☠︎︎🏴 Capítulo 26 - Os Canibais Kangaroo ☠︎︎🏴

Reescrito 🏴☠️🐺

Os marinheiros que circulavam trabalhando pelo convés, eram castigados pelo calor vindo dos raios do sol. A temperatura estava fortemente elevada, deixando o tempo seco e difícil para respirar. Eles olhavam com caras feias para os Alfas bandoleiros, enquanto estes, continuavam com sua exibição de grosseria e imundice.

— Onde está o meu Ômega? — Su rosnou exacerbado assim que viu o Comodoro Wen conversando com o caçador.

— Do que está falando? — Wen indagou.

— Jiyang não conseguiu se conter de saudade, e se escondeu no navio para me ver — Su mentiu, explicando ao seu superior. — Ele estava com este infeliz. Eu o deixei no meu quarto e agora ele não está mais lá.

— Está no meu quarto. — Haoxuan admitiu.

— Espera... Wang Jiyang está a bordo deste navio? — Wen perguntou ainda sem entender a situação e o Tenente assentiu — Temos que voltar.

— Estamos muito longe. Isso atrasaria a missão em dias, semanas, talvez até meses. Sou seu noivo, ele ficará sob a minha guarda. Traga-me ele aqui, caçador, ou então eu o buscarei à força.

— Você não vai querer fazer isso. — Haoxuan sorriu de canto, pousando a mão no cabo de sua katana.

— Devolva o Ômega ao Tenente, sr. Wang. Sua missão é apenas resgatar Wang Yibo, e trazer a cabeça do Capitão Xiao. 

— Para esse porco o molestar?

— Su? — o Comodoro olhou chocado para o seu amigo.

— Ele é o meu noivo.

— Então é verdade? O que tem na cabeça Su?!

— Ah! Que se dane as doutrinas do clero. Nós vamos nos casar!

— Não se você estiver morto. — Haoxuan acrescentou.

— Está vendo — O Tenente apontou para o caçador. — Veja o tipo de gente que você arrumou.

— É o tipo de gente que fará com que tenhamos êxito em nossa missão.

Su revirou os olhos colérico e voltou-se ao caçador:

— Por que atrapalha os meus planos? Você não é nada dele!

Haoxuan deu de ombros.

— Sei lá. Não fui com sua cara.

— E o que nos garante que você não vai fazer nada com ele?

— Eu não preciso forçar um Ômega para que ele se deite em minha cama. Eles o fazem por vontade própria.

— Deixe-nos à sós, Su. — O Comodoro pediu

— Mas, Wen-...

— Agora.

O Tenente lançou um último olhar ameaçador para Haoxuan, e se retirou a mando de seu superior.

— Vou permitir que o Ômega fique aos seus cuidados, mas apenas com uma condição.

— Não me lembro de ter pedido sua permissão.

— Certo, apenas me escute... aqueles Alfas estão deixando esse navio com cheiro de algum animal morto. Isso não se diz respeito apenas à nós da Marinha, mas a todos que estão a bordo. Todos sabemos o que acontece quando uma moléstia se abate sobre a tripulação de um navio.

— Tudo bem, darei um jeito nisso.

— Obrigado. Faça sua parte e eu manterei o Tenente Su longe do Ômega.

— Ora, não consegue nem controlar seu próprio Ômega, vai conseguir manter aquele porco na linha... — Haoxuan comentou rindo do Comodoro e se voltou aos bandoleiros: — Limpem o convés, seus bastardos!

Em menos de um segundo, os Alfas pararam o que estavam fazendo e correram para pegar baldes e esfregões, para limpar a própria porqueira que haviam deixado por lá.

Jiyang estava lendo um pequeno livro de bolso, quando escutou o sapateado dos marujos no piso logo acima. Ele ignorou o barulho repentino e voltou a sua leitura. Ouviu um outro barulho, dessa vez na porta, e pensou que se tratava do caçador, mas logo fortes golpes na madeira fizeram seu coração acelerar e o medo começar a dominá-lo.

— Sei que está aí, Jiyang — Era a voz do Tenente Su. — Abra a porta e eu prometo que não vou machucá-lo.

O Ômega arregalou os olhos, suando frio. Sua respiração tornou-se acelerada e o coração ameaçava saltar para fora do peito a cada segundo que se passava. Ele não acreditou nas palavras mentirosas daquele Alfa, mas temia que o Tenente conseguisse derrubar a porta. Houve um minuto de silêncio, e com a ausência de resposta, o Alfa socou a madeira, enfurecido.

— N-não tenho a chave. — Dominado pelo pavor, o Ômega respondeu.

— Tudo bem... eu vou te dar uma chance, Jiyang. Assim que aquele maldito abrir a porta, venha para o meu quarto. Estarei esperando ansiosamente.

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— Assim que eu sair, você vai correndo, sobe no bote e rema de volta para o Black Swan. — Zhoucheng falou apontando na direção da praia.

Sem dar tempo ao Ômega de responder, ele saiu embrenhando-se entre as árvores rasteiras, contornando os nativos daquela ilha. Sentiu uma picada no pescoço e acertou uma tapa no irritante mosquito, que não tinha nada de mosquito. Ao invés, ele puxou um pequeno espinho da derme atingida, a visão tornou-se escurecida e ele desmaiou. Os dois Alfas que estavam procurando pelos piratas, se aproximaram de seu corpo largado no chão, e o estudaram.

— Ele é grande. — Um deles observou em voz alta, passando a língua entre os lábios.
 
O outro, por sua vez, apertou as coxas de Zhoucheng e sorriu com bom humor.

— E tem muita carne. Vai dar uma bela de uma refeição.

Passos foram ouvidos e mais dos nativos se juntaram à eles.

— Tinrey já tem tudo pronto para o ritual e vocês aqui brincando com a comida!

— Estávamos estudando as proporções.

— Cadê o outro?

— Uh… — Os nativos entreolharam-se hesitantes. — Ainda não o encontramos, Bilong.

— Suas bestas quadradas! Vão atrás dele! — Os dois assentiram diversas vezes com a cabeça, pegaram suas lanças e correram. Bilong voltou-se para os demais que o acompanhava: — Vamos levá-lo pra aldeia.

🏴☠️🐺

Cinco botes se aproximaram da margem, cada um com oito piratas. Eles foram arrastados e presos em suportes fixos no chão, para que não fossem levados pelas ondas. 

— Não acho que eles estejam aqui — Yizhou comentou. — Não vejo nenhum barco por perto, além dos nossos.

— E de quem você acha que são essas pegadas? — Ziyi questionou apontando para o chão.

— E são muitas — Peixin acrescentou. — Mais do que apenas dois pares.

Estavam analisando as pegadas na areia, que levavam a várias direções. Sendo a principal delas a floresta logo a frente.
 
— Eles devem ter fugido juntos. — Bowen pensou em voz alta e todos os olhares se dirigiram à Zhan.

O lúpus abriu a boca para responder aquela afirmação, mas o som alto de um tambor, com intervalo de dois segundos entre cada batida, o interrompeu. O som misterioso foi acompanhando por um longo e profundo toque de flauta feita de bambu, chamando a atenção dele e dos demais.

— Merda! Não, não... — Fanxing andou de um lado para o outro, olhando na direção das árvores. — Não pode ser.

— O que foi? 

— Este toque... — O Beta parou para escutar um pouco mais, analisando algo em sua mente para obter certeza. — É como descrito nos livros sobre ritos tribais.

— Por que você leria livros sobre esse tipo de coisa? — Yizhou indagou.

Fanxing o ignorou e correu agitado até o Capitão.

— São os Kangaroo.

— Que diabos é isso? — o lúpus questionou confuso.

— Um tipo de povo que costumava viver nas terras de Kwanza. Os livros falam sobre sua total extinção mas agora sabemos porque nunca mais foram vistos. Estavam vivendo por estas ilhas... Isso é fascinante!

— Provavelmente Zhoucheng e Yibo foram capturados por eles. Vamos. — Xiao girou na direção da floresta sendo seguido pelos outros piratas.

— Esperem, vocês precisam saber de duas coisas... — Fanxing chamou.— Eles são um povo extremamente violento.

— E a outra?

— Eles praticam antropofagia.

— Que merda isso quer dizer? — Yizhou indagou furioso.

— Eles comem carne humana em parte de um ritual para obter o 'poder' de seu inimigo.

— E você só diz isso agora?! — Xiao indagou cheio de espanto — Vamos! Matem todos que entrarem em seu caminho!

O Capitão disparou com pressa para dentro da floresta, sendo seguido pelos piratas. Cheng puxou sua katana e fez uma breve dancinha antes de correr com um enorme sorriso na mesma direção que os demais.

— Credo — Peixin afirmou. — Esse cara é um sanguinário.

— Eu gosto. — Fanxing comentou ao lado dele.

— Sério? — O Beta assentiu. Peixin sacou duas das seis pistolas que portava — Pois hoje eu acordei com vontade de matar! — e correu, embrenhando-se na mata.

🏴☠️🐺

Zhoucheng estava sentado sobre uma enorme pilha de madeira, com as mãos amarradas nas costas, presas à um mastro fincado no chão. Ele despertou quando recebeu uma forte tapa no rosto, e franziu o cenho quando viu Yibo olhando apreensivo para si.

— O que está fazendo aqui?! — Zhoucheng questionou furioso e surpreso. — Eu mandei você correr para praia, entrar no bote e fugir para o Black Swan!

— Você não manda em mim — Zhoucheng revirou os olhos enquanto Yibo tentava cortar as cordar. — Eu vim aqui te salvar seu mal agradecido!

— Cala a boca!

— Cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu! — Zhoucheng revirou os olhos diante da resposta infantil, enquanto o Ômega continuava a sua tentativa de libertar o pirata, sem ver o olhar espantado que o contramestre lançou para algo que surgiu por cima de seus ombros.

Uma sombra apontou atrás de Yibo e no mesmo instante ele sentiu uma forte dor na região da cabeça, desmaiando logo em seguida.

— Esse aqui a gente pode comer duas vezes. — disse um Alfa nativo da ilha.

— Pare de inventar coisas e me ajude a amarrá-lo.

Quando acordou, Yibo estava igualmente amarrado sobre uma pira de madeira ao lado do Alfa.

— Está feliz agora? — Zhoucheng questionou quando viu o outro despertar.

— Não. Mas vou ficar assim que ouvir um obrigado seu.

— Porra! — Rosnou. 

— Caralho! — Yibo gritou de volta, usando o mesmo tom — Também sei rosnar!

Zhoucheng o olhou boquiaberto e no mesmo instante começou a rir.

— O que foi? — O Ômega questionou confuso com aquela reação.

— É realmente uma merda que vamos morrer logo quando eu comecei a gostar de você.

— Sério? — Os olhos do Ômega brilharam. Zhoucheng assentiu. — Agora eu posso morrer feliz. — um nativo se aproximou com mais alguns galhos secos e os jogou na pira que Yibo estava — Não! Retiro o que disse! Não vou morrer feliz! Não estou nada feliz! — ele começou a se debater desesperado, tentando soltar os pulsos.

— Obrigado — Ele parou de lutar ao ouvir o Alfa falar ao seu lado, calmamente. — Foi uma honra ter navegado com você no Black Swan.

Vários outros nativos surgiram entre passagens e arvores. Alfas, Betas e Ômegas, e se posicionaram em dois grupos lado a lado e de frente as piras, com um espaço aberto. Eles começaram a jogar várias folhas de ervas no chão, e um Alfa velho surgiu no meio deles, se colocando no centro de todos.

— Uliá, uliá! — O velho exclamou. Estava todo coberto por um tipo de pó branco e seu cabelo era enorme e chegava até os calcanhares — Coungshit u boreaul crueaul!
 
— Iiiiiiiiiiiiiiiihhhhh! — Os nativos gritaram e em seguida começaram a bater os pés no chão, fazendo barulho com a língua batendo no lábio superior.

— Junpiyja, burik, aterú! — O velho nativo exclamou erguendo os dois braços para o céu. — Chisp, jah foks, ku coungshit Kangaroo!

Três crianças, uma Alfa, uma Beta e um Ômega, surgiram na multidão e caminharam até ele

A Alfa o entregou um filhote de canguru contido por cordas.

A Beta, uma pequena lâmina bastante afiada.

E o Ômega, levou consigo um pequeno recipiente de barro.

Os três saíram deixando o Alfa mais velho sozinho novamente. Os nativos fizeram silêncio. O homem velho fechou os olhos e murmurou algumas palavras, em um tom inaudível e muito rapidamente, no antigo idioma Kangaroo. Em seguida, ele pegou a lâmina, rasgou a garganta do pobre animal indefeso e despejou todo o sangue no recipiente trazido pela criança Ômega.

— Iiiiiiiiiiiiiiiihhhhh! — Os nativos gritaram outra vez, batendo os pés no chão e fazendo o mesmo barulho de antes com suas línguas.

O velho Alfa encheu as mãos em forma de concha com o sangue do canguru, e passou no rosto. Ele pegou galhos de algumas ervas e separou em duas porções, uma em cada mão, mergulhou no sangue e começou a ungir os nativos com aquele sangue. Em seguida, ele começou a dançar, girar e pular ao redor das duas piras, com seu povo fazendo cada vez mais barulho, com seus pés e línguas.

Continua..

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