08┊UM MUNDO PERFEITO
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CAPÍTULO OITO
── Então, como devemos proceder?
── Os oradores já partiram? Eu sinto muito! Se formos bem sucedidos você os verá em breve em circunstâncias mais alegres. ── O vampiro tranquiliza a erudita.
Thyra Belmont desviou sua atenção. Ela nunca foi, e acreditava que nunca seria boa com despedidas. Despedidas não significavam um "até logo" mas sim dar suas últimas palavras a elas. Thyra não gostava de pensar que suas últimas palavras antes da morte de tal fossem aquelas, por isso, ela não se despedia. E preferia assim.
Foi por isso que ela preferiu ficar para trás com Adrian ao ir dizer adeus para os oradores. Ela areditava que seu irmão se daria melhor com na situação ── Mesmo ele sendo péssimo em consolos ── com Sypha, já que os dois pareceriam ter se aproximado melhor. Além de que, ela gostaria de ter um momento para conversar com Alucard.
── Viu, ele sabe como ser gentil. ── Sypha zombou de Trevor, e a assassina não pode deixar de sorrir. ── Então é verdade que o castelo pode viajar? ── Perguntou para o loiro. ── Conhecemos as histórias, mas as vezes é difícil saber o que é mito e o que é verdade.
── Fala para ela do castelo do Drácula, Alucard. ── Seu irmão foi em direção de uma caixa fechada e a abriu. ── O dia dela não tem como piorar.
── Acho fascinando, e de certo modo, inteligente como ela viaja. ── Thyra murmurou, fazendo Adrian assentir.
── O castelo se move... como posso descrever? Ele viaja sem se mover. ── Explicou.── Ele surge em lugares como se fosse por mágica.
── Então deve haver um jeito de pegá-lo! Como podemos começar? ── A erudita exclamou determinada.
── Não é atoa que o castelo se move assim, Sypha. ── Ela olhou para Thyra. ── Se fosse simples, ele teria um lugar fixo. Drácula nunca perdeu sequer uma luta corpo a corpo, pode imaginar o porquê disso?
── Ela está certa. ── Alucard disse. ── Drácula jamais quis ser incômodado. Por isso criou esse mecanismo de fazer o castelo viajar sem esforços. E quando descobrirmos a localização, será tarde demais, ele já terá partido.
Trevor bufou ao pegar uma garrafa de cerveja quebrada pela metade dentro da caixa.
── Quero ir para casa. ── Ele exclamou alto.
A gêmea mais velha levantou sua cabeça num súbito ato surpreso. Ela olhou 'pro irmão assustada e desorientada. As memórias daquela noite infernal martelaram sua mente e aquilo doeu sua cabeça. Trevor não a olhava, ele não tinha coragem. Mesmo ele querendo evitar a todo custo falar aquilo, ele tinha certeza que a melhor forma de derrotar o Drácula estaria em sua antiga casa.
Criando coragem, ele finalmente a olhou depois de um tempo. Thyra tinha os olhos arregalados e encarava a terra perdida. Trevor respirou fundo, o que havia acontecido naquela noite não foi a mesma coisa para os dois. Tinha algo a mais que ele não sabia, ele sempre soube que sua irmã escondia algo, mas nunca ousou perguntar.
── Você andou bebendo de novo? ── Sypha gritou indignada.
── Quem me dera. ── Foi sincero. ── Mas não, eu quero ir para casa! Para a propriedades dos Belmont.
Thyra desviou seu olhar perdido do chão, encontrando os de seu irmão. Ele realmente falava sério, tão sério que ela se surpreendeu. Trevor nunca levou nada a sério, mesmo quando estava perante a morte.
── Eu presumia que ela havia sido destruída. ── O vampiro foi o único a notar o olhar que os irmãos trocavam. ── Aldeões, foices, tochas... esse tipo de coisa.
── E foi, mas o valor da velha casa não é a casa em si, mas o que tinha em baixo dela. ── Ele explicou. ── A fortificação Belmont. A biblioteca e o tesouro da família.
A mulher de cabelos pretos sentiu seu estômago revirar, ela queria vomitar, colocar tudo para fora. Mas ao contrário do que pretendia, ela respirou fundo e aceitou. Ela voltaria para aquele lugar. Ela voltaria para a maior desgraça que aconteceu em sua vida. Derrepente, ela sentiu um calafrio passar por seu corpo.
o frio tocou novamente sua pele.
── O conhecimento adquirido e o material de gerações de Belmont's que lutaram contra criaturas da noite. Isso soa interessante, se é que ainda existe. ── Alucard concordou, mas ainda sem acreditar que o lugar ainda poderia existir.
── Se existem soluções para os problemas de encontrar e matar o Drácula, elas estão na fortificação! ── Trevor brigou.
── Não deixa de ser um palpite. ── O vampiro retrucou.
── Está tudo lá. ── Thyra afirmou. ── Não é um palpite, muito menos há dúvidas. A fortificação está intaquita!
Ela falou com tamanha certeza que nenhum deles duvidaram.
O caçador, a erudita e o vampiro notaram a forma que ela abraçava seu próprio corpo como se estivesse se cobrindo de um frio inexistente. Thyra sentiu partes específicas de seu corpo ficarem mais geladas. Isso a fez fechar os olhos com força, ignorando completamente que os três a olhavam preocupados.
── Eu não sei ler, nem entender mágica. ── Trevor falou, buscando tentar tirar a atenção dos outros dois da irmã. ── Mas a minha família guardou tudo que achou. Incluindo os livros de magia e outras coisas bizarras dessa natureza.
Ele olhou mais uma vez para Thyra, buscando a permissão dela. Agora, ela parecia melhor e tinha um tom corado que ele nunca tinha visto em seu rosto. Ela estava envergonhada por ter demonstrado uma fraqueza na frente dos outros.
── Não podemos fazer nada com aquilo, mas vocês podem! ── Continuou, apontando para Sypha e Alucard.
── De fato foi de bom proveito que escolhi te matar e não te devorar, Belmont. ── Alucard zombou.
── Eu que decidi não te estripar, te esfolar ou te transformar num sapato! ── O outro entrou na brincadeira, mas também irritado.
── Os dois estariam mortos. Suas carnes apodreceriam em instantes por causa da temperatura daquele lugar. E no final, não sobraria restos para os ratos degustarem.
O humor mórbido de Thyra fez Sypha a olhar horrorizada. Trevor, que já estava acostumado com suas piadas mórbidas, apenas riu, e Alucard ficou em dúvida se deveria achar engraçado ou não. Ele considerou aquilo peculiar, jamais viu ou leu sobre alguma mulher que falava daquele jeito. Nem Sypha ─ pelo pouco que conheceu ─ tinha um tom zombeteiro ou sombrio. Mas Thyra falava sem ligar se poderia ser julgada ou não. Ele adorou seu tom, e com certeza gostaria de ouvir mais daquilo.
Então, sem nem pensar, Alucard soltou uma risada, quase que abafada. Aquilo pareceu aliviar a mente de Thyra por alguns instantes.
── Que grupo feliz nos somos.── Sypha balançou a cabeça em decepção.
── Vamos procurar uma carroça e alguns cavalo para seguirmos viagem. ── A mulher de cabelos pretos disse. ── Será impossível irmos andando. Temos um longo caminho até nossa casa.
── E vocês dois, tentem não matar um ao outro enquanto estivermos fora. ── A erudita os advertiu.
── Por favor, não somos crianças! ── Adrian riu nasal.
Enquanto saiam da cabana, Thyra pode os escutar pela última vez.
── Coma merda e morra. ── Era seu irmão.
── Enfia no seu cu antes. ── O outro respondeu na mesma altura.
── Sério, como conseguiu aguenta-lo durante todo esse tempo? ── A erudita se referiu a Trevor.
Thyra percebeu onde ela queria chegar.
── Não tivemos tempo para sermos crianças. ── Suspirou. ── Em consequência, uma parte da personalidade infantil que não tivemos cairia em um de nós, enquanto adultos.
Sypha ficou em silêncio, e Thyra acreditou que deu a resposta que ela esperava.
Quatro dias e quatro noites, foi o tempo que levou para chegarem perto das antigas terras dos Belmont. Os dias se passaram 'num piscar de olhos para a infelicidade de Thyra. Por mais que parecessem constantemente para comer e dormir, era como se nunca tivessem o feito. O destino não estava ao lado da assassina, e nunca esteve.
Cada vez que chegavam mais perto, ela sentia seu coração se estilhaçar. Thyra tentava não deixar as memórias do passado virem, mas ela não conseguia controlar. Parecia que, depois de anos tentando deixar o passado para trás, ele finalmente veio cobrar sua dívida. E ela seria muito mais cara do que ela poderia pagar.
── Ainda não entendi muito bem por que você não pega fogo a luz do dia. ── Sypha comentou.
Eles tinham parado para descansar. Já estava de noite, e como a lua estava cada vez mais forte, significava que a madrugada estava a poucas horas de surgir.
── Por que sou metade humano. ── Ele a respondeu calmamente. ── O nome da minha mãe era Liza. Ela era uma mortal.
Thyra Belmont suspeitava daquilo. A assassina relacionou a mulher que foi queimada pela igreja com o fato de Adrian poder andar livremente na luz do sol. Ligando os pontos, deduziu que a história poderia ser a mesma, e decidiu esperar o momento certo para que sua dúvida pudesse ser esclarecida.
Sua curiosidade sobre Adrian assim que o conheceu foi de grande ajuda, afinal.
── Com certeza eu gostaria muito de ouvir a história de como isso aconteceu.
── Sypha deu início.
Alucard comprimiu os lábios, incerto se deveria contar algo tão pessoal para as pessoas que ele acabara de conhecer. Após colocar a capa de frio de seu irmão ─ cujo a dela havia sido rasgada na luta contra os demônios de Drácula ─ Ela falou:
── É apenas nós quatro, aqui. Tudo que contar, levaremos para o túmulo. ── A Belmont o incentivou. Alucard assentiu após a encarar por alguns segundos.
── Um dia ela apareceu na porta dele. ── Começou. ── Ela encontrou o castelo e entrou na porta da frente com a sua faca.
── Devia ser uma mulher interessante. ── Sypha sorriu.
── E corajosa, principalmente. ── A assassina concordou.
── Ela era extraordinária. ── Alucard sorriu, seu sorriso carregado de saudade. ── Ela bateu na porta até que meu pai a deixasse entrar e depois exigiu que ele a ensinasse a ser médica.
── Espera, o Drácula ensinou uma mulher humana a ser médica? ── Seu irmão zombou. ── O que ela aprendeu primeiro? Sangria?
Thyra suspirou com a estupidez de seu irmão. Era óbvio que ele falava aquilo apenas para continuar ser visto como um babaca. Ela o conhecia bem. Porém, existia situações que era quase uma obrigação ele deixar isso de lado. Mas ele não enxergava, ou apenas se fazia de cego para não poder. Balançando a cabeça, ela fez uma leve menção para ele calar a boca, mas Trevor não olhou para ela.
── Meu Deus, você se acha engraçado? O meu pai é um homem da ciência, um filósofo, um erudito que sabe coisas que a nossa sociedade esqueceu a muito tempo. Você ainda não entendeu a grandiosidade que estamos fazendo? Ele enlouqueceu. E quanto a isso, não a como recuperá-lo.
── Que pena.
── Drácula pode ser muitas coisas, mas admito que inteligente é o que mais se aplica nele em questão de humanidade.
── Thyra murmurou para ninguém em específico.
── É uma tragédia. Ele é um arquivo de séculos de aprendizado, ele devia ter mudado o mundo, eu acho que iria se minha mãe não tivesse morrido. Ela o enviou para viajar pelo mundo, é por isso que ele não estava lá quando o bispo a pegou.── Explicou.
── Ela mandou ele embora?
── O enviou para uma viagem. Para aprender a verdadeira condição do mundo. A natureza dos humanos e como eles vivem. ── O vampiro olhou para o céu, como se imaginasse tudo sendo diferente do que aconteceu.
── Ela estava transformando ele. ── Thyra afirmou.
── Imagine se ele tivesse direcionado aquele conhecimento para melhorar vidas. Isso se a inquisição religiosa não tivesse provado ser verdade seus piores instintos sobre humanos. ── Rangeu os dentes.
── E agora ele vai usar a morte dela como desculpa para destruir o mundo. ── Trevor bufou.
── Ah, o mundo ainda vai permanecer aqui Belmont. Árvores continuarão a crescer, pássaros continuarão a cantar e animais ainda correrão pelos campos.
── Riu de escaneo. ── Mas você não estará aqui, e você também não. Na verdade, nenhum de vocês.
Thyra olhou atentamente para Alucard. Seus olhos estavam escuros enquanto ele olhava para o fogo. Era como se algo dentro de si quisesse sair, mas não faria pois não era de sua natureza. Era extraordinário como seus olhos brilhavam enquanto falavam palavras tão sombrias. Thyra mal notou que estava hipnotizada naquele olhar.
── O Sol ainda vai se pôr mas vocês não o verão nascer. Só haverá o Drácula, seu conselho de guerra e as hordas da noite. ── Ele olhou para os humanos.
Apenas Sypha parecia assustada, mas não deixou transparecer. Percebeu que Thyra Belmont o encava com fascínio, quase como se não estivesse surpresa com a forma que ele falava aquilo. Ele resolveu continuar, seus olhos ainda encontrados com os dele.
── Ele escreve ótimos livros, sabiam? Ele mesmo faz as capas com carvalho e em capa com a pele preservada das pessoas que ele mais odiou. Ele escreve planos, eu já vi. Ideias para escurecer as nuvens e deixá-la tão permanentes no ar como gelo do norte. Grandes máquinas voadoras estranhas que puxam mortalhas pelo céu para bloquear o sol, imaginem... Imaginem um mundo sem humanos sob uma noite inventada sem fim e Drácula em seu castelo. Sua vingança tão terrivelmente completa que não há mais nada a fazer a não ser contemplar um mundo sem artio, memória ou risadas, sabendo que ele fez um excelente trabalho. Que ele fez tudo isso por amor.
Thyra já contemplou um mundo como aquele. Já imaginou como seria se um dia pudesse ver de cada pessoa que já pensou em fazer mal ao sobrenome Belmont ou que já faz. Já imaginou um dia vivendo em uma casa Isolada com seu irmão, sem se preocupar se poderia morrer a qualquer momento. A mulher olhou para baixo em descrença. Sua ideia de um mundo perfeito era totalmente diferente da ideia de Drácula.
Enquanto pensava naquilo, sua orelha se mexeu rapidamente. A assassina olhou para o lado, em direção a floresta sem mexer um mísero músculo. Ela ouviu alguns passos ao longe e colocou a mão por cima de sua adaga, eram passos pesados demais para serem de animais. Alguns segundos depois, os outros começaram a ouvir o mesmo.
── Vocês ouviram isso?
── São só animais correndo no mato. ── Alucard falou devagar. ── Espera, não!
── Hordas da noite. ── Ela concluiu.
Trevor apagou a fogueira.
── Qual é a cidade mais próxima? ── Perguntou para Sypha. ── Ainda é Gresit?
── Arquisis esta mais próxima.
Logo, seu irmão correu até uma árvore e desapareceu. Thyra fez o contrário, ela foi para a frente, na linha de fogo. A diferença de luta dos irmãos era óbvia. Enquanto Trevor lutava a distância, Thyra sempre estava cara a cara com sua presa. E pouco segundos depois, os demônios apareceram, dando início a luta.
🥀. Eita que capítulo gigante! Nós próximos, vou tentar trazer o mesmo tanto de palavras que esse, 2464!!!!!!
🥀. O que acharam do capítulo? Não seja um leitor fantasma, deem seu feedback! Assim, poderei saber se estão gostando dessa estória.
🥀. Capítulo revisado. Mas, sempre fica aqueles errinhos que a gente não percebe, não é mesmo? qualquer erro me avisem que eu irei corrigir.
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