1.7

Styles ouviu seu celular tocar novamente no porta-luvas. Olhando para a rua e no painel, alcançou ligeiramente sua mão até o aparelho celular, antes, abrindo o porta-luvas. Estacionou seu carro em um canto para ver quem poderia ser. 

E repetidamente, era um desconhecido. 

Cogitou que poderia ser Anne ou até mesmo Desmond. Contudo, olhando o número ainda tocar insistentemente em sua mão, mordeu o lábio e resolveu atender de uma vez por toda, tirando sua curiosidade. 

Colocou no ouvido. 

— Eu só vou te perguntar uma única coisa… — Ouviu uma voz fina e seca, parecendo estar profundamente enfuriado. Louis Tomlinson. — Onde você está? — Sua voz saíra ríspida. 

Styles sentiu o pé de sua barriga formiga e sua boca involuntariamente secar. Segurou o aparelho melhor próximo ao seu rosto, apertando as laterais. 

Louis estava irritado. Muito irritado. E Styles podia sentir facilmente através de sua fala. 

— Estou indo embora. — Murmurou. 

Sentiu-se incrivelmente surpreendido ao ver que sua coragem tinha evaporado com apenas ouvido a voz do homem atrás da linha. 

— Vá para o meu apartamento que eu estive hospedado e não saia de lá! Eu estou indo para aí. 

E novamente, Harry sentiu seu corpo estremecer. Estava tão indefeso e inseguro que naquele momento sentia medo até de Louis. E sua voz raivosa e rosnando cada palavra, deixava-o ainda mais apavorado, tendo que engolir o nó que se formava constantemente em sua garganta. 

— Eu estou com medo. — Confessou, em um fio de voz. 

Então a linha ficou muda por alguns segundos, mas logo após um ouviu um suspiro de Tomlinson. 

— Apenas vá para o apartamento. — Sua voz saiu menos raivosa, dando a lugar de uma calmaria, tentando confortá-lo com isso. 

Harry anuiu. Louis era seu único refúgio naquele momento. Sua única segurança. Para ele e para Colin.

— Certo, estarei te esperando lá. — Sua voz ainda era baixa. 

— Certo. Até. — Meramente ouviu isso e logo após a linha ficou completamente muda, indicando que o homem tinha desligado a chamada. 

Harry farfalhou deslizando seu olhar minuciosamente ao redor, contornando sua mente em pensamentos dos últimos acontecimentos. Ligou o carro, dando partida, notando que Colin tinha adormecido e já estava na hora de sua alimentação. 

Sua mente parecia amargurada, tendo recordações de tudo que acontecia em sua volta. Em um gesto minúsculo, parecia que tudo radicalmente mudou. Uma loucura em seu pensar começou a ser comum. Sua mente parecia criar uma dor de cabeça frequente em menos de vinte e quatro horas. 

As coisas certamente não seriam mais as mesmas. O casamento da fachada poderia não acontecer mais. Styles se via disposto em dar um novo rumo à sua vida. E sentiu-se mais aliviado ao ver que Tomlinson estava voltando. Voltando para si. 

Agora não estaria mais sozinho. Não estava totalmente perdido. 

Por mais que sua mente calculasse tudo que planejava em fazer, suas habilidades parecia julgá-lo e seus movimentos pareciam incertos, criando uma imensa insegurança dentro de si. 

Harry fugiu uma vez de seus pais, mas sabia que não seria para sempre. Uma hora ele iria enfrentá-los. Face a face. Mas não agora. Não naquele momento. Esperaria por um bom tempo. Poderia demorar até mesmo anos, mas quando estivesse disposto, iria enfrentar. Encarar. 

… 

Após ter chegado no prédio, a mulher logo autorizou sua entrada, apenas certificando que era “Harry Styles”. A mulher que estava no balcão não era a mesma da noite, como se estivesse trocado de turno. 

Ao subir no andar onde estava hospedado Tomlinson, que era o mesmo apartamento do anterior, Styles se manteve ali dentro, à sua espera. Aproveitou para fazer o leite de Colin, dar banho no mesmo e distraí-lo um pouco, e até mesmo para si, que sentia um pouco entediado ali dentro. 

O silêncio parecia ensurdecedor. Tudo parecia arrumado para a vinda do homem. Styles aproveitou a ausência de Louis para olhar melhor o apartamento, observando que tudo era amplamente decorado, com quadros que Styles achava peculiar para o seu gosto, não entendendo ao menos o que cada quadro significativa ou transmitia. 

Colin tinha voltado a dormir, deixando o garoto completamente sozinho e tendo o silêncio e o tédio como sua bela companhia naquela tarde. Uma copeira entregou uma refeição da tarde, informando que foi pedido do “senhor Tomlinson” e Styles cedeu. 

Comeu observando que tinha muita comida e indubitavelmente não daria conta de comer tudo, já que sua ansiedade colaborava para o garoto não conseguir ingerir muitos alimentos. 

Ansiava por ver Louis. Queria senti-lo em seu corpo. Abraçá-lo e ter seu calor, transmitindo uma segurança que Harry sentia em seus braços. 

Cansado de olhar a grande janela da sala, seus olhos correu até o relógio, notando que já eram cinco da tarde. Suas mãos mexiam uma com a outra inquieto. Retornou até o quarto vendo Colin abrir os olhinhos. Styles se aproximou e pegou seu pequeno no colo, para evitar de fazer o mesmo chorar pedindo por seu colo.

— Ele não chega logo, Colin. E isso está me matando! — Disse, se retirando do quarto do homem e decidido esperá-lo na sala. 

Assim a porta se abriu e em fração de segundos Harry olhou por cima de seu ombro e logo virando seu corpo, vendo a figura de Tomlinson com uma mala na mão adentrar. E naquele momento ele sentiu um alívio em ver o homem à sua frente. Impecável. 

Seus olhares alinharam e naquele momento Harry sentiu uma paz em uma mistura de felicidade, como se estivesse seguro novamente. 

Avançou até o homem a fim de abraçá-lo, de sentir seu perfume inigualável e memorável adentrar em suas narinas, de sentir seu corpo e ter a pura certeza que ele estava ali. Passou uma mão livre em torno do pescoço de Tomlinson, tomando um pequeno cuidado para não apertar Colin contra o abraço. 

Sentiu os braços de Tomlinson rodeando sua cintura carregando seu corpo mais para o dele, enquanto o nariz do homem fungou em seu pescoço, trazendo um gostoso arrepio. 

Louis deixou um suave beijo na pele do garoto, apertando seu tecido da roupa, sentindo o braço de Harry ao redor de seu corpo. Ficaram por alguns segundos assim. Louis ergueu sua cabeça e sentiu Styles tombar levemente sua cabeça e apoiou no maxilar do homem. 

— Vocês estão bem? — Tomlinson afastou um pouco seu corpo, para analisar melhor o corpo do garoto. 

Segurou nas mandíbulas gentilmente de Harry e meneou, averiguando que Styles estava inteiramente bem. Logo em seguida seu olhar caiu no pequeno Colin e analisou o pequeno corpo frágil de seu filho, não desejando ver um único arranhão em ambos. 

— Agora estamos. — Styles proferiu com um simples sorriso. 

Se afastou do homem, dando espaço para o mesmo fechar a porta logo atrás de si. 

— Onde você ficou durante a noite? – Tomlinson proferiu indo até a sala, colocando sua mala em cima do sofá e logo após olhando para o garoto cruzando seus braços, aguardando o mesmo prosseguir. 

— Fui para um hotel no meio de uma estrada e me hospedei com o dinheiro que você colocou em minha conta. — Argumentou Harry, não achando que era necessariamente aquilo que Tomlinson iria indagar. — Você já sabe de tudo? 

Tomlinson assentiu tão leve, quase despercebido. 

— O suficiente para fazer eu voltar tão rápido. 

— Quem te contou? — Styles encolheu seus ombros, não querendo pensar em mais nada. 

Tomlinson ficou alguns segundos calado, apenas olhando para o garoto em sua frente com seu maxilar travado. Seu olhar parecia firme e ambíguo, não tendo a clareza que seu olhar transmitia. Ele parecia calmo e ao mesmo tempo irritado, preocupado e exausto. 

E repetidamente, Harry se sentiu culpado. Não queria ser um peso para o homem.

— Não é isso que devemos nos interessar. — O homem deu de ombro, não achando a pergunta do garoto um bom ponto para ser respondido. 

— Não! — Tentou dizer firme. Deu um passo à frente. — Temos que fugir Louis. Eu não posso passar mais uma noite aqui. Eu tenho que sair daqui! Agora podemos fazer. — Incentivou o homem. 

Tomlinson continuava na mesma posição. Inexpressivo e indefinível. 

Segundos calados. Harry sentia agoniado. Pensava que quando Louis colocasse o pé dentro do apartamento, estariam prontos para embarcarem juntos. Fugirem juntos. 

Mas olhando a situação, parecia que tinha algo de errado. Algo de errado com Louis. 

— Eu quero vocês seguros. — Começou, com sua voz calma. — Volte com Charles. Obedeça à sua família. Peça perdão e diga que estava em um momento de transtorno e inquietação. 

Ouvindo aquelas palavras, Styles sentiu desnorteado ao ponto de dar um passo para trás, desacreditado em ter ouvido aquelas palavras de Louis. Dos próprios lábios do homem em sua frente. 

Seus olhos percorriam a imensidão dos olhos azuis de Tomlinson, pedindo silenciosamente para que ele desmentisse aquilo. 

— Do que você está falando? — Sua voz saiu baixa. Perplexo. 

— Eu não posso fugir com você. 

E novamente, Harry estava sozinho. 

As palavras do homem pareciam tão frias e cruéis para os seus ouvidos. O fez esperar por horas para ouvir aquilo e ainda negar de partir junto consigo e Colin. 

Ele sentia um idiota desorientado naquele momento. Naquele maldito momento. 

— Por que tomou essa decisão? — Indagou, como se estivesse suplicando que o homem respondesse. 

Tomlinson ficou em silêncio, deixando-o ainda mais agoniado. 

— Você está sendo forçado. — Harry falou baixinho, ainda tendo o silêncio do homem, como se estivesse afirmando sua fala. — Você está sendo forçado a fazer isso! — Harry segurou mais firmemente Colin em seu colo. 

Desde o início sempre fora o plano de Tomlinson em fugir e, de uma para outra, acaba viajando repentinamente e volta negando em fugir. Parecia tão evidente para o garoto que havia alguma coisa impedindo que ele fosse. 

— Certo. Mas eu não posso ficar. — Harry virou seu corpo, ainda sentindo abalado, triste e frustrado. 

Começou a caminhar até o quarto para pegar sua mala e naquele resto de tarde ir embora. Não queria mais atrapalhar o homem. Não mais. 

Sentiu seu pulso ser segurado à força, fazendo seu corpo virar e encontrar o olhar de Tomlinson novamente. 

— Onde você vai? — Olhou no fundo de seus olhos. Tão intenso. 

— Para algum lugar seguro e longe. Eu e Colin vamos recomeçar nossas vidas. Vamos estar bem. — Respondeu, olhando-o em seus olhos. 

Tomlinson tomou seus lábios compulsivamente, sentindo a maciez e a quentura do garoto. Sentia-se, pela primeira vez, preocupado. Intensamente preocupado com Harry e seu filho. 

Louis passou seus lábios delicadamente na bochecha do garoto, com seus olhos ainda fechados, esbravejando todos os tipos de xingamentos em sua mente, sentindo-se torturado. 

Ver Harry partir daquela forma, daquele jeito, era demais para o homem. 

— Eu não me perdoaria se algo acontecer com vocês dois. — Murmurou, ainda roçando a ponta de seu nariz na pele do garoto. 

— E não vai. — Tentou garantir Harry, não querendo cair na tentação de Tomlinson próximo de si, com seus lábios com alguns polegares longe um do outro. — Eu tenho que ir. — Murmurou. 

Em um longo suspiro, a contragosto, Tomlinson se afastou e assistiu o momento que Harry o olhou e partiu para o quarto, determinado. Louis passou a mão em seu cabelo e contou até cinco, virando seu corpo e caminhando até a sala. 

Não iria impedir o garoto. Ele precisava da liberdade que tanto almejava. E não seria ele que não iria deixá-lo ir na busca. 

Talvez fosse melhor assim. Talvez fosse melhor Harry partir e ir em busca de sua felicidade. Tomlinson tinha que compreender o garoto e deixá-lo ir. Não podia prendê-lo naquela bolha que o fez mal por anos. 

Ao pegar sua mala, Harry retornou para a sala. Entretanto, antes de sair do cômodo, sentindo um pouco de frio, agasalhou Colin e certificou que tudo estava devidamente em seu lugar. E assim que colocou seu pé na sala, o olhar Tomlinson novamente caiu sobre si, porém se manteve em silêncio. Harry olhou-o por alguns segundos. Não se sentia preparado para olhar o homem pela última vez. 

Seu peito estava cruelmente apertado dentro de si. O massacrando. Não queria deixá-lo. Mas não poderia ficar. 

E naquela hora, Charles ou Anne e Desmond já estariam atrás do garoto. E se permanecesse na cidade, eles iriam o achar. E não estava preparado para receber castigos amargos que valeriam sua dor profunda. 

— Até. — Harry disse, com um insuportável nó na garganta. 

O garoto naquele momento queria beijá-lo, mas sabia que se fizesse isso, não teria mais força para ir, e o pouco de coragem iria esvaziar. 

E observando que Tomlinson não iria responder de volta, Styles andou a porta, abriu e saiu. Sem olhar para trás. Fechou a porta e respirou fundo, não permitindo chorar. Não ali. 

Entretanto, ao dar um passo à frente, ouviu um barulho estrondoso de vidro colidir na parede e quebrar em pedacinhos. Styles encolheu seus ombros imaginando a fúria que Louis estava, sendo evidente que o homem não queria vê-lo partir.

Caminhou rapidamente até o elevador, não querendo mais ouvir os barulhos e não permitindo ficar mais ali. Parecia que cada parede estava o sufocando e sua dor parecia não ajudá-lo, piorando mais ainda seu estado. 

Ao descer até o estacionamento, colocou Colin na cadeirinha e entregou-lhe um brinquedo, e logo após adentrou no carro. Segurou fortemente o volante encostando sua cabeça, criando força para sair dali e partir o mais rápido, sem olhar para trás. 

Mesmo que aquilo doía, ele tinha que partir. 

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