7 - All In

Arrisque tudo, essa é a resposta
Não podem mais apagar as chamas em meu coração
Mesmo que essa parte de mim
Queime até as cinzas [... ]

Aposte tudo, vamos atirar agora

— All In, STRAY KIDS

Meu telefone não para de tocar, estou atrasado há mais de uma hora. Meu carro está estacionado na vaga reservada para o presidente, mas estou preso aqui. Primeiro, perdi meu pai, depois fui obrigado a interromper as promoções do meu álbum para cuidar de uma empresa que eu não gosto e agora minha melhor amiga, em quem eu confiava cegamente, escondeu algo tão grave de mim.

Lágrimas começam a rolar pelo meu rosto diante dessa situação. Eu sei que preciso me acalmar, mas é impossível. Tudo o que eu queria era que nada disso tivesse acontecido. O que eu teria feito naquela época se soubesse que seria pai? Teria lutado mais pela Leah? Teria fugido? Não tenho certeza, não tive a chance de pensar. Eu estava com medo naquela época, mas era um filho, meu filho. Eu posso ter sido um pouco irresponsável, mas não era um completo idiota. Pego meu celular e tento ligar para o Chan, mas ele não atende. Tento novo, mas ainda assim não há resposta. Então, tento o Changbin, mas ele também não atende. Hyunjin está de volta na Europa a trabalho, então só resta mais um hyung com quem falar:

— Alô?

— Lino?

Oi, Seungmin, como você está? — Minho responde, e minha única reação é chorar. — Ei, calma, o que está acontecendo?

— Eu... Tenho passado por tantas coisas e não consigo me acalmar, hyung...

Olha, eu não sei exatamente o que está acontecendo, mas respire fundo, conte até cem e resolva. Chorar pode aliviar a pressão, mas não vai resolver seus problemas. Se alguém estiver te incomodando demais, empurre-o pela janela e diga que foi um acidente... Essas coisas acontecem.

*Lee Min-ho*

Eu sorrio nervoso pelo humor de Minho, divertindo-me em silêncio enquanto sigo suas instruções. Deliberadamente, respiro fundo, buscando me acalmar e controlar as lágrimas que ameaçam escapar. Conto até vinte, permitindo que a serenidade se faça presente em mim de novo.

— Obrigado, Hyung...

Embora Minho e eu não sejamos os membros mais próximos, sabia que ele podia me ajudar. Quando o conheci, duvidava que ele gostasse de mim. Ele costumava se manter reservado, sempre mais próximo dos outros. Hoje, porém, somos bons amigos, embora nossa dinâmica ainda seja um tanto peculiar. Não era nele que eu confiava em primeiro lugar quando precisava, e vice-versa. Muitas vezes, quando ficávamos sozinhos, o silêncio reinava, no entanto, ele sabia que podia contar comigo para tudo, assim como eu sabia que podia contar com ele.

Ei, Seungmin, eu sei que tem passado por dias difíceis, mas você é capaz de superar isso. Vai mostrar a esses caras que Kim Seungmin pode assumir uma empresa e nunca deixe que digam o contrário, certo? — Ele declara, e um sorriso escapa por meus lábios.

— Muito obrigado, Minho.

Preciso desligar agora. Cuide-se e, se precisar, ligue novamente.

Desligo o telefone e saio do carro. Respiro fundo mais uma vez, preparando-me para o desafio que me aguarda, e caminho em direção à recepção. Haein está lá, sentada em um banco, seu salto alto batendo impacientemente no chão. Assim que me vê, ela se levanta:

— O que aconteceu? Tentei te ligar várias vezes. Todos estão te procurando. Você viu sua agenda para hoje?

— Não...

— Seungmin, isso não é brincadeira. Eu deixei meu trabalho na JYPE para te auxiliar nisso, então espero que você se esforce um pouco, pelo menos. — Ela parece irritada comigo, e eu a encaro.

— Você está sendo bem paga por isso, então por que está reclamando? — Minhas palavras saem irritadas.

— Porque somos amigos... E amigos se preocupam uns com os outros.

Eu a encaro, prestes a responder, mas ela me empurra em direção ao elevador. Haein demonstrou ser uma verdadeira amiga ao longo dos anos para todos os SKZ.

— Obrigado. Tive alguns problemas antes de vir... Desculpe por não ter avisado.

O elevador chega ao meu andar e prossigo pelo corredor com passos firmes. Cumprimento de forma cordial a todos que encontro pelo caminho, seguindo determinado até alcançar minha sala. Haein dirige-se à sua mesa e menciona que organizará toda a agenda para que eu possa dar início aos compromissos, devido ao meu pequeno atraso. Ao entrar na sala, deparo-me com Huijun. O dia já se mostra desastroso desde o princípio:

— Bom dia, Seungmin — ele diz, porém sua voz soa tão falsa que não me surpreende nem um pouco.

— Creio que você tenha se enganado de sala. — Respondo, passando por ele e tomando meu assento na cadeira do presidente.

— Na verdade, eu estava mesmo esperando por você. Tinha alguns relatórios para entregar, mas o presidente se atrasou e sequer se deu ao trabalho de avisar. — Cada palavra dita por ele exala arrogância. Como meu pai pôde gostar desse sujeito? Ele é ridículo.

— Certas questões não dizem respeito a você.

Ele esboça um sorriso irônico e se dirige à mesa onde se encontra um pêndulo de Newton, aquela espécie de balança em que, ao bater uma bolinha, a outra reage e assim sucessivamente, criando um ciclo interminável de batidas. A primeira bolinha é golpeada, e o ambiente é invadido por um irritante barulho.

— Não sei se você está achando que isso aqui é como subir no Inkigayo. Eu sei que você vai falhar, e quando você falhar eu estarei lá pra dizer a todos: eu avisei.
Off: programa musical onde os grupos de kpop performam suas músicas.

— Compreendo seu ponto de vista, Hui, mas estamos do mesmo lado aqui. Se a empresa cair, você também será afetado. Não desejo ser seu inimigo, nem estou pedindo para sermos melhores amigos, mas peço sua cooperação.

Eu sabia que seria uma tarefa difícil superar Hui em conhecimento. Ele tem trabalhado nesta empresa por anos e sabe bem como tudo funciona. No entanto, eu poderia transformá-lo em meu aliado e juntos impulsionar o crescimento da empresa. Observo sua reação e percebo que a ideia não o agrada. Os Sons sempre foram ambiciosos, mas, infelizmente para eles, mesmo que me destituam da presidência, a maior parte da empresa ainda está sob meu controle. Não cederia nem mesmo um por cento das ações para eles. O som irritante das bolinhas batendo me incomoda, então jogo aquele objeto no lixo.

— Nunca me aliarei a alguém que não possui as habilidades necessárias para liderar uma empresa. Você está aqui apenas por causa de seu sangue, ao contrário de mim, que tenho anos de experiência nesta empresa.

— Já parou para refletir que o seu erro foi tentar enganar meu appa?— Eu digo, e ele me olha surpreso. Continuo — Fiz meu dever de casa e descobri algumas coisas, especialmente como você tentou de todas as maneiras transferir parte do poder da empresa para o seu nome. E a única razão pela qual você ainda está aqui, além do fato de os Sons também terem participação na ações era o respeito que o presidente ainda tinha por você. Mas deixe-me contar algo sobre os Kims... Nós não somos ingênuos.

Não consigo decifrar se ele está chocado por eu saber ou se está indiferente. Ele relaxa a postura, pega o pêndulo de Newton que joguei no lixo e o coloca de volta na mesa, fazendo as bolinhas colidirem novamente:

— Sabe, Seungmin, estou começando a gostar mais de você.

Ele sorri de forma maquiavélica e sai da sala. Olho para aquele objeto batendo as bolinhas e fico irritado. Se não posso jogar Hui pela janela, pelo menos posso me livrar dessa coisa. Pego o pêndulo e luto com a janela para abri-la. Haein entra na sala, e pergunta assustada com minha atitude:

— O que você está fazendo?

— Me livrando disso. — Respondo sem olhar para ela.

— Deixe de ser idiota. Você pode machucar alguém!

Ela está certa. Decido apenas jogar o objeto fora novamente. Haein começa a me contar sobre os vários compromissos que tenho para o dia. Quando eu pensava que a vida de idol era cansativa, nunca imaginei o quão desafiadora seria a vida de um empresário.

Já se passou um mês desde que cheguei à Kimsan e um mês sem ver os meus amigos. Apesar de mantermos contato por telefone, minhas prioridades momentâneas me impediram de visitá-los. Angela não estava brincando quando disse que Hui faria de tudo para me atingir. O que começou como uma pequena desavença estava se tornando insustentável. Esta semana, Hui deu folga para um departamento inteiro por quatro dias, afirmando que era algo que já estava planejado, mas Haein descobriu que era uma mentira ao analisar alguns dados.

Os acionistas estão ficando furiosos com nossa rivalidade e, pela segunda vez, um deles me ligou para expressar sua indignação. Felizmente (ou infelizmente, pois sou obrigado a lidar com sua arrogância), Angela está ao meu lado e não permite que eu desmorone. Tenho que admitir que sua ajuda tem se mostrado útil e eficaz. Ela tem amplo conhecimento dos processos da empresa, me auxilia quando necessário e também me ensina muito. Apesar de seu ar de superioridade, se não fosse por ela, eu não estaria aguentando tanto.

As coisas em casa estão complicadas agora. Depois da briga que tive com Leah, mudei minha forma de tratá-la. Nos primeiros dez dias, estava furioso, mas agora só estou chateado. Ela chegou a querer pedir demissão, e minha mãe aceitou. No entanto, a Sra. Kim teve uma arritmia cardíaca e Leah desistiu do pedido para cuidar dela. Como ela pode ser assim? Minha mãe a trata tão mal e, ainda assim, ela queria demonstrar gratidão por todo o tempo que cuidaram dela.

Ofereci aumentar seu salário por estar se dedicando a minha mãe, mas ela recusou. Leah não aceitaria nada vindo de mim, e, considerando a forma como falei com ela naquele dia, é justo. Porém, a garota estava sendo egoísta. Contei aos meus amigos o que aconteceu, e tanto Changbin quanto Minho concordaram que, se estivessem no meu lugar, teriam cortado todos os laços de vez. Bang Chan foi mais compreensivo com a situação de Leah, mas deixou claro que ela errou ao esconder isso de mim. O único que, como sempre, não tomou partido e apenas concordou foi o I.N.

Falando neles, os convidei para uma noite só de homens em um cassino exclusivo para idols, pessoas da mídia e gente rica. Vai ser bom uma noite de farra. Termino de me arrumar, escolhi um terno elegante e arrumei todo meu cabelo. Vou até o quarto da minha mãe, onde ela está deitada, lendo uma revista, para me despedir:

— Olha só você, está tão bonito. Aonde vai? — Ela desvia os olhos da revista e me fita.

— Vou sair com meus amigos.

— Cuidado, ok?

— Pode deixar.

Beijo sua testa e, quando estou prestes a sair, Leah entra com uma bandeja contendo o jantar da minha mãe. Ela me olha rapidamente, mas segue até a cama e deixa a bandeja. Fico imóvel por alguns segundos. Na minha mente, a abraçava ali mesmo e pedia desculpas por tudo, mas, mesmo que minha mente ordenasse, meu corpo não obedece.

— Filho, o seu relógio está frouxo. Prenda-o corretamente.

Leah segue o olhar até o meu pulso, e tento em vão escondê-lo, mas ela vê que estou usando o relógio da Shopee. Não foi intencional, pois não conseguia encontrar o meu outro relógio de forma alguma. Aproximo-me da minha mãe, e ela o prende de forma adequada:

— Relógio bonito — comenta ela.

— Muito obrigado, vale milhões. — respondo sem olhar para a garota e saio do quarto.

Olho para o relógio e penso em tirá-lo, mas estou com a súbita sensação de que ele me trará sorte. Leah passa por mim e eu até penso em dizer algo, mas as palavras somem. É difícil olhar para a mulher e saber que ela poderia ter sido mãe de um filho meu e escondeu isso de mim, mas também me sinto triste por saber que ela sofreu sozinha.

Dirijo-me ao carro, tentando tirá-la dos meus pensamento e após algum tempo, chego ao cassino. O manobrista se aproxima, entrego a chave e dou-lhe uma boa bonificação para estacionar o carro. Entro e caminho até o bar, onde já vejo Changbin e Minho. Changbin está acompanhado, provavelmente por alguma modelo:

— Boa noite — Digo, já me sentando.

— E aí? — Cumprimenta Minho.

— Oi, filhote — Changbin fala, enquanto percebo sua mão acariciando a perna da garota.

— Vai me apresentar a sua amiga? — pergunto, e ela sorri grande.

— Kyungri, Jung Kyungri — Ela se apresenta, e não há como negar que é uma garota muito bonita.

— Muito prazer.

Uma atendente se aproxima de mim, e eu peço uma bebida. Não demora muito para ela voltar com nossos pedidos e começo a beber. Depois de tanto estresse, seria bom relaxar um pouco, mesmo que tenha vindo de carro, isso não é exatamente um problema. Existe uma coisa chamada dinheiro, que costuma resolver noventa e nove por cento dos problemas das pessoas.

— Como é ser CEO? Tem suas vantagens? — pergunta Changbin, sem tirar as mãos das pernas desnudas da garota. Changbin é assim mesmo, o mais próximo que ele já esteve de um relacionamento foi aquele caso com a Chaewon, além de um breve envolvimento com uma brasileira.

— Por que você não vai à empresa dos seus pais e descobre?

— Ah, não, minha irmã está lá para isso.

— Han está sofrendo no exército. Gritaram com ele de novo, e ele está à beira de um colapso. Estou preocupado. — Diz Minho.

— Han empurrou até quando pode essa ansiedade, agora que está longe de todos, deve estar sendo difícil para ele — comento.

Não consigo imaginar o quanto está sendo difícil para o Han no exército. Ser homossexual assumido em um ambiente cheio de homens heterossexuais homofóbicos é realmente demais para ele, mas nós o avisamos e dissemos que ele deveria cuidar de sua ansiedade. Ele ouviu? Claro que não. Agora, não há muito que possamos fazer além de enviar energias positivas.

Passa algum tempo e Bang Chan chega acompanhado de Jeongin, já que Felix está viajando com sua namorada e está ausente. Eles se sentam e Kyungri, olhando para Bang Chan, faz um elogio:

— Uau, você é muito mais bonito pessoalmente.

— Changbin, diga à sua amiga que não estou interessado. — Ele responde de forma seca.

— Ela apenas te elogiou, não seja rude. — Changbin diz, mostrando-se ofendido. — Tá achando que ela é o que?

— Tudo bem Changbin, eu não estou ofendida. — A garota diz mas Bang Chan e Changbin trocam farpas no olhar.

Ele está assim depois de supostamente ter namorado uma prostituta que ele jura que não era apesar de tudo apontar o contrário. Desde então, se tornou um assunto delicado entre Bang Chan e Changbin.

Dou uma risada discreta. Bang Chan é considerado um ícone de sensualidade no grupo. Ele está sempre exibindo seu abdômen, cantando músicas sugestivas e flertando de forma descarada com as stays em lives, mesmo sendo casado. Yunjin ri da ilusão das stays e diz que seu passatempo favorito é ler fanfics de Bang Chan x S/N no Wattpad. Acho que ela deve se sentir superior por ter Chan disponível para ela.

Continuamos conversando, bebendo e compartilhando nossas histórias. Changbin está mais ocupado em flertar com a modelo, enquanto I.N está um pouco incomodado, já que não gosta desse tipo de encontro, mas também não queria ficar sozinho no dormitório. Bang Chan fala sobre seu álbum e, de vez em quando, menciona Yunjin, enquanto Minho comenta sobre Han.

— Vocês acham que o Hyunjin voltará com o Beomgyu? Eu aposto que sim. — I.N pergunta.

— Tanto faz. — Minho responde. Não importa quanto tempo passe, Minho continuará nutrindo ressentimento por Gyu. No passado, Beomgyu teve um caso com Han, o que ainda desperta ciúmes em Minho.

— Eu só desejo que o Hyunjin seja feliz. Não foi fácil para ele. — Bang Chan diz virando seu copo.

— Não consigo entender como o Hyunjin se apaixonou por uma pessoa enquanto amava outra. Não faz sentido para mim. Quando você gosta de alguém, essa pessoa não deveria ser exclusiva em sua vida? — Comento. É algo que não consigo compreender. Hyunjin namorou a bailarina, mas continuou com Beomgyu, que não se envolvia com a bailarina por ser gay, e ambos não nutriam raiva um pelo outro. De alguma forma, isso funcionou... Como?

— Já ouviu falar da teoria da Branca de Neve? — Changbin diz, com seu humor duvidoso. Essas pérolas só podem sair da boca dele.

Rimos alto, I.N é o único que não acha graça. Continuamos bebendo e conversando, aproveitando o momento para relaxar após trinta dias estressantes.

— Eu odeio isso. Antigamente, nossos encontros eram nas ruas, fazendo bagunça. Agora, olhe para nós, todos próximos dos trinta e frequentando cassinos... — I.N diz do nada, mexendo em sua bebida.

— Tem razão. — Eu concordo, e Bang Chan começa a implicar conosco, já que antes éramos nós que implicávamos com ele por ser mais velho.

Algumas garotas se aproximam de nós, rodeando o pobre Jeongin e eu, somos os únicos solteiros ou desacompanhados, já que Changbin está ocupado beijando sua amiga. Jeongin sempre nega essas investidas, pois ele é gay e todos seus amigos próximos sabem disso, e a mídia até suspeita, mas ele não vê necessidade de se assumir para o público, então fica por isso mesmo. Eu também não tenho interesse em olhar para mais ninguém, então as rejeito.

Continuamos bebendo e conversando quando avisto Angela. Ela não me percebe, mas passa à minha frente usando um vestido preto, sapatos de salto e seus cabelos soltos. O que ela está fazendo aqui?

— Com licença, eu já volto. — Digo para meus amigos e saio.

A sigo e percebo que ela está se dirigindo à sala de jogos. Isso está ficando cada vez mais estranho, desde quando ela joga? Acelero o passo e consigo alcançá-la sem que ela me note, e, na primeira oportunidade, puxo seu braço, assustando-a:

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto, sem dar tempo para que ela fale primeiro.

— E você, o que está fazendo aqui? — Ela me olha dos pés à cabeça. — Terno bonito— Ela diz, levando a mão em meu ombro e eu a empurro na mesma hora.

— Eu sempre venho aqui para beber com meus amigos.

— Ah, entendi. Então volte a beber, os adultos precisam trabalhar. — Ela diz, soltando-se de minha mão.

— Angela? — Uma voz diz, e me viro para ver um homem asiático de cabelos longos e amarrados, cheio de tatuagens. Não gostei dele.

— Oi, meu querido. — Ela muda sua postura imediatamente, ficando relaxada e sorri para ele.

— Vai me apresentar seu amigo? — Ele pergunta, com os olhos fixos em mim.

— Claro... Este é Kim Seungmin.

— Oh, o novo presidente. Como vai? Sou Go Hwan. — Ele sorri, mas não me passa confiança, então apenas sorrio de volta, cumprimentando-o. — Vocês vieram ver o Allifer?

— Com certeza, vim tratar de negócio com ele, e Seungmin já estava de saída, não é mesmo, Min? — Angela me cutuca, e percebo que ela quer que eu concorde com ela.

— Ah, sim, claro, eu já estava de saída.

— Ah, não precisa ir embora. Allifer vai adorar conhecê-lo.

Angela murmura um "droga"  em inglês e segura meu braço, me puxando. Caminhamos pelo cassino com Go Hwan até chegarmos a uma sala mais exclusiva. Angela então começa a cochichar:

— Você não deveria estar aqui.

— Nem você, esse cara parece um mafioso.

A mulher me encara com uma expressão óbvia, e eu me desespero:

— Eles são uma máfia?!

— São os principais informantes e fornecedores do mercado para os Sons. Marquei uma reunião porque pretendo convencê-los a mudar de lado.

— Como você sabe disso?

— Interceptei um e-mail e descobri que Allifer, o chefe da máfia, encontrou uma pintura muito rara que vale bilhões no mercado ilegal. Se eu conseguir convencê-los a nos entregar a pintura, poderemos usá-la para minar a reputação dos Sons de uma vez por todas.

— Vamos entregá-la a um museu? — Parecia ser a coisa certa a fazer.

— Claro que não. Como não há registro legal dessa pintura, podemos vendê-la e aumentar a influência dos Nam e Kim na empresa. Se a entregarmos, isso poderá chamar a atenção do governo para a Kimsan e afastar os diretores. No momento, precisamos de mais aliados.

Aquilo me choca. A situação não parece correta; será mesmo que a empresa alcançou sucesso no mercado através de alianças com mafiosos?

— Discordo totalmente disso.

— Não pedi sua permissão. — Ela responde de forma rude.

— Eu não sou corrupto.

— Nem eu, mas a Kimsan coreana é, e não é considerado corrupção se não há registro governamental. A ideia é apenas remover a influência dos Sons. — Ela diz com calma.

Não consigo acreditar que a empresa de meu pai operava de forma irregular, considerando que ele era uma pessoa correta. Preciso investigar isso.

— De qualquer forma, estou falando sério. Compartilho do seu interesse de mudar a influência que Hui tem com a máfia, mas faremos de maneira diferente. —Continuamos andando e tentava falar o mais baixo possível para o homem não ouvir. —Pense bem, se a Kimsan entregar uma obra de tamanha importância para o museu, nossa reputação com o governo aumentará, e eles poderão nos permitir financiar mais expedições em busca de itens raros. É um investimento.

— Não vejo como isso nos beneficiaria... Os diretores ficarão furiosos conosco, a maioria está alinhada com Hui.

— Confia em mim?

— Não.

— Ótimo, então seguiremos com meu plano.

Nos dirigimos a uma área com um sofá, onde avisto um homem pálido e bem magro. Ele veste roupas de grife e usa vários anéis nos dedos. O homem sorri para nós e diz:

— Angela, que surpresa agradável. Vejo que trouxe o Kim filho. Sinto muito pelo seu appa.

— Você o conhecia? — Pergunto, surpreso, pois falou com tanta naturalidade que é evidente que se conheciam.

— O suficiente, éramos amigos. Sentem-se, vou pedir algo para vocês beberem.

Um frio percorreu minha espinha; o que ele quis dizer com amigos?

— Não diga besteiras. — Angela sussurra para mim, enquanto uma mulher vestindo pouquíssimas roupas traz as bebidas.

Não posso acreditar que meu pai tinha um chefe da máfia como amigo, não parecia certo acreditar nessa informação. Allifer acende seu charuto e nos observa:

— O que os traz aqui? — Sua voz é grave e um tanto assustadora, mas não posso demonstrar que estou intimidado.

— Serei breve, você me conhece e sabe que vou direto ao assunto. Queremos o quadro da garota brincando. — Angela diz, levando o copo à boca. Observando de perto, parece que ela apenas finge saborear a bebida.

— O quadro da Dinastia Silla? Uma descoberta interessante... Lamento informar que outro cliente já o adquiriu.

— Sabemos que foi Son Hui Jun quem o adquiriu, mas estamos dispostos a negociar.

— Ah, sou um homem que sempre vê o que nos beneficiará. O que vocês ganham com isso?

— Estamos enfrentando uma crise de poder na empresa e queremos elevar a moral dos Kim-Nam. — Angela diz, sem desviar sua atenção de Allifer, sua voz nem sequer ocila.

— Ah... — Ele me encara com seus olhos penetrantes. — E o que eu ganho com isso?

— Você tem sido amigo da Kimsan há anos, e me certificarei de que nossos laços se mantenham ainda mais fortes caso continuemos recebendo esses itens sem registro histórico ou governamental. Pois também não é do nosso interesse irritar o governo. Me certificarei que os pagamentos também sejam fartos.

Allifer fixa o olhar em mim, enquanto eu luto para desviar os olhos, mas é crucial transmitir confiança. Como pode a Angela estar tão tranquila na frente de um bandido, um chefe de máfia... Eu só quero que ele pare de me encarar, está me dando nos nervos. Um sorriso meio sombrio se forma em seu rosto e ele diz:

— Angela querida, dinheiro não é um problema para nós. Na verdade, estou mais interessado nesse jovem aqui. Deixe-me adivinhar, o papai faleceu e você teve que abandonar sua carreira nos palcos, pois a responsabilidade de um herdeiro falou mais alto, mas não faz a mínima ideia do que está fazendo, tão inseguro, tão indefeso, chega a dar dó — Encaro o chão nervoso, eu sei que não entendo nada do mundo empresarial, mas ouvi-lo falar assim, me atinge como uma faca. Os outros acionistas devem achar que eu sou só uma criança assustada me escondendo atrás da Angela, afinal ela tem tomado as rédeas desde que assumimos a empresa, enquanto eu só sorrio e concordo com seus métodos. — Sabe, estou tentado a entregar o quadro a vocês apenas para ver os Sons e os Kim-Nam se envolverem em uma briga. Isso seria muito mais divertido. No entanto, não posso simplesmente entregá-lo de bandeja. Aliás, rapaz, adoro as músicas do Stray Kids.

Esboço um sorriso nervoso e tento pensar em uma forma de convencê-lo a nos dar o quadro. Observo ao redor, notando várias pessoas imersas em seus jogos. Então, uma ideia surge em minha mente, mesmo que pareça uma ideia idiota. Não posso permitir que essa pintura caia nas mãos de Hui:

— Vamos jogar, valendo a pintura. — Digo decidido, enquanto Angela me olha em choque absoluto.

— Você entende de jogos? — Ele arqueia uma sobrancelha, e eu assinto com a cabeça.

— Ele não sabe o que está dizendo. — Angela se apressa em responder.

— Ah, ele não é ingênuo. E que tal um jogo de pôquer entre eu e você?

— Vamos nessa. — Digo, forçando um sorriso descontraído, mas em minha mente fico me perguntando o que estou fazendo.

— Qual será o valor inicial da partida? — Seus olhos brilham enquanto me encara.

— Cem milhões de dólares.

— O quê? — Angela me olha incrédula.

— Gosto do seu estilo, garoto. Preparem a mesa.

Os homens começam a se mover, liberando uma mesa e preparando-a para o jogo. Bang Chan me liga, e eu atendo, dizendo que terão que continuar a noite sem mim e dei uma desculpa qualquer. Não posso colocá-los em risco também.

— Você ficou louco? Acha que cem milhões de dólares podem ser jogados fora assim? Como pôde fazer isso? — Angela me dá vários tapas, e eu a seguro.

— Angela, me deixe!

A mesa está pronta, e nos sentamos, com um homem nos entregando as fichas. Angela se senta ao meu lado, com uma expressão nada feliz. As cartas são distribuídas, e a tensão aumenta. Nunca fui muito bom em pôquer, mas conheço as regras. Allifer começa vencendo, e o jogo prossegue. É incrível como ele sempre consegue formar um trio. A cada rodada, Angela fica mais ansiosa, pragueja mais alto, e eu fico apreensivo. Se eu perder os cem milhões, será o fim para mim na empresa.

Allifer percebe minha apreensão e sorri, divertindo-se com a situação diante de si. Estou ciente de que já perdi a maior parte do dinheiro no jogo, mas irei até o fim:

— Garoto, melhor parar por aqui, não acha? — Sua voz rouca saiu em tom de deboche e algumas pessoas ao seu redor riram.

— Não vou desistir. Vou continuar — afirmo com determinação.

Angela, visivelmente irritada, aperta meu braço:

— Seungmin, pare de ser idiota!

— Angela, cala a boca e me deixa concentrar!

Embora Angela não diga mais nada, sua expressão facial revela sua oposição fervorosa à minha decisão. Continuamos a partida até que chega o momento da minha última aposta.

Apresento meu par de cartas, enquanto ele exibe uma sequência. E assim, perco cem milhões de dólares.

— Não posso acreditar... — Sinto meu interior tremer com a magnitude da perda: cem milhões de dólares... Allifer ri alto, recolhendo todas as fichas para o seu lado, e comenta comigo:

— Jogou bem, garoto, mas precisa melhorar.

Incredulidade toma conta de mim. Minha expressão de descrença parece entreter a todos. Allifer se levanta e se dirige ao bar, enquanto Angela também se levanta:

— Não consigo acreditar que permiti que você fizesse isso... — Ela expressa sua falta de crença.

— Eu aposto duzentos milhões de dólares! — Digo, sem desviar o olhar, encarando apenas o chefe da máfia.

Ele me encara, transmitindo uma sensação ameaçadora, e diz:

— Você tem noção de que isso é uma loucura, não é?

— Seungmin, chega disso, vamos embora! — Angela tenta me puxar, mas eu me solto.

— Eu aposto duzentos milhões!

— Você tem certeza disso? — Ele me lança um olhar ameaçador.

Engulo em seco, tentando responder com confiança:

— S-sim.

Ele solta uma gargalhada e começamos a rodada novamente, com ele levando tudo mais uma vez. Eu começo a suar frio, enquanto Angela olha ansiosa, mal conseguindo respirar direito.

— Garoto você já perdeu muito dinheiro. Eu gosto de você então vá embora antes de perder mais. — Ele diz, querendo ser benevolente.

— Escuta ele Seungmin. — Angela diz apreensiva.

— Eu vou mas façamos o seguinte... Vou apostar tudo e mais esse relógio, vale milhões. — Digo tirando o relógio e colocando sob as fichas torcendo que ele não percebesse ser falso.

— Milhões é? Eu aposto o quadro então.

— Tá. — Digo de forma seca, ele fez o que eu queria, agora as cartas tinham que estar do meu lado.

Ele então mostra suas cartas. Ele tem um four e sorri. Allifer continua com sua postura relaxada e Angela diz:

— Aí eu não quero ver isso... —Ela vira o rosto.

— Você tem uma caixa grande pra viajem? — Eu digo, ajeitando a postura, relaxando o corpo e o encarando com certo desdém.

— O que? — Ele me olha sem entender.

— É porque vou precisar pra embalar e levar a pintura.

Então mostro meu royal flush e um "O" surge em sua boca. Angela olha para as cartas, incrédula, e até grita e aplaude. Ela lança um olhar apreensivo para Allifer, que começa a gargalhar em resposta:

— Garoto, subestimei você. Uau, me enganou direitinho. Gostei de você. O quadro será enviado para a Kimsan e o dinheiro será depositado em sua conta. — ele ri mais. — Voltem mais vezes, por favor. Vou adorar jogar com você de novo.

Pego meu relógio e sorrio para Allifer, pegando a mão de Angela e saindo o mais rápido possível.

— Por que estamos correndo? Temos milhões a mais em nossa conta, podemos fazer algo e aproveitar a noite. — Angela diz, olhando em volta do Cassino.

— Não, não podemos — digo, enquanto ainda me movimento rápido para sair do cassino. Quando entramos no carro, ligo o motor e acelero, e ela me olha sem entender:

— Por que parece que estamos fugindo?

— Você ainda não entendeu? — ela me olha confusa, e então eu revelo cartas escondidas na manga do meu blazer.

— Você trapaceou? Trapaceou contra mafiosos? Você quer nos matar? — ela diz, brava, e começa a me bater, atrapalhando minha direção.

— Pare com isso, droga! Vou bater este carro!

Ela para e fica em silêncio me observando, e eu volto a acelerar o veículo.

— Como você fez isso? — ela pergunta.

— É simples. Eu criei uma distração. Fiz parecer que eu era indefeso e, quando você começou a reclamar, intensifiquei minha apreensão para que ele se sentisse mais confiante. Quando percebi que ele estava distraído o suficiente, comecei a manipular as cartas.

— Mas... Você estava suando frio, ansioso...

— Angela, uma das coisas que os idols treinam a vida toda é atuação.

— Então estamos fugindo.

— Exatamente.

— Seu idiota. E quando descobrirem?

— Ele também estava trapaceando. Acha que todas aquelas sequências se formavam como mágica em sua mão? A diferença é que ele já depositou o dinheiro, então, se ele não entregar o quadro, pelo menos o dinheiro está seguro.

— Mas precisamos do quadro.

— É um tiro no escuro, Angela. Só saberemos quando chegarmos à empresa.

Angela continua me xingando e dizendo que fui irresponsável. Mas na segunda-feira, quando nos deparamos com uma enorme caixa em minha sala e Haein confirma que é a pintura, ela ri e me olha:

— Seungmin, seu desgraçado.

Esse Seungmin hein, será que ele termina a fic inteiro? hahaha

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Big Hug

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