conseguia sentir a pele de sua bochecha queimando pelo beijo que recebera na noite anterior, e suas íris não conseguiam deixar a boca alheia, acompanhando os movimentos que a língua fazia, quando a umedecia. Louis estava distraído, tomando seu café, e não percebeu que o alfa o encarava descaradamente.
"Harry, o que foi?" O ômega perguntou suavemente.
"Nada. Você apenas é muito bonito, eu só estava te admirando."
"Você não cansa de me bajular?"
"Não." Harry sorriu, percebendo como as bochechas do mais baixo ficaram levemente rosadas. "Nunca vou deixar de te bajular, Safira."
"Hm, se você diz..." O outro fingiu fazer pouco caso, mas Harry notou o sorriso pequeno que estava em seu rosto. "Obrigado, alfa."
"Disponha, ômega."
Eles voltaram a comer, Louis parecia especialmente animado naquela manhã. Talvez, se você continuar por esse caminho, eu deixe você colocar alguns filhotes na minha barriga. Essas palavras ficavam voltando à mente do alfa; quando o chinchila disse aquilo e simplesmente foi para o quarto, Styles ficou minutos na sala, estático, perguntando a si mesmo se aquilo tinha realmente acontecido.
Quando saiu de seu estupor, seu leão rosnou em sua mente, exigindo que fossem atrás do ômega, que deveriam invadir aquele quarto, pressionar Louis contra o ninho e fazê-lo gritar seu nome. Acasalar e marcar o mate. Ser um bom alfa. Ele não o fez, é claro, apesar de querer muito, porque queria que o ômega pedisse, queria que ele dissesse que estava pronto para aquele passo. Harry não tinha problema algum em esperar.
Depois de comer, o leão disse a Louis para que se arrumasse, porque iriam sair. Mesmo parecendo confuso, o ômega assentiu, sumindo dentro de seu quarto. Harry foi para seu próprio quarto, tirou a roupa que usara para dormir e tomou um banho, escolhendo para aquele dia uma camisa vermelha, que ficava bem com sua calça de couro preta e a jaqueta do clube, que continha o desenho de uma caveira com rosas azuis ao redor. Então, ficou esperando na sala, até que Louis surgiu usando um vestido curto de malha grossa, com gola rolê e mangas longas, que era apertado o bastante para que nada ficasse para sua imaginação; o ômega também usava botas de cano longo, que chegavam ao início das coxas e deixavam-no ainda mais delicioso.
Harry sentiu sua boca salivar, passando os olhos vagarosamente pelo corpo alheio. As bochechas do mais velho estavam lindamente vermelhas, seus olhos azuis simplesmente não encontravam os seus. Ele apertava uma bolsa cor de rosa com um laço grande na frente entre as mãos, os nós dos dedos ficando brancos; Styles podia ouvir seu coração batendo rapidamente. Ele se levantou, um sorriso maldoso surgindo em seus lábios, onde Harry passou a língua, umedecendo-os.
"Você está lindo, Safira. Muito... bonito." Harry disse, quase saindo como um rosnado.
"Mesmo?" Louis enfim olhou para si, sorrindo de uma forma que poderia substituir o sol. "Não acha que sou gordo demais para usar esse vestido? Robert sempre dizia que eu deveria emagrecer antes de pensar em usá-lo."
"Não se preocupe com isso, ômega." O leão disse, atrevendo-se a segurar a cintura alheia com as mãos, orgulhando-se ao ouvir o suspiro que saiu da boca do outro. "Você está delicioso. Não deixe que ninguém te diga o contrário. Hm, acho que a gente não deveria sair."
"Porquê?" Louis perguntou, seu rosto assumiu uma expressão ferida e ele se afastou do toque do alfa. "Eu sabia, não está bom, não é? Posso trocar de roupa, alfa, uma mais adequada para o meu peso."
"Não, Safira, não." Styles voltou a se aproximar, dessa vez enlaçando os braços ao redor de Louis. "Me desculpe, não foi isso que eu quis dizer. É que você está tão bonito, eu vou acabar arrumando briga com outros alfas."
"Nenhum alfa vai chegar perto de mim, Harry." O chinchila revirou os olhos. "Caso não tenha notado, não sou exatamente o exemplo de ômega desejável."
"Você é, Safira. Para mim, você é o ômega mais desejável do mundo."
"De verdade?"
"De verdade, ômega." Harry deixou um beijo na ponta de seu nariz de botão. "Tão bonito e tão cheiroso. Eu sou tão abençoado só de poder olhar para você."
"Está exagerando, alfa."
"Eu não estou. É apenas a verdade." O alfa deu de ombros. "Hm, eu quero muito que você aceite ser meu ômega. Vou fazer você tão feliz; te deixar saudável e muito amado. Sempre coberto com meu cheiro."
"Mesmo?" Louis questionou em meio a um ofego, suas pupilas estavam levemente dilatadas e seu cheiro ficou um pouco mais forte. "Você me marcaria?"
"É claro. Eu vou marcar você, vou te dar o meu nó, para que você carregue os nossos filhotes na sua barriga."
"E se nossos filhos forem ômegas, como eu?"
"Então eu serei um pai muito sortudo, porque nossos filhos serão tão adoráveis como a mamãe."
"Se eu..." Louis choramingou. "Se eu aceitar ser seu ômega agora, vou ser muito oferecido?"
"Qual o problema se for? Eu estou esperando você aceitar, então você vai ser minha linda Safira, sim? Então, nós vamos nos marcar, eu vou te pedir em casamento e você vai ser minha esposinha."
"Esposa do alfa? Mesmo?"
"Sim, vai ter a minha marca e uma aliança bem grande no dedo."
"E filhotes? Eu quero três."
"Porra, sim. Imagina só, você vai ficar tão linda grávida, uma mamãe tão bonita." Ele rosnou com a imaginação, pensando em Louis com a barriga esticada. "Mas eu sou um leão, Safira, podemos acabar tendo mais de um todas as vezes."
"Chinchilas podem ter até dois de cada vez. Que bom que temos um quintal grande."
O alfa de Harry ficou tão feliz e orgulhoso ao escutar aquilo, escutar que o ômega que eles tinham reconhecido como mate estava falando da casa como deles, do quintal como deles. O perfume de melancia mostrava ao leão o quão feliz e satisfeito com suas respostas Louis estava, um sorriso nunca abandonando seu rosto. O alfa o perfumou, sentando-se com ele no colo, esperando que o mais velho saísse da névoa satisfeita em que tinha entrado. Levaram alguns minutos, mas ele não estava com pressa.
Logo, Louis estava ronronando baixo, passando os braços pelo pescoço de Harry, abraçando-o. Os olhares se encontraram, o mais velho parecia feliz. Harry se levantou com o outro no colo, escutando seus resmungos de como era pesado; não importava para Styles, porque não era difícil para ele carregar Louis. Ele o levou para a garagem, onde seu carro estava. O alfa colocou seu ômega no chão, apenas para abrir a porta do veículo e assisti-lo entrar, colocando o cinto de segurança. Harry deu a volta no carro e sentou no lugar do motorista, então olhou para Louis.
"Diga o destino, Safira."
"Pensei que já tinha decidido, alfa."
"É, mas eu quero agradar você. Então diga o destino."
"Hm, eu quero ir ao cinema. Vamos ver algum filme."
"Às suas ordens, ômega."
O chinchila sorriu de forma brilhante, então Harry apertou o botão no controle que abria a garagem e deu partida no carro.
E foi isso, pessoal.
Espero que tenham gostado. Não se esqueçam de deixar seus votos, de comentar bastante e deixar muito amor por aqui. Lembrem de me seguir nas redes sociais (sempre como Sanmonnio), que eu posto sobre as fanfics por lá também. E é isso por hoje.
Amo vocês, até a próxima!
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