3 - Missing You
Eu ainda o odeio por partir e me deixar
O meu coração frio ainda está
Sentindo sua falta
— Missing you, 2NE1
Enquanto todos estendem as taças para serem servidos, Bang Chan estoura o champanhe. Estamos comemorando o sucesso do lançamento do meu mini álbum. Foram quase dois milhões de cópias vendidas ainda nas primeiras quarenta e oito horas de pré-venda, e o MV já está em alta em todos os portais. Os críticos especializados elogiaram as músicas, principalmente a title: Love is U . A música alcançou o topo do Melon e em terceiro no Genie, fora outros charts coreanos, Spotify, Apple Music, etc. Eu amo os stays, eles me fazem me sentir gigante.
— Parabéns, Seungmin! — os membros dizem enquanto Bang Chan serve as taças.
— Uau, eu não posso mentir que estou muito feliz. De verdade, achei que não ia hipar tanto assim. — Digo tomando um pouco do champanhe, tentando ser modesto, mas não tinha como não fazer sucesso. Tem os dedinhos do Bang Chan por trás do álbum, e todos sabemos que ele é a mina de ouro da JYPE.
Eu nunca fui um dos membros mais famosos do grupo, mas isso nunca me incomodou porque estava com meus amigos, fazendo o que amo. O STAY não me abandonou mesmo agora solo, e isso é muito significativo para mim.
— Como não? Fiquei surpreso com a qualidade da produção do álbum. Bang Chan me contou que você contribuiu demais com todo o processo. Você é muito talentoso. — Changbin diz, aumentando meu ego.
*Seo Chang-bin*
Ele tinha acabado de voltar do serviço militar. Bang Chan já havia conversado comigo, os próximos a irem seriam eu e Hyunjin, que também já estava de volta na Coreia. Ele venceu um processo em cima daquele hospital maldito, mas esse Hyunjin é bem diferente do que eu conheci. Ele parece vazio e solitário, não se parece com o homem sorridente e debochado que todos conhecíamos antes daquela infeliz notícia. Mas depois de tudo que ele passou, não tem como exigir que volte a ser o que era antes, só o tempo irá curá-lo.
Off: referência a história Viva La Vida, By Hyunjin
— Hyun, sirva-se de mais champanhe. — Eu sugiro e ele sorri levemente.
— Não, obrigado. Já estou satisfeito. Fico feliz pelo seu álbum ter sido lançado. Espero que receba muitos prêmios. — Ele me diz.
— Falando nisso, eu consegui uma banda para me acompanhar ao vivo no Show Champion. Estou animado para as promoções desse álbum. — Eu comento, imaginando como seriam as apresentações com uma banda ao vivo.
Apesar de fazer parte de uma boyband, eu sempre tive o sonho secreto de ser o vocalista de uma banda como o One Republic, Imagine Dragons, Coldplay ou Day6. E por falar neles, Day6, com certeza, foi uma grande inspiração para esse álbum.
Nós continuamos conversando na sala de reuniões sobre os planos para o álbum e os projetos solos de alguns membros. Changbin tinha ambições bem altas para sua carreira de rapper. Ele chegou a fazer uma turnê solo antes de se alistar no exército, que acabou o envolvendo em uma polêmica, já que ele se esteve com uma brasileira e o relacionamento ficou meio difamado. Desde que voltou, tem dito que quer uma nova turnê, mas depois dos acontecimentos da última, não sei bem se o Bang Chan vai aceitar.
Por falar no líder, Bang Chan está planejando lançar um álbum completo com um material misterioso que ele tem guardado e também, fazer uma turnê. A gente sempre soube que ele tinha músicas escondidas, mas não fazíamos ideia da magnitude disso. Ele me contou que tem uma pasta com quase cem músicas que produziu para cantar solo e vem até considerando vender algumas delas.
I.N quer atuar em um dorama e está muito entusiasmado com isso, mesmo que ele não fosse o mais "dramático" entre nós. Ele conseguiu uma ponta num filme coreano da Netflix e participou de três episódios de um dorama japonês. Agora, ele começou sua campanha para tentar um papel de destaque em algum K-drama e, considerando os contatos que o Bang Chan tem, é questão de tempo.
Felix também quer lançar um mini álbum solo, mas quer produzi-lo sozinho. Diz ele que queria ver o que pode fazer sem a orientação do Bang Chan. Prevejo um álbum indie alternativo, considerando que ele escuta muitas coisas experimentais. Fora isso, ele continua modelando para o mundo da moda, sendo considerado um ícone fashionista.
Hyunjin e Minho são os únicos que não tem nenhum projeto em mente. O Hyunjin eu compreendo, ele precisa de um tempo para se recuperar dos eventos passados, mas o Minho simplesmente não se interessa em nada. Ele tem feito alguns trabalhos publicitários aqui e ali, mas não fala sobre suas aspirações de carreira solo e coisas do tipo. Acho que ele está sentindo falta do Han e por isso, tem ficado em casa, cuidando dos seus gatos e assando biscoitos.
*Hwang Hyun-jin*
Eu estou muito feliz por ter trabalhado nesse álbum, foi uma experiência incrível. Não preciso nem de turnê, nem de outras coisas relacionadas, só de ver o resultado final já me satisfaz. No entanto, eu decidi não lançar uma das baladas que eu tinha composto, pois ela era sobre o Hyunjin. Achei que seria cruel de minha parte ele ouvir uma música que falava da sua "quase morte", então eu optei por substituí-la por uma música mais animada, no estilo pop do Shawn Mendes.
Estamos na quarta garrafa de champanhe , rindo e conversando, quando o meu celular começa a tocar. Eu olho para a tela e vi que é o meu pai. Respiro fundo, sentindo um aperto no peito. Eu não falo com ele há meses, desde que tivemos uma briga feia por causa da minha carreira musical e da sua exigência ridícula de namorar a Angela.
Ele vive me mandando mensagens de bom dia, de boa noite, de saudades, mas eu nunca respondo porque nenhuma delas era um pedido de desculpas. Só deixava ele ver que eu tinha visualizado, para ele saber que eu estava vivo. Ignoro a primeira chamada, esperando que ele desistisse, mas o mais velho liga de novo. Eu percebo que não ia parar até eu atender, então me rendo:
— Oi, appa. — Eu digo, com uma voz fria e seca. Todos os meus amigos me olham, eles sabem que estávamos brigados.
— Seungmin, meu filho, como você tem estado? — Pergunta, com uma voz alegre e animada.
— Bem... E o senhor? — Eu respondo, sem demonstrar nenhum interesse.
— Também estou bem, filho. Eu tenho uma novidade para você. Consegui dois ingressos para um jogo de baseball da primeira liga, para a semana que vem. Eu pensei que seria legal se nós fôssemos juntos, como nos velhos tempos. O que você acha?
— Semana que vem? — Eu repito, olhando para o Bang Chan, que balança a cabeça negativamente. Minha agenda está lotada de compromissos, por causa das promoções do álbum. — Eu não posso, appa. Eu tenho muitos compromissos. — Falo, cortando a sua empolgação.
Ele fica em silêncio do outro lado da linha e me deixa ansioso, com vontade de desligar logo aquele telefone. Mas se eu fizer isso, estarei criando uma guerra. Então, apenas me contenho e espero a sua resposta.
— Sabe, filho, apenas dizer não já era o suficiente. Não precisa inventar desculpas. — Ele diz, com um tom de reprovação.
— Appa, eu não estou inventando desculpas. Semana que vem começa as promoções do meu álbum e eu preciso me dedicar a isso. O senhor sabe como é...
— Achei que o Stray Kids estava inativo. — Sua voz soa como se ele não tivesse o menor interesse.
— Espera... O senhor não sabe do meu álbum solo? O senhor não se dá o trabalho nem de saber o que ando fazendo? — Eu pergunto, não conseguindo esconder o meu tom irritado na voz. Meu mini álbum é o assunto do momento e ele não sabia disso?
— Sua omma comentou alguma coisa, mas eu não me atentei a isso. Lançou hoje? — Ele pergunta, conveniente ele querer saber agora.
Fico encarando o telefone, amargurado. Eu nunca precisei que ele aceitasse o seu filho sendo um cantor, eu só precisava saber que podia contar com um pouco de apoio. Nem que fosse um pouco de caso, esse álbum era importante para mim e ele nem se deu o trabalho de acompanhar algo que fiz, nunca fez. Mas, devido esse trabalho ter sido produzido por mim, me senti ainda mais ofendido. Os pais não têm que ser a base? Por que eu não podia confiar no meu pai apenas para me parabenizar pelo lançamento do meu álbum?
— Filho? Tem certeza de que não consegue nem remarcar algum compromisso para que a gente possa ir assistir ao jogo? — Ele pergunta, com uma voz esperançosa. — Podemos comer algo depois, o que acha? Aí você me mostra o seu álbum novo.
— Quer saber, appa? QUE SE FODA!— Eu grito, alterando o meu tom de voz. Todos os membros me olham, assustados. — Você nunca me apoiou e nunca vai me apoiar!
— Filho, eu... — Ele tenta falar, mas o interrompo.
— Escuta aqui! — Eu digo, furioso. — Pra você é fácil agir como se meus sentimentos não valessem nada e depois vir me comprar com a porcaria de ingressos pra um jogo?
— Seungmin... — Ele diz, com um suspiro. — É só mais um álbum, você já lançou tantos.
— Faz o seguinte, então... — Eu digo, com desprezo. — Pega essa droga de ingressos e enfia no seu...
Bang Chan puxa o celular da minha mão, antes de eu terminar de falar, e o desliga rapidamente.
Minho vem até mim e diz:
— Hey, calma. — Ele me aconselha, com uma voz suave. — Não diga nada que vai se arrepender depois. Seu appa é um idiota? É, mas você nunca falou assim com alguém e não será com ele.
Respiro fundo e conto até dez, tentando fazer a raiva passar. Todos eles me observam, preocupados, e eu dou um leve sorriso:
— Que se foda aquele idiota! — Eu exclamo, desabafando.
— Aposto que, enquanto eu fiquei no exército, o Felix ensinou esse palavreado pra ele. — Changbin diz, brincando, e o Felix o olha revoltado.
— Não me coloca no meio disso! — Ele reclama, indignado.
— Verdade, já viram ele dando rage quando morre nos jogos? O tanto que ele xinga é surreal! — I.N diz, rindo, e eles começam a debater sobre como o Felix falava muitos palavrões quando estava descontrolado.
Hyunjin vem até mim e aperta o meu ombro, numa forma de demonstrar apoio:
— Você tá bem? — Ele pergunta, preocupado.
— Vou ficar. Ele sempre foi assim, não sei porque tô triste agora. — Eu respondo, sorrindo fraco. Eu só queria que o meu pai tivesse um pouco de consideração, mas nunca serei importante o suficiente para receber a sua atenção.
— É porque você o ama e quer a aprovação dele, mesmo que diga que não.
— Infelizmente, eu sou obrigado a amá-lo, já que não escolhemos os nossos progenitores, mas vou ficar bem, obrigado. — Eu digo e viro meu champanhe.
E assim seguimos a nossa reunião, até que eu me esqueço da raiva que sinto e volto a focar somente no álbum.
Enquanto a moça da maquiagem termina de deixar o meu rosto impecável, Haein está repassando as últimas informações para alguns funcionários. Ela é a nossa staff mais antiga, está trabalhando com a gente há muito tempo e se tornou uma grande amiga. Mas ela parece estressada, não para de gritar com um funcionário da emissora, que aparenta estar constrangido. Eu a conheço bem. Para ela estar agindo assim, alguma coisa saiu do planejamento por estupidez de alguém. Depois que terminou sua "conversa" com o funcionário, ela fica inquieta e de cara fechada.
— O que que foi, mulher? — Eu pergunto, curioso.
— Em pleno 2028, a Mnet não sabe organizar porcaria nenhuma. Como é que essa empresa ainda tá de pé, hein? — Ela responde, irritada.
*off: Mnet é uma das maiores emissoras de tv aberta coreana.
— Sei lá, vai ver é muita oração e fé pra manter isso aqui. — Eu digo, rindo, e ela me olhou de cara fechada.
— Não é hora pra brincadeiras, garoto. Eu vou lá falar com o pessoal da banda. Parece que teremos que fazer umas alterações no cenário. E daqui a pouco é você no palco. — Ela diz toda seria.
Antes de ela sair, eu pisco para ela, de forma provocativa, e a mulher me manda um bob de cabelo, que acerta o meu queixo, deixando a maquiadora irritada.
Haein, ao longo desses anos, mostrou algo que todos nós admirávamos: lealdade. Ela deixou de ser apenas a nossa assistente há anos e o Bang Chan já falava que ela se tornaria manager de algum grupo da JYPE. Não duvidava nada que ele já estivesse mexendo os seus pauzinhos para isso.
Off: manager são quem cuida de um grupo. Não chegam a tomar todas as decisões, mas participa ativamente de todo o processo do grupo.
A porta se abre e eu vejo, pelo canto dos olhos, Leah entrando. Eu tento me levantar, mas a maquiadora me empurra com força de volta para a cadeira.
— Você só sai daí quando eu tiver terminado. — Ela diz, autoritária, e Leah ri.
— Desde que você virou idol, é o quê, a terceira vez que eu venho te acompanhar nos bastidores? — Ela diz, se aproximando de mim.
— Você poderia ir em todos que quisesse. — Eu digo, tentando não me mover, para não atrapalhar a moça, que claramente está irritada porque eu não fico quieto.
— Você disse certo. Eu poderia, mas não quis. — Ela diz, fazendo uma careta. — Porém, hoje é o seu primeiro stage com o álbum solo e eu pensei: meu Deus, será que eu consigo pelo menos um broadcast? Isso vale muito dinheiro lá no ocidente. Tem umas ocidentais que pagam até trezentos dólares num negócio desses. Eu deveria ter feito isso da vida, sabe? Vender photocards. Dá muito dinheiro.
*Off: Broadcast são photocards exclusivos de transmissão, somente aquelas pessoas que vão nos stages (apresentação ao vivo) é que conseguem esses photocards. Além do mais existem broadcast que são extremamente raros devido a sua complexidade para consegui-los. ex: existem broadcast que pra você conseguir, tem que ter ido em todos os stages e mesmo assim é aleatório, aumentando a complexidade de conseguir o photocard especifico.
Rio alto e a maquiadora me olha feio. Tento me conter , ficar sério e digo:
— Fora que teria um estoque ilimitado de photocards autografados. Dormiu no ponto, Leah. Poderia ter te fornecido muita coisa exclusiva.
— Droga! — Ela diz, fingindo estar arrependida. — Aliás, amei o álbum. Foi você que produziu?
— Eu e o Bang Chan. — Falo todo orgulhoso. — Não posso jamais tirar o mérito dele. Ele criou todos os arranjos praticamente sozinho. O cara é um gênio.
— Impressionante! Parabéns! — Ela fica admirada. — Sua mãe também não para de cantar a sua música.
— Que bom. — Respondo demonstrando que não estava interessado em falar assuntos que levavam ao meu pai.
Estamos sem nos falar desde então e minha mãe tem tentado intermediar de todas as maneiras para fazermos as pazes. Mas eu não ia ceder, só iria ceder se ele viesse pessoalmente e me pedisse desculpas. E como sei que ele não é desses, prevejo que ficaremos sem nos falar por bastante tempo.
A maquiadora termina e eu finalmente levanto e abraço Leah. Depois da minha festa, pedi desculpas por ter ido na onda do Bang Chan. No passado, nós tentamos ficar juntos, mas tudo que eu causei a ela foi lágrimas. Foram tantas confusões que percebemos que amizade era amizade.
Nesse meio tempo, ela namorou dois caras e eu também não estive sozinho, apesar de que nenhum dos meus relacionamentos foram a público, como os dos outros membros. E com o fato de que eu e Leah não nos víamos sempre, era fácil de reprimir tais sentimentos. Difícil era quando vivíamos juntos, quando estávamos colados o tempo todo. Mas agora é fácil ignorar, mesmo que toda vez que eu a vejo, eu lamento pelo rumo que as coisas tomaram.
Chega a minha vez de subir no palco e a banda já está pronta. Leah vai assistir tudo nos bastidores então fico ansioso para mostrar a ela minha performance. A música começa com o chamado da bateria e depois vem as cordas. Ela segue embalada em um ritmo animado e, quando chega no refrão, explode com todos os arranjos feitos pelo Bang Chan. Os Stays cantam e sacodem seus lightsticks e, quando chega na high note, eu entrego tudo de mim. Esse é o K.O da música.
As palmas invadem o ambiente e agradeço a todos pelo carinho e atenção. Em seguida, eu e os músicos vamos caminhando para fora do palco e me sinto imensamente feliz. Quero aproveitar cada segundo que eu terei com essas promoções, porque até novembro eu e Hyunjin iremos nos alistar e, aí, passaremos os próximos dezoito meses afastado. Eu odeio pensar nisso, mas infelizmente está chegando a minha hora e se eu não quiser ser exilado por desonra, terei que encarar.
— Bom trabalho, pessoal. Vocês foram incríveis. — Eu digo e me curvo, agradecendo pelo excelente desempenho da banda.
Olho para o lado e vejo Haein e Leah. Seus semblantes denunciam que alguma coisa aconteceu. Leah parece estar em prantos e Haein tenta acalmá-la. Saio imediatamente dali e vou até elas, já levando a minha mão no ombro da garota.
— Hey, Leah, o que foi? — Eu pergunto, preocupado.
Ela me olha, com o rosto vermelho e as lágrimas descendo sem pausa.
— Seungmin... — Haein diz e eu a olho, assustado. — Seu appa... Ele sofreu um acidente... Ele faleceu, Seungmin. Sinto muito.
PAUSA DRAMÁTICA
O melhor de escrever as coisas pra parecer uma novela, é os memes. Na minha cabeça a abertura de avenida Brasil começou a tocar quando a Haein falou: "ele faleceu " babado né?
Agora apenas conversando fiado, eu tenho meu nachimbong (lighstick) e ele é tudo pra mim, vou deixar uma fotinha dele aqui.
Não esqueça seu voto, me ajuda muito ⭐
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top