0.2

Sentindo uma pequena ardência e dor em seu corpo, Harry acordou. Em outro quarto. Em outra cama. Fitou mais em volta, levantando-se, sentindo suas costas doloridas e seu pulso ainda doer. Ao sentar, sentiu suas nádegas pulsarem de dor, soltando um leve gemido de dor em sua garganta. 

Tirou o edredom de cima de seu corpo sentindo um pequeno frio estabelecer, contudo, suportável. Olhou para o grande vidro da janela que pegava a parede inteira, notando Londres a noite com as luzes da cidade acesas, e o mesmo estava minimamente aberto, causando o ar adentrar pelo enorme quarto.

Com a garganta tapada por um nó que parecia não querer sair dali, se levantou, contudo segurou na parede ao sentir seu joelho doerem pela velocidade posta ao querer sair da cama. Como não bastasse a dor em seu joelho, seu pulso retornou doer. 

Fechou os olhos e contou até cinco.

Mais cautelosamente, deu um passo à frente, sendo notável que tinha que fazer todos os movimentos com calma e sem pressa. Mirou seus passos para o espelho, a fim de querer ver como estava seu corpo, que o mesmo apenas estava sendo tapado por uma calça moletom e uma cueca, na qual não sabia se era de fato sua ou do homem que não estava no quarto. 

Uma vez perto do espelho, Styles, pelo pouco que via, ficou aterrorizado. O canto de seus lábios tinha um vermelho. Deslizou seu olhar para o seu pescoço encontrando-o com dois roxos profundos. Seu peitoral estava levemente vermelho e o pé de sua barriga continha uma linha vermelha, fazendo-o recordar das vezes que estava preso e seu corpo iria para frente sempre que Tomlinson fazia algo inesperado em seu corpo, causando o pé de sua barriga bater frequentemente. Fitou para o seu pulso vendo-os vermelhos, quase machucados. 

Respirou fundo, antes de voltar a analisar seu corpo. 

Virou seu corpo, tentando ver como estava suas costas. Colocou a mão em seu lábio, encontrando suas costas em um mar de hematomas vermelhos que cobria quase todas as suas costas. 

Segurou na borda da calça moletom e da cueca e puxou para baixo a parte que cobria suas nádegas. 

Sentindo um pouco imóvel, notou sua pele com marcas e vergão por toda parte de sua bunda, sendo notável um roxo no lado esquerdo. Logo na sequência imaginou o que poderia estar causando a dor em seu joelho, lembrando quando o homem puxou sua perna para cima, prensando na mesa. 

Styles voltou a fechar os olhos novamente. Seu corpo estava totalmente dolorido.

— Não espere que eu me lamente por isso. — Ouviu a voz fina e áspera de Tomlinson ecoar pelo quarto. 

Subiu seu moletom para cima, abrindo os olhos. Virou seu corpo para encará-lo, sentindo uma pequena raiva. 

— Eu quero ir para casa. — Pediu, engolindo sua raiva. — Você…você…

— Eu? — Tomlinson ergueu a sobrancelha, esperando que o garoto continuasse. 

Apesar que Harry sentia uma absurda e estúpida vontade de xingá-lo, se calou, desejando naquele momento apenas ir embora. 

— Me leve para casa e não ousa se aproximar de mim. — Apontou o dedo para Tomlinson, como se estivesse o alertando. — E eu quero um moletom. — Pediu com as últimas palavras menos severas, porém firmes. 

Tomlinson riu de lado desencostando da parede e indo até o closet. Pegou um moletom qualquer e voltou para o quarto, jogando para Harry, que o mesmo pegou e no mesmo segundo colocou, evitando fazer movimentos bruscos e rápidos. 

Olhou para o pé da cama encontrando seu tênis. Caminhou devagar até o mesmo, notando Tomlinson observando-o com o olhar. Com uma certa dificuldade, Styles sentou na cama, apanhando seu sapato. 

— Dá aqui. — A voz de Tomlinson ecoou novamente, contudo desta vez baixa. 

Styles olhou-o vendo o mesmo pegar o sapato gentilmente de sua mão, alcançando logo o outro, não permitindo que Harry fizesse quaisquer movimentos. 

Querendo protestar pela aproximação do homem, Harry ficou calado, sabendo que se fizesse mais movimentos bruscos poderia chorar pela dor, principalmente em sua nádega e costas. 

Apesar da raiva, cedeu a ajuda. 

— Eu te odeio. — Murmurou o garoto. 

— Chega a ser uma novidade um styles me odiar. — Zombou Tomlinson, finalizando de colocar uma meia no pé do garoto. — A outra novidade também seria se algum Styles não iria me odiar. — Riu levemente, mostrando amplamente se divertir no assunto. 

— Você é um babaca! — O garoto voltou a murmurar, ignorando a zombaria do homem.

Tomlinson parou o que estava fazendo. Respirou fundo, contando até cinco, não desejando avançar sua mão até o maxilar do garoto e pedi-lo para repetir as palavras. 

Voltou a colocar o sapato em Harry. 

— Eu te falei. — Disse. — Eu te avisei. Desde o início. Eu não me aproximei de você. Você quem quis. Não me culpe por algo que você mesmo provocou. 

Tomlinson finalizou, soltando a perna do garoto, não se incomodando com a dor que o mesmo poderia ter sentido pela ação. 

Styles, entretanto, reprimiu uma vontade excessiva de xingá-lo tudo aquilo que permitia e estava em sua garganta, notando-o se afastar. 

Se levantou, vendo-o pegar a chave e abrir a porta. Tentou andar um pouco mais rápido, mas seus joelhos recusavam a dar qualquer passo rápido, tendo o garoto querer choramingar e contentar em andar devagar. Seu pulso ainda doía, no que resultava que não poderia colocar sua mão com força na parede. 

Uma vez fora do quarto, avistou Tomlinson mais a frente, quase chegando na sala de seu apartamento. Desviando o olhar, começou a notar a decoração em volta, notando um AP grande e espaçoso. 

Seu olhar retornou a cruzar com a de Louis, que o mesmo já estava no meio da sala, olhando-o. Vendo o homem revirar os olhos e andar em sua direção, Harry parou, imaginando o que o mesmo iria fazer. 

— Eu não quero sua ajuda! — Proferiu severo, voltando a andar devagar. 

Louis então parou, murmurando algo que Styles não conseguiu distinguir, contudo não se importou, apenas continuou a andar e notando o homem ir até a porta do elevador que continha em sua sala, chamando o mesmo. 

Quando o elevador abriu, faltavam alguns passos para Styles se aproximar, contudo, logo que fez isso, adentrou junto com o homem, encostando delicadamente na parede, sentindo suas costas reagir com isso. 

Tomlinson apertou o botão para ir ao estacionamento. Encostou na parede olhando para o garoto. 

— Minha mãe sempre esteve certa. — Começou Harry. — Um Styles e um Tomlinson nunca dá certo no mesmo lugar. 

Voltando a se divertir com a situação, Louis se aproximou ligeiramente, encurralando o garoto, com seus corpos juntos novamente. 

— Tem certeza? — Disse, com seus lábios centímetros um do outro, com suas mãos na de Styles não permitindo que o mesmo fizesse algo. 

— Não se aproxime de mim! — Disse firme, olhando em seus olhos. 

Tomlinson mordeu o lábio brevemente, olhando para os seus, aproximando seus rostos e selando rapidamente seus lábios. Harry virou o rosto causando Louis rir e virar seu corpo, se afastando definitivamente de Harry. 

Styles evitou de olhá-lo, sentindo seu coração palpitar. 

Por que Tomlinson tinha que ser assim? 

Perante sua família conseguia fingir que nunca ao menos tocou em Harry, horas depois, estava-o fazendo revirar os olhos com um absurdo prazer que o homem proporcionava. 

… 

Três semanas após. 

Harry correu para o banheiro mais próximo que continha em sua casa, desejando voltar os últimos alimentos que consumiu, notando que seu estômago rejeitou. 

Ajoelhou-se diante da privada permitindo que voltasse tudo. Havia alguns dias que o mesmo sentia-se enjoado, sentimental e às vezes cansado. Aquilo não era normal, e gradualmente o preocupava. 

Não queria pensar besteira. Aquilo não poderia estar acontecendo justo com ele. 

Ao sentir que esvaziou por completo seu estômago, baixou a tampa da privada e logo na sequência dando descarga, sentando na privada. Fitou para a parede, com sua sua mente passando um turbilhão de pensamentos. 

Não. Não poderia estar grávido. A última relação em que teve fora com Tomlinson e o mesmo usou camisinha. 

Apesar de seus hormônios aflorarem mais intensamente dentro de si, sentindo sensações estranhas, pensava que era algo normal. Nada que pudesse se preocupar. 

Um medo instalou em seu corpo, não querendo pensar em nenhuma probabilidade que pudesse acabar com sua vida. Para se ter um bebê tem que ser em um momento planejado, com a pessoa certa e na hora certa. 

Styles não desejava ter um bebê tão cedo, e tampouco com uma pessoa que jamais pensou em querer. Louis Tomlinson. 

Aquilo definitivamente era coisa de sua cabeça. 

Ouviu batidas na porta. 

— Harry, você está bem? — Anne colocou seu corpo um pouco mais para dentro, notando seu filho sentado e desamparado. 

Embora aquilo o martelava, Anne, era sua única âncora no momento. Sua mãe e sua verdadeira amiga. Sempre esteve ao seu lado em quaisquer situações, sempre sendo passiva e sábia com suas palavras. Admirava a forma como a mulher sabia entrar e sair de uma situação, sem deixar rastro. 

No momento, a mulher estava sendo a única que podia tirar essa angústia de Harry. 

— Eu não sei. — Murmurou, ainda cogitando se falaria a verdade ou ficaria calado. 

Se levantou e saiu do banheiro, tendo a mulher atrás de si. 

— Eu preciso lhe contar uma coisa, mãe, pode ser…em meu quarto? — Solicitou, com suas últimas palavras baixa. 

Anne, franzindo a sobrancelha, anuiu, começando a seguir o garoto na enorme escada, indo para o quarto do mesmo em silêncio. 

Ambos entraram, Styles foi até à sua cama sentando-se, observando sua mãe fechar a porta.

— Mãe…— Respirou fundo, olhando-a prestar atenção nas próximas palavras que iriam sair de seus lábios. — Eu recai. — Murmurou. 

Anne, sem entender nada, manteve seu olhar confuso. — Do que você está falando? 

Styles brincou com seus dedos, achando-os mais interessantes do que olhar para o rosto da mulher em sua frente. 

— Eu o encontrei novamente. — Disse, buscando não vacilar em nenhum momento. 

Anne sabia de toda a verdade. Contudo, a mesma não imaginava que seu filho tinha fugido de sua promessa e ter visto Tomlinson novamente. 

— Louis? — A mesma murmurou. Harry assentiu. 

A mulher então mordeu a bochecha, como se estivesse levando um belo e delicioso tapa em seu rosto, não podendo acreditar nas afirmações de seu filho. Desmond o mataria. 

Naquele momento, Anne o achava estúpido, rebelde e irracional. 

— Eu preciso de sua ajuda…

Anne voltou a olhá-lo desnorteada. 

— O que? 

Harry colocou a mão na barriga, não querendo dizer as próximas palavras, mas não tinha mais escapatória além de dizer toda verdade. 

— Eu acho que estou grávido.

Como um outro tapa em seu rosto, Anne se sentiu imóvel. Perplexa. Totalmente desnorteada. 

Grávido? De um Tomlinson? 

O que Desmond acharia? E o que faria? 

Seu peito subia e descia descompensado. Harry parecia tão irresponsável para o seu gosto que sentia vontade de agarrar e batê-lo até seus nervos se acalmarem. 

Aquilo era muita informação. Sentia seu dia desmoronar. 

— Mas ele usou camisinha… — Tentou justificar, podendo ler no olhar da mulher que a mesma estava transtornada. 

— Camisinhas não são 100% confiáveis. Dependendo de qual vocês usaram, ela estoura. Por Deus, Harry! 

A respiração de Harry falhou. Sua cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, com medo de seu pai. 

— Tanto homem nesse mundo e justo um Tomlinson? Você está querendo nos matar? — Anne quase gritou, mas trincou seu maxilar. — Uma família que tentou desgraçar com a nossa, quase deixando a gente na miséria, sem piedade. E você vai ter um caso justo com um deles? — Ela se aproximou, ficando alguns passos longe do garoto, não permitindo se aproximar mais. Não queria batê-lo. 

Sem saber o que fazer, Harry apenas a olhava, na qual a mesma se afastou novamente, inquieta, passando sua mão na testa, parecendo cogitar em algo. Tentou achar uma solução, não olhando-o durante esse tempo. 

Alguns segundos permaneceram assim, até a mulher olhá-lo. 

— Se você estiver realmente grávido, vou arranjar um casamento pra você. — As palavras da mulher saíram frias e rudes. 

Harry arregalou os olhos. 

Não. Não era aquilo que ele queria. Não queria casar com uma pessoa desconhecida. Não queria passar anos com uma pessoa que nem ao menos iria gostar. E antes que abrisse sua boca para dizer qualquer coisa, a mulher continuou. 

— Se isso der positivo, você vai chegar com a pessoa que eu irei arranjar, vai dizer que é seu namorado e a pessoa que quer passar o resto de sua vida. Eu irei pagá-lo para manter a boca calada e colocar na certidão de nascimento da criança como o pai legível. — Disse, com cada palavra severa, como se estivesse controlando sua raiva. — Vai ser a segunda vez que te livro de um grande confronto. Aquela família é a nossa repugnância e se seu pai descobrir que vamos ter um sangue de Tomlinson na família Styles, ele não irá gostar nada disso. Portanto, isso ficará entre eu e você. 

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