13 - DLC

Nós só vamos dançar como loucos
É só isso, eu gosto disso, la-la-la
Ninguém (ei), ninguém (ei)
Por favor, não se preocupe comigo, está tudo bem
Vamos ficar loucos até o Sol nascer

— DLC, Stray Kids




No restante dos dias, não falamos sobre aquele beijo, nem sequer rolou mais algum tipo de clima. Apenas fingimos que nada aconteceu e é melhor assim. Voltamos pra Coreia e chegamos à noite, Haein nos esperava no saguão do aeroporto com os dois cafés que eu havia pedido a ela:

— Boa noite. — Pego os cafés e entrego um a Angela que o pega e sai andando na frente deixando as malas pra mim e Haein.

— Ainda bem que você está vivo, achei que te encontraria morto. Se você sobreviveu a ela, é porque realmente tem resistência. — Comenta Haein, em tom de brincadeira.

Solto uma gargalhada, ela nem imagina o quão de boa a Angela poderia ser, caso quisesse. A staff me ajuda com as bagagens e seguimos em direção ao carro. Assumo o volante, e partimos em direção à minha casa, onde já havíamos planejado morar juntos nos próximos meses, junto com minha mãe. Haein, tendo muito para me atualizar sobre a empresa, nos acompanha até lá. Assim que entramos, Barto, nosso cachorro, corre ao nosso encontro, e eu me dedico a brincar com ele até escutar um "Filho?"

Caminho até a sala, ansioso por abraçar minha mãe, mas paraliso ao notar a presença do detetive Matthew ao seu lado. Ele se levanta do sofá, esboça um sorriso, e minha mãe se aproxima para me envolver em um caloroso abraço:

— Ah, meu querido, como eu senti sua falta.

Angela também adentra a sala, observando o detetive. Ele se aproxima e estende a mão para cumprimentar-me, gesto que correspondo prontamente:

— Espero que tenha tido uma boa viagem — Ele diz.

— Foi excelente. — Respondo.

— Será que podemos conversar em particular?

Aceno com a cabeça em concordância e caminho com ele em direção ao escritório. Permito que ele entre primeiro e, quando estou prestes a fechar a porta, Angela adentra, posicionando-se em um canto da sala. Sua presença, já a par de tudo, não me incomoda. Dirijo-me à antiga escrivaninha de meu pai e me sento, enquanto o detetive faz o mesmo. Apenas Angela permanece de pé, observando atentamente:

— Espero que tenha realmente aproveitado a viagem. Dizem que as Ilhas Cayman são belíssimas. — Ele começa, lançando-me um olhar desconfiado — Também são conhecidas como um paraíso para a sonegação de impostos.

— Foi divertido, mas suspeito que sua visita não seja para discutir sobre minha lua de mel.

— De fato, não é. Estou interessado em saber qual é a sua ligação com a máfia de Allifer... Como uma estrela da música, como você se envolveu com mafiosos? — Ele sorri ao ver minha expressão de surpresa e eu olho para Angela, cujo rosto deixa claro que eu deveria ter cuidado com o que falar. — Vamos, Seungmin, eu poderia colocar sua empresa sob escrutínio do governo. Mas prefiro que você me conte.

— Se está procurando por mafiosos, deveria saber que a polícia também tem seus contatos com eles...

— Infelizmente, em todo cesto há frutas podres.

— Como posso confiar em você? — Questiono, ponderando se ele seria um informante da máfia, aqui para verificar se eu teria a audácia de revelar algo novamente.

— Ele mandou um "grande abraço". — Ele diz, alcançando o bolso interno de seu paletó e me entregando seu cartão, no qual, no verso, havia um autógrafo de Bang Chan.

— Bang Chan? Está me dizendo que é amigo do Bang Chan? — Eu o olho incrédulo.

— Eu sou australiano, na verdade. Somos amigos há algum tempo — Matthew revela, com um sorriso — Estive conversando com ele, sobre sua situação e ele mandou revelar a você que somos amigos. Assim talvez confiaria em mim e me contaria o que está acontecendo.

Então as peças do quebra cabeça começam a se juntar. Bang Chan é um cara que sabe de tudo, tudo mesmo. Eu sempre me perguntei como é que ele soube de tantos podres do hospital que trabalhava a enfermeira que esteve envolvida nos exposeds do Han e Minho. Então o detetive era um dos contatos dele, não consigo deixar de ficar impressionado.

— Bom... Posso dizer tudo que sei mas... Quero pedir proteção para a Angela. — Digo e a garota me olha surpresa. Eu precisava cumprir com minha palavra de que tentaria não ferrar com ela. — Tem que me prometer que Angela não será envolvida nesse escândalo.

— Estou ouvindo.

Então eu conto tudo que sei, e como suspeito que foi Hui quem matou meu pai. Convenço Angela a falar sobre seu envolvimento com a máfia e ela me surpreende dizendo que ela só teve conhecimento de que eles eram criminosos quando intermediou a compra da caixa egípcia. Na época, ela procurou o Hui pois sabia que ele conseguia vários itens e seu cliente estava interessado em relíquias egípcias. Ela havia acabado de começar na empresa e não sabia que Hui conseguia itens ilegalmente por isso o procurou e acabou envolvida. Ela também não esqueceu de mencionar o envolvimento de Hui com trafico de drogas e armas.

— Nós temos que fazer a casa cair para Hui. Armar uma armadilha e fazer ele morder — O detetive Matthew diz — Se ele estiver envolvido em tanta coisa suja assim, garanto que será preso e severamente punido.

— Com todo respeito, mas da ultima vez que confiei nos planos da policia eu fui sequestrado — Digo em deboche e o detetive sorri sem graça.

— Vamos dar um jeito.

— Tá, eu vou entregar as informações que reuni. Mas me diga... se o pegarmos, o Hui vai ficar mesmo preso? — No momento, tudo que me importava era isso.

— Como eu te disse, se for confirmado que ele tem envolvimento com atividades criminosas e principalmente com a morte de seu appa sim, me certificarei que ele fique preso.

Abro o notebook, reúno varias informações que coletei nesses últimos tempos, imprimo as folhas e as entrego para Matthew. O detetive disse que eu poderia ficar tranquilo quanto a máfia, mas deveria mesmo? Por meio das dúvidas, mando uma mensagem para Bang Chan, pedindo que ele reforce a segurança da JYPE.

O plano foi concebido com simplicidade, mas o detetive assegurou sua eficiência. Obtivemos o nome de um contato de Hui, um cliente, e agendamos um encontro. Hui persistia em suas atividades ilícitas e eu mal podia conter minha ansiedade para vê-lo atrás das grades. Infelizmente, eu não teria o prazer de testemunhar esse momento, nem mesmo de forma oculta. Portanto, aguardo, impaciente, em minha sala, enquanto Haein me observa bater o pé no chão, dominado pela ansiedade:

— Pare com isso, você está me irritando! — ela fala.

— Isso finalmente vai terminar, Haein. Hui vai para a cadeia, e eu desejo que ele apodreça lá. — respondo, com um entusiasmo tão palpável que me leva a bater uma das esferas do pêndulo de Newton que começa a se movimentar.

— E quanto aos mafiosos? — ela indaga.

— Eu não denunciei ninguém, apenas o Hui — esclareço.

— Espero que possamos tirar longas férias depois que tudo isso acabar, ok? — Haein sugere, e juntos, soltamos risadas.

O telefone toca, era o detetive informando que Hui havia sido capturado e preso em flagrante, pois ele estava portando uma quantidade considerável de cocaína que servia para enquadra-lo a traficante. Me levanto rapidamente e coloco música para tocar na sala.

— Que isso? Tá maluco? — Haein pergunta e os vocais de Changbin em DLC começam.

— Prenderam o Hui, prenderam aquele filho da puta! Hoje é o dia mais feliz da minha vida.

Começo a dançar e puxo Haein que primeiro xinga mas se rende a batida da música. Angela adentra, surpreendendo-se ao encontrar nós dois dançando e cantando euforicamente ao som de "DLC":

— Meu Deus, o que está acontecendo aqui? — pergunta, visivelmente assustada com a cena.

— Prenderam o Hui. — Haein informa.

— Ótimo, isso servirá de lição para qualquer tolo que tente nos superar. Mas parem de dançar, que coisa esquisita. Bom, vou para casa , nos vemos à noite. — Angela declara, antes de se retirar.

Assim que ela sai, continuamos nossa celebração. Depois de deixar o escritório, saí com os membros do grupo para um restaurante qualquer, grelhamos carne e bebemos soju, revivendo os bons e velhos tempos. Eu estava genuinamente feliz, feliz por saber que tudo aquilo estava chegando ao fim.

Bang Chan ofereceu-se para me levar para casa, visto que eu havia bebido além da conta, e sorria ao dizer:

— Sabe, nós deveríamos fazer isso mais vezes. — propôs de maneira descontraída.

— Definitivamente, é muito mais agradável sentar em um restaurante qualquer e beber do que em um lugar chique — Respondo, sentindo tudo girar.

— É divertido, principalmente por estar com meus amigos. — ele diz e assinto.

— Com certeza. Por que a rua está cheia de gente? — pergunto, percebendo que minha rua estava abarrotada de pessoas, obrigando Bang Chan a buzinar para que dessem passagem.

Observo o caos se desdobrando diante de mim: fumaça densa enevoa o ar e um frio penetrante se mistura ao calor abrasador. No momento em que saio do carro, a realidade me golpeia com força: minha casa está sendo consumida pelas chamas.

— Onde está minha omma? OMMA? — Minha voz, carregada de desespero, rasga o tumulto enquanto busco por ela sem sucesso.

— Os bombeiros já foram chamados. — A voz da vizinha chega até mim, trazendo um pingo de esperança.

Atrás de mim, Bang Chan surge, visivelmente abalado pela cena tão quanto eu. Os latidos angustiados vindos da casa captam minha atenção. Barto...

— Eu tenho que salvá-los! — exclamo, determinado.

— Seungmin, não! — Bang Chan tenta me deter, ao me ver correr em direção ao perigo.

Penetro na casa, agora um labirinto de fumaça e fogo. A fumaça invade meus pulmões, provocando uma tosse imediata. A visibilidade é quase nula, mas a familiaridade com o espaço me guia. Ao chegar às escadas, vejo que estão envoltas em chamas. Os lamentos de Barto ecoam, aumentando minha urgência.

— Seungmin! — Bang Chan me chama, sua voz abafada pela fumaça, indicando que ele também se aventurou interior.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto, surpreso.

— Vim ajudar! — ele responde, aflito.

— Então pegue o Barto, ele parece estar no primeiro andar — oriento rapidamente.

Enfrento o fogo e subo as escadas, onde encontro minha mãe desacordada no corredor. Com ela nos braços, desço as escadas agora ainda mais perigosas, sentindo o calor intenso chamuscar a minha pele. Logo avisto Barto latindo no pé da escada, mas Bang Chan está ausente.

— Chan? CHAN? — chamo por ele, preocupado, e logo ouço sua tosse seca. A fumaça é particularmente perigosa para ele, devido a seus problemas respiratórios.

Incapaz de levar todos de uma vez, priorizo minha mãe e Barto que já estão em meu alcance, levando-os para fora antes de voltar à busca de Bang Chan. A casa começa a ceder, mas persisto e o encontro caído na cozinha, lutando para respirar.

— Chan, precisamos sair daqui. — digo, ajudando-o a se levantar.

Com seu braço sobre meus ombros, avançamos com dificuldade até o exterior. Caímos exaustos na grama, lutando por cada respiração. Então, me lembro de Angela e tento me levantar, mas sou interrompido por um bombeiro que, entendendo meu gesto, alerta os outros:

— Rápido, há mais alguém lá dentro. — Ele corre para ajudar, enquanto me oferecem oxigênio.

Nesse momento, meu telefone toca. Forço a visão, identificando a chamada do detetive. Os bombeiros tentam me impedir de atender, mas preciso fazer isso:

— A-alô? D-detetive Matthew? — consigo falar, ainda ofegante.

Seungmin, interrogamos o Hui e de acordo com ele, não é o responsável pela morte do seu pai, mas ele disse um nome... — As palavras do detetive me paralisam, adicionando um novo peso ao meu coração já sobrecarregado.

Desperto após sentir uma pancada forte na cabeça. Ao recobrar a consciência, percebo que estou acorrentada, pendurada pelos braços como se fosse um pedaço de carne exposto. Luto para libertar meus braços, mas o peso do meu corpo intensifica a dor aguda em meus ombros. Apesar do esforço, percebo que estou completamente à mercê de quem quer que esteja por trás disso. Escuto passos aproximando-se e, impelida pela situação, pergunto:

— Quem é você? Allifer? Olha, o Seungmin não entregou vocês, só o Hui. Ninguém quer confusão com vocês.

A resposta vem na forma de risadas zombeteiras, enquanto tento inutilmente me mover. Então, sinto alguém agarrar meu cabelo, e mordo meus lábios para conter um grito de dor.

— Você é tão orgulhosa que se recusa a gritar? Uau, isso sim é impressionante.

A identidade do meu sequestrador se revela, e apesar do momento tenso, não consigo conter uma risada alta. Leah, a garota cujo falso charme enganou a todos, inclusive Seungmin, que lhe jurou amor eterno, está diante de mim.

— Então é você? Sempre soube que era falsa, mas criminosa? Você realmente enganou todo mundo. — Provoco-a com deboche, e ela responde com um sorriso.

Nunca nutri simpatia por Leah, especialmente após ouvir, ainda criança, uma conversa sua com sua mãe, em que expressava o desejo de ver a ruína dos Kims. Porém, como de costume, minhas advertências foram ignoradas. Leah sempre se fez de vítima, uma empregada injustiçada, mas mesmo com aquele vídeo comprometedor, ninguém me deu ouvidos.

— Bom, pelo menos consegui ser convincente — Leah responde, enquanto observo sua transformação.

Ela não mais se assemelha à Leah indefesa que conheci. Seu semblante é frio, e as roupas que veste agora são bem diferentes daquelas de sua fachada de empregada. Claro, tudo não passava de uma máscara para ocultar sua verdadeira natureza, longe de ser a pobre coitada que fingia ser.

— Para mim, nunca houve dúvida de que você era desprezível. É uma pena que o Seungmin não tenha me dado ouvidos — afirmo com convicção.

— Você realmente se esforçou, não é? Ele me contou a justificativa que você lhe deu para ter divulgado o vídeo. Como ele se recusou a ouvir te ouvir, você encontrou uma maneira de gravar, forçando-o a escutar. No fundo, eu bem que queria que esse vídeo tivesse ido pra mídia. Assim ele teria desistido de vez de virar idol e teríamos ficado juntos.

— É tão gratificante saber que eu estava certa sobre você desde o início — A satisfação é palpável em minha voz, não consigo colocar em palavras a certeza que sempre tive dessa mulher.

— Sabe, Angela, eu realmente te odeio. Você não passa de uma vadia mau comida!

— Eu? Ao menos, eu não enganei as pessoas, nem me fiz de vítima enquanto manipulava todos à minha volta. Desde o começo desta história, todos sabem que sou uma megera, mas e você? Se me permite perguntar... por que o enganou? Por que o fez se apegar a sentimentos por você? O que você ganhou ao fazê-lo se apaixonar por você? — Que ela era uma fingida eu sempre soube, mas o que ela ganha com a queda dos Kims é um mistério.

— Para sua informação, eu realmente gosto dele. Esse foi o meu único erro, me apaixonar por meu inimigo.

— Inimigo? — Fico confusa — Isso não faz sentido. Por que são inimigos, se a família dele te deu tudo?

Com um sorriso malicioso, ela caminha até uma mesa, pega uma tesoura e se aproxima, mexendo em meu cabelo:

— Como você ficaria com cabelos curtos?

— Não ouse tocar no meu cabelo, sua maldita, ou eu juro que te mato! — A ameaça é feita com rispidez, mas ela apenas sorri maliciosamente, apontando a ponta da tesoura para o meu pescoço.

— Você não está em posições de fazer ameaças aqui — Com um sorriso, ela começa a cortar os meus cabelos de forma desordenada, jogando as mechas cortadas diante do meu rosto.

Não darei esse gostinho a ela por mais agoniada que possa estar ao ver ela cortar meu cabelo, cerro os dentes e foco a visão em um ponto da parede. Jamais deixarei que ela me veja fragilizada. Após terminar com meus cabelos, ela começa a cortar a minha blusa, algo que me assusta:

— Você acha divertido expor nudes das pessoas? Vamos ver o que acham do seu.

Chega, não dá mais.

— Eu juro que vou te matar! — Digo de forma fria, provocando gargalhadas na vagabunda.

— Eu já te falei que você não está em posição de fazer ameaças — ela termina de cortar a minha blusa, deixando meu sutiã todo a mostra.

Não satisfeita, parte para minha saia. Assim que ela toca minha perna, aproveito a deixa e desfiro um chute em sua cara. Leah revida com um tapa no meu rosto e chama duas pessoas para me segurar. Sem opções, só me resta gritar enquanto ela continua cortando as minhas roupa. Depois que me deixa totalmente exposta, tira fotos e sorri, chamando mais alguém:

— Ela é toda sua, sejam criativos. Quero vê-la implorar pela vida miserável que tem. Quero que ela sofra e grave tudo. Já que ela adora filmagens, vamos enviar para alguns amigos em comum.

Leah deixa a sala, e o terror se apodera de mim ao perceber o que poderia acontecer. Eu não posso ceder ao que essa cachorra quer, jamais vou implorar por misericórdia. Prefiro a morte do que me humilhar diante dela.

Cuidado com o lobo em pele de cordeiro...

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