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As meninas tiveram que esperar o movimento da escola ficar quase nulo para que pudessem se mover sem maiores problemas. Mas como estavam dentro da sala bolando e repassando todos os detalhes do plano que teriam que realizar para retirar o corpo da escola, não tiveram que esperar mais do que alguns minutos até saírem com o plano na cabeça.
Não encontraram ninguém durante o caminho até o laboratório. Mona está fingindo conversar com April na entrada da sala, mas estava mesmo é observando se chegava alguma pessoa. Fernanda destranca uma porta, com a placa "ACESSO RESTRITO — PRODUTOS QUÍMICOS".
— Vantagens de ser monitora... A professora me pediu para trocar a fechadura da porta, e no momento somente eu tenho acesso a esse local, por isso que a escondi aqui, enquanto eu pensava no que faria com ela...
O pequeno depósito é refrigerado, para manter os compostos químicos estáveis. O ar gelado vem junto com um odor pungente de sangue. Sentada no meio das prateleiras, está o cadáver, relativamente limpo, se não fosse a linha de sangue que escorria do lado direito do rosto e torso. Já se conseguia sentir um leve odor pútrido, mas nada que incomodasse.
— Você ia dar uma de Walter White de Breaking Bad e derreter a pessoa em baldes de plástico? — Valerie pergunta erguendo uma sobrancelha.
— Não! Por Deus! — Fernanda se defende. — Eu só não sabia o que fazer no momento... Escondi ela pra depois pensar melhor no que fazer...
— Vamos logo com isso pessoal... — Ivy entra no depósito e um arrepio sobre sua espinha quando vê o cadáver. Não percebe quando o seu braço bate na prateleira atrás dela, mexendo a prateleira, ela ainda tenta segurar a estante para que o estrago não seja muito grande, e isso faz com que a maioria das coisas fique no lugar, mas uma garrafa escura escapa e rola pela prateleira, caindo ao lado do corpo, bem próximo de Valerie.
— Pelo amor de Deus Ivy! — Valerie briga com ela. — Espera a gente lá fora, senão morreremos aqui, além de avisar pra quem quiser ouvir a nossa localização!
A garrafa quebra e líquido transparente começa a se espalhar pelo chão. Ivy se desculpa mais uma vez e vai saindo, mas antes que estivesse fora do depósito, seu cotovelo bate num suporte para tubos de ensaio e o derruba, junto com os tubos de vidro que estilhaçam no chão.
Valerie ergue uma sobrancelha e praticamente rosna com o dedo apontado para a porta, onde April e Mona estavam de olhos arregalados e pareciam preocupadas. A menina sai de cabeça baixa, deixando apenas Fernanda e Valerie no depósito.
— Isso é tóxico? — Valerie pergunta apontando pra baixo e cobrindo parcialmente o rosto com a manga da camisa.
— Não, apenas corrosivo... — Fernanda informa, depois de analisar o conteúdo das prateleiras.
Ao olhar pro chão, percebem que parte da carne e do tecido estão borbulhando acima do químico. Elas não perdem mais tempo e levantam o corpo, toando cuidado para não entrar em contato com o líquido.
Valerie puxa o peso morto para fora enquanto Fernanda prepara um pouco de solução em um béquer e joga no chão.
— Pra neutralizar as coisas... — Fernanda dá de ombros se explicando. Ela passa o braço pelo ombro livre da ex e depois de aprumar as costas, volta a ter um semblante determinado. — Vamos!
— Espera um momento! — April, antes que saíssem do laboratório, tira seus óculos de sol do bolso e coloca no rosto da morta. Passa os cabelos escuros apenas pra um lado, cobrindo boa parte da ferida e das roupas sangrentas. — Melhor.
— Bota o meu casaco nela... — Ivy oferece.
— Vai servir... — Valerie ajuda Fernanda a vestir o cadáver.
— Isso é tão "Morto Muito Louco"... — Mona diz com uma risada que era no mínimo preocupada.
— Precisamos de um lugar calmo em que não vamos ter interrupções pra poder continuar isso... — Valerie ignora o comentário da amiga.
— Eu conheço um lugar... — April informa.
As meninas conseguem se locomover sem chamar muito mais atenção do que um grupo de seis adolescentes. Passaram na casa da Valerie para pegar alguns preparativos. Não foram importunadas e chegaram num terreno atrás de uma pequena casa que April informou ser da família, elas não teriam companhia ali.
Colocaram o corpo na areia batida e Ivy olhou pra cima, percebendo que a tarde está quase finalizada.
— Vamos começar então? — Valerie diz e senta no chão, abrindo um livro pesado entre as pernas.
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