14 - Got You

Você nunca virá para mim? Bata na porta do meu castelo solitário
Aqui o meu coração congelado Apenas começou a bater Me prometa que você irá

Tomar o seu lugar no meu coração
Você promete que vai me resgatar?

— Got you, Ga Eun (from "It's Okay Not To Be Okay" Soundtrack)

Minha mãe está hospitalizada e eu estou na sala de espera, em completo choque. As palavras do detetive me assombram: "Hui confessou que recebeu ajuda de uma pessoa chamada Shin Le-ah, e que, se quisessem encontrar o verdadeiro mandante do crime, seria através dela, já que ela é uma peça-chave da máfia... Disse também que saberia quem é essa pessoa só pelo nome... Quem é essa pessoa?"

Quem é essa pessoa? É minha amiga de infância, em quem mais confiei, uma pessoa que amei e que me doeu ver partir, uma mulher a qual troquei juras de amor, a qual tive noites e noites entregue ao seu prazer, uma mulher que gestou um filho meu... As peças simplesmente não se encaixam... Por que Leah faria algo assim? Se ela tinha tanto ódio pelos meus pais, por que não foi embora?

Não consigo acreditar nisso, não quero acreditar. Não pode ser real. A Leah que conheço é incapaz de machucar um inseto; sempre teve pena deles e apenas os retirava de casa, jogando-os na grama do quintal. Ela sempre foi carinhosa e sensível. Como essa garota poderia fazer parte de uma máfia? Como poderia se aliar a criminosos, sabendo que meu pai morreu por causa de alguém e que viu meu sofrimento nos últimos meses... como ela seria capaz disso?

Yunjin, a esposa do Bang Chan, entra na sala de espera, interrompendo meu turbilhão de pensamentos. Assim que me vê, vem em minha direção com o semblante apavorado:

— Cadê o Bang Chan?

— Está recebendo tratamento... Ele inalou muita fumaça e você sabe dos problemas respiratórios dele. — digo, sem conseguir evitar a culpa.

— Eu preciso vê-lo... Onde está sua esposa?

Queria ter uma resposta, mas não tenho. Angela não estava em casa e não atendeu a nenhuma das minhas ligações. Avisei os bombeiros que poderia haver outra pessoa na residência e eles entraram, mas não encontraram ninguém. Ela já teria me ligado, já que a notícia se espalhou, e nem deu sinal de vida:

— Vou ligar para ela de novo. Já devia ter feito isso...

Yunjin aperta meu ombro e pede à enfermeira que a leve ao marido e eu ligo para Angela, mas ela não atende. Ligo novamente, e nada. Os membros chegam ao hospital e vêm até mim, enquanto continuo tentando contatar Angela. Os pais dela me ligaram algumas vezes, perguntando por ela, e todas as vezes eu digo que estou tentando encontra-la.

— O que será que causou o incêndio? — escuto Felix perguntar.

— Muitas coisas podem causar um incêndio. — dessa vez é I.N quem responde.

Changbin senta ao meu lado e aperta meu ombro, enquanto meu rosto deve refletir o choque que sinto. Não consigo acreditar que Leah está envolvida nisso tudo e começo a me preocupar com Angela, que está sumida. Não consigo evitar o pensamento de que Angela sabia. Afinal, como foi mesmo que ela se explicou sobre a filmagem? "Eu tinha que te obrigar a me ouvir". Mas, se ela sabia, por que nunca me contou, se somos aliados todo esse tempo? Levo as mãos ao rosto; nada mais faz sentido para mim. Minho retorna à sala de espera e diz:

— Fiz várias ligações para a Angela do telefone público e ela não atende. Talvez ela esteja em algum procedimento estético ou algo do tipo.

— Se a situação fosse diferente... eu até poderia acreditar. — digo, tentando me convencer de que está tudo bem. Os membros não sabem sobre a máfia, sobre a morte do meu pai ter sido planejada; ninguém ali conseguiria entender a gravidade da situação.

— Vai ficar tudo bem. O médico já disse que sua mãe está estável e estão cuidando dela. — afirma Changbin.

Nesse momento, outra pessoa entra na sala: o detetive Matthew. Olho para ele, abatido. Ele se curva para todos e diz:

— Seungmin, podemos conversar em particular?

Assinto e o sigo para o corredor. Ele começa a falar:

— Quero saber qual é o envolvimento da empregada da família com os esquemas corruptos da empresa. Você tem alguma ideia do porquê?

— Para ser sincero... eu achava que ela era minha melhor amiga e não consigo acreditar que a Leah que conheço tenha algum envolvimento com isso. — Quanto mais penso nisso, mais absurda se torna a situação.

— Hm, compreendo. Tem alguma noção do paradeiro dela? — Nego com a cabeça e ele continua. — Onde está sua esposa?

— Não sei... minha cabeça dói... por favor, pare de me fazer perguntas...

— Calma, iremos cuidar de tudo. — Ele aperta meu ombro, mas não consigo me sentir nem um pouco calmo.

Nesse momento, I.N aparece. Ele se aproxima e parece hesitar em entrar na conversa, mas continua:

— Desculpe atrapalhá-los, mas achei que era urgente. Eu... não sei como mostrar isso, mas vejam...

I.N desbloqueia seu celular e fico paralisado ao ver a foto. É a Angela; dois homens de rostos borrados seguram seu corpo e sua roupa está completamente rasgada, revelando suas peças íntimas.

— Também há um vídeo circulando na internet, mas... acho que é perturbador demais.

— P-pegaram ela! Meu Deus, o que eu fiz?

Encosto na parede e sinto dificuldades para respirar. I.N vem até mim, tentando ajudar, enquanto o detetive analisa as imagens.

— Foi postada de um perfil anônimo. Vou avisar o pessoal do DP para localizarmos o paradeiro dela e iniciarmos as buscas. Seungmin, se te ligarem, não passe dinheiro, não forneça nenhuma informação e, principalmente, não faça nenhuma besteira.

Apenas aceno com a cabeça, e I.N volta comigo para a sala de espera, onde todos me olham apreensivos. Não digo nada; minha reação é sentar e chorar. Eles se aproximam e tentam me consolar, mas ninguém sabe o inferno que tem sido desde a morte do meu pai. Agora, Angela está em perigo, e sinto um medo real.

A televisão, que está ligada na sala de espera, rapidamente interrompe a sua programação e colocam no ar sobre o sequestro de Angela. Eles passam o vídeo borrado no ar e, ouvir os gritos delas misturado as risadas pervesas, me faz vomitar. Uma enfermeira vem em meu socorro e tenta me convencer a ser hospitalizado de novo. No final, me injetam um calmante junto a um soro e permaneço ali, com meus amigos, abalado com tudo que está acontecendo.

— Seungmin... Sei que você está em choque, mas... quem são essas pessoas e por que fizeram isso? — pergunta Felix quando percebeu que estava mais calmo e em condições de conversar.

Nunca compartilhei nada sobre a empresa com eles, foi minha forma de protegê-los, mas agora isso não importa mais.

— São... criminosos, Yongbok. A empresa do meu appa esteve aliada a eles, mataram meu appa e agora pegaram a Angela por minha causa...

— Hey, calma. — Changbin me abraça em uma tentativa falha de me acalmar.

Bang Chan entra na sala de espera com Yunjin. Ele está com algumas queimaduras no braço e ainda tosse bastante. Sorri para todos e diz:

— Eu estou bem, foi só uma fumacinha.

— Uma fumacinha que poderia ter te matado. Onde estava com a cabeça? — Yunjin diz, irritada.

— Eu salvei o cachorro, tá?

— É minha culpa... — digo, e os dois me olham. — Me perdoem...

— Você não tem culpa de nada. O Hui confessou o crime? — pergunta o mais velho. Ele não sabe das novidades.

— O Hui estava recebendo ajuda... da Leah.

— O quê? Impossível! — Bang Chan, assim como todos, fica incrédulo com a possibilidade de Leah estar envolvida.

Meu telefone toca e é um número da Angela. Atendo imediatamente ignorando que estou na presença de todos:

— Angela?

Oi, Minnie. — Ao ouvir essa voz, congelo. Ela continua. — Creio que seu amigo detetive já deve ter contado quem sou eu.

— Eu não consigo acreditar... — é a voz dela ao telefone, e me sinto fraco diante a confirmação de seu envolvimento com tudo isso — Onde está a Angela?

Ainda não está morta, se era isso que você queria saber...

— Não a machuque. — Minha voz sai quase como uma súplica, e ouço uma risada irônica.

Mudou de lado agora, Minnie?

— Só não quero que a machuque.

Se quer tanto saber dela, por que não vem aqui pessoalmente?

— Para a máfia me matar como fizeram com meu appa?

Mas a máfia não matou seu appa... eu o matei. Chocado? Ele já foi tarde.

Por um instante, esqueço como se respira. Aquela voz não pode ser a Leah, a pessoa no telefone não pode ser a garota por quem sou apaixonado. Não, não, não... recuso-me a acreditar nisso. Ao perceber que não tenho resposta, ela continua:

Eu, particularmente, não tenho interesse em matar você. Não posso dizer o mesmo sobre Angela... Venha aqui para conversarmos... Mas já aviso, venha sozinho. Se chamar a polícia, o que você vai encontrar é um cadáver com vários furos de bala. Vou te passar o local de encontro. — Ela fornece o endereço e termina dizendo — Te vejo mais tarde, meu amor.

Desligo o celular e passo a mão no rosto, apreensivo:

— C-cadê o Matthew? Precisamos dele.

Chan liga para seu amigo detetive, que ainda está nas redondezas, e ele retorna rapidamente. Então, conto sobre a ligação, e ele fica pensativo. Não quero que Leah mate Angela; sei que elas se odeiam, mas quero o bem de Angela. Leah precisa ser presa, julgada e condenada pelos seus crimes. O detetive começa a falar:

— Podemos rastrear o número que ela ligou e formar uma força-tarefa para detê-la.

— Como vamos confiar nos seus homens? Como eles sabiam que armamos para o Hui? — questiono.

— Ele tem um ponto, o DP está cheio de policiais corruptos. — diz Bang Chan, e o detetive pondera.

— O DP sim, mas tenho pessoas de confiança que estão acima do DP e podem ajudar. — Matthew responde tranquilamente.

— E não acha que deveria ter chamado essas pessoas antes? Olha toda a confusão que se formou! — Bang Chan diz, irritado.

— Não é tão simples assim, eu sigo ordens, sabia? Porém, a situação ficou crítica demais; terei que usar meus meios para resolver. — Matthew se defende.

— Eu vou até ela! — digo, decidido, e todos me olham horrorizados.

— Ficou maluco? Você vai morrer! — diz Changbin, e eu sorrio fraco.

— De maneira alguma permitirei isso. — Bang Chan e o detetive falam juntos.

— Eu tenho um plano. Vou até o local e distrairei a Leah. Quando estiver próximo do local que ela me passou, acionarei a localização do celular e o jogarei no chão. Se me revistarem, não encontrarão nada. Aí, fica por conta de vocês terminar de nos localizar e resgatar.

Todos me olham. Sei que posso morrer, mas me parece um bom plano. De qualquer forma, quero confrontar Leah; mesmo que tentem me impedir, encontrarei um jeito de ir.

— Seungmin, isso é loucura... — diz I.N, e eu concordo.

— Eu sei, mas não quero que Angela morra, então farei isso. Mesmo que tentem me impedir, não posso permitir que Leah a machuque... Além do mais, duvido que Leah tenha coragem de me matar... Ela pode ser uma psicopata, mas sinto que o amor dela por mim foi real.

— Deixa de ser idiota, a garota é uma psicopata. — Minho dá um tapa na minha cabeça.

— Olha... detesto concordar, mas é um bom plano. Leah pode mandar matar Angela a qualquer momento, e Deus me livre de o DP ser considerado incapaz de proteger a menina rica. Precisamos atrasar Leah até que possamos resgatá-la, mas Seungmin... sabe que isso também pode dar errado, né?

— Sei, mas preciso tentar...

Todos continuam em silêncio. Sei que parece loucura, mas o amor dela não pareceu mentira, e eu confirmarei isso quando estiver frente a frente com ela. Se eu puder impedi-la de machucar Angela, já me sentirei mais aliviado.

[...]

O GPS me guia até o endereço indicado. Parece ser uma zona rural, mas está abandonada. Ele me direciona para uma estrada de terra, e sigo reto até chegar a que parece ser uma antiga fábrica de cosméticos.

— Eu poderia ser o Batman chegando aos laboratórios ACE para enfrentar algum vilão.

Penso alto, lembrando do jogo Arkham City que zerei há muitos anos. Eu e Bruce Wayne temos nossas semelhanças: ambos somos herdeiros de um império e tivemos nossos pais assassinados. A diferença é que ele treinou a vida toda e se tornou um justiceiro, enquanto eu mal sei dar um soco.

Sinto que algo ruim vai acontecer, mas agora é tarde demais para voltar atrás. Estaciono o carro e, assim que desço, observo a fábrica; parece cena de filme de terror. Dou alguns passos em direção à entrada e, de repente, ouço tiros atingindo o carro, fazendo-me recuar de susto. Logo, começam a alvejar o veículo. Por sorte, já havia acionado a localização no carro e me livrado do celular. Encolho-me no chão até que param de atirar.

Um homem se aproxima e aponta uma arma na minha direção. Ergo as mãos em sinal de paz. Eles me levantam e me apalpam, procurando qualquer tipo de telefone ou outra coisa. Em seguida, vão até o carro, jogam gasolina nele e, por fim, o incendeiam... Eu gostava daquele carro. Eles me conduzem para dentro da fábrica, que realmente está abandonada, cheia de entulho e poeira. Olho em todas as direções, buscando rotas de fuga, mas aquele lugar é muito confuso para mim.

Então, chegamos ao centro da fábrica, onde encontro uma pessoa com um sorriso enorme no rosto, vestindo roupas masculinas, com longos cabelos amarrados e um olhar frio que repousa sobre mim:

— Oi, Minnie...

— Leah...

O ambiente ao meu redor se torna opressivo enquanto Leah me observa. Seu sorriso, embora amplo, não chega a ser acolhedor; é desafiador e cheio de segundas intenções. Tento manter a calma, mas meu coração acelera.

— Que bom que você veio. — diz Leah, com um tom de voz que mistura sarcasmo e alegria. — Estava começando a achar que você não apareceria.

— O que você quer de mim? — pergunto, tentando soar firme, mas minha voz trai minha insegurança.

Ela dá um passo à frente, e posso perceber que os homens que a acompanham estão atentos a cada movimento meu. Encaro Leah nos olhos, ainda incapaz de crer que alguém que me olhava com tanto amor, está fazendo tudo isso.

— Quero apenas conversar, Minnie. — ela responde, gesticulando com as mãos como se estivesse tentando me acalmar. — Você e eu sempre tivemos uma conexão especial, né?

A menção a nossa "conexão" me deixa inquieto. Lembro-me dos momentos que compartilhamos, das risadas, do sexo. Mas tudo isso parece tão distante agora, ofuscado pela loucura que se desenrola à minha frente.

— Você sabe que isso não é normal, Leah. O que você está fazendo é errado. — tento apelar à razão dela, mas suas expressões não mostram qualquer vestígio de arrependimento.

— Errado? — ela ri, a risada ecoando na fábrica vazia. — Para você, talvez. Mas para mim, isso é apenas o começo. Você sempre foi uma peça importante nesse jogo.

O que ela está planejando? O medo começa a tomar conta de mim novamente. Tento pensar em uma forma de escapar, mas sei que preciso ganhar tempo.

— E Angela? O que você fez com ela? — pergunto, tentando manter a voz firme.

— Ah, a nossa querida Angela... — Leah diz, com um brilho maligno nos olhos. — Ela está segura, por enquanto. Mas a pergunta é: até quando você vai ficar aqui, fazendo perguntas? Você pode sair dessa situação, mas isso depende de você.

Sinto meu estômago se revirar. O que ela quer de mim? O que eu posso fazer para salvar Angela?

— O que você quer, Leah? — repito, tentando mais uma vez direcionar a conversa.

— Quero que você escolha um lado, Minnie. — ela diz, aproximando-se ainda mais, quase colando nossos corpos — Você pode se juntar a mim e já que você não se desfaz daquela maldita empresa, podemos controlá-la juntos. Claro que você vai ter que aceitar meus métodos afinal, o mundo não foi feito pros mocinhos Minnie. Ou você pode continuar lutando contra a máfia, corrução, essas coisas e bem... não poderei garantir sua proteção nem da sua querida esposa.

Ameaças e promessas se entrelaçam em suas palavras, e percebo que estou em um ponto de não retorno. O que eu escolho agora pode determinar o destino não só de Angela, mas também o meu. Ela continua me olhando de forma incisiva, preciso tomar minha decisão:

— É claro que eu escolho você Leah, você sabe o quanto sou apaixonado — Ela me olha e um sorriso de satisfação surge em seus lábios — Mas traga Angela até aqui e deixe-me ver com meus próprios olhos se ela está segura. Você também precisa deixa-la ir, aí serei todo seu.

A mulher da um enorme sorriso e me puxa para um beijo. Me esforço ao máximo para fingir que estava tudo bem, mas seus lábios pareciam espinhos, arranhando minha pele e me ferindo:

— Esperei tanto por esse momento meu amor... vou trazer a vadia até aqui, para que ela possa ver com seus próprios olhos que você é meu.

*Angela on*

Estar semi nua, trancada numa sala com dois homens me encarando não me deixava constrangida, agora o fato de que aquela vagabunda conseguiu me manter em cativeiro numa situação onde eu estou completamente indefesa, isso sim é humilhante. Estou pendurada como um pedaço de carne, não consigo mais sentir meus braços, nem sei mais quanto tempo estou ali.

Cortaram meu cabelo, me bateram, me humilharam, me tocaram. Estou exausta, acho que não saio daqui viva, Leah não me daria tal privilégio. Não consigo nem bolar algo para fugir, certa vez, num filme, a Arlequina estava numa situação igual, ela ergueu as pernas, asfixiou o criminoso e ainda se soltou usando aquelas pernas. Queria ter feito mais pilates pra ter todo esse controle corporal. Estou a mercê da cretina.

Eu não esperava que a Leah fosse uma criminosa, porém sempre soube que tinha algo errado com ela. Mas o Min não me escutou, tentei forçá-lo a me ouvir, divulguei aquele maldito vídeo íntimo dos dois e mesmo assim ele continuou indo até ela. Garoto burro, porque não me ouviu? Espero que a policia prenda a piranha e que ela apodreça na cadeia.

Um homem entra na sala e vem em minha direção, soltando meus braços:

— Leah quer ver você.

— Vou adorar mandar ela ir pro inferno mais uma vez — Digo com um sorrisinho nos lábios.

Achei que estava com forças, mas assim que meus pés tocam o chão, eu caio. Meus braços doem tanto que parecem dilacerados, eu nem sequer consigo mexê-los. Minhas pernas não querem me responder devidamente, devia ser a falta de circulação do sangue, que droga.

— Levem ela.

Eles vão me arrastando por aqueles corredores imundos até chegar no galpão, vejo de relance o Seungmin e praguejo, o que aquele idiota fazia aqui? Ele está com as mãos envoltas na cintura de Leah, não é possivel que ele ainda está do lado dessa dai.

— Eu te disse que ela estava viva — Leah fala e eu tento virar meu corpo para vê-los melhor, mas a dor me toma.

— Ela está toda machucada! — É a voz de Min, ele parece ansioso, estaria ele dando mais um dos seus shows de atuação?

— Eu nunca disse que não a machuquei. Não viu o vídeo? Está em todos os lugares. Vinguei você querido, pois era exatamente isso que ela queria fazer com seu vídeo. 

— Você vai  soltá-la né, deixe ela ir.

— Talvez, eu não tenho muito apreço por essa dai. Ela foi nosso odio em comum Minnie, nossa pedra no sapato. Temos a chance de acabar com ela de vez, não seria maravilhoso?

Seungmin não diz nada e finalmente consigo sustentar o peso do meu tronco, a circulação está voltando para meus braços. Que cena mais humilhante, eu aqui no chão como lixo enquanto aquela empregadinha está me oprimindo ao lado do motivo de nossa rixa. Se forem me matar, que seja rápido, pois estou cansada.

—Chega, não consigo mais — Seungmin diz e com isso, vem até mim.

O homem tira seu blazer e cobre meu corpo. Como sempre, muito gentil, mas a situação agora não pede gentileza.

Ironicamente, quando eu era mais nova, eu ouvia sempre da minha mãe que eu iria me casar com Seungmin. Então criei a fantasia de que ele era meu príncipe encantado, que viria me salvar na minha torre. Mas Leah sempre esteve no caminho, ele nunca me tratou como tratava essa merdinha. Toda princesa tem seu príncipe encantado e porque ele não era o meu? Eu desejei ter a proteção que Leah tinha para Seungmin, queria que ele viesse me salvar da minha solidão. Vê-lo ali me lembrou exatamente porque me tornei tão solitária, amor é uma perda de tempo para pessoas ricas... Mas a garotinha dentro de mim gritou, afinal o príncipe veio salvar a princesa, só que a diferença dos contos de fadas é que vamos os dois morrer.

— Angela... Você está bem? — Ele começa a tocar meu corpo, a procura de possíveis machucados mais graves e eu faço uma careta.

— Eu pareço bem pra você? — Ele solta um riso nervoso — O que você faz aqui? 

Ele da um pequeno sorriso e me ajuda a levantar, envolvendo seus braços em mim para garantir que eu esteja firme. Graças a sua ajuda consigo enxergar melhor todo o ambiente e Leah está bem em nossa frente, com uma cara nada agradável.

— Ah que fofo, devo aplaudir o novo casal? — Leah fala em tom de deboche. Juro que se ela não estivesse sob a proteção de homens armados, eu iria acabar com a cara dela. — Larga essa vadia Seungmin, ela não te merece.

— Para de chamá-la assim, não vou mais entrar no seu joguinho, porque fez tudo isso Leah? Porque matou meu appa? — A voz do Min sai carregada de tristeza e eu fico em choque.

Como assim ela matou o pai do Seungmin? Pelo visto essa garota é pior do que pensei.

— Poxa Seungmin, fez tantas investigações e não achou a resposta? Um pai pelo outro afinal... seu pai matou o meu. — Ela diz com um olhar frio.

— Ficou louca garota? — Eu digo e ela me olha.

— Se dirigir uma palavra a mim novamente eu vou mandar fuzilarem você.

Eu já ia mandar ela se fuder, mas Min me detém tampando minha boca:

— Me explique melhor então... — Ele diz.

— Meu appa trabalhava para seu, como motorista. E ele tinha uns problemas com jogos e pediu dinheiro emprestado para o Sr. Kim, mas não conseguiu pagar. Seu appa foi cobrando juros e minha mãe decidiu ir trabalhar na sua casa sem salário para quitar a dívida. Um dia seu appa discutiu com o meu e ele procurou Allifer já que eles eram amiguinhos e pediu para passar um susto nele... Sabe o que fizeram? O espancaram até a morte. Minha omma descobriu porque numa noite o Allifer esteve na sua casa para acalmar seu appa que achava que seria preso e ela ouviu a conversa. Ela tentou de todas as formas juntar provas contra o senhor Kim mas morreu doente antes e o fardo se tornou meu. Então eu pensei... Se eu não posso juntar provas, eu posso derrubar a empresa dele. Eu fui até Allifer e comecei a dar informações da empresa. Rapidamente consegui aliciar o Hui e de repente todo mundo se tornou corrupto, afinal o dinheiro é bem chamativo sabe? Hui ficou bem ambicioso e quis roubar o leque e eu o ajudei afinal era muito dinheiro envolvido e eu queria que Hui ganhasse mais influencia na empresa, queria ver ele tirar tudo do senhor Kim e ele desconfiou, afinal como Hui tinha acesso a documentos privados do laptop dele? E foi ai que aquele desgraçado do Na Do Kyun me entregou. Seu appa me ameaçou e eu pensei, o que impede dele fazer o mesmo que fez com meu appa? Então eu agi primeiro... — Ela diz com um sorrisinho no rosto.

Fico completamente chocada com todas aquelas revelações, olho para o Min e lágrimas escorriam dos seus olhos, eu não consigo deixar de sentir pena dele:

— Você não tinha o direito.... VOCÊ NÃO TINHA ESSE DIREITO ... Eu confiei em você...

— Ah Minnie, não seja bobo. Eu tinha todo o direito. Seu appa sempre me tratou mal, então me cansei e me livrei. A empresa era para estar nas mãos do Hui mas você decidiu entrar em cena, achei que ia falhar mas essa vadia estava do seu lado. Devia ter falado pro Allifer ter sequestrado ela no seu lugar, sem ela você não teria forças na empresa.

— Então eu realmente fui só parte do jogo pra você? Meus sentimentos eram apenas uma brincadeira? COMO OUSA? VOCÊ ESTEVE GRAVIDA LEAH! DE UM FILHO MEU, COMO PÔDE?

As palavras de Seungmin me deixam horrorizada. Leah já esteve gravida? Como essa mulher pôde fazer tudo que fez e ainda se relacionar com Seungmin... não posso evitar de sentir nojo de olhar para ela. Eu ia falar algo mas Seungmin tampa minha boca, sério, eu não tenho medo dessa desgraçada, ela que me mate, mas jamais deveria ter feito isso com o Min.

— Na verdade meu único erro foi me apaixonar por você... Porque eu tinha que gostar de você? Que raiva que me dá de saber que toda vez que te olho eu quero te beijar, eu realmente achei que dessa vez as coisas iriam dar certo para nós, mas essa garota tinha que entrar no meio como sempre fez.

— Você ia conseguir ficar do meu lado... Mesmo sabendo que matou meu appa? — Os olhos de Min passam de tristeza para horror. —  Você acha mesmo que eu iria ficar com você depois de tanta sujeira? Ficou maluca?

— Ela é uma psicopata Min, ela não ama você, ela quer ter você como um espólio, seu troféu pela vingança bem executada — Digo e ela me olha furiosa.

— EU MANDEI VOCE CALAR A BOCA! — Ela puxa a arma que estava no coldre do homem ao seu lado, destrava a arma e atira.

Foi tudo muito rápido. Em um instante eu sabia que eu iria morrer e no outro, Min estava na minha frente, olhando nos meus olhos. Eu pisco várias vezes e demorei a racionar o que houve, ele sorri e cai no chão baleado. Estava em choque, tudo que eu conseguia ver era o corpo do Min sob meus pés no chão e sangue se espalhando pela sua camisa clara. Escuto a voz de Leah gritar:

— SEUNGMIN!!!

Até perdi o gif de tão tenso que estamos hahaha

não esqueça a estrelinha

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